LIÇÕES BÍBLICAS CPAD
JOVENS
3º Trimestre de 2025
Título: A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas
Comentarista: Alexandre Coelho
Lição 2: O falso evangelho
Data: 13 de julho de 2025
TEXTO PRINCIPAL
“Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.” (Gl 1.9).
Comentário Palavra Forte de Deus: Este versículo não é apenas uma advertência, mas uma declaração de guerra contra qualquer tentativa de adulterar o Evangelho.
, ao invocar a fórmula “assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo”, demonstra a importância fundamental e a imutabilidade da mensagem que ele pregou. A palavra “anátema” (ἀνάθεμα) não deve ser suavizada: ela carrega o peso da condenação divina, a exclusão da salvação e a separação eterna de Deus.
A exegese cuidadosa revela que Paulo não está simplesmente expressando uma opinião pessoal, mas sim proclamando um decreto divino contra aqueles que pervertem a verdade do Evangelho e desviam outros da fé. Este versículo, portanto, serve como um lembrete solene para todos os crentes de que a fidelidade ao Evangelho original é essencial para a nossa salvação e para a nossa comunhão com Deus.
RESUMO DA LIÇÃO
Nem toda mensagem aparentemente cristã é verdadeiramente vinda de Deus.
Comentário Palavra Forte de Deus: Reduzir o Evangelho à mera aparência exterior é um perigo constante e sutil. A lição nos adverte a não sermos ingênuos ou superficiais, mas a desenvolvermos um discernimento aguçado para avaliarmos cuidadosamente cada ensinamento que se apresenta como “cristão”.
A verdadeira mensagem de Deus se manifesta na sua consistência com as Escrituras Sagradas, na sua centralidade em Cristo, na sua ênfase na graça divina e na sua promoção da liberdade espiritual. A lição, portanto, nos convida a não nos contentarmos com aparências, mas a buscarmos aprofundar o nosso conhecimento da Palavra de Deus e a desenvolvermos a capacidade de distinguir entre a verdade e o engano.
OBJETIVOS
- MOSTRAR a surpresa de Paulo diante dos irmãos gálatas;
- COMPREENDER o que é anátema;
- REFLETIR a respeito do agradar a Deus e não aos homens.
INTERAÇÃO
Prezado(a) professor(a), nesta segunda lição, veremos que Paulo vai apontar aos seus leitores o caminho errado que eles estavam trilhando. Os gálatas estavam dando ouvidos a uma mensagem doutrinária errada e não tinham mais condições de discernir entre o que era certo aos olhos de Deus. Estavam sendo conduzidos à uma falsa doutrina que era contrária ao Evangelho e o que haviam aprendido.
Paulo os exorta que ainda que um anjo viesse do céu com uma mensagem parecida, eles não deveriam aceitar. Aproveite a lição e mostre aos seus alunos que precisamos ter cuidado com ventos de doutrina que se aproximam de nossas congregações, tentando afastar os irmãos da verdadeira prática da Palavra de Deus.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), escreva no quadro a seguinte expressão: “tão depressa”. Em seguida faça a seguinte pergunta: “Essa expressão tem alguma relação com a lição desse domingo?”. Incentive a participação dos alunos e ouça-os com atenção. Depois, explique que Paulo usou essa expressão para marcar a inconstância dos gálatas e o pouco tempo que levaram para ser convencidos de uma outra doutrina.
Diga que, na atualidade, muitos crentes também são atraídos por novos ensinos, e que, com facilidade, se deixem levar por doutrinas que nada tem de respaldo nas Escrituras. Peça que citem algumas dessas doutrinas, como por exemplo, a doutrina da prosperidade. Mostre que o crente não deve ter pouca firmeza no que aprende. Ele precisa ser capaz de julgar uma doutrina como errada ou certa. Precisamos estar firmes no exercício da verdade.
TEXTO BÍBLICO
6 — Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho,
7 — o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.
8 — Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
9 — Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.
