LIÇÃO 7: A PROMESSA QUE NÃO PODE SER REVOGADA
LIÇÕES BÍBLICAS CPAD
JOVENS
3º Trimestre de 2025
Título: A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas
Autor: Alexandre Coelho
Data: 17 de agosto de 2025
TEXTO PRINCIPAL
“Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.” (Gl 3.26).
RESUMO DA LIÇÃO
A promessa de Deus não pode ser revogada pela Lei, pois Deus não se contradiz.
Comentário da Palavra Forte de Deus: A imutabilidade da promessa divina é um tema central na teologia Paulina, demonstrando a firmeza do caráter de Deus e a segurança da salvação para aqueles que creem. A promessa, firmada em um pacto incondicional, transcende as flutuações da história humana e as exigências da Lei, oferecendo um caminho de acesso a Deus baseado na fé em Cristo Jesus.
Além disso, essa promessa irrevogável é um farol de esperança em meio às incertezas da vida, assegurando aos crentes que o amor e o propósito de Deus permanecem constantes, independentemente das circunstâncias. A compreensão dessa verdade liberta os corações da ansiedade e do medo, capacitando-os a viver em paz e confiança na fidelidade divina.
LEITURA DA SEMANA
SEGUNDA-FEIRA – GL 3.17 A aliança não é invalidada pela Lei
TERÇA-FEIRA – Gn 12.3 Todas as famílias da terra
QUARTA-FEIRA – Jo 1.17 A graça veio por Jesus Cristo
QUINTA-FEIRA – GL 3.19 A Lei existe por causa das transgressões
SEXTA-FEIRA – GL 3.25 Não precisamos de aio
SÁBADO – Gl 3.21 A Lei não é contra as promessas de Deus
OBJETIVOS
EXPLICAR que o pacto de Deus era anterior à Lei;
COMPREENDER que a Lei não invalida é as promessas de Deus;
APRESENTAR os verdadeiros filhos de Deus.
INTERAÇÃO
Prezado(a) professor(a), na lição deste domingo, veremos que Paulo se refere à importância da promessa em detrimento da Lei. Os judaizantes criam que eram a semente de Abraão, e somente eles. Contudo Paulo mostra que a semente de Abraão, para Deus, é mais abrangente, e alcança todos os que creram e creem em Jesus pela fé, judeus e gentios. No decorrer da lição, procure enfatizar aos alunos que a Lei, que é o pacto mosaico, não tem o poder de anular a promessa de Deus feita ao patriarca 400 anos antes, pois Deus não voltou atrás em sua promessa.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), converse com seus alunos explicando que “Jesus Cristo nos resgatou da maldição do pecado e suas consequências, ou seja, a morte espiritual, a punição eterna e a separação permanente de Deus. Ele fez isso, tomando sobre si mesmo a total punição pela nossa rebelião e nossas ofensas contra Deus (veja 2Co 5.21) e por suportar a maldição pela nossa incapacidade de viver em conformidade com a lei de Deus (cf. Rm 8.3). No grego clássico, a referência a estar pendurado no madeiro seria as toras e postes em que os corpos eram empalados (isto é, perfurados e suspensos). Nesta passagem, a expressão se refere à cruz em que Cristo morreu (veja Mt 27.35, nota; cf. At 5.30; 10.39; 1Pe 2.24).
Enfatize que o conteúdo da promessa de Deus a Abraão (v.8) é definido como ‘a promessa do Espírito’ (cf. Lc 24.49; At 1.4,5). Receber o Espírito de Deus é ter justiça, a vida renovada e todas as outras bênçãos espirituais que resultam de um relacionamento correto com Deus (veja Gl 3.5, nota; 4.6).” (Adaptado de Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1627).
TEXTO BÍBLICO
Gálatas 3.17-24
17 Mas digo isto: que tendo sido o testamento anteriormente confirmado por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não o invalida, de forma a abolir a promessa.
18 Porque, se a herança provém da lei, já não provém da promessa; mas Deus, pela promessa, a deu gratuitamente a Abraão.
19 Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita, e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro.
20 Ora, o medianeiro não o é de um só, mas Deus é um.
21 Logo, a lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, se dada fosse uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei.
22 Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes.
23 Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar.
24 De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos que Paulo se refere à importância da promessa em detrimento da Lei. Os judaizantes criam que eram a semente de Abraão, e somente eles. Mas Paulo mostra que a semente de Abraão, para Deus, é mais abrangente, e alcança todos os que creram e creem em Jesus pela fé, judeus e gentios. A Lei, que é o pacto mosaico, não tem o poder de anular a promessa de Deus feita ao patriarca 400 anos antes, pois Deus não voltou atrás em sua promessa.
