LIÇÃO 13: DAVI: UM HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

LIÇÕES BÍBLICAS CPAD JOVENS 2º Trimestre de 2025

Título: Davi: de pastor de ovelhas a rei de Israel — Fé e ação em meio às adversidades da vida

Autor: Marcos Tedesco

LIÇÃO 13: DAVI: UM HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

TEXTO PRINCIPAL

“[…] Achei a Davi, filho de Jessé, varão conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade.” (At 13.22).


Comentário: Paulo, ao evocar este trecho em seu sermão em Antioquia da Pisídia (Atos 13), faz muito mais do que citar uma aprovação divina. Ele está, em verdade, costurando os eventos da história da salvação, demonstrando como Deus, em sua soberania, elegeu Davi como um tipo de Cristo. Paulo não ignora as falhas de Davi, mas as contextualiza dentro do plano redentor.

A expressão “conforme o meu coração” (κατὰ τὴν καρδίαν μου) não se refere a uma mera simpatia, mas a um alinhamento de propósitos. Davi, apesar de suas imperfeições, demonstrou uma inclinação constante em buscar a vontade divina, em contraste com Saul, cujo coração se desviou dos mandamentos de Deus.

O cumprimento da “minha vontade” (πᾶσαν τὴν θέλησίν μου) por Davi aponta para a obediência radical de Cristo ao Pai. Logo, a exegese nos impele a perceber Davi não apenas como um rei, mas como uma figura que prefigura o Messias, aquele que executaria perfeitamente a vontade de Deus.


RESUMO DA LIÇÃO

Ao conhecermos a vida de Davi, podemos entender o que fez dele um personagem tão destacado: a presença de Deus em sua vida.

Comentário: A afirmação de que a “presença de Deus” é a chave para entender Davi carece de maior análise teológica. A presença de Deus é, sem dúvida, um fator crucial, mas a vida de Davi é um complexo de mistura de fé, pecado, arrependimento e graça.

Não podemos cair na armadilha de uma teologia da prosperidade disfarçada, sugerindo que a presença de Deus automaticamente garante sucesso e ausência de problemas. Davi enfrentou inúmeras provações, muitas delas decorrentes de suas próprias escolhas equivocadas.

A verdadeira ênfase deve recair sobre a resposta de Davi à presença de Deus: sua humildade em reconhecer seus erros, sua contrição genuína e sua busca incessante por restauração. Portanto, ao invés de simplificar a vida de Davi como um conto de sucesso divino, devemos explorá-la como um estudo de caso sobre a graça redentora de Deus em ação na vida de um homem imperfeito.

OBJETIVOS

MOSTRAR que a história de Davi é inspiradora;
COMPREENDER o que é ser um homem segundo o coração de Deus;
SABER que temos desafios em nossa jornada.

INTERAÇÃO

Prezado(a) professor(a), ao longo desse trimestre conhecemos um pouco melhor alguns importantes aspectos da vida de Davi e o porquê ele foi considerado um homem segundo o coração de Deus. Sua história se inicia de forma simples, porém coroada de êxitos, e com o passar dos anos vão se ampliando as responsabilidades e as implicações para com a história do reino.

Nesta última lição, refletiremos a respeito do legado deixado pelo homem segundo o coração de Deus. Um legado que nos impressiona e convida a estar cada vez mais no centro da vontade do Senhor. Fica para nós um grande exemplo de devoção, confiança, fidelidade e entrega em prol da obra de Deus.

Que possamos ter também a consciência da nossa responsabilidade enquanto servos(as) valorosos(as) do Senhor e, de forma contínua, possamos almejar sermos pessoas segundo o coração de Deus.


Comentário: Encorajamos os alunos a internalizar o legado de Davi como um chamado à ação, não apenas como uma narrativa histórica. Devemos enfatizar que “estar no centro da vontade do Senhor” implica em um processo contínuo de discernimento, renúncia e obediência.