10 — Porque persuado eu agora a homens ou a Deus? Ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Após se apresentar como remetente da Carta aos Gálatas, identificando-se como apóstolo da parte de Deus, e mencionando que Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos, Paulo passa diretamente ao assunto que pretende tratar com os irmãos: a incursão de ideias e práticas judaizantes na comunidade dos santos, e as consequências dessas ideias na vida dos irmãos.
Comentário Palavra Forte de Deus: A brevidade e a objetividade da introdução são características marcantes da Carta aos Gálatas. Paulo não se detém em cumprimentos formais ou em rodeios desnecessários, mas vai direto ao ponto crucial: a ameaça da apostasia e a necessidade urgente de defender a verdade do Evangelho.
Sua autoridade apostólica, fundamentada na sua comissão divina e na sua experiência com o Cristo ressuscitado, e a identificação da raiz do problema — a infiltração de ideias e práticas judaizantes — são os elementos-chave para compreendermos o contexto e o propósito da carta. A introdução, portanto, estabelece o tom para o restante da mensagem, preparando os leitores para um confronto direto com as falsas doutrinas que ameaçavam a sua fé.
I. UM APÓSTOLO SURPRESO
1. Paulo se mostra impressionado. O apóstolo Paulo se declara surpreso com os irmãos gálatas. Os leitores dessa Carta eram pessoas que já haviam aceitado a Jesus. Já conheciam o Evangelho e já haviam experimentado o arrependimento e o perdão dos pecados, mas estavam trilhando uma rota não planejada por Deus. Ele escreve “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho” (Gl 1.6).
O espanto de Paulo não foi advindo de milagres acontecendo naquelas igrejas, ou de conversões de pagãos ou mesmo por pessoas estarem sendo cheias do Espírito. O que deixou Paulo espantado foi não só o fato de os gálatas atentarem para um Evangelho diferente do que ele havia pregado, mas também pelo fato de que esse “novo evangelho” incentivava os gálatas a desconsiderarem a graça e tentarem, por meio de obras, pagar uma dívida que eles jamais quitariam.
Paulo destaca a expressão “tão depressa” para marcar não só a inconstância dos gálatas, mas também o pouco tempo que levaram para ser convencidos de uma outra doutrina. Não deve nos espantar que entre o povo de Deus haja pessoas que sejam atraídas por novos ensinos, e que com facilidade se deixem levar por doutrinas que nada tem de respaldo nas Escrituras. A pouca firmeza no que tinham aprendido e a incapacidade de julgarem uma doutrina como errada nos serve de exemplo para que nos firmemos no exercício da verdade.
Comentário Palavra Forte de Deus: A surpresa de Paulo não é uma mera reação emocional passageira, mas um julgamento teológico fundamentado na sua compreensão do Evangelho da graça. Ele esperava que aqueles que haviam experimentado a libertação e a transformação proporcionadas pela fé em Cristo permanecessem firmes na verdade e resistissem aos ataques do engano.
A rapidez com que os Gálatas se desviaram do caminho da graça revela uma falta de raízes profundas na fé, um conhecimento superficial das Escrituras e uma vulnerabilidade perigosa às influências de falsos mestres. O apóstolo, portanto, nos chama a uma autoavaliação constante, a fim de examinarmos a nossa própria fidelidade ao Evangelho e a nos certificarmos de que a nossa fé está alicerçada na rocha sólida da Palavra de Deus.
2. Da graça para a lei. A surpresa de Paulo se dá por causa da mudança que os gálatas fizeram, de passarem da graça de Deus para a Lei de Moisés. Como isso se deu? Eles receberam um ensino em que, para que pudessem realmente ser salvos, deveriam ser circuncidados e seguir a lei dada aos hebreus por Deus.
Bastou o apóstolo se afastar do convívio daqueles irmãos que logo eles deram crédito a outra pregação diferente da que haviam recebido originalmente. Como veremos, Paulo deixa implícito que a lei e a graça, em que pese serem expressões que remontem a história de Israel e o plano da Salvação, possuem atribuições diferentes.
