Lição 5: O início do cerco de Jerusalém EBD JOVENS


LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

4º Trimestre de 2025

Título: Exortação, arrependimento e esperança — O ministério profético de Jeremias


Autor: Elias Torralbo

Comentarista: Palavra Forte de Deus

Data: 2 de novembro de 2025

TEXTO PRINCIPAL


“Eis que hoje ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando ouvirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que hoje vos mando. ” (Dt 11 .26)


Comentário da Palavra Forte de Deus


Esta passagem bíblica, oriunda do coração da Lei Mosaica (Deuteronômio), estabelece o princípio fundamental da Teologia do Pacto: as escolhas da nação definem as suas consequências. Deus, o Soberano Legislador, coloca diante de Israel duas rotas antagônicas, a bênção e a maldição, o que implica que o destino do povo depende intrinsecamente da sua obediência. A conjunção condicional “quando ouvirdes” sublinha que a bênção não é automática, mas requer a audição ativa e a subsequente prática dos mandamentos.

Consequentemente, a referência deste versículo ao cerco babilônico de Jerusalém (Lição 05) fornece a justificativa teológica para o juízo iminente. Israel, ao longo de sua história, desprezou os mandamentos de Deus, trocando a bênção pela maldição. Ademais, o texto reforça a justiça divina: Deus age de acordo com os termos do pacto que Ele mesmo estabeleceu, punindo a desobediência com o mal predito.

A voz ativa de Deus, “Eu ponho”, afirma Sua iniciativa e autoridade em apresentar as condições. Portanto, o julgamento de Jerusalém sob Nabucodonosor torna-se não um evento acidental, mas a manifestação fiel de um aviso dado séculos antes. Desse modo, o Textus Principalis situa a crise final de Judá dentro do escopo da Aliança, provando que a nação escolheu ativamente o caminho da maldição.


RESUMO DA LIÇÃO


O cerco babilônio contra Jerusalém resultou da desobediência e rebeldia do povo contra o Senhor.


Comentário da Palavra Forte de Deus


O sumário da lição sintetiza a causalidade teológica do exílio. Em primeiro lugar, afirma que o cerco babilônico não constitui uma tragédia geopolítica isolada, mas o resultado direto e inevitável da falha moral de Judá. O termo “desobediência” aponta para a quebra consciente das estipulações da Aliança, enquanto “rebeldia” denota a obstinação e a recusa em aceitar as advertências proféticas, especialmente as de Jeremias.

No entanto, é imperativo notar que a Babilônia, um império pagão, tornou-se o instrumento que Deus utilizou para executar Seu juízo. A Soberania de Deus manifesta-se ao permitir que a nação sofra as consequências de suas escolhas, mas também ao designar o agente de correção (Nabucodonosor, chamado de “meu servo” em Jr 27.6). Por conseguinte, a crise serviu como um ato de purificação e disciplina, confirmando que Deus exerce Seu domínio sobre todas as nações.

A mensagem dirige-se à nossa compreensão: a apostasia espiritual atrai a disciplina divina. Dessa maneira, o resumo nos lembra que a santidade de Deus exige uma resposta, e o Seu plano eterno garante que a justiça prevalecerá sobre a inconstância e o pecado de Seu povo.


OBJETIVOS


COMPREENDER que o ministério profético de Jeremias se deu em um tempo diferente do nosso;
DESTACAR o início do cerco babilônico e as suas causas;
MOSTRAR que prevenir é mais sábio do que remediar.


INTERAÇÃO


Na lição deste domingo, veremos que a situação de Judá era crítica, Jerusalém estava sitiada (32.1), mas Jeremias sabia que Deus estava pronto para acompanhá-los. O Senhor não abandonaria seu povo. O profeta declarou que os planos do Senhor são perfeitos e que depois de um tempo no cativeiro, eles retornariam a sua terra. O Senhor faria uma nova aliança com seu povo e todos veriam sua bondade.

