LIÇÃO: 2 A MENSAGEM DE JEREMIAS PARA JUDÁ


LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS


4º Trimestre de 2025

Título: Exortação, arrependimento e esperança — O ministério profético de Jeremias


Autor: Elias Torralbo

Comentário: Palavra Forte de Deus

Data: 12 de outubro de 2025


TEXTO PRINCIPAL


Ouvi a palavra do SENHOR, ó casa de Jacó e todas as famílias da casa de Israel.” (Jr 2.4).


Comentário da Palavra Forte de Deus


Esta poderosa convocação, inserida no contexto da apostasia de Judá, demonstra a persistente fidelidade de Deus. Ele chama Seu povo para a responsabilidade, utilizando o termo “casa de Jacó” para evocar a memória de Suas promessas de aliança. Assim, o Senhor reafirma Sua autoridade e exige atenção imediata à Sua mensagem profética. O Criador não desiste de Seu povo, mesmo quando este Lhe volta as costas.

A voz ativa e imperativa “Ouvi” impõe a urgência da Palavra. Deus inicia Seu pleito não com condenação imediata, mas com um convite ao diálogo, oferecendo a Judá a última oportunidade de reflexão antes que o juízo se materialize. A indiferença do povo sela a sua própria condenação, ignorando o amor que os chama.

Portanto, o profeta apresenta o caso de Deus diante de toda a nação. O verdadeiro problema de Judá reside na surdez espiritual, pois eles negligenciam a voz Daquele que lhes oferece vida e perdão. Essa recusa em ouvir transforma a aliança em um documento de acusação.


RESUMO DA LIÇÃO


Jeremias chama Judá ao arrependimento e alerta sobre a disciplina que receberia como fruto da desobediência e afastamento de Deus.


Comentário da Palavra Forte de Deus


O resumo captura a essência do ministério de Jeremias. O profeta cumpre sua missão ao convocar a nação ao arrependimento (o caminho da vida) e ao alertar sobre a disciplina (a consequência da morte espiritual). Consequentemente, a mensagem funciona como um bisturi cirúrgico, separando a esperança do juízo. O amor de Deus manifesta-se, portanto, tanto na oferta de perdão quanto na inevitabilidade da correção.

De fato, a desobediência produz um fruto amargo: o afastamento do Criador. Jeremias intervém como a voz da consciência divina, mostrando que a dor da disciplina serve como um meio de resgate, e não apenas de punição. Essa disciplina visa restaurar a primazia da fé, destruída pela idolatria.

Em suma, o profeta destaca a soberania de Deus sobre a história. Ele anuncia que a disciplina virá como resultado direto das escolhas pecaminosas de Judá, reafirmando o princípio de que colhemos aquilo que semeamos no campo da fé. O destino da nação repousa inteiramente sobre sua decisão de submissão ou rebeldia.




INTERAÇÃO


Prezado(a) professor(a), no decorrer da aula enfatize que o povo de Deus estava vivendo um período de grande apostasia, imerso na idolatria e, por isso, a mensagem do profeta precisava ser contundente. Jeremias chamou a atenção do seu povo para os pecados que vinham cometendo, e dia após dia, com coragem e ousadia, os confrontava com as consequências de seus pecados, a fim de que se arrependessem e voltassem para Deus.

Contudo, o povo não deu ouvidos às exortações do profeta (Jr 25.3). Deus amava seu povo, e esse era o motivo pelo qual iria discipliná-lo. Só havia uma saída capaz de fazer com que Judá escapasse do juízo iminente: o arrependimento sincero. Todavia, não aceitaram a correção e continuaram pecando de modo deliberado contra Deus.


ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA


Reproduza a tabela abaixo. Utilize-a para mostrar aos alunos, de modo resumido, o ambiente da época, a mensagem principal de Jeremias e a importância de sua mensagem.


