LIÇÃO 13: AS MARCAS DE CRISTO


LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS


3º Trimestre de 2025

Título: A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas


Autor: Alexandre Coelho

Comentário: Palavra Forte de Deus

Data: 28 de setembro de 2025


TEXTO PRINCIPAL

Desde agora, ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus.” (Gl 1.7).


Comentário da Palavra Forte de Deus


Paulo encerra sua epístola aos Gálatas com uma declaração pessoal e enfática, demarcando um limite contra aqueles que o perturbavam com falsos ensinamentos e legalismos [Gl 6:17]. Ao afirmar “Desde agora, ninguém me inquiete,” ele não busca evitar o debate honesto ou a correção fraterna, mas sim repelir as incessantes investidas de indivíduos que minavam a essência do Evangelho da graça.

A frase “porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus” revela a profunda identificação de Paulo com Cristo e o preço que ele pagou por sua fé [Gl 6:17]. As “marcas” não são meras cicatrizes físicas, mas sim evidências visíveis de sofrimento, perseguição e dedicação ao serviço de Cristo. Essas marcas atestam sua autenticidade como apóstolo e selo de sua mensagem.

Em suma, Gálatas 6:17 é um testemunho poderoso da paixão de Paulo pelo Evangelho e sua disposição de suportar o sofrimento por causa de Cristo. A declaração final serve como um desafio para os Gálatas (e para nós) a permanecerem firmes na verdade do Evangelho, a rejeitarem os legalismos e a abraçarem a liberdade que há em Cristo [Gl 6:17]. A rejeição do legalismo é um convite à liberdade.


RESUMO DA LIÇÃO

Não há virtude alguma na circuncisão e nem na incircuncisão, mas a virtude está em ser uma nova criatura mediante a fé em Jesus Cristo.


Comentário da Palavra Forte de Deus


Essa declaração sucinta resume a essência do ensinamento de Paulo sobre a justificação pela fé em Cristo, em contraposição à observância de rituais externos. A assertiva de que a circuncisão ou a incircuncisão carecem de valor intrínseco reflete a mensagem central da Epístola aos Gálatas: a salvação não é alcançada por meio de obras da Lei, mas sim pela graça de Deus, recebida por meio da fé [Gl 2:16, 3:11]. A fé é dom de Deus.

A verdadeira “virtude” (ou poder) reside em “ser uma nova criatura”, uma transformação radical e sobrenatural operada pelo Espírito Santo. Essa renovação interior não é um mero ajuste comportamental, mas uma recriação do ser humano à imagem de Cristo, afetando seus pensamentos, desejos e ações [2 Co 5:17]. A renovação interior é uma recriação do ser humano.

Portanto, a fé em Jesus Cristo é o meio pelo qual essa transformação se torna realidade. Não se trata de uma crença passiva, mas de uma entrega total a Cristo, confiando em sua obra redentora e permitindo que o Espírito Santo governe a vida. Essa fé resulta em uma nova identidade, um novo propósito e um novo relacionamento com Deus.


LEITURA DA SEMANA

SEGUNDA — Rm 2.25 A circuncisão só tem valor se guardar a Lei
TERÇA — Gl 6.10 Façamos o bem a todos
QUARTA — Gl 6.13 Os judaizantes ensinavam a Lei, mas não a guardavam
QUINTA — Gl 6.9 A colheita para os que não se cansam de fazer o bem
SEXTA — Hb 4.16 Graça em tempo oportuno
SÁBADO — Gl 6.17 Um soldado com várias cicatrizes


OBJETIVOS

SABER que o bem deve continuar sendo feito;
COMPREENDER que os gálatas que desejavam se circuncidar queriam demonstrar uma aparência de que andavam no Espírito;
CONSCIENTIZAR de que ser ou não circuncidado não faz diferença em Cristo, mas sim, ser uma nova criatura.


INTERAÇÃO

Professor(a), com a graça de Deus, estamos concluindo mais um trimestre. Aprendemos com a Carta aos Gálatas que a graça do Eterno é uma graça disposta não somente para a salvação, mas também para a manutenção dela. Que a maravilhosa graça do Senhor esteja com você e seus alunos, até que um dia sejam chamados para experimentar a vida eterna com Ele nos céus.


ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Professor(a), escreva no quadro: “A Carta aos Gálatas”. Pergunte aos alunos os pontos que eles mais gostaram de estudar e o porquê. Ouça-os com atenção e incentive a participação de todos, pois o envolvimento deles vai ajudar você a fazer uma avaliação do trimestre.

Depois, explique que “Gálatas é muitas vezes entendida como a carta que ensina a justificação pela fé somente em Cristo. Paulo investe contra falsos mestres que ensinam os cristãos a complementarem a obra de Cristo com a guarda da Lei como parte de ganhar a salvação. Diga que a Galácia é uma região étnico-geográfica no norte da Ásia Menor habitada principalmente por povos de origem gaulesa e celta desde meados do século IV a.C.

Em 25 a.C., os romanos conferiram o status de província à região étnico-geográfica da Galácia e a partes do Ponto, Frígia, Pisídia e Licaônia, mais ao sul. Algumas das cidades que Paulo visitou na Primeira Viagem Missionária (At 13 — 14) situavam-se na parte sul desta região: Antioquia, Icônio, Listra e Derbe” (Adaptado de Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.210).


TEXTO BÍBLICO

Gálatas 6.9-15.


9 — E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.
10 — Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé.
11 — Vede com que grandes letras vos escrevi por minha mão.
12 — Todos os que querem mostrar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo.
13 — Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a Lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne.
14 — Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu, para o mundo.
15 — Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura.


COMENTÁRIO DA LIÇÃO

INTRODUÇÃO

Ao longo deste trimestre estudamos a Carta aos Gálatas, escrita pelo apóstolo Paulo. Ao concluir sua carta, Paulo apresenta recomendações práticas para os irmãos e os incentiva a terem uma fé igualmente prática. Ele prossegue com a ideia da perseverança no fazer a obra de Deus, e lembra novamente do centro do seu pensamento na Carta: a não circuncisão para os gentios que aceitaram a Jesus. Como um bom soldado, ele trazia consigo as marcas do seu Senhor, algo que os judaizantes não traziam, e completa desejando a graça de Deus para os seus leitores.


Comentário da Palavra Forte de Deus


No decurso deste trimestre, nos dedicamos ao estudo da Epístola aos Gálatas, um escrito de autoria do apóstolo Paulo. Ao finalizar sua carta, Paulo oferece orientações aplicáveis aos irmãos e os estimula a cultivarem uma crença similarmente aplicável. Ele avança com a concepção da constância na realização da obra de Deus, e recorda, mais uma vez, o âmago de seu pensamento na Carta: a dispensabilidade da circuncisão para os gentios que acolheram a Jesus.

À semelhança de um militar valoroso, ele carregava consigo os sinais de seu Senhor, uma característica que os judaizantes não ostentavam, e finda expressando o desejo da graça divina para seus leitores. As “marcas de Jesus” simbolizam o sofrimento e a dedicação de Paulo ao serviço de Cristo, contrastando com a busca por reconhecimento e aceitação por meio de rituais externos [2 Co 11:23-27].

Em síntese, a conclusão da Epístola aos Gálatas reafirma a importância da graça divina, da fé genuína e da perseverança na obra de Deus. Paulo, ao se apresentar como um exemplo de serviço e sacrifício, desafia os gálatas a viverem de acordo com o Evangelho que ele pregou. O Evangelho pregado por Paulo era de liberdade e compromisso.




Na parte final de sua Carta, Paulo fala sobre a constância no fazer o bem. Se por um lado, ele adverte aos gálatas sobre questões doutrinárias, por outro lado, reconhece que eles faziam boas obras, e que elas deveriam permanecer como uma prática cristã. Paulo não diz que os gálatas precisavam fazer o bem, como se não o fizessem. Ele pede para que não se cansem de fazê-lo.

O motivo pelo que Paulo incentiva os gálatas a serem constantes nisso é que um dia ceifarão o que estão plantando. Essa linguagem conectada à agricultura era de conhecimento dos seus leitores. Se na lição antecedente vimos um tipo de plantio e colheita, o que o homem semear, isto também colherá, nesta lição veremos o poder da decisão e a necessidade de ser constante no trabalho do Reino.