Comentário Palavra Forte de Deus: A raiz do problema na Galácia reside na incompatibilidade fundamental entre a lei e a graça como caminhos para a justificação diante de Deus. Os mestres judaizantes insistiam na necessidade de cumprir a Lei Mosaica, incluindo a circuncisão e a observância de rituais específicos, como um requisito para a salvação, efetivamente negando a suficiência do sacrifício redentor de Cristo.
Paulo, no entanto, argumenta que a justificação é recebida unicamente por meio da fé em Jesus Cristo, um dom gratuito da graça divina, independentemente das obras da lei. Ele demonstra que misturar lei e graça é como tentar misturar água e óleo: é uma combinação impossível que dilui e compromete a eficácia de ambos os elementos.
3. Outro Evangelho. A palavra “outro”, na língua portuguesa, é um pronome indefinido utilizado de forma ampla, para designar algo ou alguma coisa que seja da mesma natureza, que seja semelhante, ou que seja de outra natureza. Para definir o exato significado, precisaremos saber o contexto em que essa palavra está sendo usada.
Na língua grega, a palavra “outro” tem duas percepções distintas, advindas igualmente de duas palavras apontadas: allós, que significa “outro da mesma espécie”, e heteros, “outro” de outra espécie”. Enquanto na primeira designação a opção apresentada é a de um objeto ou ser da mesma espécie, com possíveis variações, tais como um tigre e um leão, que mesmo sendo animais diferentes entre si, são felinos. Por sua vez, a palavra heteros, “outro” de outra espécie, tais como um cão e um gato. São seres criados, mas diferentes entre si por serem de espécies diferentes.
Por isso Paulo comenta: “[…] para outro evangelho, o qual não é outro” (Gl 1.6,7). É possível que hoje sintamos a mesma surpresa com que o apóstolo se deparou ao saber da notícia da mudança daqueles irmãos. Mas mesmo em nossos dias, é possível ver irmãos na fé sendo convencidos por doutrinas que não foram ensinadas com a correta interpretação dos textos bíblicos, dando ouvidos a instruções que buscam acrescentar à Palavra o que ela não diz.
Os gálatas tinham sido evangelizados e ensinados por Paulo, e não perceberam que a mensagem dos judaizantes era um falso evangelho. Eles não negaram, oficialmente, o sacrifício de Jesus, mas acrescentaram argumentos que acharam guarida no pensamento daquelas igrejas. Era uma mensagem aparentemente piedosa, mas que negava a eficácia do Evangelho. Por meio desse ensino, a graça de Deus estava sendo questionada.
Comentário Palavra Forte de Deus: Paulo, ao usar a palavra “outro” (ἄλλος) para se referir ao evangelho que estava sendo pregado na Galácia, deixa claro que não se trata de uma mera variação ou interpretação diferente do Evangelho original, mas de uma mensagem fundamentalmente distinta que contradiz a essência da graça divina. A distinção entre “allos” (outro da mesma espécie) e “heteros” (outro de espécie diferente) é crucial para compreendermos a profundidade da questão.
O “outro evangelho” pregado pelos judaizantes não era apenas uma versão alternativa do Evangelho de Cristo, mas sim uma mensagem completamente diferente, que se opunha à verdade da salvação unicamente pela fé em Jesus. Essa sutil, mas crucial, distinção revela a astúcia dos falsos mestres, que procuravam desviar os crentes do caminho da verdade por meio de ensinamentos aparentemente piedosos, mas que, na realidade, negavam a suficiência do sacrifício de Cristo.
SUBSÍDIO I
“Falsos professores tinham vindo à Galácia para tentar persuadir os gálatas a rejeitar o ensinamento de Paulo e aceitar ‘outro evangelho.’ A sua mensagem ensinava que a salvação espiritual e um relacionamento correto com Deus envolviam não apenas a fé em Cristo, mas também a integração com a fé dos judeus, por meio da circuncisão (5.2; veja Rm 2.29, nota: Fp 3.2), da obediência à lei (3.5) e da observância aos dias santos dos judeus (4.10).
