LIÇÃO 6: JUSTIFICADOS PELA FÉ EM JESUS CRISTO

LIÇÃO 6: JUSTIFICADOS PELA FÉ EM JESUS CRISTO

LIÇÕES BÍBLICAS CPAD
JOVENS
3º Trimestre de 2025

Título: A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas

Autor: Alexandre Coelho

Data: 10 de agosto de 2025


TEXTO PRINCIPAL

“Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.” (Rm 1.17).


RESUMO DA LIÇÃO

Abraão foi tornado justo por crer no que Deus falou, e não por seguir um conjunto de ritos.


Comentário da Palavra Forte de Deus: A declaração de que o justo viverá da fé ecoa através das páginas da Escritura, desde Habacuque até Paulo, ressaltando um princípio basilar do relacionamento entre Deus e a humanidade. A justiça divina, acessível não por mérito ou esforço próprio, mas por meio da crença, é o alicerce sobre o qual se ergue a vida do crente [i]. Esta justiça imputada, outorgada graciosamente àqueles que depositam sua confiança em Cristo, transcende a mera absolvição legal, transformando o coração e capacitando o indivíduo a uma vida de retidão e santidade.

A fé, portanto, não é um mero assentimento intelectual a um conjunto de doutrinas, mas uma entrega total e irrestrita a Cristo, reconhecendo-o como Senhor e Salvador. É através dessa fé que nos apropriamos da obra redentora realizada na cruz, sendo reconciliados com Deus e recebendo a promessa da vida eterna. A fé genuína se manifesta em obras, não como um meio de alcançar a salvação, mas como uma evidência da transformação operada pelo Espírito Santo no coração do crente.


LEITURA DA SEMANA
  • SEGUNDA — Rm 11.21: Reflete sobre a condição humana sob a desobediência.
  • TERÇA — Gl 3.14: Medita sobre a abrangência da bênção de Abraão estendida aos gentios.
  • QUARTA — Gl 3.3: Examina os perigos de iniciar no Espírito e desviar-se para a carne.
  • QUINTA — Hb 10.38: Contempla a essência da vida justa radicada na fé.
  • SEXTA — Gl 3.5: Considera como Deus concede o Espírito e realiza maravilhas através da fé.
  • SÁBADO — Rm 1.16: Reafirma a postura de não se envergonhar do Evangelho.

OBJETIVOS
  • Expor os questionamentos de Paulo aos gálatas.
  • Discernir sobre a vida do crente Abraão.
  • Demonstrar a fé como fonte de vida.

INTERAÇÃO

Prezado(a) professor(a), na lição deste domingo, veremos a forma como Paulo discorre a respeito da justificação pela fé. Ele sai em defesa da doutrina que os gálatas receberam e depois, influenciados pelos judaizantes, trocaram por outra errônea. A fé estava sendo substituída pelo esforço humano, e isso era um retrocesso perigoso. É importante que, no decorrer da lição, você ressalte que o que começamos certo devemos encerrar de modo correto.

Não podemos jamais acrescentar coisa alguma ao Evangelho de Jesus nem mesmo em nossa prática de vida, criando crendices e hábitos que vão contra a Palavra de Deus. O Eterno espera que você defenda e mantenha, a todo custo, a verdade de que o sacrifício de Jesus é suficiente para a nossa salvação.


ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Professor(a), converse com seus alunos a respeito da doutrina da justificação. Explique que ao “estudarmos a Doutrina do Pecado descobrimos que ninguém pode ser justificado pela justiça humana. Entretanto, é na doutrina da justificação que o pecador encontra o caminho da justificação, através da obra expiatória de Cristo. No primeiro estado, o pecador está perdido e sem possibilidade alguma de se justificar diante de Deus. No segundo estado, o pecador encontra Cristo que o justifica.

O pecador, judeu ou gentio, encontra um novo caminho através dos méritos de Cristo Jesus. É aqui que ele pode ser perdoado e declarado livre da pena do seu pecado perante Deus.

Diga aos alunos que justificação significa absolvição da culpa, cuja pena foi satisfeita. Significa ser declarado livre de toda culpa tendo cumprido todos os requisitos da Lei.