Caso você, professor(a), esteja enfrentando uma situação crítica em alguma área da sua vida, creia que “bom é o Senhor para os que se atêm a ele, para a alma que o busca. Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Senhor” (Lm 3.25,26).


ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA


Professor(a), converse com os alunos e explique que Jeremias predisse o exílio babilônico, mas também previu um dia em que Deus restauraria os exilados. Deus traria de volta os exilados de Judá e Israel, reunificando a nação. Aparentemente, eles viriam de todas as partes e de todas as nações. Formariam uma grande multidão, incluindo até aqueles que normalmente seriam incapazes de viajar, como os cegos, os coxos e as mulheres grávidas prestes a dar a luz (31.7,8).

Esta grandiosa libertação seria como um “segundo êxodo” que empalideceu a primeira libertação do Egito. A chegada de Israel/Judá a Sião daria início a uma era de ouro, com redenção eterna e bênção inigualáveis, asseguradas pela perfeita obediência do povo a Deus em uma nova aliança eterna” (LAHAYE, Tim , Enciclopédia Popular de Profecia Bíblico, Rio de Janeiro, CPAD, 2008, p. 190).


INTRODUÇÃO


Na lição deste domingo, veremos que tudo aquilo que Jeremias anunciou, ao longo de seu ministério, acerca do juízo de Deus, estava acontecendo e prestes a alcançar o seu ponto mais crítico: a invasão e o cativeiro na Babilônia.


Comentário da Palavra Forte de Deus


Este parágrafo de abertura situa o leitor no apogeu do drama profético. De fato, Jeremias desempenhou um ministério de lamento e advertência, o que significa que a iminência do cerco não surpreendeu o profeta, pois ele sabia que a Palavra de Deus sempre se cumpre. O juízo de Deus move-se da esfera do anúncio para a da concretização histórica, provando que a paciência divina possui um limite.

Ademais, a Babilônia, personificando a punição, assumia seu papel como a “vara da ira” de Deus. Portanto, o cativeiro não representava um revés da sorte, mas a conclusão lógica de uma série de atos de desobediência e rebelião que o povo cometeu. O foco da lição dirige-se à seriedade do pecado e à fidelidade de Deus em manter Sua Palavra, seja para a bênção, seja para a maldição.

Dessa forma, esta introdução prepara o estudante para compreender que a história de Judá oferece um espelho para a igreja atual. Assim, nós reconhecemos que a nossa responsabilidade reside em dar ouvidos à advertência profética antes que o juízo se instaure, pois a invasão babilônica demarca o ponto de não retorno para a nação.


I- CONHECENDO A HISTÓRIA


1- Informações históricas. 


O ministério profético de Jeremias se deu em um tempo díspar do nosso, por isso é importante conhecer alguns pontos históricos que são indispensáveis para uma compreensão melhor de suas profecias. Precisamos conhecer a respeito dos reis que ascenderam ao trono e os que foram destituídos deles.

Um desses reis foi Josias. Ele reinou sobre Judá por volta do ano (aproximado) de 641 a 640 a.C. Em seguida veio Joacaz, que reinou somente três meses (2 Rs 23.31). Em seu lugar veio Jeoaquim que governou durante 11 anos (2 Rs 23.36), seguido de Joaquim que reinou somente três meses (2 Rs 24.8) e, finalmente Zedequias que reinou 11 anos (2 Rs 24.18).


Comentário da Palavra Forte de Deus


A contextualização histórica emerge como um pilar exegético crucial. A instabilidade política e a sucessão rápida de reis ímpios revelam o declínio moral e espiritual de Judá, o que estabelece o pano de fundo para a mensagem de juízo de Jeremias. O profeta presenciou o fim do último período de reforma (Josias) e a queda acelerada da monarquia.