Quem faz o bem, ainda que demore, um dia colherá o que plantou, isso se tal pessoa não desistir.Paulo lembra aos seus leitores de que para receber a recompensa não podem desfalecer, se cansar. Da mesma forma que um agricultor exerce seu trabalho constante, mesmo dependendo do clima, sabe que um dia a colheita vai chegar.


Comentário da Palavra Forte de Deus


Na parte conclusiva de sua Epístola, Paulo aborda a importância da perseverança na prática do bem. Embora ele também alerte os gálatas sobre desvios doutrinários, ele reconhece que eles já se dedicavam a boas obras, e que estas deveriam ser mantidas como parte integrante de sua vivência cristã. A insistência de Paulo na constância do bem destaca que as ações concretas são uma demonstração visível de uma fé autêntica [Tg 2:14-17].

Paulo não está insinuando que os gálatas negligenciavam o bem; pelo contrário, ele os encoraja a não desanimarem em sua prática. O motivo para essa exortação reside na certeza de que, no devido tempo, eles colherão os frutos de suas ações. A utilização da linguagem agrícola era familiar aos seus destinatários, evocando a lei da semeadura e colheita, onde as ações presentes determinam as consequências futuras [Gl 6:7-9]. As ações presentes determinam as consequências futuras.

Em síntese, Paulo estimula os gálatas a manterem-se firmes na prática do bem, garantindo-lhes que a persistência trará uma rica recompensa. Essa mensagem serve como um incentivo à fidelidade e à esperança, recordando-lhes que Deus honrará aqueles que não abandonam a prática do que é justo. A persistência é honrada por Deus.


2. Os domésticos da fé.

A nossa fé deve ser prática e direcionada às pessoas que nos cercam, mas de forma específica. Paulo menciona um grupo de pessoas: os domésticos da fé. Esses eram os irmãos da igreja em que congregavam. A prioridade deveria ser direcionada aos que já tinham sido salvos. Em nossos dias, somos bombardeados com propagandas solicitando auxílio para diversos grupos tidos por necessitados.

Não é errado um cristão oferecer auxílio a qualquer grupo de pessoas que realmente precise, pois doenças, guerras, catástrofes naturais e outras situações que afetam a economia e a segurança de um país podem surgir em qualquer lugar do mundo. Muitos cristãos colaboram nesse aspecto, que é uma forma de generosidade, e isso não deve ser desconsiderado. Entretanto, a recomendação apostólica é que façamos o bem a todos, “principalmente aos domésticos da fé” (v.10).


Comentário da Palavra Forte de Deus


A nossa fé deve ser prática e direcionada às pessoas que nos circundam, mas de forma específica. Paulo alude a um grupo de pessoas: os domésticos da fé. Estes eram os irmãos da igreja em que se congregavam. A prioridade deveria ser direcionada aos que já tinham sido salvos. O conceito de “domésticos da fé” denota a responsabilidade especial dos crentes em cuidar uns dos outros dentro da comunidade cristã [1 Tm 5:8].

 Embora o mundo apresente inúmeras demandas por auxílio, a orientação apostólica é que o bem seja praticado para com todos, “principalmente aos domésticos da fé” (v.10). Essa priorização não impede a generosidade para com outros grupos em necessidade, mas estabelece que a comunidade de crentes tem um compromisso prioritário de cuidado e apoio mútuo, fortalecendo os laços espirituais [Mt 5:43-48].

Em síntese, Paulo instrui os gálatas a priorizarem o cuidado e o auxílio aos membros da comunidade cristã, sem negligenciar a prática do bem para com todos. A mensagem enfatiza a importância da solidariedade e do amor fraternal dentro da igreja, como um testemunho do Evangelho. O amor fraternal é um testemunho do evangelho.