Comentário da Palavra Forte de Deus: A epístola aos Gálatas emerge como um vigoroso manifesto em defesa da liberdade cristã, confrontando as tentativas de legalistas judaizantes de subjugarem os crentes à observância da Lei Mosaica. Nesse contexto, Paulo eleva a promessa divina como um alicerce inabalável, anterior e superior à Lei, enfatizando que a salvação se fundamenta na fé em Cristo Jesus, e não em obras meritórias. A promessa a Abraão, portanto, transcende a mera descendência física, abraçando todos aqueles que, pela fé, se unem a Cristo, tornando-se herdeiros das bênçãos prometidas.
Nesta lição, veremos que Paulo se refere à importância da promessa em detrimento da Lei. Os judaizantes criam que eram a semente de Abraão, e somente eles. Mas Paulo mostra que a semente de Abraão, para Deus, é mais abrangente, e alcança todos os que creram e creem em Jesus pela fé, judeus e gentios. A Lei, que é o pacto mosaico, não tem o poder de anular a promessa de Deus feita ao patriarca 400 anos antes, pois Deus não voltou atrás em sua promessa. Este argumento paulino não é apenas uma questão teológica abstrata, mas um grito de libertação para os gálatas e, por extensão, para todos os crentes ao longo da história, reafirmando que a porta da salvação está aberta a todos, independentemente de sua origem étnica ou observância de rituais legalistas, e que a fé em Cristo é o único caminho para a justificação.
1. O PACTO DE DEUS ANTERIOR À LEI
1. A Lei não invalida o testamento. Paulo se vale de uma linguagem jurídica para mostrar aos gálatas a importância das promessas de Deus. Aqui, ele apresenta uma contraposição entre a promessa e uma lei. Deus fez promessas a Abraão, e destacamos a de que ele seria pai de uma grande nação. Pelo que vemos ao longo da revelação divina, com base em Gênesis 12.3: “em ti serão benditas todas as famílias da terra”, o alcance da promessa divina a Abraão ia além da sua semente física. Deus fez um pacto com Abraão, e esse pacto não seria revogado pela lei de Moisés.
Na língua grega há duas expressões para a palavra “aliança”. A primeira é syntheke, “colocar junto”, onde um pacto é feito entre partes iguais, com direitos iguais de discutir o acordo a ser proposto. A segunda palavra é diatheke, “colocar por”, e traz a ideia de um acordo em que as partes são desiguais, quando uma parte coloca os termos e a outra aceita ou rejeita. Esse é o termo que Paulo usa para explicar o pacto de Deus com Abraão. O patriarca, como ser humano, era limitado no que poderia oferecer a Deus, exceto pela fé que tinha no Eterno. Deus, por sua vez, prometeu bênçãos a Abraão, e uma vez feito o pacto acerca dessa promessa, não voltaria atrás. Em sua presciência, Deus sabia que os gentios seriam alcançados e experimentariam a oportunidade de viver pela fé.
Comentário da Palavra Forte de Deus: Empregando uma analogia jurídica, Paulo assevera que a Lei, promulgada séculos após a aliança abraâmica, não possui a prerrogativa de invalidar o testamento divino. A promessa feita a Abraão, portanto, permanece como um decreto imutável, selado pela fidelidade de Deus. A interpretação paulina de Gênesis 12.3 revela a amplitude universal da promessa, que transcende as fronteiras étnicas e culturais, alcançando todas as famílias da terra por meio da semente de Abraão, que é Cristo.
A escolha do termo diatheke, ao invés de syntheke, para descrever a aliança de Deus com Abraão, ilumina a natureza unilateral e graciosa da promessa. Não se trata de um contrato negociado entre partes iguais, mas de um decreto divino, baseado unicamente na fidelidade e no amor de Deus. Abraão, em sua humilde fé, aceita a promessa e se torna o protótipo do crente justificado pela graça, uma verdade central que Paulo busca reafirmar diante das investidas legalistas dos judaizantes.
