
LIÇÕES BÍBLICAS CPAD
JOVENS
4º Trimestre de 2025
Título: Exortação, arrependimento e esperança — O ministério profético de Jeremias
Autor : Elias Torralbo
Comentário: Palavra Forte de Deus
Lição 12: O ministério de Jeremias depois da queda de Jerusalém
Data: 21 de dezembro de 2025
TEXTO PRINCIPAL
“E disse-me o SENHOR: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para a cumprir.” (Jr 1.12).
Comentário da Palavra Forte de Deus
A citação deste versículo, que pertence ao momento do chamado inicial de Jeremias (capítulo 1), é profundamente teológica ao encerrar o estudo sobre o seu ministério. O versículo é o pilar da infalibilidade profética. A frase “Viste bem” (referente ao galho de amendoeira, que era a primeira árvore a florescer) ganha agora um novo significado após a queda de Jerusalém (Lição 11). O profeta “viu bem” não apenas o juízo, mas também a certeza de seu cumprimento. A catástrofe atestou a verdade do profeta.
Ademais, a declaração divina “eu velo sobre a minha palavra para a cumprir” é a garantia de que o ministério de Jeremias (o velar) se alinha perfeitamente com a fidelidade de Deus (o cumprir). O termo hebraico para “velo” (shoqed) está ligado à ideia de vigilância ativa e incessante. Isso significa que Deus não apenas pronuncia uma palavra, mas se mantém em total e constante atividade para assegurar sua plena realização. Esta é a doutrina da Soberania da Palavra.
Dessa forma, o Texto Principal oferece a você uma base inabalável para a fé. Mesmo depois de ver a destruição do juízo (o que já se cumpriu), a mesma palavra garante a restauração futura. O Deus que velou para cumprir a profecia de castigo é o mesmo que vela hoje para cumprir as promessas de graça e de vida eterna em Cristo. A sua esperança e o seu descanso estão ancorados não na sua força, mas na vigilância ativa e fiel de Deus sobre a Sua Palavra.
RESUMO DA LIÇÃO
A destruição de Jerusalém e o cativeiro babilônico não pararam o profeta Jeremias, que continuou a anunciar a mensagem de arrependimento.
Comentário da Palavra Forte de Deus
O Resumo da Lição destaca a perseverança profética como um testemunho da liberdade da Palavra de Deus. O fato de Jeremias ter continuado seu ministério “depois da queda de Jerusalém” prova que a voz de Deus não está sujeita às condições geopolíticas ou ao sucesso humano. A ruína da cidade e o cativeiro babilônico foram o cumprimento de parte da mensagem, mas não o fim da comunicação divina.
Neste sentido, a “mensagem de arrependimento” permanece sendo a mensagem central. Por que arrependimento se o juízo já havia ocorrido? Porque o juízo de Deus, no contexto da aliança, é corretivo e pedagógico, e não meramente aniquilador. O cativeiro era a disciplina, mas o arrependimento era a porta de saída para o retorno. A continuidade da pregação de Jeremias no meio dos remanescentes prova que a misericórdia de Deus ainda oferecia um caminho para aqueles que se voltassem para Ele.
Sendo assim, a lição nos desafia a refletir sobre a natureza de sua fé. O profeta não parou porque sabia que o plano de Deus ia além da tragédia presente. Você deve aprender que as tragédias e crises em sua vida não devem “parar” seu chamado ou sua pregação. A Palavra de Deus, que é o seu principal recurso, é inconfinável. Mantenha-se fiel e continue anunciando o arrependimento, pois a Palavra é mais forte do que qualquer cativeiro.
METAS
MOSTRAR como se deu a libertação do profeta Jeremias;
REFLETIR a respeito do remanescente judeu que optou pelo Egito;
DESPONTAR a respeito da continuidade do ministério do profeta Jeremias.
INTERAÇÃO
Professor(a), no decorrer desta lição, enfatize que o ministério de Jeremias não se limitou apenas em anunciar as tragédias que estavam por ocorrer, mas consistiu também na convocação ao arrependimento e à obediência para que a restauração fosse possível.