A devoção, a confiança, a fidelidade e a entrega não são meros sentimentos, mas sim escolhas conscientes que moldam nossas ações e direcionam nossas vidas. A exortação para “almejar sermos pessoas segundo o coração de Deus” é um convite à transformação do caráter, buscando refletir a imagem de Cristo em nossos pensamentos, palavras e atos.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Sugerimos que você reproduza o quadro abaixo. Utilize-o ao término da lição. Mostre aos seus alunos os pontos fortes e fracos de Davi. Conclua perguntando o que eles aprenderam de mais significativo durante o trimestre e que gostariam de relatar.

PONTOS FORTES E ÊXITOS FRAQUEZAS E ERROS LIÇÕES DE VIDA
Maior rei de Israel Adulterou Bate-Seba A disposição para admitir honestamente os nossos erros é o primeiro passo para lidar com eles
Antepassado de Jesus Cristo Planejou assassinato de Urias O perdão não remove as consequências do Pecado
Herói da Fé em Hebreus 11 Não lidou decisivamente com os pecados dos filhos Deus deseja a nossa Total confiança e adoração

Comentário: A utilização deste quadro é uma excelente ferramenta pedagógica para promover o pensamento crítico e a honestidade intelectual. Ao analisar os “pontos fortes e êxitos” de Davi, devemos evitar a hagiografia, reconhecendo que mesmo suas maiores conquistas foram permeadas pela graça divina e não por mérito próprio.

Ao confrontar as “fraquezas e erros”, não devemos nos contentar com julgamentos moralistas, mas buscar compreender as raízes do pecado na vida de Davi e as consequências devastadoras de suas escolhas. As “lições de vida” devem ser extraídas não apenas dos exemplos positivos, mas também dos negativos, aplicando os princípios bíblicos ao nosso próprio contexto. Incentive os alunos a compartilharem suas próprias experiências e insights, criando um ambiente de aprendizado mútuo e crescimento espiritual.

TEXTO BÍBLICO
1 Samuel 13.13,14; Atos 13.22.

1 Samuel 13
13 — Então, disse Samuel a Saul: Agiste nesciamente e não guardaste o mandamento que o Senhor, teu Deus, te ordenou; porque, agora, o Senhor teria confirmado o teu reino sobre Israel para sempre.
14 — Porém, agora, não subsistirá o teu reino; já tem buscado o Senhor para si um homem segundo o seu coração e já lhe tem ordenado o Senhor que seja chefe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou.

Atos 13
22 — E, quando este foi retirado, lhes levantou como rei a Davi, ao qual também deu testemunho e disse: Achei a Davi, filho de Jessé, varão conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade.

COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO

Vamos refletir um pouco mais acerca dos tropeços de Davi ao longo do caminho. Mesmo diante de momentos de grande frustração, com o coração contrito, arrependeu-se, buscou perdão e continuou a sua caminhada glorificando ao Senhor. Davi destacou-se por suas virtudes, o profundo desejo e a prática de estar no centro da vontade do Senhor. Sigamos seu exemplo.


Comentário: A ênfase nos “tropeços” de Davi é crucial para evitar uma leitura superficial e idealizada de sua vida. Não se trata de romantizar o pecado, mas de reconhecer a realidade da luta contra a natureza humana decaída. O arrependimento e a busca por perdão não são meros rituais, mas sim expressões de uma fé genuína e de um desejo sincero de se reconciliar com Deus.

A glorificação do Senhor não é um ato isolado, mas sim o resultado de uma vida inteira dedicada a buscar a Sua vontade e a seguir os Seus caminhos. Portanto, ao invés de simplesmente “seguirmos o exemplo” de Davi, devemos nos inspirar em sua perseverança, em sua humildade e em sua paixão por Deus.

