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LIÇÃO 2 – DAVI: A EXCELÊNCIA NO SERVIR – 2º TRIMESTRE DE 2025
Autor: Marcos Tedesco
Comentário: Palavra Forte de Deus
TEXTO PRINCIPAL
“Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te esforço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.” (Is 41.10).
Comentário:
Este versículo de Isaías serve como um farol de esperança e segurança em meio às incertezas da vida. Exegeticamente, a linguagem é direta e poderosa, enfatizando a presença ativa e o cuidado de Deus. Teologicamente, este texto ecoa o conceito de Immanuel (“Deus conosco”) e a promessa da aliança divina. Deus não apenas observa de longe, mas se envolve ativamente na vida de seu povo, oferecendo força, ajuda e sustento.
Isaías 41:10 é um lembrete de que não estamos sozinhos em nossas lutas. Deus está presente, pronto para nos capacitar e nos guiar. A “destra da justiça” não é apenas um símbolo de poder, mas também de caráter: Deus é justo e fiel, e podemos confiar em Suas promessas. Em tempos de medo, dúvida ou desânimo, este versículo serve como um alicerce sólido para a fé, ancorando-nos na certeza do amor e da fidelidade divinos.
RESUMO DA LIÇÃO
Mesmo possuindo muitas qualidades, a presença divina na vida do crente é indispensável.
Comentário:
Este resumo sintetiza uma verdade fundamental da teologia bíblica: a suficiência de Deus. Reconhecer nossas qualidades e talentos é importante, mas o resumo nos lembra que, sem a presença e a ação de Deus, eles são insuficientes. A excelência no servir, tema central da lição, não é apenas uma questão de habilidade ou esforço humano, mas de uma vida alinhada com a vontade divina.
Teologicamente, isso reflete a doutrina da graça capacitadora: Deus não apenas nos salva, mas também nos capacita a viver uma vida que O glorifique. Este resumo nos desafia a examinar nossas motivações e nossa dependência de Deus. Será que estamos confiando em nossas próprias forças ou buscando a direção e o poder do Espírito Santo? A verdadeira excelência no servir brota de um coração rendido a Deus e capacitado por Sua graça.
OBJETIVOS
CONHECER as habilidades de Davi para realizar um serviço excelente;
REFLETIR a respeito da excelência de Deus em nós mediante sua presença;
COMPREENDER a excelência de Deus em nós para cumprir as difíceis missões;
IDENTIFICAR a “difícil missão” do jovem cristão.
INTERAÇÃO
A temática de hoje versa sobre a composição curricular para uma determinada vocação. Podemos perceber na vida de Davi um leque de qualidades e competências que se dividem em vários âmbitos: espiritual, técnico, emocional e psicológico. Algumas dessas qualidades surgiram naturalmente na vida do jovem, já outras foram sendo alcançadas com o passar do tempo. Porém, todas elas foram importantes para que ele pudesse cumprir a sua vocação divina.
Conscientize seus alunos acerca da necessidade de nos prepararmos buscando o aperfeiçoamento das competências para as nossas vocações. Destaque que esse preparo abrange as dimensões acadêmicas, técnicas, sociais e espirituais. Por fim, mostre que esse aperfeiçoamento é necessário tanto para as atividades desenvolvidas na vida secular quanto em nossas igrejas. Em nossas vocações somos chamados, sempre, a dar o nosso melhor e assim glorificar a Deus com tudo o que fazemos.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Hoje somos convidados a uma importante reflexão acerca das qualidades necessárias para que possamos desenvolver a nossa vocação. Logo no começo da aula, peça aos alunos que apontem quais as competências destacadas ao longo da lição que compunham o currículo de Davi. Vá anotando-as em um painel ou quadro branco. Peça aos seus alunos que, acerca de cada item, mencionem a definição, a forma como Davi adquiriu tal competência e como a usou ao longo da vida.
Agora, peça que avaliem e apontem qual foi a competência mais importante. A resposta desejada deve ser o fato de “Deus ser com ele”. Finalmente inicie uma conversa com seus alunos orientando-os a falarem qual a diferença que a presença de Deus pode fazer em cada história de vida.
Para concluir essa dinâmica, convide-os a orarem declarando ao Senhor o desejo de que cada um possa ser cheio do Espírito Santo.