Justificação é um termo forense que denota um ato judicial da administração da lei. Esse ato judicial legaliza a situação do transgressor perante a lei e o torna justo, isto é, livre de toda a condenação. Cristo assumiu a pena do pecador e foi sentenciado no lugar do pecador. Ele sofreu a pena contra o pecador. Cumprida a pena, o veredito final da justiça divina é a justificação do pecador. Entende-se então que ser justificado não significa que a justiça tenha sido adiada, ou que ela não tenha sido cumprida”. (Adaptado de CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.52).


TEXTO BÍBLICO
Gálatas 3.1-11.

1 Ó insensatos gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi já representado como crucificado?
2 Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?
3 Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?
4 Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão.
5 Aquele, pois, que vos dá o Espírito e que opera maravilhas entre vós o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?
6 É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.
7 Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.
8 Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti.
9 De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.
10 Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.
11 E é evidente que, pela lei, ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé


COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos a forma como Paulo discorre a respeito da doutrina da justificação pela fé aos irmãos gálatas. No capítulo anterior, ele havia defendido a sua mensagem e o seu apostolado. Desta vez, ele vai defender a doutrina que os gálatas receberam e depois trocaram por outra forma de pensamento. A fé estava sendo substituída pelo esforço humano, e isso é um retrocesso (da bênção para uma maldição). É uma advertência para que o que começamos certo não termine errado por nossa responsabilidade.


Comentário da Palavra Forte de Deus: A introdução da lição estabelece o contexto da carta aos Gálatas, ressaltando a importância da justificação pela fé como doutrina central do Evangelho. Paulo, tendo previamente defendido sua autoridade apostólica, agora se dedica a confrontar o desvio dos gálatas, que estavam abandonando a verdade da graça para se entregarem a um sistema legalista de obras. A advertência de Paulo sobre os perigos de substituir a fé pelo esforço humano serve como um alerta atemporal para a igreja em todas as épocas.

A substituição da fé pela autojustificação é uma tentação constante para o ser humano, que busca encontrar em seus próprios méritos a aprovação divina. No entanto, o Evangelho revela que a salvação é um presente gratuito de Deus, recebido pela fé em Jesus Cristo. Ao rejeitar a graça e buscar a justiça por meio de obras, o indivíduo se afasta da bênção e se coloca sob a maldição da Lei.


1. O QUESTIONAMENTO DE PAULO

1. Fascínio para a desobediência. Paulo se dirige aos crentes na introdução da Carta como irmãos (Gl 1.1), mas aqui, ele fala de um jeito menos amistoso, chamando-os de “insensatos gálatas” (Gl 3.1). Isso porque aqueles irmãos estavam perdendo o juízo, deixando de lado critérios e ficando fascinados com uma outra mensagem.

A palavra fascinação significa “forte atração por algo ou por alguém”. Paulo faz uma pergunta aos crentes da Galácia e o pensamento dele vale para os nossos dias: O que pode ser tão atraente para a nossa espiritualidade que tenha a capacidade de nos afastar do verdadeiro Evangelho? Para os gálatas, a fascinação provinha da possibilidade de seguir a lei dos judeus, o que, na teoria deles, poderia ajudar na salvação.

Eis aqui uma questão: Paulo comenta que eles foram fascinados, enfeitiçados, para se tornarem desobedientes ao Evangelho. Aquela nova mensagem que receberam dos judaizantes não lhes movia a fim de obedeceram a Deus, mas os convencia, por uma mensagem à desobediência, e eles não haviam percebido isso.


Comentário da Palavra Forte de Deus: O apóstolo Paulo, ao iniciar sua carta aos gálatas com uma exortação contundente, demonstra a gravidade do desvio que havia se infiltrado em suas comunidades. Ao chamá-los de “insensatos”, Paulo não busca apenas repreendê-los, mas despertar sua consciência para a loucura de abandonar a verdade do Evangelho em favor de um sistema legalista de obras. A pergunta implícita na exortação de Paulo é um convite à autoanálise: o que pode ser tão atraente a ponto de nos desviar da obediência a Deus?

A fascinação por mensagens que diluem a graça, que enfatizam o esforço humano em detrimento da obra redentora de Cristo, é uma ameaça constante à igreja. Em um mundo saturado de informações e influências diversas, é crucial discernir entre a verdade e o erro, entre o genuíno Evangelho e as falsas doutrinas que buscam nos desviar do caminho da salvação.