AMBIENTE DA ÉPOCA


  • A sociedade estava se deteriorando econômica, política e espiritualmente.
  • As guerras dominavam o cenário mundial.
  • A Palavra de Deus era considerada ofensiva.

MENSAGEM PRINCIPAL


  • O arrependimento adiaria o iminente juízo de Judá executado pelas “mãos” da Babilônia.

IMPORTÂNCIA DA MENSAGEM

  • O arrependimento é uma das maiores necessidades em nosso mundo imoral. As promessas de Deus para aqueles que são fiéis brilham vigorosamente, trazendo esperança para o amanhã e forças para hoje.

TEXTO BÍBLICO


Jeremias 2.5-13
5 Assim diz o SENHOR: Que injustiça acharam vossos pais em mim, para se afastarem de mim, indo após a vaidade e tornando-se levianos?
6 E não disseram: Onde está o SENHOR. que nos fez subir da terra do Egito? Que nos guiou através do deserto por uma terra de ermos e de covas, por uma terra de sequidão e sombra de morte, por uma terra em que ninguém transitava e na qual não morava homem algum.
7 E eu vos introduzi numa terra fértil, para comerdes os seus frutos e o seu bem; mas, quando nela entrastes, contaminantes a minha terra e da minha herança fizestes uma abominação.
8 Os sacerdotes não disseram: onde está O SENHOR? E os que tratavam da lei não me conheciam, e os pastores prevaricaram contra mim, e os profetas profetizaram por Baal e andaram após o que é de nenhum proveito.
9 Portanto, ainda pleitearei convosco. diz o SENHOR; e até com os filhos de vossos filhos pleitearei.
10 Porquanto, passai às linhas de Quitim e vede; e enviai a Quedar, e atentai bem, e vede se sucedeu coisa semelhante.
11 Houve alguma nação que trocasse os seus deuses, posto não serem deuses? Todavia, o meu povo trocou a sua glória pelo que é de nenhum proveito.
12 Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o SENHOR.
13 Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retém as águas.


COMENTÁRIO DA LIÇÃO


INTRODUÇÃO


Nesta lição, faremos uma análise do foco principal da profecia de Jeremias: o arrependimento. Esse era o fundamento de sua mensagem. Ele alerta a respeito da iminente destruição de Jerusalém pela invasão da Babilônia. A invasão seria uma consequência da desobediência e apostasia do povo.


Comentário da Palavra Forte de Deus


O parágrafo de abertura estabelece o arrependimento como o alicerce inegociável da mensagem profética de Jeremias. O profeta age como um farol, dirigindo o olhar da nação para a urgência da mudança de rota. Consequentemente, o foco na iminente destruição reforça a seriedade da teologia do juízo. A história de Judá prova que a indiferença religiosa tem custos políticos e existenciais altíssimos.

A invasão da Babilônia materializa a consequência direta da infidelidade de Judá. A voz profética explica que a calamidade não resulta do acaso ou da força política, mas da apostasia e desobediência do povo à aliança divina. Deus usa potências estrangeiras como instrumentos de Sua justiça soberana.

Assim, a introdução prepara o leitor para o estudo. Ela afirma que o arrependimento representa a única chave para a restauração, enquanto a obstinação sela o destino trágico de Jerusalém. O arrependimento, portanto, funciona como um recurso de misericórdia antes que a sentença final se cumpra.


I. A PALAVRA PROFÉTICA ENVIADA A JUDÁ


1. O ministério profético.


O termo profeta vem do hebraico nabie do grego prophetes e, conjuntamente, referem-se à pessoa que recebia a autorização para falar em nome e em lugar de Deus (Ez 2.1-10). O ofício profético tem início com Samuel que, além de ser uma referência, foi também o fundador da chamada escola de profetas (1Sm 19.20). O ofício profético se deu até João Batista, cuja missão principal foi a de realizar a transição deste período para o inaugurado por Cristo (Mt 11.11-15).