Jeremias foi um profeta fiel a Deus até o fim de seus dias. Mesmo depois da destruição de Jerusalém, ele seguiu cumprindo a sua missão profética.
Na lição deste domingo, estudaremos o capítulo 43 e parte do 44. Veremos que os primeiros seis versículos do capítulo 43 concluem a seção que informa a respeito da libertação do profeta. Veremos a sequência do ministério de Jeremias e a dureza do coração de parte do povo de Judá.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), reproduza no quadro de escrever o esboço abaixo. Utilize-o na introdução da lição com o objetivo de enfatizar os últimos acontecimentos narrados no livro de Jeremias.
- A queda de Jerusalém (39.1-18)
- Gedalias é assassinado e Jeremias é levado ao Egito (40-43.13)
- O ministério de Jeremias depois da queda de Jerusalém (44; 45.5)
- As profecias de Jeremias às nações (46-51.64):
- Egito (46.1-28)
- Filístia (47.1-7)
- Moabe (48.1-47)
- Sobre nós (49.1-6)
- Edom (49.7-22)
- Damasco (49.23-27)
- Arábia (49.28-33)
- Elão (49.34-39)
- Babilônia (50-51.64)
Revisão histórica do fim de Jerusalém (52.1-34).
TEXTO BÍBLICO
Jeremias 43.1-4
1 — E sucedeu que, acabando Jeremias de anunciar a todo o povo todas as palavras do SENHOR, Deus deles, com as quais o Senhor, Deus deles, o havia enviado, e que foram todas aquelas palavras,
2 — então, falou Azarias, filho de Hosaías, e Joanã, filho de Careá, e todos os homens soberbos, dizendo a Jeremias: Tu dizes mentiras, o SENHOR, nosso Deus, não te enviou a dizer: Não entreis no Egito, para lá peregrinardes.
3 — Baruque, filho de Nerias, é que te incita contra nós, para nos entregar nas mãos dos caldeus, para eles nos matarem ou para nos transportarem para a Babilônia.
4 — Não obedeceu, pois, Joanã, filho de Careá, nem nenhum de todos os príncipes dos exércitos, nem o povo todo à voz do Senhor, para ficarem na terra de Judá.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Jeremias sofreu em sua trajetória, mas permaneceu fiel em sua missão, servindo de modelo. A lição deste domingo mostra a libertação definitiva do profeta, o triste estado de alguns judeus que, mesmo depois da destruição de Jerusalém, desonraram a Deus. Veremos também a fidelidade e a perseverança de Jeremias em seu ministério.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A trajetória de Jeremias, marcada por intenso sofrimento e fidelidade inabalável, culmina na sua libertação definitiva, que é o ponto de contraste desta lição. O profeta, que havia sido preso por pregar a rendição (Jr 38.4), é agora honrado pelos próprios inimigos (babilônios), enquanto seu povo, Judá, está em ruínas. Isso demonstra a justiça paradoxal de Deus: Ele vindica o profeta diante das nações e de seu próprio povo infiel.
Neste sentido, a lição aborda a triste realidade do remanescente desobediente. A destruição de Jerusalém não foi suficiente para quebrar a dureza do coração de alguns judeus que permaneceram na terra, que continuaram a desonrar a Deus ao ignorar Suas novas ordens. O juízo, portanto, não garante automaticamente a santificação. A lição sobre a fidelidade e perseverança de Jeremias nos serve de modelo, pois sua missão não terminou com o juízo; ela se renovou na pregação ao remanescente.
Dessa forma, você deve entender que a sua fidelidade será, muitas vezes, reconhecida por quem está de fora antes de ser reconhecida por aqueles que estão de dentro. A experiência de Jeremias nos ensina que, mesmo após a crise, é preciso perseverança para manter o ministério ativo e continuar chamando ao arrependimento aqueles que resistem à vontade de Deus.