I – A HISTÓRIA INSPIRADORA DE UM HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

1 – Começou bem. A história de Davi é impressionante. Começou bem, teve alguns tropeços, mas diante dos seus princípios e o seu relacionamento com Deus, continuou sendo um exemplo admirável de dedicação e comprometimento com o Senhor (1Rs 15.5). Começou sua jornada como um pastor das ovelhas de seu pai (1Sm 17.14) com muitas qualidades: era corajoso, cheio de ânimo, humilde, íntegro, e o Senhor era com ele.

Com essas características chegou diante do gigante e, contrariando o senso comum e usado por Deus, venceu Golias. Tal postura manteve em toda a sua vida como soldado a serviço de Saul preparando-se para um dia subir ao trono de Israel.

Como rei: restaurou as leis negligenciadas iniciando um tempo de edificação espiritual (1Cr 15); unificou as tribos de Israel (2Sm 5); conquistou nações inimigas fortalecendo o exército hebreu. Sem dúvidas, tempos de prosperidade no reino. Um rei que está na galeria dos maiores estadistas de nossa história, um servo do Deus Altíssimo.


Comentário: A expressão “começou bem” deve ser qualificada. Davi demonstrou qualidades admiráveis desde a juventude, mas a semente do pecado já estava presente em seu coração. Sua coragem, seu ânimo, sua humildade e sua integridade não eram atributos inerentes, mas sim dons de Deus que ele escolheu cultivar.

A vitória sobre Golias não foi apenas um ato de bravura, mas um testemunho da fé de Davi na aliança divina. Sua atuação como soldado e rei demonstra sua capacidade de liderança e sua visão estratégica, mas também revela sua sede por poder e reconhecimento. Portanto, ao analisarmos o início da vida de Davi, devemos evitar a idealização e buscar uma compreensão mais realista de sua trajetória.

2 – Tropeços na longa caminhada. Davi é um dos nomes mais citados da Bíblia, não faltam histórias inspiradoras fazendo referência ao filho de Jessé e profundos salmos escritos pelo belemita. Porém, as Sagradas Escrituras também nos revelam os tropeços ao longo da caminhada do homem segundo o coração de Deus. Sempre um convite à reflexão. Já conhecemos o temperamento forte de Davi no episódio que envolveu Nabal. Por pouco as mãos do futuro rei não foram envolvidas com o sangue inocente.

Ao ouvir as considerações de Abigail, recuou e percebeu o livramento que recebera (1Sm 25). Também estudamos um dos episódios mais tristes da vida do rei, o adultério com Bate-Seba e a trama para o assassinato de Urias. Da visita ao terraço, passando pelo adultério e o assassinato, as muitas mentiras para encobrir o pecado, o confronto com Natã e o real arrependimento, duras lições foram aprendidas (2Sm 11,12).

Não esqueçamos de mencionar as suas conturbadas e trágicas histórias familiares, exemplos claros de como não proceder em um casamento ou na relação com os filhos. Finalmente há um tropeço notável ainda não mencionado em nosso estudo: a soberba de Davi ao fazer o censo com a finalidade de saber qual o real tamanho do seu poderio militar, uma astuta armadilha de Satanás (1Cr 21). Mesmo com os alertas de que não deveria fazer tal ato, insistiu demonstrando uma exaltação de si diante de todo o reino e nações vizinhas. O problema não era o censo, mas sim o que o motivou.


Comentário: A exegese detalhada dos “tropeços” de Davi é fundamental para extrair lições práticas e relevantes para a nossa vida. O episódio com Nabal revela a importância do autocontrole e da sabedoria na tomada de decisões. O adultério com Bate-Seba e o assassinato de Urias são um duro lembrete das consequências devastadoras do pecado e da necessidade de vigilância constante.

As “conturbadas e trágicas histórias familiares” demonstram como a falta de comunicação, a ausência de disciplina e a negligência emocional podem gerar conflitos e sofrimento. A soberba de Davi ao fazer o censo revela a sutileza da tentação e a importância da humildade e da dependência de Deus. Cada um desses episódios oferece uma oportunidade de refletirmos sobre nossos próprios pontos fracos e de buscarmos a graça divina para vencermos o pecado.