Com um chamado específico e particular (Am 7.14,15), o profeta era separado exclusivamente para Deus, que o enviava com a missão de tornar sua vontade conhecida de seu povo, razão pela qual era também conhecido como “homem de Deus” (1Sm 2.27; 9.6; 1Rs 13.1).


Comentário da Palavra Forte de Deus


A etimologia dos termos nabi e prophetes define a essência do ministério profético: falar em nome e no lugar de Deus. Portanto, o profeta age como o porta-voz do Soberano, transmitindo a revelação divina sem deturpação. A voz profética carrega, inerentemente, a autoridade do próprio Deus.

Em vista disso, a trajetória do ofício, começando com Samuel e culminando em João Batista, demarca um período de transição crucial na história da salvação. Assim, o profeta prepara o caminho para a vinda do Messias, autenticando a continuidade do plano de Deus. Este fio condutor histórico revela a unidade e a progressão da revelação bíblica.

Dessa forma, a separação exclusiva para Deus estabelece a autoridade do profeta. Assim, ele adquire sua credibilidade não por mérito pessoal, mas pela capacidade de representar fielmente a vontade do Eterno perante a humanidade. Portanto, a consagração valida a mensagem, conferindo-lhe peso e seriedade irrefutáveis.


2. A natureza profética da mensagem de Jeremias.


Como resposta ao chamado divino, Jeremias é visto entregando uma mensagem de exortação a Judá (2 — 3). Após a experiência de seu chamado, Jeremias recebeu a ordem para que deixasse a sua cidade (Anatote) e fosse a Jerusalém com a finalidade de proclamar a mensagem divina (Jr 2.1-35).

Por meio da profecia entregue por Jeremias, Deus reafirmou a sua fidelidade, o seu compromisso com a santidade, com a verdade, com o amor e a sua disposição em restaurar o seu povo.

Uma profecia vinda de Deus jamais vai contradizer a sua natureza e a sua Lei. O caráter de Deus deve permear toda a mensagem, a fim de que Ele seja exaltado e honrado. A mensagem deve atender aos interesses de Deus e não do profeta.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A exortação de Jeremias cumpre o papel de chamar Judá ao acerto de contas. Assim, o profeta obedece à ordem divina, abandonando sua terra natal para levar a palavra de Deus ao centro do poder político e religioso. A obediência de Jeremias serve como um contraste direto à desobediência de Judá.

Por conseguinte, a mensagem profética funciona como um espelho. Assim, ela revela o caráter imutável de Deus, destacando Sua fidelidade, santidade e amor. Portanto, a profecia serve como um balizador teológico, impondo a submissão de todo o conteúdo à Lei e à natureza divina. Amém disso, a mensagem, por ser divina, nunca se curva aos desejos populares ou aos interesses pessoais do mensageiro.

Em suma, a mensagem garante a glória de Deus, exigindo que Ele seja o foco da proclamação. Assim, o profeta age como um mero canal, evitando que seus próprios interesses contaminem o teor da revelação. De forma, o propósito da profecia é exaltar o Soberano, e não buscar a aprovação humana.


3. Judá, o alvo de Deus.


Por volta do ano 931 a.C., com a ascensão de Roboão ao reinado, ocorreu a triste divisão de Israel em dois reinos: Reino do Norte, com capital em Siquém, posteriormente substituída por Samaria e Reino do Sul, com capital em Jerusalém. Estes dois reinos guerrearam entre si por cerca de 60 anos (1Rs 14.30; 15.7,16), embora no período do reinado de Acabe e Josafá houvesse paz, incluindo alianças políticas e familiares, trazendo a influência do culto a Baal no Reino do Sul, motivo de sua destruição.