(1) A Bíblia afirma claramente que há uma única mensagem verdadeira de salvação espiritual ‘o evangelho de Cristo’ (v.7). Ele nos vem pela ‘revelação de Jesus Cristo’ (v.12) e pela inspiração do Espírito Santo. Este evangelho (as ‘boas-novas’ é a verdadeira mensagem a respeito de Jesus) é definido e revelado na Bíblia, a Palavra escrita de Deus.
(2) Quaisquer ensinamentos, crenças ou ideias que se originem de pessoas, igrejas ou tradições e não estejam expressos ou implícitos da Palavra de Deus não fazem parte da verdadeira mensagem e não podem ser incluídos no evangelho de Cristo (v.11). Mesclar essas noções e filosofias criadas pelo homem com a mensagem original de Jesus é ‘transtornar o evangelho de Cristo’ (v.7).” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1624).
II. O ANÁTEMA
1. A inquietação dos gálatas. Um falso ensino tem a capacidade de deixar as pessoas alvoroçadas e inquietas. Paulo usa as palavras “vos inquietam e querem transtornar” (v.7) como um indicativo de que, enquanto seus leitores liam a Carta, provavelmente havia judaizantes entre eles. Um outro detalhe é que a mensagem deles deixava os gálatas inquietos, em vez de descansarem na graça de Deus, eles passaram a realizar obras da Lei, sendo eles mesmos, gentios. Uma mensagem que alvoroça os crentes deve ser analisada com bastante cautela.
Comentário Palavra Forte de Deus: A perturbação e a inquietação que os Gálatas experimentavam eram um claro indicativo de que haviam se desviado do caminho da verdade e estavam sendo influenciados por um espírito diferente. O verdadeiro Evangelho de Cristo traz consigo paz, alegria e descanso em Deus, enquanto o legalismo e o falso ensino produzem ansiedade, culpa, medo e uma sensação constante de inadequação.
A mensagem dos judaizantes, ao invés de libertar os Gálatas para uma vida de amor, serviço e obediência a Deus, escravizava-os a um sistema de regras e regulamentos que era impossível de cumprir plenamente. A inquietação dos Gálatas, portanto, servia como um sinal de alerta de que algo estava errado e de que era necessário retornar à fonte da verdadeira paz e alegria: a graça de Deus em Cristo Jesus.
2. Ainda que um anjo do céu. Os anjos são conhecidos na Palavra de Deus como mensageiros do Eterno para tratar de assuntos referentes aos seres humanos. Eles apareceram, no Antigo Testamento, a Abraão, a Josué, a Gideão, aos pais de Sansão e a Isaías. No Novo Testamento, apareceram à Maria, ao pai de João Batista, a Pedro e a Cornélio entre outros.
A presença deles geralmente, nas Escrituras, é acompanhada de uma mensagem. Paulo mesmo recebeu a visita de um anjo quando estava indo a Roma em um navio que estava afundando (At 27.23). Cornélio recebeu a visita de um anjo, cuja mensagem foi: “As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus” (At 10.4).
“Procure por Pedro” (At 10.5). O anjo não falou de Jesus ou do Evangelho a Cornélio, mas lhe orientou a respeito de quem deveria chamar para ouvir as Boas-Novas. Paulo deixa expresso que mesmo que um anjo, identificando-se como sendo enviado por Deus, venha apresentar uma mensagem diferente da sua, que seja considerado maldito. O apóstolo não teme usar esse adjetivo, pois sabe que a pureza do Evangelho está em jogo naquelas igrejas.
Comentário Palavra Forte de Deus: A afirmação de Paulo de que mesmo um anjo do céu que pregasse um evangelho diferente deveria ser considerado “anátema” é uma declaração ousada e chocante que demonstra a sua convicção inabalável na verdade do Evangelho e a sua determinação em protegê-lo contra qualquer adulteração.