3 – Legado. Os feitos e o legado de Davi transcendem as páginas da Bíblia e nos alcançam na contemporaneidade. O seu exemplo de fidelidade, liderança, serviço e integridade nos inspiram e nos convidam a viver de forma mais comprometida com a direção divina. Adorador fervoroso e salmista divinamente inspirado, duas posturas que nos sinalizam o nítido exemplo de um homem que tinha no Senhor sua fonte de força, alegria, esperança, fé e amor!


Comentário: Ao avaliarmos o “legado” de Davi, devemos evitar a visão triunfalista e reconhecer a complexidade de sua influência. Sua fidelidade, liderança, serviço e integridade são qualidades admiráveis, mas não devem ser imitadas de forma cega e acrítica. Davi foi um líder militar bem-sucedido, mas também um conquistador implacável.

Foi um adorador fervoroso, mas também um pecador contrito. Sua música e poesia expressam profunda devoção a Deus, mas também revelam suas lutas internas e suas angústias. Portanto, ao nos inspirarmos no legado de Davi, devemos buscar um equilíbrio entre a admiração e a crítica, aprendendo com seus acertos e evitando seus erros.

SUBSÍDIO 1

Professor(a), inicie o tópico fazendo a seguinte pergunta: “Todos nós influenciamos e somos influenciados o tempo todo. Isso é legado. Qual legado você está deixando para as pessoas que convivem com você?”. Incentive a participação dos alunos e ouça as respostas com atenção. Diga que todos estamos sujeitos aos erros ao longo do caminho. É necessário que busquemos sempre, com um coração contrito e arrependido, o perdão do Senhor.

Os feitos e o legado de Davi transcendem as páginas da Bíblia e nos alcançam na contemporaneidade. O seu exemplo de fidelidade, liderança, serviço, e integridade nos inspiram e nos convidam a vivermos de forma mais comprometida com a direção divina. Adorador fervoroso e salmista divinamente inspirado, duas posturas que nos sinalizam o nítido exemplo de um homem que tinha no Senhor sua fonte de força, alegria, esperança, fé e amor.

Em Davi, alvo da promessa de um reino que não teria fim, encontramos um legado que vai além do seu tempo presente e alcança uma dimensão futura e divina. O homem segundo o coração de Deus é também apresentado em uma ótica messiânica apontando para aquEle que viria séculos depois para salvar toda a humanidade.

Assim como Davi deixou um legado impressionante, também somos desafiados a responder uma importante questão: “qual legado estamos construindo e deixando para os nossos irmãos?” Mesmo sendo jovens, apresenta-se a nós a oportunidade de influenciarmos e promovermos nas pessoas, que conosco convivem, a vontade de viver novos desafios e, o mais elevado de todos, abraçarem a causa do Reino de Deus.


Comentário: Estimulamos os alunos a serem agentes ativos na construção de seu próprio legado, à luz da teologia da mordomia e da responsabilidade social. Ressaltamos que todos influenciam e são influenciados, e que cada um tem a oportunidade de deixar uma marca positiva no mundo. O legado de Davi é um exemplo inspirador, mas não deve ser imitado de forma passiva.

Devemos nos inspirar em sua fé, em sua coragem, em sua paixão por Deus e em seu compromisso com a justiça. A promessa de um reino que não terá fim, feita a Davi, aponta para a esperança da vida eterna e para o cumprimento do plano redentor de Deus em Cristo. Desafiamos os alunos a abraçarem a causa do Reino de Deus, a viverem de forma coerente com seus valores e a influenciarem positivamente as pessoas ao seu redor.

II – O QUE É SER UM HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

1 – Segundo o coração de Deus. A vida de Davi nos ensina muito acerca de como deve ser o nosso relacionamento com o Senhor. Ele era um homem comprometido com Deus e buscava incessantemente cumprir os desígnios divinos para a sua vida.