2. Começando certo e terminando errado. Paulo pergunta: “tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?” (Gl 3.3). Essa pergunta mostra um cenário que pode se repetir em nossos dias, os gálatas receberam o Espírito de Deus, mas se deixaram levar pela capacidade pessoal de agradá-lo não pela fé, mas pela observância de preceitos judaicos. A fé e o Espírito estavam sendo substituídos pela Lei e pela carne. Eles haviam começado certo, mas estavam terminando errado.

Essa pergunta do apóstolo nos faz refletir sobre como fomos chamados e de que forma estamos administrando a vocação que Deus nos deu. Não basta começar da forma correta; é preciso concluir a carreira de forma correta, e curiosamente, Paulo atribui aos gálatas essa capacidade. Ele não atribui a Deus essa obrigatoriedade, pois Ele já nos deu a salvação. Paulo atribui a nós a capacidade de exercer de forma correta a análise do que estamos ouvindo para não sermos enganados por doutrinas erradas. Colocar a prática da Lei em pé de igualdade ao sacrifício de Jesus é, sem dúvida, um ensino pernicioso.


Comentário da Palavra Forte de Deus: A pergunta retórica de Paulo aos gálatas revela a incoerência de sua trajetória espiritual. Tendo iniciado sua jornada cristã pela ação do Espírito Santo, através da pregação do Evangelho da graça, eles agora buscavam o aperfeiçoamento por meio de práticas legalistas, como a circuncisão e a observância de rituais judaicos. Esse desvio demonstra a tendência humana de confiar em seus próprios esforços para agradar a Deus, em vez de depender da obra redentora de Cristo.

A advertência de Paulo nos convida a uma autoanálise constante, a fim de identificarmos qualquer inclinação para o legalismo em nossa vida. Devemos permanecer vigilantes para não abandonarmos a fé que uma vez nos foi entregue e nos desviarmos para caminhos de obras mortas, que não têm o poder de nos justificar diante de Deus.


3. Obras da Lei contra a pregação da Fé. Os gálatas provavelmente não tinham conhecimentos dos costumes judaicos e das obrigatoriedades que esses costumes representavam para os hebreus na sua inteireza.

A pregação da fé, que alcançou os gálatas quando esses ouviram a mensagem de Paulo, estava sendo substituída. Jesus havia sido representado aos gálatas como crucificado. A palavra “representado” é prographo, pintado. Era como se a pregação de Paulo fosse uma obra de arte, uma pintura, apresentando Cristo como crucificado, e eles haviam enxergado dessa mesma forma. A cruz representava a morte de Cristo, e o próprio Cristo representava o sacrifício perfeito do Filho de Deus. Não havia sido uma morte por nada, ou por um erro judicial, mas voluntária: “Por isso, o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la” (Jo 10.17).

Paulo pergunta aos gálatas: “Aquele, pois, que vos dá o Espírito e que opera maravilhas entre vós o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” (Gl 3.5). Quantos milagres os gálatas presenciaram? Quantas intervenções divinas Deus fazia pelo seu Espírito naquelas igrejas? E nada disso era pelas obras da lei, mas pela fé. Se os gálatas sabiam o que era uma comunidade de santos vibrante, onde Deus tinha liberdade de atuar e mostrar-lhes um pouco da sua glória, não era por causa da Lei.


Comentário da Palavra Forte de Deus: Paulo estabelece um contraste fundamental entre as obras da Lei e a pregação da fé, demonstrando que a manifestação do poder de Deus não está condicionada à obediência a preceitos legais, mas à fé em Jesus Cristo [iv]. Os milagres e a operação do Espírito Santo entre os gálatas eram evidências da aprovação divina à sua fé, e não de seus esforços para cumprir a Lei.

Essa verdade nos desafia a reavaliar nossa compreensão da relação entre fé e obras. As obras não são a causa da salvação, mas o fruto da fé. Ao crermos em Jesus Cristo, somos transformados pelo poder do Espírito Santo, que nos capacita a viver uma vida de obediência e amor, manifestando os frutos da justiça em nosso caráter e em nossas ações.