Paulo não está negando a existência ou a importância dos anjos, mas sim estabelecendo um princípio fundamental: a autoridade da Palavra de Deus transcende qualquer outra autoridade, inclusive a celestial. A mensagem do Evangelho, tal como foi revelada por Cristo e transmitida pelos apóstolos, é completa e perfeita, e nenhuma criatura, por mais exaltada que seja, tem o direito de alterá-la ou contradizê-la.
A advertência de Paulo, portanto, serve como um poderoso lembrete de que a verdade bíblica deve ser a nossa referência final em todas as questões de fé e prática, e de que não devemos hesitar em rejeitar qualquer ensinamento que se desvie do Evangelho, mesmo que seja apresentado por uma fonte aparentemente confiável.
3. Anátema. A palavra “anátema” é oriunda do hebraico herem, e pode ter dois sentidos: algo devotado a uma divindade, e ao mesmo tempo excluído da utilização humana, como o relatado em Josué 6.17, quando os despojos de Jericó deveriam ser separados para Deus, não podendo ser usados pelos israelitas, ordem que não foi seguido por Acã. Esse anátema foi tão sério que Acã e sua família pagaram o preço da ganância com a vida. Mas o segundo sentido é mais radical, pois representa anathematizo, colocar debaixo de uma maldição. Mesmo que um anjo viesse até eles e lhes ensinasse um outro Evangelho, que fosse maldito e condenado.
Comentário Palavra Forte de Deus: A palavra “anátema” (ἀνάθεμα) carrega consigo o peso de uma condenação solene e irrevogável, significando algo ou alguém que está separado de Deus e destinado à destruição. Sua origem no termo hebraico “herem” (חֵרֶם) evoca a ideia de algo consagrado a Deus para um propósito específico, que pode incluir a destruição ou a exclusão do uso humano.
No contexto da Carta aos Gálatas, Paulo utiliza “anátema” para expressar a completa e irrevogável condenação daqueles que pregam um evangelho diferente, indicando que eles estão sob a maldição de Deus e excluídos da Sua bênção. A escolha dessa palavra forte e carregada de significado revela a seriedade com que Paulo encara a questão da apostasia e a sua determinação em proteger a pureza do Evangelho contra qualquer adulteração.
III. AGRADAR AOS HOMENS OU A DEUS
1. Repetindo a advertência. Como o assunto é muito sério, Paulo repete a observação. Não poderia haver dúvidas sobre a força das palavras paulinas, pois o assunto era grave. O apóstolo menciona uma segunda vez essa mesma condenação no versículo 9.
A repetição desses dizeres nos mostra o quão sério é deturpar os ensinos da Palavra de Deus. O “evangelho” dos judaizantes estava afastando os irmãos do verdadeiro e os encaminhando para uma vida de legalismo, onde o homem acredita que pode ajudar Deus na salvação ou pode ele mesmo ser o seu Salvador.
Comentário Palavra Forte de Deus: A repetição da advertência sobre o anátema não é meramente redundante, mas sim um recurso retórico poderoso que Paulo utiliza para enfatizar a gravidade da situação e a importância de sua mensagem. Ao reiterar a condenação sobre aqueles que pregam um evangelho diferente, Paulo busca fixar a verdade na mente dos seus leitores e despertar a sua atenção para a seriedade da questão em jogo.
A repetição serve como um lembrete constante de que deturpar os ensinamentos da Palavra de Deus não é um erro menor ou uma questão de mera interpretação, mas sim uma ofensa grave que pode ter consequências eternas.
2. O que agrada aos homens. Paulo não se preocupa em falar palavras lisonjeiras para deixar seus leitores confortáveis diante do que estavam fazendo. Ele não estava tratando a respeito de boas práticas ou de um discurso protocolar, cabível em certas ocasiões mais formais.
Ele estava tratando a respeito da salvação da alma dos gálatas. Os judaizantes bajulavam os gentios, e com palavras doces os desviavam dos caminhos do Senhor. As palavras de Paulo poderiam soar como amargas, mas era o remédio que os gálatas deveriam tomar.