Podemos destacar algumas características esperadas de um homem segundo o coração de Deus (At 13.22); obedecia a vontade de Deus; dependia do poder do Espírito e da graça divina; estava plenamente satisfeito e grato ao Senhor; confiava e descansava na soberania divina; se permitia ser corrigido por Deus buscando sempre a correção das suas falhas; tinha o coração sincero e contrito arrependendo-se profundamente de seus pecados, buscando o perdão e a restauração nas mãos do Senhor.


Comentário: A definição de “homem segundo o coração de Deus” deve ser compreendida dentro do contexto da teologia bíblica da imagem de Deus e da santificação. A busca por um relacionamento íntimo com o Senhor não é um fim em si mesmo, mas sim um meio de nos tornarmos mais parecidos com Cristo, refletindo a Sua imagem em nossas vidas.

A obediência à vontade de Deus, a dependência do Espírito Santo, a gratidão, a confiança, a humildade e o arrependimento são características essenciais do processo de santificação, que nos transforma à imagem de Cristo. Portanto, ao invés de buscarmos ser “homens segundo o coração de Deus” no sentido de imitarmos Davi, devemos buscar ser discípulos de Cristo, seguindo os Seus ensinamentos e vivendo de acordo com os Seus valores.

2 – Um coração contrito. Davi teve, ao longo de sua vida, vários tropeços, mas suas falhas não mudaram o relacionamento entre Deus e ele. Mas como isso foi possível? Ele reconhecia os seus erros, era humilde e ansiava pela integridade, buscava ser sincero e justo, arrependia-se de suas falhas e humilhava-se em busca de perdão e restauração (Sl 34.18).

Saul também cometeu erros e pecou, porém, seu coração era soberbo, duro e não tinha a sinceridade necessária ao arrependimento. Essa postura fez com que o Senhor rejeitasse a Saul (1Sm 15.10,11) e buscasse um novo rei para Israel, um homem segundo o seu coração (At 13.22).

A seguir, dois exemplos que evidenciam o coração contrito do rei: por ocasião do pecado do adultério e assassinato, Davi reconhece o seu erro e se derrama diante do Senhor (Sl 51) em uma oração quebrantada, pura e sincera; já com o censo, em uma atitude que visava exaltar o próprio poderio, Davi foi contra a orientação divina (Êx 30.12) e se deixou manipular pelo inimigo.

Com a intenção de demonstrar a todos o tamanho do seu exército, Davi acabou por desprezar a fidelidade de Deus (1Cr 21.7). Assim que percebeu seu erro, humilhou-se e quebrantou-se implorando pelo perdão. A atitude de Davi frente aos seus erros nos mostra que, embora todos somos sujeitos às quedas, o Senhor está sempre disposto a nos perdoar e nos colocar de pé (Sl 86.5; 1Jo 1.9; Ef 1.7).


Comentário: O contraste entre Davi e Saul ilustra a importância da humildade e do arrependimento para a restauração do relacionamento com Deus. Saul, apesar de ter sido ungido como rei, endureceu seu coração e se rebelou contra os mandamentos divinos, perdendo a bênção de Deus. Davi, por outro lado, apesar de ter cometido pecados graves, manteve um coração sensível à voz de Deus e buscou o perdão e a restauração.

O Salmo 51 é um testemunho da sinceridade do arrependimento de Davi e de sua fé na misericórdia divina. O episódio do censo demonstra como a soberba pode nos cegar e nos levar a desprezar a fidelidade de Deus. A atitude de Davi ao reconhecer seu erro e implorar pelo perdão é um exemplo para todos nós, demonstrando que a graça de Deus é sempre maior do que nossos pecados.

SUBSÍDIO 2

Inicie o tópico com a seguinte pergunta: “Podemos glorificar a Deus com as nossas virtudes. Suas virtudes estão sendo dedicadas no serviço do Senhor Jesus?”. Davi foi considerado um homem segundo o coração de Deus. O que o distinguia dos demais era a sua relação com o Senhor e a sua disposição em servi-lo.