A longa história de Judá foi marcada por alguns reis que honraram a Deus e outros que não. Jeremias nasceu durante o reinado de Manassés, que morreu quando o profeta tinha cerca de 10 anos de idade e recebeu o seu chamado durante o governo de Josias que morreu em 609 a.C. Jeremias se dirigiu a este reino advertindo sobre a sua queda, fato que ocorreu em 586 a.C. quando, de um reino, Judá passou a ser uma simples província.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A divisão do Reino estabelece o cenário político e espiritual para o ministério de Jeremias. A triste história de Judá expõe a contínua luta entre a obediência e a apostasia, representada pelos reis que honram ou desonram o pacto com Deus. A infidelidade dos líderes reflete e agrava a decadência espiritual de toda a nação.

Nesse sentido, a influência do culto a Baal, introduzida por alianças políticas, demonstra o perigo da contaminação espiritual. Assim sendo, o reino sacrifica sua santidade em troca de segurança humana, o que, paradoxalmente, conduz à sua destruição. Alianças seculares que comprometem a fé sempre levam à ruína divina.

Portanto, Jeremias age como a última voz de advertência. Ele aponta o caminho da ruína, testemunhando a concretização do juízo em 586 a.C. A queda de Judá reafirma o princípio de que Deus disciplina Seu povo por sua infidelidade. Dessa maneira, a transformação de um reino em província sela o fim da autonomia e da glória teocrática.


SUBSÍDIO I


“Israel havia rompido o seu concerto com Deus (o seu ‘acordo de vida’ com o seu povo escolhido, com base nas suas leis e promessas feitas a eles, e na obediência deles e na sua fidelidade a Deus), embora Ele tivesse permanecido fiel a eles. Todos os membros do povo de Deus se deparam com a mesma tentação de se esquecer da bondade de Deus e negligenciar a oportunidade de interagir com Ele. O povo tem a tendência natural de seguir os seus próprios desejos egoístas e buscar os prazeres pecaminosos do mundo. Este versículo enfatiza as duas razões principais pelas quais Israel perdeu a sua devoção a Deus.

São as mesmas coisas que podem fazer com que nos afastemos de Deus, se não tivermos cuidado: (1) Eles foram ‘após a vaidade’, isto é, seguiram ídolos inúteis. Eles permitiram que outras coisas na vida tomassem o lugar de Deus, para lhes fornecer segurança e satisfação. Observe que o versículo descreve os ídolos — os falsos deuses e ‘substitutos de Deus’ como simplesmente ‘vaidade’, coisa sem valor.

Ao seguir essas coisas, os indivíduos se tornaram ‘levianos’, ou seja, o povo desvalorizou as suas próprias vidas, e perdeu o seu propósito, permitindo que outras coisas assumissem o lugar legítimo de Deus em suas vidas. (2) Eles ‘não disseram: Onde está o Senhor?’ (v.6); o que significa basicamente, que negligenciaram a Deus até o ponto em que perderam completamente a consciência da sua presença.” (Extraído de Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.910).


II. A DURA ADVERTÊNCIA DIVINA


1. A ira de Deus.


Desde que foi chamado por Deus, Jeremias esteve ciente de que, se por um lado a sua mensagem seria de esperança, por outro, ela seria de advertência e de exortação a um povo que havia escolhido afastar-se de Deus (2.13). O ministério de Jeremias revela a reação de Deus à forma com que o seu povo o tratava naqueles dias, motivo que acendeu a sua ira e Ele prometeu tratá-los segundo as suas obras (2.14-19).

A ira de Deus é a manifestação de sua repulsa ao pecado e tem como base a sua santidade e justiça. A intenção de Deus com a mensagem de juízo não era amedrontar o seu povo e nem tampouco castigá-lo, mas sim, advertir do erro, trazendo arrependimento e mudança de vida, pois o seu prazer é que a sua bondade seja experimentada, pois seus pensamentos são de paz e não de mal para com os seus (3.12,13; 29.11-13).