“3.2 RECEBESTES O ESPÍRITO [..] PELA […] FÉ? Por meio da fé em Cristo, nós recebemos o perdão, um relacionamento restaurado com Deus, a presença do Espírito Santo dentro de nós e todas as bênçãos de Deus, incluindo o dom da vida eterna com Ele (vv.2,3,5,14,21; 4.6). No entanto, as pessoas que confiam na obediência a regras, em rotinas religiosas ou em seus próprios esforços para agradar a Deus ou tentar obter a salvação, não recebem o Espírito e a vida. Isto se deve ao fato de que a Lei não pode dar vida e salvação espiritual (v.21). A partir deste ponto da epístola aos Gálatas, Paulo se refere ao Espírito Santo 16 vezes.” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023. p.1627).


II. O CRENTE ABRAÃO

1. Creu em Deus: A fim de reforçar seus argumentos, Paulo remonta à origem do povo judeu, com o crente Abraão. Os irmãos gálatas certamente tiveram contato com a história de Abraão, seja por Paulo, seja pelos judaizantes, e o apóstolo se vale da figura do patriarca para exemplificar a realidade da justificação pela fé.

Era a forma mais adequada de mostrar aos leitores que a Lei de Moisés não era superior à graça de Deus e à salvação pela fé. A Palavra de Deus destaca que Abrão foi chamado por Deus para deixar a sua terra e os seus parentes para herdar uma terra que ele nem mesmo sabia onde era. Ele creu em Deus, dando início a uma viagem cujo destino era ignorado, mas estava ciente da fidelidade do Senhor. Ao longo de sua história, ainda que não completamente perfeita, o patriarca demonstrou fé não somente que Deus o guiaria ao destino aonde chegaria, mas principalmente na promessa de que seria pai de uma multidão de pessoas.


Comentário da Palavra Forte de Deus: Ao recorrer à figura de Abraão, Paulo demonstra que a justificação pela fé não é uma novidade do Novo Testamento, mas um princípio presente desde o início da história da salvação. Abraão, o pai da fé, foi justificado por crer em Deus, mesmo antes da instituição da Lei, demonstrando que a salvação sempre foi pela graça, mediante a fé.

O exemplo de Abraão nos encoraja a confiar em Deus, mesmo quando as circunstâncias parecem desfavoráveis. A fé não é uma crença cega, mas uma confiança ativa na fidelidade e no poder de Deus para cumprir suas promessas. A jornada de Abraão, marcada por desafios e incertezas, é um testemunho da força da fé em meio às adversidades.

2.3. Foi considerado justo. Abraão, de onde provém os judeus, foi considerado justo. E como isso se deu? Pela fé. Abraão recebeu a promessa de ter um filho, mas com o passar do tempo, ele viu que a promessa de Deus não havia sido cumprida ainda. Ele chegou a mencionar que o mordomo Eliézer era o administrador daquela casa e herdaria os seus bens. Mas Deus deu uma lição prática ao patriarca. O Eterno levou o ancião para fora da tenda onde estava, e como era de noite, pediu que ele contasse as estrelas. Deus ainda disse: […] “se as podes contar” […] (Gn 15.5). Ele concluiu dizendo “Assim será a tua semente” (ou descendência). O verso a seguir diz que “E creu ele no SENHOR, e foi-lhe imputado isso por justiça” (Gn 15.6). Abraão foi justificado por ter crido no que Deus havia falado.


Comentário da Palavra Forte de Deus: A fé de Abraão não se baseava em evidências concretas, mas na Palavra de Deus. Mesmo diante da impossibilidade de ter um filho em sua velhice, Abraão creu na promessa divina, e essa fé lhe foi imputada como justiça. A fé de Abraão, portanto, não era uma mera crença intelectual, mas uma convicção arraigada em seu coração, que o impulsionava a agir em obediência a Deus.

A justificação de Abraão demonstra que a fé é o fundamento da nossa relação com Deus. Não somos justificados por nossos próprios méritos, mas pela graça de Deus, que nos é concedida por meio da fé em Jesus Cristo. A justiça que recebemos não é nossa, mas imputada por Deus, com base na obra redentora de Cristo.