1. A LIBERTAÇÃO DE JEREMIAS
1. Compreendendo o texto.
Os primeiros seis versículos de Jeremias, no capítulo 40, concluem a seção que informa a respeito da libertação do profeta e mostra a desobediência de uma parte do povo que decidiu ir para o Egito (Jr 39.11-18). A sequência do ministério de Jeremias e a dureza do coração de parte do povo de Judá, são bem compreendidas à luz da libertação do profeta. Nebuzaradã era o capitão da guarda do exército de Babilônia. Ele chegou a Jerusalém um mês após a sua queda para concluir sua destruição e liderar a condução dos prisioneiros ao cativeiro. Outro nome que aparece é o de Gedalias, escolhido para governar Judá como representante de Nabucodonosor (Jr 39.14). O seu avô, Safã, foi secretário de Josias e atuou diretamente na leitura do livro, por ocasião do reavivamento de seus dias (2Rs 22.3-13), já seu pai, Aicão, foi amigo de Jeremias (2Rs 22.12,14; Jr 26.24).
Comentário da Palavra Forte de Deus
O relato em Jeremias 40.1-6 funciona como um pivô narrativo, conectando o juízo final (a queda em Jr 39) com o novo cenário ministerial. É aqui que a soberania de Deus sobre a história se manifesta através dos Seus instrumentos. Nebuzaradã, o oficial babilônico, e Gedalias, o governador judeu, tornam-se figuras-chave na preservação do profeta.
Nesse sentido, é notável o papel de Gedalias, cuja linhagem (descendente de Safã e Aicão) remonta a figuras ligadas ao avivamento de Josias e à proteção de Jeremias (Jr 26.24). A escolha de Gedalias por Nabucodonosor não foi aleatória, mas estratégica: um judeu de uma família temente a Deus é colocado como autoridade, indicando a provisão e a esperança de um novo recomeço para os remanescentes. Essa continuidade de fé e apoio ministerial ressalta que, mesmo em meio à destruição, Deus preserva as linhagens da piedade para o futuro.
Dessa forma, a lição nos ensina que Deus usa os caminhos humanos e os laços de fidelidade para preservar Seus servos e cumprir Seus propósitos. Você deve valorizar e reconhecer aqueles que, como Aicão, defendem os servos de Deus e que, como Gedalias, tentam guiar o povo no caminho da obediência, mesmo sob domínio estrangeiro. O remanescente precisa de líderes justos.
2. A libertação definitiva de Jeremias.
Por ordem de Nabucodonosor, Jeremias deveria ser liberto e receber bom tratamento dos babilônios. Entretanto, por razões desconhecidas, ele é visto “atado com cadeias no meio de todos os do cativeiro de Jerusalém” com os demais em Ramá, pronto para ser levado para a Babilônia (39.11-14; 40.1). Nebuzaradã foi o responsável pela libertação de Jeremias e, por duas vezes, libertou o profeta (39.11-14; 40.4). A segunda libertação do profeta foi definitiva e Nebuzaradã reconheceu o cumprimento da mensagem de Jeremias acerca de Judá, e a soberania de Deus e rememorou o teor da profecia (40.2,3). Liberto, Jeremias pôde escolher entre ficar com o povo em Judá ou ir para a Babilônia e juntar-se aos que lá estavam (40.4). A libertação definitiva de Jeremias confirma que o povo de Judá estava dividido entre os que tinham sido levados para a Babilônia, e os que tinham sido deixados em sua terra, impondo a necessidade de uma atenção especial.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A libertação de Jeremias é marcada por uma ironia providencial. O profeta, que havia sido preso por seu próprio povo, é liberto e honrado pela autoridade inimiga (Nabucodonosor/Nebuzaradã). O fato de ele ter sido inicialmente encontrado “atado com cadeias” em Ramá, pronto para o exílio (Jr 40.1), sugere uma falha de comunicação ou um erro processual, mas reforça o poder da ordem soberana de Nabucodonosor que prevaleceu. A segunda e definitiva libertação atesta a intervenção divina por meio da autoridade secular.
Ademais, a fala de Nebuzaradã (Jr 40.2,3) é um dos momentos mais impactantes do livro. O capitão da guarda babilônica não apenas liberta o profeta, mas reconhece abertamente: O cumprimento da profecia (a mensagem de Jeremias). A soberania de Deus (o juízo não veio dos babilônios, mas do Senhor). O babilônio pagão reconhece a verdade divina, enquanto a liderança de Judá a rejeitou até o fim. Isso sublinha que a Palavra de Deus é universal e atinge até mesmo aqueles que não pertencem à Aliança.