Comentário da Palavra Forte de Deus


A ira de Deus manifesta Sua santidade e justiça, evidenciando que o Criador não tolera a rebeldia. Jeremias entrega a mensagem que equilibra a esperança com a advertência, mostrando que a disciplina advém da infidelidade do povo. A repulsa divina ao pecado é a garantia de que Deus é moralmente perfeito.

Contudo, a ira divina possui um propósito redentor. Ela age como um catalisador, visando o arrependimento e a transformação. Assim, Deus deseja que Seu povo experimente Sua bondade, demonstrando que Seus planos incluem a paz e não o mal. Além disso, a disciplina, embora dolorosa, é uma evidência do amor de um Pai que corrige o filho.

Portanto, o ministério de Jeremias revela o coração de Deus. Dessa maneira, o Senhor adverte o povo de Seu amor, indicando que a punição serve como um meio para chamar os pecadores de volta à comunhão. A verdadeira intenção de Deus é a reconciliação, não a aniquilação.


2. Uma palavra de condenação.


De acordo com os textos dos capítulos 2 e 3 do livro de Jeremias, o profeta recebeu a mensagem de Deus, cujo conteúdo foi de condenação, num período no qual o povo de Judá se afastou do Senhor.

A mensagem entregue a Jeremias é uma forte acusação contra Judá, que à semelhança de uma esposa infiel, traiu o seu Deus (3.1-3). A mensagem foi transmitida com vívido sentimento de angústia que, inquestionavelmente, retrata o sentimento do próprio Deus, diante da indiferença do seu povo. Daí, então, o aviso divino de que castigaria Judá (2.18,19).


Comentário da Palavra Forte de Deus


Jeremias entrega uma acusação veemente. Ele compara a infidelidade de Judá à traição de uma esposa adúltera, enfatizando a gravidade da quebra de aliança com o Criador. Assim, a condenação justifica-se pela rebeldia crônica. A metáfora da infidelidade conjugal sublinha o caráter pessoal da ofensa contra Deus.

Portanto, a angústia sentida por Jeremias reflete o profundo sentimento de Deus. O profeta expressa a dor do Eterno, mostrando que a indiferença de Judá machuca o coração Daquele que oferece amor e proteção. Por conseguinte, o juízo divino está permeado pela emoção da decepção e da tristeza.

Dessa forma, a palavra de condenação impõe o aviso divino. Assim, Deus promete punir a nação, assegurando que a justiça prevalecerá sobre a obstinação do povo. A punição é o resultado lógico e inevitável de um amor rejeitado.


3. As causas da condenação.


Inicialmente, é preciso afirmar que Deus não tem prazer em fazer o homem padecer ou sofrer (Lm 3.33). Por outro lado, o Senhor não hesita em corrigir o seu povo, inclusive pelo sofrimento, por enveredar por caminhos tortuosos e contrários à sua Palavra.

Não há condenação divina sem causa. A idolatria foi a principal razão da condenação anunciada por Jeremias (3.6-8). Mas também houve um longo caminho de ingratidão, indiferença e afastamento do Senhor (2.13).

Judá trocou o único e verdadeiro Deus por deuses falsos e esta foi a queda final e fatal de uma longa desconstrução de princípios e valores espirituais, atitudes que causaram a indignação divina e consequentemente a condenação de Judá (2.10,11).


Comentário da Palavra Forte de Deus


A análise estabelece a justiça do juízo: a condenação nunca vem sem justa causa. Embora Deus não sinta prazer no sofrimento, Ele corrige Seus filhos quando eles desviam da Palavra, honrando Sua própria santidade. Assim, a correção demonstra a seriedade com que Deus trata o Seu relacionamento de aliança.

Desssa forma, a idolatria atua como a causa principal e fatal. Judá substitui o Deus verdadeiro por ídolos de “nenhum proveito”, revelando um profundo estado de ingratidão e indiferença para com as Suas obras passadas. Assim, trocar a Glória de Deus por aquilo que não oferece benefício algum é a essência da loucura espiritual.