Neste sentido, a genealogia real que descreve a lição serve para demonstrar que a liderança da nação falhou sistematicamente em guiar o povo no caminho da obediência. Com efeito, cada rei, com exceção de Josias, contribuiu para a deterioração do pacto, o que intensificou a ira divina e acelerou a inevitabilidade do cerco.

Ademais, o conhecimento dos períodos de reinado permite ao estudante situar cronologicamente os oráculos de Jeremias. Dessa forma, a história torna-se prova do argumento profético, confirmando que a negligência das autoridades selou o destino de Jerusalém, pois eles rejeitaram as múltiplas oportunidades de arrependimento.


2- As duas primeiras invasões. 


A invasão da Babilônia a Jerusalém nas datas preditas pelo profeta só pode ser bem compreendida considerando as três invasões. A primeira invasão se deu por volta do ano 605 a.C., sob o reinado de Jeoaquim que, por ação do rei do Egito, foi posto rei de Judá no lugar de seu irmão Jeoacaz (2 Cr 36.1-5). Jeoaquim é o rei que, dentre outras atitudes, rejeitou a mensagem de Deus (Jr 36.1-26) e por isso foi duramente repreendido pelo Senhor, com a promessa de que seria destruído (Jr 36.27-32).

É nesta primeira invasão que o profeta Daniel e os seus amigos são levados à Babilônia (Dn 1.1-4). A segunda invasão ocorreu durante o reinado de Joaquim, por volta do ano 597 a.C., na qual, além dos utensílios da Casa do Senhor, também foram levados o rei, sua mãe, os príncipes, os seus oficiais e os ferreiros e artífices, contabilizando o número de dez mil presos, incluindo o profeta Ezequiel (2 Rs 24.8-17: Ez 1.1-3).


Comentário da Palavra Forte de Deus


A primeira e a segunda invasão servem como advertências divinas graduais. Assim, Deus, em Sua longanimidade, ofereceu a Judá a chance de reconhecer a Sua mão no processo e arrepender-se. O fato de Nabucodonosor remover Daniel e Ezequiel, figuras de liderança e fé, demonstra que a Babilônia desempenhava o papel de Seus executores divinos.

Neste sentido, a rejeição de Jeoaquim à Palavra profética (Jr 36) marcou um ponto de inflexão na desobediência da nação. Ele queimou o rolo do profeta, o que simboliza a recusa ativa em acolher a repreensão divina. Por conseguinte, a remoção de itens sagrados do Templo e a deportação das elites (rei, príncipes, artífices) despojaram Judá de seus recursos espirituais e humanos.

Portanto, a teologia bíblica ensina-nos que Deus utiliza os eventos históricos como ferramentas de disciplina. A progressão das invasões evidencia que a obstinação de Judá cresceu paralelamente à severidade da punição divina, o que preparou o cenário para a destruição final.


3- A terceira invasão. 


Depois do rápido e trágico governo de Joaquim (2 Cr 36.9). Nabucodonosor estabeleceu Zedequias como rei de Judá (2 Cr 36.10.11). Zedequias não agradou a Deus e nem se submeteu à sua palavra (2 Cr 36.12) e sua arrogância o levou a se rebelar contra Nabucodonosor (2 Cr 36.13). O seu mau governo contribuiu com o aumento do pecado do povo (2 Cr 24.14).

Deus havia falado, cerca de 150 anos antes de Zedequias que, tanto as riquezas de Judá quanto os seus filhos seriam levados para a Babilônia (Is 39.6.7). Ao longo deste tempo, o Senhor enviou profetas, chamando o povo ao arrependimento para escaparem deste mal, mas a dureza de seus corações culminou com a destruição de Jerusalém (2 Cr 36.15-21).


Comentário da Palavra Forte de Deus


A terceira invasão encerra o ciclo do juízo. O estabelecimento de Zedequias representou a última chance de Judá de escolher a submissão, pois Nabucodonosor o fez jurar lealdade em nome de Deus (2 Cr 36.13). A desobediência de Zedequias a Deus e a sua rebelião contra Babilônia demonstram a sua dupla traição: política e teológica.