Dessa forma, a libertação definitiva de Jeremias serve de modelo para você: a fidelidade em cumprir o chamado, mesmo sob perseguição, eventualmente leva à vindicação e ao reconhecimento divino, muitas vezes vindo de fontes inesperadas. Você é livre para escolher onde e como servir a Deus (Jr 40.4), mas a sua missão de pregar a Palavra não cessa.
3. O futuro do povo.
Por cerca de quarenta e seis anos, Jeremias advertiu Judá, principalmente sobre a necessidade da obediência a Deus (7.23,24). O Senhor ordenou que o povo que estava em Jerusalém não se ausentasse da cidade, sob a promessa de abençoá-lo e sustentá-lo, em meio ao caos no qual se encontrava (42.8-22). A invasão e destruição de Jerusalém que resultou no cativeiro babilônico dos judeus dividiu o povo entre os que foram levados para a Babilônia, e os que ficaram em Jerusalém. O futuro dependia, diretamente, da obediência à voz de Deus. O livro de Jeremias retrata a desobediência dos que não foram levados para a Babilônia, do mal que fizeram a Gedalias e a insana decisão de ir para o Egito, atraindo o juízo divino sobre si. Este foi o futuro desse grupo, enquanto o povo do futuro, pelo qual a restauração viria e o plano de Deus continuaria, foi formado por aqueles que estavam no cativeiro na Babilônia (29.8-20).
Comentário da Palavra Forte de Deus
Após décadas de advertência (quarenta e seis anos), o cerne da mensagem de Jeremias permaneceu inalterado: a obediência a Deus (Jr 7.23,24). Com a nação dividida (cativos na Babilônia versus remanescentes em Judá), a obediência se torna a linha divisória do futuro. Deus, em Sua graça, providenciou um novo mandato para os que ficaram em Judá: permanecer na terra e confiar em Sua provisão (Jr 42.8-22).
Neste sentido, a desobediência do remanescente (que culmina no assassinato de Gedalias e na “insana decisão de ir para o Egito”) é uma tragédia que prova que o juízo não quebra a obstinação do coração por si só. Eles temeram os babilônios e rejeitaram a ordem divina de ficar, buscando refúgio no Egito (Jr 43), o antigo lugar de escravidão. Isso resultou na atração de um novo juízo divino.
Por outro lado, a lição nos mostra que a esperança da restauração não estava nos remanescentes desobedientes, mas nos cativos da Babilônia (Jr 29.8-20). É no exílio que o povo aprenderia a obedecer e a se arrepender, tornando-se o “povo do futuro” que daria continuidade ao plano de Deus. Isso demonstra que a posição geográfica (em Judá ou na Babilônia) é menos importante do que a posição espiritual (obediência ou desobediência).
Portanto, o futuro do povo de Deus sempre dependeu e sempre dependerá da obediência à voz de Deus. Você deve discernir se está agindo como o remanescente infiel (buscando “Egitos” em vez da ordem de Deus) ou como o remanescente fiel (aprendendo a obedecer no “cativeiro” da disciplina) para que o plano de Deus avance através de sua vida.
SUBSÍDIO I
“Depois que Gedalias foi morto, o povo temeu a retaliação da Babilônia. Assim, eles procuraram Jeremias em busca de uma palavra de Deus. No entanto, já tendo decidido fugir para o Egito, eles queriam apenas ouvir se a mensagem estaria de acordo com as intenções deles. A resposta de Deus foi que ficassem na terra em que estavam (v.10). Os líderes rejeitaram esta mensagem e foram para o Egito assim mesmo, levando consigo Jeremias, mesmo contra a vontade do profeta.
O povo apenas fingia que iria obedecer a vontade de Deus. A contínua desonestidade deles para com Deus traria consequências severas, incluindo violência fatal, fome e pragas. Certamente pode ser um sério erro orar, frequentar a igreja, participar da Ceia do Senhor ou cultivar outras práticas religiosas sem desejar sinceramente servir ao Senhor.