TEXTO BÍBLICO
1 Samuel 16.19-23.
19 — E Saul enviou mensageiros a Jessé, dizendo: Envia-me Davi, teu filho, o que está com as ovelhas. 20 — Então, tomou Jessé um jumento carregado de pão, e um odre de vinho, e um cabrito e enviou-os a Saul pela mão de Davi, seu filho. 21 — Assim, Davi veio a Saul, e esteve perante ele, e o amou muito; e foi seu pajem de armas. 22 — Então, Saul mandou dizer a Jessé: Deixa estar Davi perante mim, pois achou graça a meus olhos. 23 — E sucedia que, quando o espírito mau, da parte de Deus, vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa e a tocava com a sua mão: então, Saul sentia alívio e se achava melhor, e o espírito mau se retirava dele.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Ao pensarmos em Davi, somos levados a uma admiração praticamente inevitável diante de tantas qualidades. Em cada lugar por onde Davi passava, ali ficava a sua marca registrada: a excelência. Na vida desse homem, as competências adquiridas eram envoltas em sensibilidade, integridade, responsabilidade, dedicação, arte, e uma exemplar dependência divina.
Comentário:
A introdução estabelece o tom da lição, apresentando Davi como um modelo de excelência. No entanto, é importante notar que essa excelência não era simplesmente fruto de talento natural ou esforço pessoal. A introdução ressalta que as competências de Davi eram “envoltas em… uma exemplar dependência divina”. Teologicamente, isso nos lembra que a verdadeira excelência é inseparável da humildade e da submissão a Deus. Davi não era perfeito; seus pecados e falhas são bem documentados nas Escrituras.
No entanto, sua busca constante por Deus e seu reconhecimento da dependência divina foram fundamentais para o seu sucesso. Esta introdução nos desafia a redefinir nossa compreensão de excelência. Não se trata apenas de alcançar resultados ou receber reconhecimento, mas de cultivar um coração que busca a Deus e que se rende à Sua vontade. A excelência, à maneira de Davi, é uma expressão da graça divina que opera em nossas vidas, capacitando-nos a servir a Deus e ao próximo com alegria e dedicação.
I. UM CURRÍCULO NOTÁVEL PARA UM SERVIÇO EXCELENTE
1.Um pastor de ovelhas. Quando os servos de Saul apresentaram as credenciais do jovem (1Sm 16.18), as referências mencionadas chamaram bastante a atenção do rei: um músico admirável, valente, animado, guerreiro, ponderado nas palavras, educado e, o mais importante, o Senhor era com ele. O rei não perdera tempo e imediatamente mandou chamá-lo. Porém, antes de chegar à corte, Davi aprendeu muito com o rebanho de ovelhas. O mais novo de um total de 8 filhos, o jovem tinha no campo a oportunidade de aprender importantes lições acerca de cuidar, conduzir, prover, proteger, acolher e defender, uma grande escola para os tempos vindouros.
As ovelhas, munidas de destacada fragilidade, dependiam do jovem pastor para um desenvolvimento dentro do esperado. Os perigos eram muitos e, por diversas vezes, o jovem arriscou sua vida na defesa das suas ovelhas (1Sm 17.34). Como pastor, pacientemente dedicou-se ao exercício de sua função e, depois de uma longa espera, receberia o fruto correspondente ao seu trabalho. Ser pastor era uma árdua tarefa e que exigia muita persistência. Davi era corajoso e dedicado no pastoreio, buscando dar sempre o seu melhor sem nunca reclamar (Jo 10.11). Sem dúvidas, uma época de grande aprendizado (Sl 23).
Comentário:
O ofício de pastor de ovelhas, muitas vezes visto como humilde, é apresentado como um treinamento essencial para a liderança de Davi. Exegeticamente, a referência a 1 Samuel 16:18 destaca as qualidades notáveis que Davi já possuía, mas a ênfase na experiência como pastor revela a importância do aprendizado prático e da responsabilidade. Teologicamente, isso ecoa o princípio do “pequeno no pouco, grande no muito” (Lucas 16:10). Deus muitas vezes nos prepara para grandes responsabilidades através de tarefas aparentemente insignificantes. A imagem do pastor que cuida, conduz, provê, protege, acolhe e defende suas ovelhas é uma metáfora poderosa da liderança servidora, que Jesus exemplificou (João 10:11).