Um dos nomes mais mencionados nas páginas da Bíblia (quase mil vezes), sua história é figura central ao longo de 62 capítulos e compôs mais de 70 salmos. Seu nome é citado nas duas genealogias de Jesus (Mt 1.1-17; Lc 3.23-38) e tem seu nome mencionado diversas vezes conectando-o ao Messias, como o “Filho de Davi” (Mt 9.27).

Sem dúvidas estamos falando de alguém que, além de possuir muitas virtudes, as colocava à disposição da vontade divina. Algumas dessas virtudes, que são características elevadas, são mencionadas por um servo de Saul ao rei, por ocasião da busca por alguém que pudesse acalmá-lo diante dos tormentos provocados pelo espírito ruim (1Sm 16.18); era um músico com unção; era valente; era animoso; era guerreiro; era sério em palavras; era gentil; e o Senhor era com ele.

A esta lista ainda podemos citar: sensível, íntegro, fiel, humilde, amoroso, entre outros. E em todas as virtudes, Davi era intenso. Vejamos um exemplo: quando Golias começa a correr em direção a Davi para matá-lo no campo de batalha, o jovem se apressa e corre com muita rapidez ao encontro do gigante (1Sm 17.48). Para muitos, seria uma corrida para a morte certa. Para Davi era um ato de fé e a certeza de que a peleja era do Senhor (1Sm 17.37). A vitória foi certa e até hoje nos inspiramos nessa magnífica história.


Comentário: Ao desafiarmos os alunos a dedicarem suas virtudes ao serviço do Senhor Jesus, devemos enfatizar a importância da motivação correta. Não se trata de buscarmos reconhecimento ou recompensa, mas sim de glorificarmos a Deus e de servirmos ao próximo com amor e gratidão. Davi foi considerado um “homem segundo o coração de Deus” não apenas por suas virtudes, mas por sua disposição em colocá-las à disposição da vontade divina.

Sua música, sua valentia, sua animação, sua seriedade, sua gentileza, sua sensibilidade, sua integridade, sua fidelidade, sua humildade e seu amor eram canais da graça de Deus e instrumentos para o cumprimento de Seus propósitos. A história de Davi correndo ao encontro de Golias é um exemplo de fé e coragem, mas também de confiança na providência divina e de compromisso com a causa de Deus.

III – UM DESAFIO PARA CADA UM DE NÓS

1 – Buscar a presença de Deus. Estamos diante de um grande desafio: fazer a vontade de Deus em todo o tempo, mesmo que não tenhamos uma visão, um entendimento completo da sua vontade. O Senhor sabia o que era melhor para Davi e Ele sabe o que é melhor para você também. Buscar a Deus nos leva a uma amplitude de vida, de obra, de prioridades e de sentidos.

Fomos chamados e escolhidos pelo Senhor e, como Davi, temos um compromisso com o Eterno. Sendo assim, todas as áreas de nossa vida devem refletir essa verdade: a forma de caminhar, relacionar, agir, ensinar, aprender e desenvolver.

Nossa forma de ver o mundo e de fazer as coisas mais complexas e as simples também, as palavras que saem de nossa boca, todas essas possibilidades devem necessariamente refletir a nossa condição de separados por Deus para uma missão especial, como Davi.


Comentário: A busca pela presença de Deus não deve ser entendida como apenas uma busca por experiências místicas ou por revelações extraordinárias, mas também como um esforço contínuo para nos aproximarmos de Deus por meio da oração, da leitura da Bíblia, da comunhão com outros cristãos e do serviço ao próximo.

Fazer a vontade de Deus nem sempre é fácil, pois muitas vezes não compreendemos plenamente Seus desígnios. No entanto, podemos confiar que o Senhor sabe o que é melhor para nós e que Ele nos guiará em cada passo do caminho.

A busca por Deus nos leva a uma vida plena e significativa, com propósitos e valores que transcendem as preocupações terrenas. Fomos chamados e escolhidos por Deus para uma missão especial, e todas as áreas de nossa vida devem refletir essa verdade.