O povo desobedeceu ao mandamento de Deus e foi para o Egito, levando Jeremias consigo. Talvez eles pensassem que a presença de Jeremias garantiria a proteção de Deus. Não seria esse o caso, porém, porque Jeremias profetizou que Deus mandaria o exército de Nabucodonosor contra o Egito e destruiria os seus exércitos e todos os seus deuses. Ironicamente, o país no qual o povo judeu buscou segurança seria derrotado. Isto demonstra o princípio espiritual de que não há segurança ou proteção real fora da vontade Deus (isto é, de seus planos e desejos expressos, que refletem o seu caráter e os seus propósitos).” (Bíblia de Estudo Pentecostal Para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.963).
2. UM REMANESCENTE JUDEU NO EGITO
1. Egito, o refúgio de alguns judeus.
O Egito aparece em diferentes momentos da história de Israel (Êx 1—22; Jr 43—44; Mt 2.13-23). Nos dias de Jeremias, mais especificamente após a invasão e destruição de Jerusalém, o Egito serviu de refúgio para um grupo de judeus que, em desobediência à voz de Deus, decidiram viver ali (43.4-7). Uma parte dos judeus que ficaram em Jerusalém se instalou em Migdol, que ficava a leste de Tafnes (Ez 29.10; 30.6), outra parte deles escolheu Nofe e a região de Patros (Jr 44.1). Ao que tudo indica, Patros sediou um encontro de “todo o povo que habitava no Egito” (v. 15), ao que a ira de Deus se acendeu e seu juízo foi proclamado (vv. 26-30).
Comentário da Palavra Forte de Deus
O Egito representa um paradoxo na história de Israel. Ele é o lugar da escravidão (Êxodo 1-22), mas também o refúgio providencial (Mateus 2.13-23). Contudo, após a queda de Jerusalém, o Egito se tornou o símbolo da desobediência flagrante. Os judeus remanescentes, temendo os babilônios e rejeitando a ordem de Deus de permanecer em Judá, buscaram refúgio ali (Jr 43.4-7). Esse ato de ir para o Egito foi uma quebra de Aliança, um retorno simbólico à escravidão da qual Deus os havia libertado.
Neste sentido, a dispersão dos judeus por cidades como Migdol, Tafnes, Nofe e Patros (Jr 44.1) demonstra a capilaridade da desobediência. Patros, a região sul do Egito, sediando o encontro do povo, indica uma tentativa de reorganização religiosa e social baseada na rebelião, e não na ordem divina. Essa desobediência coletiva e deliberada acendeu a ira de Deus, pois significava que, mesmo após o juízo da destruição de Jerusalém, o povo não havia aprendido a lição fundamental da confiança em Yahweh.
Dessa forma, a lição nos ensina que não existe “refúgio seguro” fora da vontade de Deus. Você não pode fugir da disciplina divina buscando soluções humanas, sejam elas financeiras, políticas ou geográficas. A segurança reside na obediência, não na localização. Fugir para o Egito, fugir da vontade de Deus, é simplesmente atrair o juízo de Deus para um novo lugar.
2. O argumento dos judeus.
Nesse tempo, a idolatria passou a ser parte da constituição familiar destes judeus no Egito. As mulheres, com a anuência dos maridos, ofereciam adoração à chamada “Rainha dos Céus” (Jr 44.25). A ira de Deus se acendeu e a punição foi anunciada, ao que estes judeus se defenderam sob o argumento de que, embora estivessem contrariando ao Senhor, todavia, não lhes faltava pão, alegria e tempos bons (v.17).
Comentário da Palavra Forte de Deus
A desobediência no Egito rapidamente degenerou em idolatria explícita. A adoração à “Rainha dos Céus” (Jr 44.25), uma deusa da fertilidade, era um culto sincretista que havia se enraizado nas famílias. O mais chocante é o argumento de defesa dos judeus: eles usaram a prosperidade material (ter pão, alegria e tempos bons) como prova da superioridade de sua deusa pagã sobre Yahweh (v. 17).