Este parágrafo nos encoraja a valorizar as oportunidades de serviço, por mais humildes que sejam. É no cuidado com os detalhes, na dedicação ao trabalho árduo e na proteção dos mais vulneráveis que aprendemos as lições essenciais para liderança e serviço. O Salmo 23, citado no final, ressalta a confiança e o cuidado que Davi aprendeu a ter em Deus, o Bom Pastor, que guia e protege Seu rebanho.
2. Corajoso e destemido. Davi também se destacava por ser corajoso e destemido. Se ele desse ouvidos ao que os demais falavam, jamais seria um vencedor. Como veremos na próxima lição, todos temiam o gigante e tinham motivos para não querer estar ali diante daquele grande e terrível homem. Porém, Davi era diferente dos demais. Quando seu irmão Eliabe o advertiu, ele não temeu as palavras (1Sm 17.26-30). Também não se desmotivou com o juízo que o rei Saul fizera a seu respeito (1Sm 17.31-33). Não se amedrontou com as palavras ameaçadoras de Golias (1Sm 17.41-51).
Davi temia somente ao Deus vivo (1Sm 17.36,37) e, por temer ao Senhor, ele honrava o povo de Deus. Davi demonstrava amor pela palavra do Senhor e tinha um forte desejo de crescer ainda mais em sua intimidade com Ele. Muito tempo antes de Samuel ir à casa do belemita ungir o caçula de Jessé, Deus já sabia o quão valoroso, corajoso e destemido era aquele jovem. Deus nos conhece antes mesmo do nosso nascimento e sabe o que passa em nossos corações. Devemos confiar em Deus e na sua fidelidade.
Comentário:
A coragem de Davi é apresentada não como uma característica inata, mas como resultado de seu temor a Deus. A passagem de 1 Samuel 17 ilustra o contraste entre o medo generalizado dos israelitas e a ousadia de Davi, que confiava na proteção divina. Isso reflete o princípio de que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Provérbios 9:10) e que Deus capacita aqueles que O honram. A coragem de Davi não era mera imprudência, mas uma resposta confiante à presença e à promessa de Deus.
Sua preocupação com a honra de Deus e a proteção de Seu povo demonstram que sua coragem era motivada pelo amor e pela justiça. Este parágrafo nos desafia a examinar nossas fontes de medo e a cultivar um temor reverente a Deus. Quando tememos a Deus acima de tudo, somos libertos do medo dos homens e capacitados a enfrentar desafios com ousadia e fé. A lembrança de que Deus nos conhece desde o ventre materno e que está sempre presente e fiel nos encoraja a confiar em Sua orientação e proteção em todas as circunstâncias.
3. Um músico excelente.Davi foi um músico que louvava ao Senhor. Com sua harpa bem tocada, sua voz suave e suas letras profundas, foi muito usado nas mais diversas ocasiões. O autor de, pelo menos, 73 salmos, deixou letras que nos convidam ao louvor, à oração, à adoração, à reflexão, e à busca por mais proximidade com o nosso Deus. Na musicalidade, o salmista expressava a sua fé, seus sentimentos e a sua profunda conexão com Deus. Os salmos de Davi nos levam a uma experiência de imersão nos textos bíblicos e seus contextos, bem como a uma vital reflexão acerca da nossa realidade.
Eis alguns exemplos: em meio a episódios marcantes como as perseguições de Saul (34, 56, 59 e 142), celebrando a fidelidade de Deus (18), quando arrependido pelo seu pecado (51), em momentos de grandes provas (52, 54, 57 e 63), entre outros. Davi, escreveu também salmos messiânicos: falando da glória e dignidade do Filho do Homem (8), fazendo referência à ressureição de Cristo (16), abordando os sofrimentos de Cristo na crucificação (22), entre outros. Ao entoar hinos de louvor e adoração, Davi era usado por Deus para acalmar o coração de Saul. Quantas vezes somos envolvidos pelos hinos que, com suas melodias e letras, nos levam a uma crescente busca pela presença divina em nossas vidas.