Neste sentido, o mau governo do rei incentivou a iniquidade do povo. A teologia do juízo reafirma que o pecado do líder afeta toda a comunidade. O cumprimento da profecia de Isaías 39.6-7, dada a Ezequias, atesta a presciência divina e a fidelidade de Deus em realizar Seus oráculos, o que prova a ineficácia da arrogância humana diante do plano divino.

Portanto, a repetição do envio de profetas (2 Cr 36.15) sublinha a longanimidade de Deus, enquanto a conclusão (2 Cr 36.21) justifica o juízo como a única resposta à rejeição contínua. A destruição final de Jerusalém ocorre porque a dureza de coração superou a paciência de Deus, cumprindo o Seu decreto.


SUBSÍDIO 1


Professor(a), dê início ao tópico perguntando o que os alunos conhecem a respeito do rei Zedequias. Ouça-os com atenção e depois explique que ele “foi o último rei de Judá. Chamado ‘Matanias’ ao nascer, ele era o filho mais novo de Josias e Hamutal (2 Rs 24.18: Jr 1.3). Zedequias recebeu outro nome quando Nabucodonosor colocou-o no trono e fê-lo ajuramentar em uma aliança diante de Deus (2 Cr 36.13).

Ele tinha vinte e um anos quando recebeu o trono, depois que Nabucodonosor depôs o seu sobrinho Joaquim. Reinou nove anos e depois se rebelou contra Nabucodonosor, e a guerra seguiu-se por dois anos. Também se recusou a seguir as diretrizes do profeta Jeremias (2 Cr 36.12). Zedequias foi considerado ‘mau aos olhos do Senhor’, bem como os partidos governantes de sacerdotes e oficiais durante o seu reinado.” (Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023. p. 50g.).


II- O INÍCIO DO CERCO E AS SUAS CAUSAS


1- Doença sem remédio


As mensagens do profeta Jeremias, de advertência, exortação e chamado ao arrependimento, não despertaram a consciência cauterizada daquele povo. Diante da rejeição divina, Judá ficou exposta, pois Zedequias rebelou-se contra o rei de Babilônia, resultando na invasão e na destruição de Jerusalém pelos babilônios (2 Rs 24.20; 25.1-4). O povo não só rejeitou a mensagem dos profetas, mas também os maltratou, ao ponto de não haver remédio para tal situação (2 Cr 36.15.16).


Comentário da Palavra Forte de Deus


Jeremias advertiu, exortou e chamou o povo ao arrependimento, mas a consciência cauterizada da nação rejeitou as mensagens. Isto prova a incapacidade humana de aceitar a correção sem a intervenção do Espírito Santo. O pecado desenvolveu um estado terminal na alma de Judá.

Nesse sentido, a rejeição divina expôs Judá. Zedequias rebelou-se contra o rei da Babilônia, provocando a invasão e a destruição. O povo não apenas rejeitou a mensagem dos profetas, mas também os maltratou, o que confirmou a irreversibilidade da situação (2 Cr 36.15-16).

Portanto, a Escritura descreve a condição de “doença sem remédio”. O Senhor enviou Seus mensageiros persistentemente, mas o povo zombou e desprezou, o que ativou a ira de Deus. A falta de recurso humano reflete o ponto em que o pecado sela o destino da nação, pois eles esgotaram a longanimidade divina.


2- Boa ação, más intenções. 


Deus falou ao seu povo dizendo: “Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações” (Jr 17.10). Este texto descreve a relação entre intenção do coração e a prática, reafirmando que para Deus, tanto a motivação quanto a obra são igualmente importantes, afinal Deus conhece pensamentos e intenções.