Portanto, a queda de Judá resulta de uma prolongada desconstrução moral e espiritual. A nação troca o eterno pelo fútil, motivando a justa indignação divina e a inevitável punição. O afastamento gradual e persistente de Deus culmina no desastre profetizado por Jeremias.


III. UM CHAMADO AO ARREPENDIMENTO


1. O que é arrependimento?


O chamado ao arrependimento foi uma das tônicas principais da mensagem de Jeremias, conforme se observa nas expressões “volta”, “reconhece” e “convertei-vos” (3.12-14). O termo arrependimento vem do grego metanoia, isto é, mudança de mente. No Antigo Testamento, o vocábulo niham, que é o ato de arrepender-se, está em concordância com as palavras gregas metanoiaapostrpho, apontando para arrependimento que é “voltar-se para longe de, ou em direção de”.

Uma das definições para arrependimento é “converter-se”, que significa mudar de direção. Entretanto, o arrependimento genuíno não consiste apenas em mudar a direção, mas em abandonar a direção errada e seguir em direção a Deus. Esta é a razão pela qual Jeremias profetizou que Deus passaria a ser o centro da vida de seu povo novamente, como resultado do arrependimento (3.16).

Arrepender-se é deixar a própria rota para seguir a de Deus. É abandonar a si mesmo para viver para Deus. Jeremias foi um profeta que demonstrou amor genuíno pelo seu povo, mesmo que este não o tenha dado ouvido as suas mensagens.


Comentário da Palavra Forte de Deus


O arrependimento define o cerne da profecia de Jeremias. A etimologia de metanoia e niham une o conceito de mudança mental à mudança de direção, exigindo uma transformação completa do indivíduo. O verdadeiro arrependido opera uma revolução no seu próprio intelecto e vontade.

Em vista disso, o arrependimento genuíno vai além da mera inversão de rota. Ele impõe o abandono da direção egoísta e a submissão incondicional ao caminho de Deus. Jeremias anuncia essa verdade, prometendo que Deus retornaria ao centro da vida de Seu povo. Assim sendo, a metanoia exige o desmantelamento do ego e o restabelecimento da soberania divina.

Em suma, o profeta exibe um amor sacrificial ao proclamar essa mensagem vital. Dessa maneiraa, ele demonstra que o amor verdadeiro foca na restauração do outro, insistindo na mensagem mesmo diante da teimosia de Judá. Portanto, o profeta torna-se um intercessor incansável, mesmo que rejeitado por aqueles que busca salvar.


2. Arrependimento, o caminho da restauração.


Na prática, arrepender-se é mudar de opinião, de posição e de comportamento. A pessoa arrependida experimenta uma mudança radical de pensamentos e atitudes.

Judá havia se esquecido das obras gloriosas operadas pelo Senhor ao longo da história, como demonstração do seu cuidado (2.5-7). Por isso, o povo foi confrontado diante de sua ingratidão e apostasia (2.8-13; 3.6-11).

Jeremias apregoou o arrependimento como condição para que: (a) não recebesse a justa ira divina (3.12); (b) a comunhão com Deus fosse restaurada (3.14); (c) recebesse líderes segundo o coração de Deus (3.15) e (d) a presença de Deus fosse constante entre o seu povo (3.16-18). O arrependimento é o caminho da restauração.


Comentário da Palavra Forte de Deus


O arrependimento funciona como a chave para a transformação prática. Ele exige uma mudança radical que abrange a mente e o comportamento, levando o indivíduo a adotar novas atitudes que honram a Deus. A evidência do arrependimento reside na alteração visível do comportamento pecaminoso.

Nesse sentido, Judá recebe o confronto por sua ingratidão, pois eles esqueceram o histórico de fidelidade e cuidado de Deus. Consequentemente, a apostasia demonstra uma falha de memória espiritual que resulta em desobediência. Dessa forma, a ingratidão, ao cegar o povo para a história de Deus, torna-se a mãe da idolatria.