3. Deus iria justificar os gentios pela fé. Paulo menciona que Deus havia previsto que a fé seria o instrumento pelo qual os pecadores, judeus ou gentios, fossem declarados justos diante de Deus. O Eterno escolhe a fé, e não as obras, para justificar uma pessoa. As obras dependem do potencial e da vontade de cada um, e como cada ser humano não tem as mesmas condições que outro, surge uma injustiça, pois um poderia fazer mais obras e outro, não. Como se fosse pouco, as obras tendem a nos fazer orgulhosos de nossas próprias capacidades. Isso desagrada a Deus.

Em sua sabedoria, “Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia” (Rm 11.32). Na misericórdia não há mérito de quem erra, mas sim, mérito de quem exerce a misericórdia. Na graça, recebemos o que não merecemos, e na misericórdia, não recebemos o que merecemos. A justificação dos gentios não viria pelas obras, e sim pela fé.


Comentário da Palavra Forte de Deus: A revelação de que Deus justificaria os gentios pela fé demonstra a universalidade do Evangelho. A salvação não está restrita aos judeus, mas é oferecida a todos os povos, línguas e nações, que creem em Jesus Cristo. Essa verdade maravilhosa derruba as barreiras étnicas e culturais, unindo todos os crentes em um só corpo, a Igreja.

A escolha da fé como o fundamento da justificação é uma demonstração da graça de Deus. Não podemos merecer a salvação por meio de nossos próprios esforços, mas podemos recebê-la como um presente gratuito, ao crermos em Jesus Cristo. A graça de Deus se manifesta na justificação, concedendo aos pecadores o que eles não merecem, ou seja, a remissão dos pecados e a vida eterna.


SUBSÍDIO II

“Paulo diz que, se Abraão, o pai dos judeus segundo a carne, tivesse sido julgado por obras ou justiça própria, teria que gloriar-se diante de Deus. Porém o que aprendemos é que Abraão foi como qualquer outro homem, pecador e sem justiça nenhuma. Ele foi declarado justo por meio da fé (Rm 4.3) Os judeus vangloriavam-se em Abraão e criam que isto lhes garantiria a justificação, apenas por serem ‘filhos de Abraão segundo a carne’.

Mas Paulo apresenta dois modos de justificação: por méritos e por graça. A justificação por méritos se baseia nas obras do homem para obter a sua salvação. A justificação por graça baseia-se sobre o princípio da fé. Deus justifica o pecador pela fé. Ele imputa justiça ao que crê, isto é, pela graça de Deus.” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.59).


III. A FÉ COMO FONTE DE VIDA

1. O justo viverá da fé. Essa expressão é oriunda do profeta Habacuque (Hc 2.4). Ele profetizou ao povo de Judá em meio a uma grande corrupção moral e espiritual, e sob a sombra dos ataques dos babilônios. Esses seriam usados pelo Eterno para julgar Judá. Havia hebreus arrogantes naqueles dias, e Deus diz ao profeta que “eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo, pela sua fé, viverá” (Hc 2.4). Essa expressão, de que o justo viverá da fé, também se acha em Romanos que diz: “[…] se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé” (Rm 1.17). Em mais de uma referência Bíblica nos é dito que a fé traz a vida (Hb 10.38).


Comentário da Palavra Forte de Deus: A citação de Habacuque 2.4 ressalta que a fé não é apenas o ponto de partida da vida cristã, mas também o princípio que a sustenta ao longo de toda a jornada. O justo não apenas é justificado pela fé, mas também vive pela fé, dependendo continuamente da graça de Deus para perseverar em meio às provações e tentações.

A fé é um dom de Deus que nos capacita a viver uma vida de retidão, obediência e amor. Ao confiarmos em Jesus Cristo, somos transformados pelo poder do Espírito Santo, que nos guia e nos fortalece em cada passo do caminho. A vida pela fé, portanto, é uma vida de dependência de Deus, reconhecendo que sem Ele nada podemos fazer.


2. Aquele que não permanecer nessas coisas. Uma das mais sérias realidades da vida cristã é a necessidade de perseverança daqueles que aceitaram a Jesus. Não estamos mais sujeitos ao pecado, e nossa liberdade é para viver no Espírito e não pecar. Esse exercício, porém, deve ser constante e permanente. A permanência e a constância são virtudes que devemos cultivar, e na direção certa. Os gálatas estavam sendo inconstantes no tocante ao Evangelho que haviam recebido, e ao se apoiarem na guarda da Lei, não somente se colocavam debaixo de um jugo, mas também de uma maldição.