Comentário:
A habilidade musical de Davi é apresentada como um dom de Deus usado para louvar, adorar e expressar sua profunda conexão com o Criador. A referência aos Salmos destaca a riqueza e a diversidade da expressão da fé de Davi, abrangendo desde o louvor e a gratidão até o arrependimento e a súplica. Isso reflete a ideia de que a arte, em suas diversas formas, pode ser um canal de comunicação com Deus e uma forma de expressar nossa fé e nossos sentimentos. Os Salmos de Davi, muitos deles proféticos e messiânicos, revelam a inspiração divina que o guiava em sua composição.
O fato de que Davi usava sua música para acalmar o rei Saul demonstra o poder da música para curar, confortar e trazer paz. Este parágrafo nos encoraja a desenvolver e usar nossos talentos e dons para glorificar a Deus e edificar a igreja. A música, em particular, pode ser uma ferramenta poderosa para nos conectar com Deus, expressar nossa adoração e ministrar aos outros. Assim como Davi, somos chamados a usar nossos dons para abençoar e trazer cura ao mundo ao nosso redor.
- Leia também: LIÇÃO 01- DAVI: ESCOLHIDO DE DEUS
SUBSÍDIO I
“Davi era o mais novo de uma família de oito irmãos. Seu pai tinha um rebanho de ovelhas, que era cuidado pelo moço. Esse era um trabalho nada fácil. Ovelhas precisam de lugares abertos para se movimentar. Precisam de um pastor que as proteja, pois são animais sem defesa própria, como garras, porte físico ou dentes afiados. Elas emitem sons baixos para demonstrar determinados problemas, como quando um filhote se perde da mãe. Para que cresçam fortes, precisam de água de boa qualidade. Os pastos onde se alimentam devem ter sombra e comem até ervas que os bovinos não comem. O pastor tem que aguardar um ano para tosquiar as ovelhas e obter o resultado financeiro do seu trabalho.
E o seu cuidado com elas será medido justamente nessa hora, pela qualidade da lã. Não possuem um sistema próprio de orientação e podem se perder com facilidade, além de se tornar alvo de predadores. Ser pastor não era nada fácil, pois é um trabalho no qual só se consegue ter sucesso com muita persistência. Mas não há registros de que Davi tenha ficado em algum momento insatisfeito com seu trabalho. Pelo texto vemos que Davi era um jovem corajoso e dedicado em seu trabalho. Ele o levava bastante a sério, de forma que arriscava até sua própria vida na defesa de suas ovelhas.” (COELHO, Alexandre. et al. Davi: As Vitórias e as Derrotas de um Homem de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.13).
II. A EXCELÊNCIA DE DEUS EM NÓS MEDIANTE SUA PRESENÇA
1. A presença de Deus em nossas vidas. Algo notável na vida de Davi era o seu desejo pela presença de Deus em sua vida. O seu modo de pensar, as suas atitudes e o seu respeito pelo Eterno refletiam essa realidade. A bússola de Davi não era o seu “eu”, nem as percepções que os demais tinham a seu respeito. O que dirigia a sua vida era o seu profundo amor e temor ao Senhor. Ao longo da vida, muitas foram as oportunidades para fazer as coisas de forma diferente do que acontecera (1Sm 24), com atitudes que seriam amplamente relevadas por aqueles que o acompanhavam. Mas Davi soube depender e obedecer aos desígnios divinos.
A busca pela presença de Deus em nossas vidas é um anseio profundo e inerente ao ser humano. As histórias bíblicas nos revelam muitos homens e mulheres que buscaram ardentemente um relacionamento mais profundo com Deus e, em decorrência dessa prática, tiveram grandes experiências. O cristão deve buscar de forma intensa a presença de Deus em sua caminhada. Assim, sua vida terá um sentido mais elevado e o seu coração estará em sintonia com o Criador, permitindo que viva intensamente para a glória de Deus. Mas, também necessitamos dessa conexão para que seja possível enfrentar as dificuldades do nosso cotidiano. Jovem, busque incansavelmente a presença de Deus e seja uma bênção por onde passares.
Comentário:
Este parágrafo enfatiza a centralidade da presença de Deus na vida de Davi e na vida do crente. A busca pela presença de Deus é apresentada como um anseio fundamental da alma humana. Essa busca reflete a Imago Dei, a imagem de Deus em nós, que nos impulsiona a buscar a comunhão com nosso Criador. A frase “temor ao Senhor” (יראת יהוה, yirat Adonai em hebraico) é crucial aqui. Não se trata de um medo paralisante, mas de um profundo respeito e reverência que nos leva a buscar a vontade de Deus e a evitar o que O desagrada.