2. A herança vem pela promessa. Por mais que a herança possa ser regulamentada por uma lei, ou seja, por mais que uma lei defina as regras para que uma herança possa ser dada e recebida, a lei não tem o poder de modificar a vontade do testador, nem de alterar o testamento depois de o testador ter falecido. A lei pode regulamentar, mas não invalidar o testamento, ainda mais se essa lei veio muito tempo depois de o testamento ter sido acertado entre o doador e o herdeiro. A promessa de Deus a Abraão não poderia ser revogada pela Lei que Deus deu ao seu povo. A herança não viria através da Lei, mas da promessa baseada e ratificada pelo testamento entre Deus e Abraão.
Comentário da Palavra Forte de Deus: A teologia Paulina enfatiza que a herança da salvação não se obtém mediante o cumprimento de preceitos legais, mas unicamente pela fé na promessa divina. A Lei, embora possua sua função reguladora, não detém o poder de alterar a essência da promessa, que reside na graça imerecida de Deus. A herança, portanto, é um dom gratuito, concedido àqueles que, a exemplo de Abraão, depositam sua confiança no Criador.
A ilustração jurídica que Paulo utiliza é poderosa: uma vez que um testamento é estabelecido, nenhuma lei posterior pode alterar a vontade do testador. Da mesma forma, a promessa de Deus a Abraão, como um testamento divino, é irrevogável. A Lei Mosaica, dada séculos depois, não pode anular ou modificar essa promessa fundamental. Isso demonstra que a salvação é um presente de Deus, recebido pela fé, e não uma recompensa por obras ou cumprimento da Lei. É a fé em Cristo, a semente de Abraão, que nos torna herdeiros das promessas divinas.
3. A Lei existe por causa das transgressões. Paulo explica o motivo da Lei existir, pois se não o fizesse, certamente os gálatas manteriam a percepção de que seguir os preceitos mosaicos, sendo gentios, era a forma correta de viver o Evangelho. De certa forma, a Lei de Moisés pode ser comparada a um objeto que tem a capacidade de refletir a imagem de uma pessoa, mas não de limpá-la. A Lei mostrava quem a pessoa era, mas não podia mudá-la. Espelhos não mudam a aparência das pessoas que se colocam diante deles.
A Lei tinha por objetivo regular as relações entre o homem e Deus, entre o homem e o seu próximo e o homem consigo mesmo. Era um código de suma importância para os hebreus. Ela existia porque a natureza pecaminosa dos filhos de Abraão era a mesma natureza pecaminosa dos demais seres humanos, e os hebreus pelo menos teriam um referencial escrito para não pecar contra Deus.
Como já sabemos, a Lei apontava o pecado. Ela, de certa forma, restringia a maldade, e nos é dito que ela existia por conta das transgressões. Como sabemos, é da natureza pecaminosa do ser humano tentar burlar regras (Rm 7.7). A Lei mostrava o pecado, e os homens testavam os limites do alcance dela pecando contra Deus.
Comentário da Palavra Forte de Deus: Paulo esclarece que a Lei foi instituída para evidenciar a transgressão humana, revelando a incapacidade do homem de alcançar a justiça por seus próprios méritos. A Lei, portanto, serve como um espelho que reflete a pecaminosidade inerente à natureza humana, conduzindo-a à compreensão da necessidade de um Salvador. A analogia do espelho ilustra a impotência da Lei em transformar o coração humano, que somente pode ser renovado pela graça divina.
A Lei, ao delinear claramente o pecado e estabelecer um padrão de justiça, tinha a função de restringir a manifestação da maldade. No entanto, paradoxalmente, ela também despertava a consciência do pecado e, em alguns casos, até mesmo o instigava. A natureza humana, inclinada à transgressão, frequentemente tentava burlar as regras, testando os limites da Lei e, assim, expondo a sua própria incapacidade de obedecer plenamente aos mandamentos divinos. Essa dinâmica demonstra a necessidade de um mediador e de um novo pacto, baseado na graça e na fé, em vez de na Lei e nas obras.
SUBSÍDIO I
Professor(a), inicie o primeiro tópico da lição com a seguinte pergunta: “Qual era o propósito da Lei?”. Incentive a participação dos alunos e ouça-os com atenção. Depois, enfatize a nossa fragilidade para cumpri-la. Diga que ao escrever aos Romanos, Paulo mostra que a função da Lei era revelar o pecado. Paulo afirma: “porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás” (Rm 7.7). A Lei mostrava o pecado, e que os homens por seus próprios esforços não poderiam cumpri-la. Explique que a Lei tinha por objetivo regular as relações entre o homem e Deus, entre o homem e o seu próximo e o homem consigo mesmo.