2 – Servir. Diante do exemplo de Cristo, somos chamados a servir e nos entregar no cumprimento da vontade divina. Muitas vezes até pensamos que não conseguiremos, mas o Senhor nos fortalece e nos impele a ir além com o seu próprio exemplo (Jo 14.12). Nesse chamado é preciso olhar para dentro de nós e descobrir quem realmente somos: servos de Deus. É preciso que verdadeiramente nos tornemos parecidos com Jesus e aí sim, de forma plena e eficaz, seremos servos à imagem do Mestre (Fp 2.5-9).

Tal atitude requer tempo e compromisso. Deus não deseja que sejamos apenas crentes, mas sim que sejamos servos. Davi dedicou a sua vida ao ato de servir (Sl 89.20), desde a juventude serviu à família (1Sm 17.34,35), ao rei (1Sm 16.21), a Israel (At 13.36). E dedicando-se a todas essas causas, serviu a Deus que o chamou para uma grande missão (1Sm 16.12). Nós também somos convidados a servir.

No Reino de Deus, servir é a atitude mais elevada do que ser servido. Doar-se em prol da causa da cruz é consequência natural do que cremos. Inspirados pelo Mestre, somos convidados a servir com a bacia, a água e a toalha (Jo 13.1-20; Mt 20.25-28). Como Igreja, sendo Sal e Luz, temos em Cristo nossa maior referência (Mt 5.13-16). Jesus não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida para salvar os que se haviam perdido (Lc 19.10). Esse é o nosso exemplo máximo de servidor.

A disposição em servir é uma virtude essencial que permeia toda a vida do crente. Sem dúvidas, algo antagônico aos valores do mundo onde servir é demérito e ser servido é honroso (Mc 10.43-45). Quando servimos ao Senhor e, assim, abençoamos ao próximo, estamos participando do Reino de Deus aqui na dimensão presente com ações que revelam a graça divina sobre todos.


Comentário: A exortação ao serviço deve ser compreendida dentro do contexto da teologia do Reino de Deus e da missão da Igreja. Servir não é apenas uma atividade filantrópica ou um ato de bondade, mas sim uma expressão do amor de Deus e um testemunho do Reino vindouro.

Jesus Cristo, o Rei dos reis, se fez servo e deu Sua vida para salvar a humanidade. Seu exemplo nos inspira a seguirmos Seus passos e a servirmos ao próximo com humildade e generosidade. Davi, apesar de sua posição como rei, dedicou sua vida ao serviço, desde a juventude até a velhice. Servir é um chamado para todos os cristãos, independentemente de sua idade, talento ou posição social. Ao servirmos ao Senhor e abençoarmos o próximo, estamos participando da construção do Reino de Deus e revelando a Sua graça sobre o mundo.

CONCLUSÃO

O legado deixado pelo homem segundo o coração de Deus nos impressiona e nos convida a estar cada vez mais no centro da vontade do Senhor. Fica para nós um grande exemplo de devoção, confiança, fidelidade e entrega em prol da obra de Deus. Que possamos ter também a consciência da nossa responsabilidade enquanto servos valorosos do Senhor e, de forma contínua, busquemos ser segundo o coração de Deus.

Comentário: A conclusão da lição deve servir como um chamado à ação e um convite à reflexão. O legado de Davi é um exemplo inspirador, mas não deve ser imitado de forma passiva. Devemos buscar compreender os princípios que nortearam sua vida e aplicá-los ao nosso próprio contexto.

A devoção, a confiança, a fidelidade e a entrega são qualidades essenciais para a vida cristã, mas devem ser cultivadas em um relacionamento íntimo com Deus e em um compromisso com a Sua vontade. Que possamos ter a consciência de nossa responsabilidade como servos de Deus e buscar continuamente a Sua face, para que possamos ser transformados à imagem de Cristo e vivermos para a glória do Seu nome.

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