A referência a 1 Samuel 24, onde Davi se recusa a matar Saul, ilustra a obediência e a dependência de Davi em relação aos “desígnios divinos”. Este parágrafo nos desafia a avaliar o que realmente guia nossas decisões e atitudes. Nossa “bússola” é o nosso próprio ego, as opiniões dos outros ou o amor e o temor a Deus? A busca pela presença de Deus não é um mero exercício religioso, mas uma necessidade vital para enfrentarmos os desafios da vida e vivermos de acordo com o propósito divino.
2. O cristão e a sua espiritualidade. Quando o jovem cristão se permite ser conduzido pelo Espírito de Deus, o seu coração o impele a, progressivamente, buscar uma crescente intimidade com o seu Senhor. É nessa dinâmica que a espiritualidade vai se desenvolvendo. Na caminhada cristã, devemos a todo tempo buscar uma vida que reflita os ensinamentos deixados por Jesus. Mas, para que isso ocorra, precisamos ter uma disciplina espiritual dedicada por meio da oração, do jejum, da leitura e meditação bíblica, da adoração, do serviço cristão, do evangelismo e discipulado, entre outras possibilidades.
No entanto, atualmente muitas pessoas são levadas para uma superficialidade onde os valores se dissipam, os princípios são ignorados, o que é correto é negligenciado enquanto o relativo e o efêmero são colocados em evidência. Mas essa não pode ser a realidade dos que andam na luz. O cristão, por meio da prática das disciplinas espirituais, sai da superficialidade de um mundo pecaminoso e é impulsionado a buscar bases sólidas em sua jornada de fé.
Comentário:
Este parágrafo aborda o tema da espiritualidade cristã, enfatizando a importância da condução do Espírito Santo e da prática das disciplinas espirituais. O termo “espiritualidade” pode ser complexo, mas aqui se refere à busca por uma relação íntima e transformadora com Deus, que se manifesta em uma vida que reflete os ensinamentos de Jesus. A expressão “conduzido pelo Espírito” remete ao termo grego parakletos, usado para descrever o Espírito Santo como Aquele que nos consola, nos guia e nos capacita.
As disciplinas espirituais são apresentadas como ferramentas essenciais para o desenvolvimento da espiritualidade, permitindo-nos resistir à “superficialidade” do mundo e construir bases sólidas para nossa fé. Este ensino nos desafia a cultivar uma vida de disciplina e devoção, buscando a condução do Espírito Santo em todas as áreas de nossa vida. As disciplinas espirituais não são um fim em si mesmas, mas um meio de nos aproximarmos de Deus e de nos tornarmos mais semelhantes a Cristo.
3. Conduzido pelo Espírito. O texto bíblico nos revela que o Espírito do Senhor era com Davi (1Sm 16.13), da mesma forma que foi com Josué (Nm 27.18) e Saul (1Sm 10.10). Ao longo do Antigo Testamento diversas vezes o Espírito Santo é mencionado (Gn 1.2) e, como Deus, sempre está presente. Nesse período, o Espírito habitava nas pessoas para o desenvolvimento de ações específicas no meio do povo de Deus.
Já a partir do Novo Testamento, os cristãos recebem a habitação permanente do Espírito (1Co 3.16,17). Na Bíblia lemos: enchei-vos do Espírito Santo (Ef 5.18). O “encher” vai além de uma experiência durante o culto e nos leva a perceber uma amplitude de vida, de obra, de prioridades e de sentidos. A presença do Espírito em nossas vidas nos leva a um modo de viver diferente (Gl 5.25). Como nos é preciosa essa verdade.
Comentário:
Este ponto da lição ensina sobre a ação do Espírito Santo tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. No Antigo Testamento, o Espírito de Deus capacitava indivíduos para tarefas específicas. No Novo Testamento, a promessa é de uma habitação permanente do Espírito em todos os crentes. A exortação para sermos “cheios do Espírito” em Efésios 5:18 não se refere a um evento único, mas a um processo contínuo de rendição e capacitação.