1. A LEI NÃO INVALIDA AS PROMESSAS DE DEUS
1. A Lei não é contra as promessas de Deus. É estranho imaginar que Deus tenha feito um pacto com Abraão e, quatrocentos anos depois, tenha mudado as regras, fazendo uma Lei para os descendentes de Abraão e mudando os termos antes acertados. Em sua fidelidade, o Eterno mantém o que foi ajustado com Abraão ao longo dos séculos.
Paulo pergunta: “Logo, a Lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, se dada fosse uma Lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela Lei” (Gl 3.21). O que os judaizantes não compreendiam é que a Lei e a promessa de Deus não eram opostas. Deus não criou a Lei para se opor à promessa que havia feito a Abraão, mas para conduzir os hebreus à fé em Cristo. Ela era um aio, como veremos.
Comentário da Palavra Forte de Deus: A fidelidade de Deus à Sua promessa a Abraão é um tema central na teologia Paulina. A Lei, promulgada séculos depois, não tem o propósito de contradizer ou anular a promessa, mas sim de conduzir o povo à compreensão da necessidade de um Salvador. A imutabilidade do caráter divino garante que a promessa a Abraão permanece vigente para todos aqueles que creem em Cristo Jesus.
A questão crucial que Paulo levanta em Gálatas 3:21, “Logo, a Lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte”, demonstra a harmonia subjacente entre a Lei e a promessa no plano redentor de Deus. A Lei, por si só, não tem o poder de vivificar ou justificar, mas aponta para a necessidade de uma justiça que vem pela fé. Em vez de serem antagônicas, a Lei e a promessa desempenham papéis complementares na revelação do caráter de Deus e no caminho da salvação. A Lei revela a nossa incapacidade de cumprir os padrões divinos, enquanto a promessa oferece a graça e a justificação através da fé em Cristo.
2. Tudo está debaixo do pecado. Antes de falar sobre a Lei como um tutor, Paulo fala que “a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes” (Gl 3.22). A salvação é uma dádiva, não uma dívida que tenha de ser paga pelo esforço humano. Aqui entra o fator graça de Deus. Com todos colocados no mesmo padrão, ou seja, debaixo do pecado, há uma “padronização”, ou seja, ninguém é melhor ou superior a ninguém quando se trata de receber a salvação. Ou é pela fé ou não é por caminho nenhum.
Comentário da Palavra Forte de Deus: A universalidade do pecado, conforme declarada nas Escrituras, demonstra a necessidade da graça divina para a salvação. A Lei, ao revelar a transgressão humana, evidencia a incapacidade do homem de se justificar por seus próprios méritos. A promessa da salvação, portanto, é oferecida a todos os que creem em Jesus Cristo, independentemente de sua origem ou condição social.
A afirmação de Paulo em Gálatas 3:22, de que “a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado”, é um golpe demolidor contra qualquer pretensão de autojustificação. Ao declarar que todos estão debaixo do pecado, Paulo nivela o campo de jogo, mostrando que ninguém pode se gabar de superioridade moral ou de merecer a salvação. Essa universalidade do pecado destaca a necessidade urgente da graça de Deus e da fé em Jesus Cristo como o único caminho para a justificação. A salvação não é um prêmio para os virtuosos, mas um presente gratuito oferecido a todos os que reconhecem sua necessidade de um Salvador.
3. A lei como “aio”. A Lei agia como um tutor. Ela ensinava, conduzia no caminho, mas também tolhia a liberdade. Como um batedor militar, que conduz uma autoridade até o seu destino, o aio assim agia. Ele direciona o comboio, faz a proteção, mas não os deixa em liberdade até que tenham chegado ao destino esperado. A Lei de Moisés deve guiar os seus seguidores até Cristo. Da mesma forma que um aio deveria conduzir uma criança até o destino proposto, assim a Lei deveria fazer.
A Lei de Moisés não é adversária da graça de Deus. Na prática, a Lei conduz os hebreus até a graça de Deus, pois as ordenanças mosaicas apontam para uma impossibilidade de se agradar a Deus pelas obras: “Porque a lei foi dada por Moisés: a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1.17). A Lei nos prende ao pecado mostrando o que é o pecado. A liberdade dessa prisão só pode vir por Cristo.
Comentário da Palavra Forte de Deus: Paulo emprega a metáfora do “aio” para ilustrar a função pedagógica da Lei, que guia e protege o povo até a vinda de Cristo. A Lei, portanto, não é um fim em si mesma, mas um meio de conduzir o homem à fé em Jesus, que oferece a verdadeira liberdade do pecado e da morte. A analogia do aio demonstra que a Lei tem um propósito limitado e transitório, que se cumpre na pessoa de Cristo.