3. Grandes letras.

É provável que Paulo estivesse tendo dificuldades com sua visão. Uma possível referência nesse aspecto é que ele relembra aos gálatas que quando esteve com eles, mesmo em fraqueza, não foi desprezado. Pelo contrário, ele diz que se os gálatas pudessem, eles teriam arrancado os olhos para darem ao apóstolo (Gl 4.15). Pode ter sido esse o motivo que o levou a destacar esse texto.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A menção de “grandes letras” na conclusão da epístola provavelmente indica que Paulo enfrentava desafios visuais, o que o levava a ampliar a escrita para facilitar a leitura, conforme aludido anteriormente (Gl 4:13-15). Essa possível limitação física lança luz sobre a humanidade do apóstolo, que, apesar de suas fraquezas, persistia em seu ministério.

A lembrança do carinho dos gálatas, que estariam dispostos a oferecer-lhe os próprios olhos, ressalta o profundo afeto e respeito que a comunidade nutria por Paulo, mesmo em meio às suas enfermidades. Esse gesto demonstra a importância dos laços de cuidado e apoio mútuo dentro da igreja.

Em última análise, a referência às “grandes letras” não apenas revela um aspecto da condição física de Paulo, mas também sublinha sua humildade e a importância dos relacionamentos fraternais, marcados pela compaixão e pela gratidão, dentro da comunidade cristã.


SUBSÍDIO I

Professor (a), peça que um aluno leia Gálatas 6.11: “Vede com que grandes letras vos escrevi por minha mão”. Em seguida pergunte qual o significado desse versículo. Ouça os alunos com atenção e depois converse com eles mostrando que é possível que a Carta aos Gálatas tenha sido escrita por um amanuense, um escritor profissional, que ia escrevendo à medida que Paulo ditava, e que nesse momento, o leitor da Carta tenha parado a leitura e mostrado aos crentes as letras de Paulo, que teria passado nessa parte a escrever de próprio punho.


II. APARÊNCIA NA CARNE

1. Circuncisão nos gentios.

“Todos os que querem mostrar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos” (v.12). O apóstolo mostra que os judaizantes queriam demonstrar uma aparência de que andavam no Espírito. Eles preferiam a marca de um ato exterior para não serem perseguidos. A circuncisão nunca foi nem nunca será um pré-requisito ou pós-requisito para a salvação em Cristo.


Comentário da Palavra Forte de Deus


Paulo expõe que os defensores da circuncisão procuravam impressionar com uma exterioridade piedosa, preferindo a formalidade de um rito para evitar confrontos. Ao desmascarar essa atitude, o apóstolo revela que a busca por aceitação e a fuga da perseguição podem levar à distorção do Evangelho [Gl 5:11]. A distorção do Evangelho acontece para evitar confrontos.

A afirmação de que a circuncisão não é condição para a salvação em Cristo ressalta a importância da fé e da graça como os únicos meios de justificação (Rm 3:28, Gl 2:16). Essa verdade liberta os crentes do legalismo e os direciona a uma relação genuína com Deus, fundamentada na confiança em sua obra redentora. A fé e a graça libertam os crentes do legalismo.

Em conclusão, a passagem adverte sobre a busca por aprovação humana em detrimento da fidelidade a Cristo e reafirma que a salvação é um dom gratuito, acessível a todos por meio da fé. A verdadeira transformação não reside em ritos externos, mas na obra interior do Espírito Santo. A verdadeira transformação é a obra interior do Espírito Santo.


2. Não guardam a Lei.

Um dos problemas dos falsos mestres é que eles não cumpriam aquilo que ensinavam os outros a guardarem. Na prática, os judaizantes provavelmente foram os primeiros a perseguir os verdadeiros cristãos, não com a força do Estado ou com armas e prisões, como o Saulo não convertido fazia. A constância na apresentação e um falso ensino não deixa de ser uma forma de perseguição. Uma das formas de tirar uma pessoa dos caminhos do Senhor é ensinar a ela um atalho que a levará a lugar nenhum.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A conduta dos falsos mestres, ao demandarem dos outros a observância de preceitos que eles próprios desconsideravam, explicita uma lamentável desconexão entre o discurso e a vivência. Essa ausência de integridade manifesta um desinteresse pela veracidade e uma busca por exercer ascendência sobre os demais (Mt 23:3). A busca por poder é clara na falta de integridade.