No início da invasão babilônica em Jerusalém é possível identificar duas boas ações do rei Zedequias: consultou ao Senhor por intermédio do profeta Jeremias (Jr 21.1,2) e buscou socorro em Deus (Jr 37.1-3). No entanto Jeremias diz que: “Mas nem ele, nem os seus servos, nem o povo da terra deram ouvidos à palavra do SENHOR” … Essa verdade revela que as motivações do rei não estavam alinhadas às suas ações, e isso não agradou a Deus e confirmou a ausência de genuíno arrependimento.


Comentário da Palavra Forte de Deus


Jeremias 17.10 afirma que Deus esquadrinha o coração e prova os pensamentos, e assim retribui a cada um segundo suas obras. O texto estabelece o nexo causal entre a motivação interna e a ação externa. Deus valora a intenção e a prática igualmente, porque Ele julga o ser integral.

De fato, Zedequias realizou ações aparentemente piedosas. Contudo, o profeta Jeremias desmascara a hipocrisia, declarando que o rei e o povo não deram ouvidos à Palavra. O rei buscava uma resposta favorável para evitar a catástrofe, não a rendição incondicional que Deus exigia.

Portanto, a ação do rei não agradou a Deus, pois a motivação contaminava o ato. A ausência de arrependimento genuíno desqualifica o gesto de consulta. A exegese do versículo prova que a mera formalidade religiosa ou o interesse estratégico não satisfaz a santidade divina.


1. Falta de arrependimento.


As palavras “se tu voltares, então, te trarei, e estarás diante da minha face” (Jr 15.19) reflete a ênfase do ministério de Jeremias, pois, por meio dele, Judá foi chamado ao arrependimento. Fica evidente que arrepender-se é o mesmo que voltar-se para Deus e estar diante dEle em dependência e humildade, virtudes que o rei Zedequias e o povo não possuíam e nem buscavam.

Como um homem que diante da repreensão não se curva, assim Judá se comportou diante das palavras do Senhor, nem mesmo diante da iminente invasão babilônica foi incapaz de se arrepender. A vaidade, a arrogância e a autoconfiança marcaram a postura do povo diante do risco que o cercava. Sendo assim, a falta de arrependimento foi a causa principal e central da invasão e destruição de Jerusalém.


Comentário da Palavra Forte de Deus


Jeremias estabelece a condição da restauração: o profeta afirma que metanoia significa um retorno completo e incondicional a Deus. Arrepender-se exige dependência e humildade, virtudes que Zedequias e o povo de Judá rejeitaram ativamente, visto que preferiram a autonomia.

O povo comportou-se como o homem que não se curva diante da repreensão, o que demonstra a rebelião ativa. Mesmo diante da invasão babilônica, eles mantiveram a vaidade, a arrogância e a autoconfiança. A dureza de coração impediu o arrependimento, provando que a nação escolheu o seu próprio caminho.

Portanto, a falta de arrependimento, em última análise, constitui a causa principal e central da invasão e destruição. A teologia do juízo afirma que Deus honra a escolha humana; se a nação escolhe a obstinação, Deus entrega a consequência prevista no pacto.


SUBSÍDIO 2


“Zedequias enviou dois sacerdotes para perguntar a Jeremias se Deus faria com que Nabucodonosor se retirasse (vv. 1-3). Por intermédio do profeta. Deus declarou um enfático ‘Não’. Na verdade, o próprio Deus lutaria contra Judá e entregaria o seu povo aos seus inimigos. Toda a sua resistência provou ser inútil. A profecia de Jeremias se cumpriu literalmente em 586 a.C. (cf. 52.9-11.24-27).

Os filhos de Zedequias foram assassinados diante dele, pelo rei da Babilônia. Em seguida, o inimigo cegou os olhos de Zedequias e o levou acorrentado à Babilônia, onde ele morreu humilhado (39.5-7). Jeremias profetizou ao povo que se eles não se submetessem ao juízo anunciado de Deus e não se entregassem aos babilônios, morreriam na cidade. Jeremias profetiza à família real de Judá, indicando que Deus havia esperado que eles administrassem justiça ao povo.