A presença do Espírito Santo nos leva a um “modo de viver diferente” (Gálatas 5:25), caracterizado pelos frutos do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. A palavra nos encoraja a buscar uma experiência contínua de enchimento do Espírito Santo, permitindo que Ele nos transforme e nos capacite para viver uma vida que glorifique a Deus. Não se trata apenas de buscar experiências emocionais, mas de nos rendermos à direção do Espírito em todas as áreas de nossa vida, para que possamos manifestar os frutos do Espírito e cumprir o propósito de Deus para nós.
III. A EXCELÊNCIA DE DEUS PARA CUMPRIR UMA DIFÍCIL MISSÃO
1. Um rei atormentado. Saul foi escolhido e ungido por Deus para ser o primeiro rei de Israel. Guiado pelo Espírito do Senhor, conseguiu fazer um bom início de reinado sendo admirado por muitos. Temente a Deus, chegou a profetizar (1Sm 10.11) e constantemente consultava o profeta Samuel. Essa realidade durou por pouco tempo, logo o rei negligenciou a vontade de Deus, desrespeitou a lei de Moisés e passou a ter decisões infelizes e injustas para com o povo. Mediante tal comportamento, a rejeição divina não tardou (1Sm 15.10-29).
Assim que o Espírito do Senhor deixou Saul, um espírito mau começou a atormentá-lo (1Sm 16.14), deixando-o inapto para decisões sensatas e violento para os que estavam próximos a ele. Até os seus servos estavam impressionados com a ação maligna na vida do rei (1Sm 16.15) e sugeriram trazer um músico para que o monarca se acalmasse e o espírito mal o deixasse em paz. Nesse contexto de tormenta e fúria, Davi é introduzido na corte de Saul. Enquanto tocava sua harpa e entoava belos hinos, o jovem foi-se familiarizando com a rotina dos mais altos escalões e, como bom aluno, foi sendo preparado para as grandes responsabilidades que viria a ter um dia.
Comentário:
A história de Saul serve como um exemplo sombrio das consequências da desobediência e da rejeição de Deus. A unção de Saul simbolizava sua consagração para o serviço de Deus, mas sua infidelidade resultou na perda da presença do Espírito e na sua substituição por um “espírito mau”. Isso ilustra a seriedade do pecado e a importância da obediência contínua.
A ausência do Espírito Santo deixou Saul vulnerável à influência maligna e o tornou incapaz de liderar com justiça e sabedoria. A introdução de Davi na corte de Saul, aparentemente por acaso, revela a providência divina em ação, preparando o futuro rei para o seu papel. A história de Saul serve como um aviso: não podemos nos afastar de Deus e esperar que tudo continue bem. A obediência e a fidelidade são essenciais para mantermos a presença e a bênção de Deus em nossas vidas.
2. Um reino em apuros. Quando Saul deixou de obedecer ao Senhor, o Espírito se retirou de sua vida e uma sucessão de falhas e atrocidades foram acontecendo. Se Deus já não era mais o Senhor daquele monarca, o povo não mais seria “bem-aventurado” e “feliz”. Sem Deus, o sofrimento é uma triste realidade. A imagem do líder exerce uma forte influência para com a vida dos liderados: se o rei é ímpio, os súditos sofrem; se o líder é imprudente, os liderados amargam as privações. Com a ruína de Saul e a ascensão de Davi, um novo tempo chegava para Israel, o povo se alegrava e era edificado ao ver, na prática, a fé, a devoção, a fidelidade e o temor a Deus. Como resultado dessa condição, Israel alcançaria em breve um dos períodos mais prósperos de sua história.
Comentário:
Este parágrafo explora as consequências da liderança ímpia de Saul para o povo de Israel. A ausência de Deus na vida do líder resultou em sofrimento generalizado e em uma deterioração da nação. Isso reflete a doutrina da soberania de Deus sobre todas as áreas da vida, incluindo a política e a sociedade. Quando os líderes se afastam de Deus, as consequências são desastrosas para todos. A “bem-aventurança” ou “felicidade” mencionada no texto remete à palavra hebraica אַשְׁרֵי (ashrei), que expressa uma profunda alegria e satisfação que só podem ser encontradas em Deus.