Neste sentido, esse argumento é uma profunda inversão teológica. Eles transferiram a causalidade da bênção para o ídolo, rejeitando a verdade de que a miséria anterior (a queda de Jerusalém) foi resultado da adoração a essa mesma deusa. Eles praticaram uma “teologia da prosperidade idólatra”: se está dando certo materialmente, Deus (ou o ídolo) deve estar aprovando. A ira de Deus se acende precisamente contra essa cegueira espiritual, onde o sucesso mundano é usado para justificar o pecado e desafiar a Palavra de Deus.
Dessa forma, o argumento dos judeus no Egito serve como uma advertência solene para a Igreja atual. Você deve ter cuidado para não confundir prosperidade temporária com aprovação divina. A ausência de problemas ou a abundância de recursos nunca pode ser usada para justificar a desobediência à Palavra de Deus. A sua alegria e o seu sustento devem ser encontrados na comunhão com o Senhor, e não nas bênçãos recebidas de forma idólatra, pois o fim dessa prosperidade é o juízo.
3. O juízo divino.
A desobediência (Jr 43.1-7) e a idolatria deliberada (44.3,15-18) foram os principais pecados destes judeus que foram para o Egito, razão pela qual Deus falou sobre o seu juízo (vv.20-30). Estes judeus se lembraram dos dias de Manassés e transferiram os méritos da prosperidade desses dias a “Rainha dos Céus”. Jeremias 7.18 faz referência a esta divindade que no Oriente Médio se aplica a várias deusas, e aqui diz respeito à deusa da fertilidade Astarte ou Ishtar e que nada de mal tinha lhes acontecido (44.17). Em meio ao anúncio de seu juízo, Deus não deixou de demonstrar a sua bondade e o seu compromisso com o seu povo, na promessa de que preservaria alguns que conseguiriam escapar (v.14). Eis aí uma fagulha da misericórdia de Deus em meio à escuridão, pois ela continua, mesmo quando tudo parece acabado (Lm 3.22,23).
Comentário da Palavra Forte de Deus
O julgamento de Deus sobre os judeus no Egito foi a consequência direta de dois pecados capitais: a desobediência à ordem de permanecer em Judá (Jr 43.1-7) e a idolatria deliberada e arrogante (Jr 44.3,15-18). A idolatria à Rainha dos Céus (Astarte/Ishtar) era uma prática profundamente arraigada, tanto que eles a associaram à prosperidade nos dias do ímpio Manassés, ignorando que foi justamente a idolatria de Manassés que plantou as sementes do juízo de Judá.
Neste sentido, Deus proclama Seu juízo (Jr 44.26-30), confirmando que não haverá paz para os idólatras, mesmo que tenham fugido da Babilônia. O Egito, que eles buscaram como refúgio, se tornaria o local de sua destruição. Contudo, em meio à escuridão do juízo, a lição destaca a misericórdia persistente de Deus na promessa de que “alguns conseguiriam escapar” (v. 14). Essa “fagulha da misericórdia” (Lamentações 3.22,23) é um princípio fundamental: mesmo quando a desobediência do homem é total e o juízo é decretado, a fidelidade e a bondade de Deus garantem a preservação de um remanescente, por menor que seja.
Dessa forma, você deve entender que a misericórdia de Deus está presente mesmo nas circunstâncias mais terríveis. A salvação de “alguns” não é um erro no juízo, mas a prova do Seu amor que “não tem fim”. O juízo de Deus é certo, mas Sua misericórdia também é certa. Que a sua fé se agarre a essa fagulha de esperança e o leve ao arrependimento imediato, antes que a escuridão do juízo o alcance.
SUBSÍDIO II
“Jeremias entregou a sua última mensagem aos judeus rebeldes e infiéis no Egito. O juízo de Deus contra eles era certo porque rejeitaram persistentemente o único Deus verdadeiro, e tentaram encontrar a satisfação e a segurança nos falsos deuses e em outras fontes diferentes de Deus.