Como eles haviam promovido o mal e não haviam feito nada pelo povo que estava oprimido, a ira de Deus – a sua ira e o seu juízo justificado – arderam contra eles, como fogo.” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens Rio de Janeiro: CPAD, p. 933.)


III- PREVENIR É MAIS SÁBIO DO QUE REMEDIAR


1. Uma triste realidade.


Diante da iminente invasão dos babilônicos em Jerusalém, há uma significativa mudança, pois, antes disso Jeremias era visto indo até o rei e ao povo para entregar-lhes a mensagem de Deus, mas agora é o rei quem envia representantes ao profeta, a fim de consultá-lo (Jr 21.1.2).

Certamente havia esperança em Zedequias de que teria uma resposta positiva vinda do profeta, contudo, a resposta divina pôs fim a toda esperança, aliás, eles esperavam ter o Senhor como aliado, mas o que tiveram de ouvir foi: “Eu pelejarei contra vós com mão estendida, e com braço forte, e com ira, e com indignação, e com grande furor” (Jr 21.5).

Além da palavra de que Deus seria contra Judá, o rei teve que ouvir a notícia de que a Babilônia seria o instrumento contra eles, ao ponto de Nabucodonosor: chamado pelo próprio Deus de seu “servo” (Jr 27.6). Este foi o drama vivido pelo profeta Habacuque que, inicialmente levantou questões a respeito da instrumentalização dos caldeus contra Judá, ainda que a partir de sua experiência com Deus, a sua visão tenha mudado, vindo a clamar por mudanças em sua obra (Hc 1).


Comentário da Palavra Forte de Deus


A realidade que se instalou inverteu o fluxo da comunicação profética: antes, Jeremias buscava o rei; agora, o rei envia mensageiros a Jeremias. Isto revela que Zedequias buscava uma resposta favorável e mágica, não a rendição que resolveria a crise.

Contudo, a resposta divina extinguiu toda a esperança humana. Deus afirmou: “Eu pelejarei contra vós… com grande furor” (Jr 21.5). O povo esperava o Senhor como aliado, mas Ele declarou-Se o Inimigo. Ainda mais, Deus confirmou que a Babilônia atuaria como Seu instrumento, revelando que Ele controla os eventos e os impérios.

Portanto, é melhor prevenir o juízo pela obediência do que tentar remediar a catástrofe pela consulta desesperada. A experiência de Habacuque reforça essa lição, pois ele aprendeu a confiar na justiça de Deus, mesmo que ela utilizasse um agente ímpio.


2. Aprendendo com a história.


A história ensina, tanto pelo exemplo a ser seguido pelos que acertaram, como também em alertar para que erros do passado não sejam repetidos no presente, evitando assim a destruição no futuro. Paulo encorajou Timóteo a seguir os seus ensinamentos e a deixar os maus exemplos de lado (2 Tm 3.10-17), assim como Jesus usou o erro do passado como advertência para os seus discípulos (Lc 17.32).

Toda a Bíblia é fonte de ensino, sendo assim, olhar para a história é uma das formas de se corrigir erros, evitar desvios e cumprir a sua missão com fidelidade. A igreja na atualidade precisa atentar, com temor e reverência, para os erros de Israel e as suas tristes consequências, em especial para aquilo que causou a indignação divina e resultou na sua permissão da invasão babilônica em Jerusalém. A igreja dos dias atuais deve orar e combater a mornidão espiritual e o pecado.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A história cumpre uma função didática dupla: ela fornece exemplos para seguir e alertas para evitar a repetição de erros. Paulo instruiu Timóteo a seguir os bons exemplos e a rejeitar os maus. Jesus utilizou o erro do passado, como a mulher de Ló, como advertência ativa para Seus discípulos.

Dessa forma, toda a Escritura Sagrada constitui uma fonte inesgotável de ensino. Consequentemente, a reflexão sobre o passado permite a correção de erros e o cumprimento fiel da missão no presente. A negligência da história condena-nos à repetição do fracasso.