A Lei de Moisés não é adversária da graça de Deus. Na prática, a Lei conduz os hebreus até a graça de Deus, pois as ordenanças mosaicas apontam para uma impossibilidade de se agradar a Deus pelas obras: “Porque a lei foi dada por Moisés: a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1.17). A Lei nos prende ao pecado mostrando o que é o pecado. A liberdade dessa prisão só pode vir por Cristo.
SUBSÍDIO II
“A palavra para ‘lei’ (gr. nomos; heb. torah) significa ‘ensinamento’ ou ‘orientação’. A lei pode ser uma referência aos Dez Mandamentos, o Pentateuco, ou qualquer mandamento no Antigo Testamento. O uso que Paulo faz da lei aqui inclui o sistema de sacrifícios que fazia parte do concerto de Deus no Antigo Testamento, feito com Israel, e dado a Moisés (O concerto era o ‘acordo de vida’ de Deus com Israel com base nas suas leis e promessas a eles e na sua fidelidade e obediência a Ele).
A respeito da lei, Paulo declara várias coisas: (1) Ela foi dada por Deus ‘por causa das transgressões’, o que quer dizer que ela (a) definia ofensas a Deus e expunha o pecado como a violação da vontade de Deus (isto é, os seus propósitos, padrões, desejos e intenções com base no seu perfeito caráter e nos seus planos) e (b) despertava na humanidade a sensação de necessidade da misericórdia de Deus, da sua graça e salvação por intermédio de Cristo (cf. Rm 5.20; 8.2). (2) Embora a lei de Deus fosse santa, boa e justa (Rm 7.12), era inadequada, porque não podia dar ao povo a vida espiritual ou a força moral (v.21; Rm 8.5-32).
Nenhuma forma de obediência a regras – até mesmo às regras de Deus — pode nos colocar em um relacionamento correto com Deus. (3) A lei agia como um tutor temporário, ou guia de instrução para o povo de Deus, protegendo-os e colocando-os na direção correta até que a salvação espiritual fosse revelada e se tornasse disponível, por meio da fé em Jesus Cristo (vv.22-26).
Até então, a lei revelava a vontade de Deus e os seus padrões para o comportamento do seu povo, e também permitia que os sacrifícios de sangue compensassem os pecados das pessoas (veja Lv 1.5; 16.33) e apontava, de uma maneira profética, para a morte de Cristo, que expiou os pecados e trouxe o perdão absoluto e final (Hb 9.14; 10.12-14) (4) A lei foi dada ‘para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados’ (v.24). Mas agora que Cristo veio, a função de supervisão da lei havia terminado (v.25).
Embora a lei de Deus ainda sirva para revelar o padrão perfeito de Deus e para revelar a nossa necessidade de Cristo, não mais podemos tentar manter um relacionamento correto com Deus por intermédio das provisões da lei do Antigo Testamento, incluindo o sistema de sacrifícios. A salvação agora se baseia nas provisões do novo concerto (isto é, o ‘acordo de vida’ de Deus com as pessoas com base na vida, morte e ressurreição de seu Filho, Jesus Cristo).
A principal provisão é a morte expiatória de Jesus Cristo (isto é, a sua morte que cobre e perdoa os pecados, e a sua milagrosa ressurreição, que selou o novo concerto de Deus e propiciou o perdão e a nova vida para aqueles que entregam a vida a Cristo (vv.27-29).” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1627).
III. OS VERDADEIROS FILHOS DE DEUS
1. Somos filhos de Deus pela fé. O que faz com que sejamos feitos filhos de Deus não é a observância da Lei. Não somos filhos de Deus pelas coisas que fazemos, e sim pela fé em Jesus. É possível que resquícios da mensagem dos judaizantes estejam sendo ensinados em nossos dias, quando se exige que uma pessoa cumpra uma série de preceitos para que possa ser abençoada ou salva.
Comentário da Palavra Forte de Deus: A filiação divina não se conquista por meio de obras meritórias, mas se recebe pela fé em Jesus Cristo. A insistência em preceitos legais como condição para a salvação reflete uma deturpação do Evangelho, que negligencia a suficiência da graça divina. A verdadeira filiação se manifesta na transformação do coração e na vivência de uma vida de obediência e amor a Deus.