A disseminação de um ensinamento adulterado, disfarçado de verdade, representa uma modalidade velada de perseguição, desviando os indivíduos da senda da genuína crença em Cristo. A apresentação de um “atalho” que se distancia dos fundamentos bíblicos pode acarretar implicações nefastas para a jornada espiritual. O caminho da fé genuína é desviado pelo ensinamento adulterado.

Dessa forma, a passagem adverte sobre os perigos inerentes à hipocrisia e ao legalismo, e realça a obrigatoriedade de uma fé autêntica, que se manifeste em um modo de vida condizente com os preceitos de Cristo. Essa coerência não apenas valida a mensagem do Evangelho, mas também protege os crentes de serem iludidos por aqueles que buscam manipular a fé para proveito próprio. Uma fé autêntica protege contra a manipulação.


3. Em que gloriar-se.

Os judaizantes impunham a circuncisão aos gentios, mas eles mesmos não guardavam a Lei. Se sentiam realizados em obrigar os gentios a guardarem os mandamentos que eles mesmos não guardavam (v.13).

Paulo diz que a alegria dele não era a mensagem da circuncisão, e sim a cruz de Cristo. Ele via o mundo como crucificado, ou seja, morto, e da mesma forma, se via morto para o mundo. Essa fala é necessária, pois uma pessoa pode ver o mundo como um sistema morto, mas estar disponível para torná-lo vivo em sua vida.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A insistência dos judaizantes em impor a circuncisão aos gentios, ao mesmo tempo em que negligenciavam a observância da própria Lei, revela uma atitude de ostentação e uma tentativa de obter aceitação perante Deus por meio de ritos exteriores, em vez de uma genuína entrega do coração (Lc 18:9-14). Essa busca por autoafirmação por meio de práticas religiosas pode desviar do verdadeiro caminho da fé.

Em contrapartida, Paulo proclama que sua alegria não se encontra na disseminação da circuncisão, mas sim na cruz redentora de Cristo. Essa postura demonstra uma completa dependência da graça divina e uma rejeição a qualquer forma de vanglória ou autossuficiência (Gl 2:20). A centralidade da cruz de Cristo implica uma transformação interior e uma nova perspectiva sobre a vida e o mundo.

Dessa maneira, a passagem confronta a atitude daqueles que se vangloriam na imposição de normas com a postura de Paulo, que encontra sua glória na cruz. O chamado é para que os crentes abandonem a soberba e a busca por autojustificação, encontrando verdadeira satisfação e identidade em Cristo, o único que pode transformar o coração e dar sentido à existência. A verdadeira identidade é encontrada em Cristo. 


SUBSÍDIO II

“Os judaizantes continuaram a observar as práticas judaicas da circuncisão, das leis alimentares, do sábado e das outras festas ao lado da nova fé em Jesus como o Messias. Em particular, eles criam que a salvação era para os judeus e que qualquer um que quisesse experimentá-la precisava alinhar-se com todas as práticas judaicas do Antigo Testamento.

Paulo, mais do que ninguém, viu os perigos desse movimento e condenou corretamente até o próprio Pedro, quando viu que este e outros ‘não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho’. Paulo ‘[…] disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?’ (Gl 2.14). Os judaizantes sofreram uma derrota significativa no concílio de Jerusalém, quando Tiago e a igreja de Jerusalém determinaram que os gentios não precisavam ser circuncidados para serem salvos (At 15).” (Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.291).

PROFESSOR(A), “Paulo conhecia as Escrituras melhor do que a maioria das pessoas. Ele via mais do mundo do que a maioria dos mercadores. Ele escreveu algumas das cartas mais longas conhecidas na época. Para os seus convertidos, ele era um amigo fiel: para os seus oponentes, um agitador irreprimível. Mas, segundo ele mesmo, não era nada mais, nada menos, do que o homem a quem Deus chamou por meio de Jesus Cristo para levar o Evangelho até os confins da terra.” (Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.283).