A ascensão de Davi ao trono representou uma mudança radical para Israel, trazendo um tempo de prosperidade e bênção, resultado de sua fé, devoção e temor a Deus. Este parágrafo nos lembra da importância de orar por nossos líderes e de buscar influenciar a sociedade com os valores do Reino de Deus. A qualidade da liderança tem um impacto direto sobre a vida do povo, e é nossa responsabilidade promover a justiça, a retidão e o temor a Deus em todas as esferas da sociedade.
3. Qual a nossa “difícil” missão? O cristão enfrenta grandes desafios. O primeiro deles é pelo simples fato de que nós cristãos, andamos na contramão desse mundo. A cosmovisão, o jeito de agir, os valores defendidos, os relacionamentos, os valores sociais e morais, entre tantos outros são, por essência, opostos ao que nós acreditamos. Agimos assim, pois do coração procedem as saídas da vida (Pv 4.23), e o coração do jovem cristão reflete Jesus!
O segundo desafio está ligado à nossa grande missão; anunciar as boas novas de salvação (Mc 16.15) para um mundo que está imerso em caos e sofrimento. Entre os sofrimentos enfrentados podemos apontar: violência, dificuldades econômicas e social, o hedonismo, a individualidade, o relativismo moral e religioso, entre tantos outros. A solidão assola multidões que vivem em cidades superpovoadas por pessoas que não conseguem mais se olhar nos olhos.
Comentário:
Este parágrafo aborda a “difícil missão” do cristão no mundo, destacando os desafios inerentes à vivência da fé em uma cultura que muitas vezes se opõe aos valores do Reino de Deus. O primeiro desafio é o de viver “na contramão” do mundo, resistindo à sua cosmovisão e aos seus valores. A referência a Provérbios 4:23, “do coração procedem as saídas da vida”, ressalta a importância de guardar o coração e de permitir que ele seja transformado por Cristo.
O segundo desafio é o de anunciar as boas novas de salvação, que em grego significa “boas notícias”, em um mundo marcado pelo sofrimento e pelo caos. Este ensino nos desafia a abraçar nossa missão com coragem e convicção, reconhecendo que somos chamados a ser sal e luz neste mundo. Não podemos nos conformar com os valores do mundo, mas devemos buscar transformar a cultura ao nosso redor, testemunhando do amor e da verdade de Cristo.
SUBSÍDIO II
Professor(a), peça que um aluno(a) leia 1 Samuel 16.14. Depois pergunte: “O que significa: ‘O Espírito do Senhor se retirou de Saul’?”. Ouça os alunos e depois explique que “ao se rebelar contra os planos de Deus e seus propósitos, Saul se abriu para a influência demoníaca (veja 15.23). Deus está no completo controle, e os maus espíritos podem operar apenas quando Deus permite. Ele pode até mesmo usá-los para realizar os seus propósitos, que às vezes incluem testar e julgar o seu povo (Jz 9.23; 1Rs 22.19-23; veja também Lc 11.26; Rm 1.21-32; 2Ts 2.8-12).” (Bíblia de Estudo Pentecostal Para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, p.357).
- Leia também: LIÇÃO 01- DAVI: ESCOLHIDO DE DEUS
CONCLUSÃO
Davi possuía um currículo admirável: um músico virtuoso, valente, guerreiro, ponderado nas palavras e educado. Características que despertariam o interesse de muitos “recrutadores”. Mas, há um detalhe que fez toda a diferença nesse belíssimo currículo: o Senhor era com ele. Sem Deus nada poderemos fazer e nossa existência não terá sentido. Seja conduzido pelo Espírito Santo e você será uma bênção por onde quer que passe.
Comentário:
A conclusão recapitula a ideia central da lição: a importância da presença de Deus e da condução do Espírito Santo na vida do crente. As qualidades de Davi, por mais admiráveis que fossem, só se tornaram significativas porque “o Senhor era com ele”. Sem Deus, nossas habilidades e talentos são insuficientes para cumprirmos nosso propósito e sermos uma bênção para o mundo.
Aplicado à vida do crente, a conclusão nos encoraja a buscar a presença de Deus acima de tudo e a nos rendermos à direção do Espírito Santo em todas as áreas de nossa vida. Quando somos conduzidos pelo Espírito, somos capacitados a viver uma vida que glorifica a Deus e abençoa a todos ao nosso redor.
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