A mensagem central de Gálatas é que a fé em Jesus Cristo é o único fundamento para a nossa filiação divina. A insistência dos judaizantes em adicionar obras da Lei como um requisito para a salvação mina a suficiência do sacrifício de Cristo e obscurece a natureza gratuita da graça de Deus. A verdadeira obediência e a prática de boas obras são frutos da nossa fé e da nossa nova identidade como filhos de Deus, e não um meio de alcançar essa filiação. A fé em Jesus Cristo nos une a Ele e, por meio d’Ele, nos tornamos herdeiros das promessas de Deus e membros da Sua família.
2. Não há judeu nem grego. Na graça de Deus, todos somos iguais para a salvação: pecadores. Sem fé, um hebreu não terá a salvação, e pela fé, um gentio verá a Deus. Por isso Paulo diz que “nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28).
Comentário da Palavra Forte de Deus: A igualdade entre judeus e gentios em Cristo Jesus é um princípio fundamental do Evangelho, que transcende as distinções étnicas, sociais e de gênero. A salvação é oferecida a todos os que creem, sem acepção de pessoas, unindo-os em um só corpo, a Igreja. A unidade em Cristo, portanto, é um testemunho do amor e da graça de Deus, que derrubam as barreiras da divisão e do preconceito.
A declaração radical de Paulo em Gálatas 3:28, “Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus”, é um eco da promessa abraâmica de que todas as famílias da terra seriam abençoadas por meio da sua descendência. Em Cristo, as antigas divisões e hierarquias perdem sua validade, pois todos os crentes são reconciliados com Deus e uns com os outros. Essa unidade em Cristo não implica a negação das identidades individuais, mas sim a superação das barreiras que nos separam, criando uma nova comunidade de fé, amor e serviço mútuo.
3. Somos descendentes de Abraão (Gl 3.29). Paulo não diz que somos herdeiros de Abraão por força da Lei de Moisés, mas sim por causa da promessa de Deus. Os judeus ainda são descendência física de Abraão, mas todos os que creem em Jesus, pela fé, são igualmente filhos de Abraão.
Nós fomos feitos filhos de Deus por adoção, mas nem por isso somos menos filhos de Deus. A adoção traz para nós as prerrogativas de uma herança que nos está destinada pela fé.
Comentário da Palavra Forte de Deus: A verdadeira descendência de Abraão não se restringe à linhagem física, mas se estende a todos aqueles que compartilham da mesma fé no Deus que o chamou. Os crentes em Cristo, portanto, são considerados filhos de Abraão por meio da promessa, tornando-se herdeiros das bênçãos espirituais que foram prometidas ao patriarca. A filiação espiritual, portanto, transcende a descendência carnal, unindo judeus e gentios em uma mesma família da fé.
Nós fomos feitos filhos de Deus por adoção, mas nem por isso somos menos filhos de Deus. A adoção traz para nós as prerrogativas de uma herança que nos está destinada pela fé.
CONCLUSÃO
A salvação é um presente de Deus, uma herança, que nos é dada por intermédio da fé, que nos justifica e nos faz filhos de Deus por adoção. Ela não é nem pode ser fruto de troca, como algumas pessoas queiram sugerir. E a Lei de Deus não se opõe à promessa dEle, pois aceita o homem pela fé, e esse é o padrão que Ele estabeleceu para que os homens se aproximassem dEle. Somos filhos de Deus e descendência do patriarca Abraão pela fé.
Comentário da Palavra Forte de Deus: Em suma, a salvação se manifesta como um presente inestimável, proveniente da graça divina, acessível por meio da fé em Jesus Cristo. A Lei, em sua essência, não se opõe à promessa, mas cumpre o papel de conduzir a humanidade à necessidade premente da redenção em Cristo. Assim, a filiação divina e a herança das promessas se concretizam não por obras meritórias, mas pela fé que nos une a Cristo, o descendente de Abraão.
A síntese apresentada encapsula a essência da mensagem de Gálatas, ressaltando a centralidade da graça e da fé na salvação. A Lei, embora importante em seu contexto histórico, não pode ser equiparada à promessa, que é a base da nossa justificação e filiação divina. A salvação é um ato unilateral de Deus, oferecido gratuitamente a todos os que creem em Jesus Cristo. Ao aceitarmos esse presente pela fé, somos adotados como filhos de Deus e nos tornamos herdeiros das promessas feitas a Abraão, selando a nossa união com Cristo e com a Sua Igreja.
- Leia também: LIÇÃO 6: JUSTIFICADOS PELA FÉ EM JESUS CRISTO