III. PALAVRAS FINAIS

1. Jesus faz acepção de pessoas?

Paulo explica que ser ou não circuncidado não faz diferença em Cristo, mas sim ser uma nova criatura. Milhares de judeus, no primeiro século, receberam Jesus como seu Messias, da mesma forma que gentios também creram no Evangelho e tiveram suas vidas transformadas. Não é a circuncisão que faz a pessoa ser uma nova criatura. No judaísmo, uma pessoa gentia poderia se tornar um prosélito, desde que fosse circuncidada e praticasse as obras da Lei, mas isso não fazia dela uma nova criatura.


Comentário da Palavra Forte de Deus


Paulo assevera que a adesão ou não à circuncisão não implica em diferenciação perante Cristo, mas sim a transformação em uma nova criatura. Inúmeros judeus, no século inaugural, abraçaram Jesus como o Messias, assim como gentios igualmente confiaram no Evangelho e experimentaram a renovação de suas vidas. A mensagem central é que a identidade em Cristo transcende as distinções étnicas e as práticas religiosas [Gl 3:28]. A fé em Cristo transcende as distinções étnicas.

A circuncisão, em si, não possui o poder de gerar uma nova criatura. No contexto do judaísmo, um gentio poderia tornar-se um prosélito mediante a circuncisão e a prática das obras da Lei, contudo, tal adesão não resultava em uma transformação genuína. Assim, a fé genuína produz transformação.

Em derradeiro, Paulo evidencia que a aceitação divina não se fundamenta em ascendência étnica ou em ritos, mas sim na crença em Jesus Cristo, que promove a renovação do ser humano. Essa recriação é fruto da atuação do Espírito Santo e se manifesta em uma existência pautada pelo amor, pela equidade e pela santidade. Portanto, a crença promove a renovação do ser humano.


2. As marcas de Cristo.

Paulo fala algo que os judaizantes não tinham autoridade para alegar: ele tinha as marcas de Cristo. Essa expressão remonta aos sofrimentos e adversidades enfrentados por amor a Jesus ao longo do seu ministério.

Ele escreveu aos Coríntios sobre o que havia passado por amor do Evangelho: açoitado diversas vezes, preso, apedrejado, náufrago em três ocasiões, além das viagens perigosas por causa de ladrões, de falsos irmãos, de judeus que lhe desejavam a morte, e os períodos de escassez, de vigílias e a constante pressão que as igrejas lhe traziam ao coração (2Co 11.22-29).

Cada momento de perseguição deixou marcas no apóstolo, mas ele não se manifesta em tom de reclamação ou vitimismo, mas sim no sentido de mostrar que os seus acusadores tentavam fugir da perseguição por causa da cruz de Cristo.


Comentário da Palavra Forte de Deus


Paulo declara possuir as “marcas de Cristo,” uma prerrogativa que seus oponentes não podiam reivindicar. Essa expressão evoca os tormentos e provações suportados por amor a Jesus ao longo de sua trajetória ministerial. As marcas representam a identificação de Paulo com Cristo.

Ao relatar aos Coríntios suas aflições por causa do Evangelho, Paulo não adota uma postura de queixa ou autopiedade, mas ressalta que seus acusadores procuravam esquivar-se da perseguição motivada pela cruz de Cristo (2Co 11:22-29). Portanto, a disposição para o sofrimento demonstra compromisso com o evangelho.

Assim sendo, as cicatrizes de Paulo não eram motivo de constrangimento, mas sim um atestado de sua legitimidade como apóstolo e de sua comunhão com Cristo. Além disso, ao contrário dos judaizantes, que buscavam evitar o sofrimento, Paulo acolhia a cruz e se regozijava em participar das aflições de Cristo (Fp 3:10). As aflições demonstram comunhão com Cristo.


3. A graça de Jesus.

Paulo começa sua Carta aos Gálatas desejando “graça e paz da parte de Deus pai e da de nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl 1.3) e conclui com a graça de Jesus. Ao longo de sua Carta, ele mostrou que a graça não é somente para a salvação, mas também para a nossa vida cristã.

Ele experimentou a graça em sua vida mesmo quando teve negada uma oração por si mesmo, ao ouvir de Deus: “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2Co 12.9).