Judá pecou falhando em ouvir a Palavra de Deus e em levar a sério o que Ele disse. Muitas pessoas continuam a desafiar a Deus e a viver de forma egoísta porque ignoram a sua Palavra ou consideram-na como algo comum. Eles simplesmente não acreditam que Deus esteja falando sério. Há até mesmo alguns membros da igreja que não temem as advertências de Deus e não respeitam os seus mandamentos suficientemente para segui-los.
Os exilados judeus que tinham fugido para o Egito deixaram de lado o seu relacionamento de aliança com Deus (que estava baseado em suas leis e promessas, e na obediência e fidelidade deles para com Deus). Em vez disso, eles se converteram aos deuses do Egito na esperança de ganharem a prosperidade e a proteção que queriam. Jeremias lhes rogou que se voltassem ao Senhor, e que renovassem a aliança. Jeremias entendeu e proclamou a verdade de que as pessoas só podem servir a Deus sendo completamente leais e devotadas a Ele, e obedecendo a sua Palavra revelada.
Por causa da desobediência, rebelião e incredulidade que demonstraram, os judeus no Egito perderam as promessas de Deus de ajuda e restauração. Por esse motivo, Jeremias profetizou que o juízo de Deus contra eles seria completo, todos eles pereceriam. Aqueles que obstinadamente rejeitam o caminho de Deus e andam em seus próprios caminhos não lhe dão outra escolha senão permitir que o desastre do seu egoísmo se volte sobre eles.” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.964).
III. O MINISTÉRIO CONTINUA
1. A história continua.
O remanescente de Judá desobedeceu a ordem divina e, ao invés de ficar em Jerusalém, optou pelo Egito (42.19-22). O tempo passou, as experiências foram muitas e profundamente duras para Judá, contudo, não foram capazes o suficiente para quebrantar o coração desse povo, que optou por continuar no caminho da desobediência. Além da desobediência, esses judeus praticaram a idolatria em níveis inimagináveis, o que mostra a sua obstinação e dureza de coração (44.1-10). Deus continuou falando, o profeta seguiu profetizando, e boa parte do povo seguia no mesmo caminho. Definitivamente, a história continua, e com ela devemos aprender a reconhecer os próprios erros, nos humilhar e clamar a misericórdia divina.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A frase “A história continua” é uma declaração teológica poderosa. Ela nos lembra que o tempo e as circunstâncias, por mais duros que sejam (como a destruição de Jerusalém e o exílio), não garantem o arrependimento do coração humano. O remanescente de Judá, ao desobedecer a ordem de ficar na terra e escolher o Egito (Jr 42.19-22), demonstrou uma obstinação e dureza de coração que superou o próprio juízo. A idolatria em “níveis inimagináveis” (Jr 44.1-10) revela que a desobediência é uma força corrosiva que, se não for quebrantada, só se aprofunda.
Neste sentido, é notável o contraste entre a ação de Deus e a reação do povo. O texto afirma: Deus continuou falando, o profeta seguiu profetizando, e boa parte do povo seguia no mesmo caminho. A longanimidade de Deus, ao enviar Sua Palavra incessantemente, contrasta dramaticamente com a rigidez do coração humano. A história continua a registrar essa batalha entre a graça persistente e a rebeldia teimosa.
Dessa forma, você deve usar a história de Judá como um espelho para sua vida. O tempo e as “experiências duras” de sua vida — as crises, as perdas, as doenças — não devem ser vistos apenas como eventos, mas como oportunidades de quebrantamento. O único caminho para interromper o ciclo de desobediência é reconhecer os próprios erros, humilhar-se e clamar a misericórdia divina, antes que a obstinação o leve a um juízo ainda mais profundo.
2. O ministério continua.
A última mensagem de Jeremias foi em 585 a.C., evidenciando a sua perseverança e o seu compromisso ministerial, mesmo diante da rejeição de seus ouvintes e da terra estranha em que estavam (43.2; 44.1). O conteúdo desta mensagem confirma a fidelidade ministerial de Jeremias, contrastando a longanimidade divina com a dureza de coração do povo, e alertando sobre as consequências da idolatria (44.2,6). Há também um forte contraste entre a perseverança do profeta com a fragilidade da fé, e do compromisso do povo.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A última mensagem registrada de Jeremias, datada em torno de 585 a.C. (Jr 43.2; 44.1), atesta a sua perseverança ministerial inabalável. O profeta, idoso, em uma “terra estranha” (Egito), com o seu povo hostil e cético, não se cala. Assim, o seu compromisso ministerial era com o chamamento de Deus, e não com a receptividade do público. Essa atitude faz dele o modelo de profeta fiel.