Assim, Jeremias apresenta o arrependimento como a única porta para a restauração. Desse modo, ele assegura que a conversão garante o fim da ira, o restabelecimento da comunhão e o recebimento de bênçãos essenciais, como líderes piedosos. Todas as bênçãos da aliança dependem da condição elementar da metanoia sincera.


3. A necessidade permanente de arrependimento.


O profeta que fez a transição do Antigo Testamento para o Novo foi João Batista. Semelhante a Jeremias, sua principal mensagem foi: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 3.2). Jesus também pregou a Palavra de Deus dizendo: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 4.17).

Pedro também, no Dia de Pentecostes, pregou dizendo: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38).

Paulo tratou amplamente sobre o arrependimento e o definiu como sendo “a tristeza segundo Deus” (2Co 7.10). Na prática, isso quer dizer que a tristeza de Deus diante do pecado cometido é aplicada ao coração da pessoa arrependida que, à semelhança do ensino do mesmo apóstolo de que a conversão a Deus resulta em “obras dignas de arrependimento” (At 26.20).

O arrependimento como meio de restauração da comunhão com Deus não foi uma necessidade dos dias de Jeremias apenas, mas também nos dias de Jesus e dos apóstolos, assim como ainda é na atualidade.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A necessidade de arrependimento ultrapassa o tempo de Jeremias. João Batista, Jesus e Pedro proclamam a mesma mensagem central, provando que a conversão permanece como o requisito básico para a entrada no Reino dos Céus. O arrependimento funciona como o princípio ativo de toda a economia da salvação.

Dessaa maneira, Paulo oferece a definição mais profunda. Ele caracteriza o arrependimento como uma “tristeza segundo Deus”, indicando que a dor resulta de uma convicção do Espírito Santo, produzindo a salvação e levando a obras que demonstram a mudança interior. Além disso, essa tristeza divina é o oposto do remorso meramente humano, que foca na consequência e não na ofensa.

Portanto, o chamado ao arrependimento permanece universal e atemporal. A lição de Jeremias reverbera na atualidade, assegurando que a restauração da comunhão com Deus exige a mesma humildade e mudança de vida que Ele exigiu de Judá. assim, o juízo de Deus sobre o passado nos ensina a urgência da submissão no presente.


SUBSÍDIO III


Professor(a), inicie o tópico fazendo a seguinte pergunta: “O que é arrependimento?”. Ouça os alunos com atenção. Depois explique que “arrependimento é o ato de repudiar o pecado e retornar para Deus, o Senhor”.


CONCLUSÃO


A necessidade da entrega de uma mensagem divina justificava a existência de um profeta e o exercício de seu ministério.

Com base nos capítulos 2 e 3 de Jeremias, esta lição pontuou esta verdade a partir da dura mensagem que o profeta entregou ao povo de Judá, deixando o exemplo e a lição de que, ainda hoje, o arrependimento é sempre o caminho para a restauração


Comentário da Palavra Forte de Deus


A lição reafirma o princípio da necessidade profética. A existência de Jeremias e a rigidez de sua mensagem justificam-se pela profunda apostasia de Judá, demonstrando que Deus age para chamar Seu povo de volta. A persistência da voz profética é a prova final da paciência do Eterno.

Dessa forma, o profeta entrega a verdade mais crucial: o arrependimento permanece como o único vetor para a restauração. A dura mensagem serve como um espelho para a igreja atual, exigindo uma avaliação sincera da nossa própria fidelidade. Assim, a história de Judá nos adverte contra a falsa segurança e a complacência espiritual.

Em suma, a vida e a profecia de Jeremias testemunham a fidelidade de Deus à Sua aliança e a universalidade de Seu chamado. Ele pede que abandonemos as cisternas rotas da autossuficiência e retornemos ao manancial de águas vivas. Somente o arrependimento permite que a graça de Deus restaure o que o pecado destruiu.

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