Comentário Palavra Forte de Deus: Paulo, ao contrastar a sua abordagem direta e confrontacional com a atitude bajuladora e complacente dos judaizantes, revela a sua prioridade fundamental: agradar a Deus em vez de agradar aos homens.
Ele não está disposto a comprometer a verdade do Evangelho para obter a aprovação ou o favor dos seus ouvintes, mas sim a proclamar a mensagem da salvação com clareza, ousadia e sem temor das consequências. A sua atitude nos desafia a examinarmos as nossas próprias motivações e a avaliarmos se estamos buscando a aprovação divina ou o reconhecimento humano.
3. O que agrada a Deus. Como veremos, a preocupação de Paulo é agradar ao Senhor, por isso escreve a Carta aos Gálatas. Se fosse para agradar aos homens, ele poderia deixar a situação nas igrejas da Galácia correr sem qualquer interferência. O tempo certamente iria mudar o cenário, ou pioraria a situação. Mas ele entendeu que deveria ter uma participação ativa no resgate dos gálatas.
Paulo nem estava na Galácia, e poderia deixar o problema de lado, mas resolveu tratar o assunto a fim de que os irmãos não se perdessem. A obediência ao verdadeiro Evangelho agrada a Deus. Preservar as doutrinas bíblicas, de Deus, que recebemos, estudar e estar atentos para discernir quando um falso ensino tenta entrar na congregação, também agrada a Deus. Viver pela fé e não pelas nossas próprias obras, também agrada a Deus.
Algo que deve ser observado é que a deturpação dos falsos mestres, e por sua vez, o que desagradava a Deus, é que, na prática, os gálatas queriam “devolver” a Deus o favor, o presente que Ele lhes dera. Ele lhes entregara a Salvação pela graça, e eles queriam retribuir o favor divino por meio de uma vida que se baseava em obras humanas.
4. Comentário Palavra Forte de Deus: A motivação central de Paulo ao escrever a Carta aos Gálatas é agradar a Deus e preservar a pureza do Evangelho da graça. Ele reconhece que a sua responsabilidade como apóstolo é defender a verdade, mesmo que isso signifique enfrentar oposição, críticas e perseguições.
Paulo demonstra que agradar a Deus implica em obediência ao Seu mandamento de pregar o Evangelho a todas as nações, em preservar as doutrinas bíblicas que nos foram transmitidas e em viver uma vida de fé e amor, que glorifique o Seu nome. A sua atitude nos desafia a avaliarmos as nossas próprias prioridades e a nos perguntarmos se estamos buscando a aprovação de Deus em tudo o que fazemos.
5. CONCLUSÃO
Nesta segunda lição, vimos que Paulo começa a apontar aos seus leitores o caminho que eles estavam trilhando: um caminho paralelo ao caminho do Evangelho. Eles estavam ouvindo uma mensagem doutrinária errada e não tiveram discernimento. Eram ensinos que estavam em desacordo com o que haviam aprendido.
Paulo os exorta que ainda que um ser angelical viesse do céu com uma mensagem parecida, eles não deveriam aceitar. Precisamos ter cuidado com ventos de doutrina que se aproximam de nossas congregações, tentando afastar os irmãos da verdadeira prática da Palavra de Deus.
Comentário Palavra Forte de Deus: A conclusão da lição reforça a importância do discernimento espiritual, da fidelidade ao Evangelho e da vigilância constante contra os falsos ensinamentos. Assim, Paulo nos lembra que a nossa jornada de fé é uma caminhada contínua ao lado de Cristo, e que devemos estar sempre atentos para não nos desviarmos do caminho da verdade.
Portanto, a advertência sobre os “ventos de doutrina” que ameaçam as nossas congregações serve como um lembrete de que o engano pode se apresentar de formas sutis e atraentes, e de que devemos estar preparados para resistir a qualquer tentativa de nos afastarmos da prática da Palavra de Deus. A mensagem final da lição, portanto, é um chamado à perseverança, à oração e ao estudo diligente das Escrituras, a fim de que possamos permanecer firmes na fé e crescer em nosso conhecimento de Cristo.
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