Ademais, o conteúdo da sua última pregação reafirma a longanimidade divina, ao mesmo tempo que alerta severamente sobre as consequências da idolatria (Jr 44.2,6). O profeta morre pregando o mesmo que pregou ao começar: a santidade de Deus exige obediência e o pecado atrai juízo. Dessa maneira, o forte contraste entre a perseverança de Jeremias e a fragilidade da fé e do compromisso do povo é a chave teológica do livro. Enquanto o profeta se manteve firme na Palavra, o povo se dobrou à cultura idólatra egípcia, provando que sua fé era superficial.
Dessa forma, o ministério de Jeremias lhe oferece o padrão de serviço no Reino. O seu chamado não depende do sucesso imediato, da popularidade ou do conforto. Portanto, você deve ser perseverante e fiel, assim como Jeremias, pregando a Palavra com firmeza, mesmo quando os ouvintes demonstram a fragilidade da fé. A sua missão é falar o que Deus manda, e não o que o povo deseja ouvir.
SUBSÍDIO III
“[…] Jeremias anunciou que o exílio duraria setenta anos, mas a restauração da nação não seria automática. Dependia de um genuíno arrependimento nacional (29.10). Em 536 aC um remanescente retornou para a terra, cumprindo a profecia de Jeremias acerca dos setenta anos de exílio (2Cr 36.22; Ed 1.1). Daniel, no entanto, informa que a descrição apresentada por Jeremias de uma gloriosa restauração do reino (Dn 9.1,2) não se cumpriu completamente no século VI aC, mas foi postergada e deverá se cumprir no futuro (Dn 9.24-27). Um remanescente arrependeu-se, mas a nação não voltou para Deus nem permaneceu fiel durante o período pós-exílico (Ag 1.2-11; Ml 1.6-14).
Jeremias predisse o exílio babilônico, mas também previu um dia em que Deus restauraria os exilados. Deus traria de volta os exilados de Judá e Israel, reunificando a nação. Aparentemente, eles viriam de todas as partes e de todas as nações. Formariam uma grande multidão, incluindo até aqueles que normalmente seriam incapazes de viajar, como os cegos, os coxos e as mulheres grávidas prestes a dar à luz (31.7,8).” (LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p.190).
CONCLUSÃO
O ministério de Jeremias não se limitou apenas em anunciar as tragédias que estavam por ocorrer pela indiferença do povo com Deus, mas consistiu também na convocação ao arrependimento e à obediência com vistas à restauração. Jeremias foi profeta até o final de seus dias e, mesmo depois da destruição de Jerusalém, ele seguiu em sua missão profética.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A Conclusão resume a essência teológica do Livro de Jeremias e a grandeza de seu ministério. O profeta não era apenas um “anunciador de tragédias” (juízo), mas primariamente um porta-voz da graça que oferecia a tríade: convocação ao arrependimento, obediência e restauração. Assim, opropósito de toda a mensagem, mesmo a de condenação, era a restauração do povo à aliança.
Neste sentido, a maior lição de sua vida é a perseverança ministerial. Jeremias foi “profeta até o final de seus dias”. O juízo de Deus — a destruição de Jerusalém — não foi o fim de sua missão, mas a confirmação de sua Palavra e a revalidação de seu chamado para o remanescente. Dessa forma, o profeta fiel sabe que o trabalho continua enquanto houver tempo e vidas para alcançar, mesmo em meio à ruína.
Portanto, a vida de Jeremias lhe convida à fidelidade duradoura. Que seu ministério não se limite a prever problemas, mas a ser um agente ativo de restauração por meio da pregação do arrependimento e da obediência. Assim, O Senhor espera que você siga em sua missão profética, sem desanimar, até o final de seus dias, sabendo que a Palavra de Deus sempre terá um propósito a cumprir.
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