O autor aos Hebreus nos orienta a que “Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hb 4.16). Aqui vale lembrar de que um dos lemas da Reforma Protestante: “Somente a graça, e não os esforços humanos, pode nos levar até Deus”.


Comentário da Palavra Forte de Deus


Paulo inicia e conclui sua Epístola aos Gálatas invocando a graça de Jesus, demonstrando que essa graça permeia toda a vida cristã, desde a salvação até a jornada diária. A graça não é apenas um ponto de partida, mas a força motriz que capacita os crentes a viverem em conformidade com a vontade divina (2 Co 12:9).

Além disso, a experiência pessoal de Paulo, ao receber a resposta de que a graça de Deus lhe era suficiente mesmo diante de uma provação, ilustra que a graça se manifesta de forma poderosa em meio à fraqueza humana. Portanto, assa verdade encoraja os crentes a buscarem a graça divina em todas as circunstâncias, confiando que ela suprirá todas as necessidades (Hb 4:16).

Em suma, Paulo enfatiza que a graça de Jesus é o dom supremo que habilita os crentes a viverem uma vida transformada e a experimentarem o poder de Deus em suas limitações. Ele exorta os gálatas a depositarem sua confiança unicamente na graça de Cristo, rejeitando qualquer tentativa de alcançar a justificação por meio de méritos próprios ou rituais religiosos. Dessa maneira, a confiança na graça de Cristo é essencial.


SUBSÍDIO III

“Paulo conclui em 6.11-18, resumindo a maioria dos seus pontos principais. A Lei e a circuncisão agora não contam para nada: somente a fidelidade operando através do amor e a nova criação em Cristo contam para qualquer coisa (5.6; 6.15).

Para Paulo em Gálatas, a fidelidade de Cristo em forma de cruz, e orientada aos outros, oferece uma identidade comunitária mais concreta e um modo de vida prático do que a Lei jamais poderia. A fidelidade de Cristo e do Espírito define os gálatas como povo da nova criação.

A justificação em Gálatas envolve mais do que a doutrina tradicional: envolve a unificação associada ao fruto do Espírito, e não a divisão e contenda das obras da carne/Lei. Relaciona-se e estabelece as condições para a radical e tangível fidelidade comunal (de Cristo) em forma de cruz e orientada aos outros, a qual deve definir o povo de Deus).” (Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.212).


CONCLUSÃO

A Carta aos Gálatas permanece sendo uma defesa do Evangelho de Jesus Cristo para os gentios. É um documento para toda a Igreja. Que essa seja apresentada completa, da mesma forma que foi completo o sacrifício de Jesus por nós.

Assim concluímos este trimestre: com a graça de Deus, uma graça disposta não somente para a salvação, mas também para a manutenção dela. Que esta esteja conosco, em nossas vidas até que sejamos chamados por Deus para experimentar a vida eterna com Ele nos céus.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A Epístola aos Gálatas permanece como um farol, defendendo a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo para todos os povos, superando fronteiras culturais e étnicas. Este documento se ergue como um testemunho da universalidade da salvação, generosamente ofertada a todos os que depositam sua fé, independentemente de sua ascendência ou trajetória religiosa pregressa (Gl 3:26-29). A universalidade da Salvação é para todos.

Contudo, a essência desta mensagem deve ser propagada em sua plenitude, da mesma forma que o sacrifício de Jesus Cristo se consumou perfeito e suficiente para a nossa redenção. A suficiência desse ato redentor nos desobriga da necessidade de adicionarmos obras ou rituais a fim de alcançarmos a justificação e a reconciliação plena com o Criador (Hb 10:14). A redenção é completa por meio do sacrifício de Cristo.

Assim sendo, que a graça divina, manifestada em Cristo Jesus, nos impulsione a trilhar um caminho de vida congruente com os princípios do Evangelho, nutrindo amor a Deus e ao próximo, exercitando a justiça e a compaixão, e mantendo viva a esperança da vida eterna em comunhão com Ele. Dese modo, aue essa esperança nos inspire a sermos agentes de transformação em um mundo carente da graça e da verdade de Cristo. A esperança nos inspira a transformar o mundo.

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