A Igreja na atualidade deve atentar, com temor, para os erros de Israel, especialmente para o pecado que provocou a indignação divina e a invasão babilônica. A Igreja precisa orar e combater ativamente a mornidão espiritual e o pecado em suas fileiras, visto que o padrão ético de Deus permanece inalterado.


3. Obras a serem lembradas.


Jeremias sabia da importância das boas lembranças como fonte renovadora da esperança da nação (Lm 3.21). Ele conclamou o povo a que se lembrasse das obras gloriosas que Deus realizou ao longo de sua história, mas em vão, pois o povo não lhe deu ouvidos (Jr 2).

Embora com o coração distante de Deus, o rei Zedequias enviou dois mensageiros, para consultarem o profeta Jeremias sob o argumento de que, possivelmente, o Senhor operaria as suas obras poderosas em favor de seu povo, com base nos seus feitos passados (Jr 21.2). Como se percebe, não houve sinceridade nas palavras do rei.

No entanto, o uso da lembrança das obras do Senhor reforça a ideia de que este é um recurso importante a ser utilizado pelo povo de Deus. Alguns Salmos convocam o povo se lembrar de um passado marcado pelas grandes obras do Senhor (Sl 105-107: 111). A igreja da atualidade é convidada a lembrar-se sempre das grandes obras que Deus realizou em sua história e a clamar por restauração naquilo que a Palavra mostrar ser necessário (Sl 74. 77. 79 e 80).


Comentário da Palavra Forte de Deus


Jeremias identificou na memória histórica a âncora para a esperança. Ele convocou Judá a relembrar os atos de libertação de Deus. Porém, o povo negligenciou o chamado profético, perdendo a base para a fé e para o arrependimento.

Mesmo a consulta insincera de Zedequias utilizou o argumento das obras passadas de Deus, o que evidencia a força inerente desse recurso. O uso da memória serve para reforçar o caráter imutável de Deus, provando que Ele pode intervir novamente.

Portanto, a exegese dos Salmos prova que a Igreja deve cultivar uma teologia da memória. Assim, nós lembramos as grandes obras que Deus realizou e clamamos por restauração onde a Palavra aponta para a necessidade. A memória alimenta a esperança e motiva a oração.


CONCLUSÃO


O que vimos nesta lição serve como um alerta especial e prático à igreja atual. O povo de Deus é convocado a reconhecer e a preservar os seus valores bíblicos de tal forma a não desagradar a Deus. Isso é feito por meio de uma constante atitude de arrependimento e manutenção de uma vida cristã saudável, lembrando dos grandes feitos do Senhor e clamando por restauração, quando necessário.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A conclusão destila a essência prática da lição, transformando o juízo histórico de Judá em um alerta ativo para a Igreja contemporânea. O cerco de Jerusalém serve como um typós (exemplo) que exige vigilância. O chamado dirige-se à preservação dos valores bíblicos, o que implica uma ética de vida que honre o Criador e evite a mornidão que atraiu a disciplina no passado.

Por conseguinte, a ênfase recai sobre a atitude constante de arrependimento (metanoia). Isto significa que a vida cristã é um processo contínuo de reorientação e submissão à vontade de Deus, contrastando com a obstinação de Zedequias. A manutenção de uma vida cristã saudável requer a prática da pietas (devoção) e a rejeição da hybris (arrogância) que caracterizou o povo no Antigo Testamento.

Dessa forma, a lição convoca a Igreja a operar em duas frentes ativas: a lembrança dos grandes feitos (teologia da memória, que alimenta a esperança) e o clamor por restauração (intercessão, que reconhece a dependência). Portanto, o pecado de Judá ensina-nos que nós sempre devemos priorizar a prevenção espiritual sobre o desespero do remendo, assegurando que a nossa obediência corresponda à soberania e à longanimidade de Deus.

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