Pior que isso, não praticar a Lei na íntegra torna a pessoa maldita: “Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém” (Dt 27.26). Os gálatas não precisavam nem deviam guardar os preceitos judaicos, primeiro porque não eram judeus; segundo, porque se colocavam debaixo de uma maldição, e terceiro, porque não conseguiriam praticar toda a Lei, tornando-se, portanto, culpados.


Comentário da Palavra Forte de Deus: A advertência de Paulo sobre a necessidade de perseverança na fé é um lembrete de que a vida cristã é uma jornada contínua, que exige compromisso, disciplina e vigilância. A inconstância e a apostasia são perigos reais que ameaçam a nossa fé, nos desviando do caminho da salvação.

A confiança nas obras da Lei como meio de alcançar a justiça é um desvio que nos afasta da graça de Deus. A Lei exige obediência perfeita, o que é impossível para o ser humano. Apenas por meio da fé em Jesus Cristo podemos ser justificados e viver uma vida que agrada a Deus, manifestando os frutos da justiça em nosso caráter e em nossas ações.


3. Cristo é a posteridade de Abraão. A descendência de Abraão é Cristo, e através dEle, judeus e gentios são alcançados pela fé. Em Cristo, e não na guarda da Lei, temos a possibilidade de ser feitos filhos de Deus por adoção, e herdeiros da eternidade não pelos nossos méritos, mas pelo mérito de Cristo. Foi o que Ele fez, e não o que tentamos fazer, que nos garante o acesso a Deus.


Comentário da Palavra Forte de Deus: A revelação de que Cristo é a descendência de Abraão demonstra o cumprimento das promessas de Deus. Por meio de Jesus Cristo, judeus e gentios são unidos em um só corpo, a Igreja, e se tornam herdeiros das bênçãos da salvação. A filiação divina, portanto, é um dom gratuito de Deus, que nos é concedido por meio da fé em Jesus Cristo.

Não podemos merecer a salvação por meio de nossos próprios esforços, mas podemos recebê-la como um presente, ao crermos em Jesus. Em Cristo, somos feitos novas criaturas, capacitadas pelo Espírito Santo a viver uma vida de obediência, amor e serviço a Deus. A filiação divina, portanto, é um privilégio inefável que nos transforma e nos capacita a viver de acordo com o propósito de Deus para nossa vida.


SUBSÍDIO III

“Paulo cita Habacuque 2.4 para mostrar como uma pessoa é justificada pela fé (cf. Rm 1.17), e não pelas obras. O profeta Habacuque enfatiza que aquele que é justificado pela fé possui a verdadeira justiça interior (isto é, um relacionamento correto com Deus, com respeito ao caráter, às atitudes e ações e à capacidade de agir corretamente, segundo os seus padrões).”


CONCLUSÃO

Todos podemos ser tentados a acrescentar alguma coisa ao Evangelho de Jesus. Podemos não fazer isso na doutrina, mas fazê-lo na nossa prática de vida, criando crendices e hábitos que vão contra a Palavra de Deus. O Eterno espera que o que recebemos de Deus seja defendido e mantido a todo custo: o sacrifício de Jesus é suficiente para a nossa salvação, e que quando optamos por observar práticas que a Bíblia não diz, estamos acrescentando ao Evangelho coisas que Deus jamais planejou para a sua Igreja.


Comentário da Palavra Forte de Deus: A conclusão da lição reforça a suficiência do sacrifício de Jesus Cristo para a nossa salvação, reafirmando que não precisamos adicionar nada ao Evangelho, pois a obra redentora de Cristo é completa e perfeita [v]. A tentação de adicionar algo ao Evangelho é uma ameaça constante à nossa fé, que pode nos desviar da verdade e nos colocar sob o jugo da Lei.

Devemos permanecer vigilantes, para não nos desviarmos da verdade e não acrescentarmos práticas ou ensinamentos que não são fundamentados nas Escrituras. O Evangelho da graça é suficiente para nos salvar e nos transformar, capacitando-nos a viver uma vida que agrada a Deus. A nossa confiança deve estar unicamente em Cristo e em sua obra redentora, reconhecendo que sem Ele nada podemos fazer. Que possamos abraçar essa verdade transformadora e viver em conformidade com ela, para a glória de Deus.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima