LIÇÕES BÍBLICAS CPAD JOVENS 2º Trimestre de 2025
Título: Davi: de pastor de ovelhas a rei de Israel — Fé e ação em meio às adversidades da vida
Autor: Marcos Tedesco
LIÇÃO 10: DAVI: MARIDO E PAI
TEXTO PRINCIPAL
“[…] porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.” (Js 24.15b).
Comentário: Josué, ao proferir essa declaração no contexto da renovação da aliança em Siquém, não está meramente expressando uma preferência religiosa, mas assumindo um compromisso solene e profético. Ele reconhece a importância de liderar sua família no temor do Senhor, influenciando-os não apenas por palavras, mas, principalmente, por meio de um exemplo de vida íntegro e dedicado.
Essa passagem nos desafia a refletir sobre o nosso próprio testemunho familiar: será que nossas ações e atitudes em casa refletem a nossa fé em Cristo? Estamos dispostos a priorizar o Reino de Deus em nossos lares, mesmo diante das pressões e desafios do mundo moderno? A decisão de servir ao Senhor deve ser uma escolha consciente e contagiante, que inspire nossos familiares a trilharem o mesmo caminho.
RESUMO DA LIÇÃO
Os erros e acertos de Davi trazem grandes ensinamentos e convidam a reflexões importantes.
Comentário: A vida familiar de Davi é um mosaico complexo, marcado por momentos de grande alegria e profunda tristeza, vitórias e derrotas. Ao invés de idealizarmos Davi como um modelo perfeito, a lição nos convida a examinar honestamente suas experiências, aprendendo tanto com seus acertos quanto com seus erros.
A honestidade com que a Bíblia retrata a vida de Davi nos mostra que ninguém está imune a desafios familiares, nem mesmo aqueles que são chamados por Deus para grandes propósitos. Ao analisarmos seus relacionamentos, suas decisões e suas atitudes como marido e pai, podemos identificar padrões que nos inspiram a construir lares mais fortes e saudáveis, fundamentados nos princípios bíblicos do amor, do perdão, da comunicação e da fé.
OBJETIVOS
SABER que a família é um projeto de Deus;
RESSALTAR que por intermédio do casamento nos tornamos uma só carne;
COMPREENDER que os filhos são herança do Senhor.
INTERAÇÃO
Professor(a), nesta lição aprenderemos sobre Davi como marido e pai. Veremos que, embora Davi tenha cometido muitos equívocos, ele também demonstra virtudes importantes. Davi sofreu com casamentos fora da vontade divina e filhos inconsequentes, o que lhe custou lágrimas e lamentos. No entanto, ele sempre teve uma postura amorosa para com seus filhos e com suas esposas. Além disso, independente das falhas, ele demonstra um coração contrito e sedento por Deus: um bom exemplo a todos nós!
Comentário: Incentive seus alunos a refletirem sobre a complexidade da vida familiar de Davi, reconhecendo que todos nós somos seres humanos falhos, sujeitos a erros e imperfeições. Explique que, apesar de seus erros, Davi demonstra qualidades admiráveis, como amor, arrependimento e um profundo desejo de agradar a Deus.
Encoraje a turma a reconhecer que todos somos passíveis de falhas, mas que podemos aprender com nossos erros e buscar a Deus para nos guiar em nossos relacionamentos. A vida familiar de Davi serve como um espelho, refletindo os desafios que enfrentamos em nossos próprios lares e nos convidando a buscar soluções baseadas nos princípios bíblicos.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), explique aos alunos que a poligamia de Davi lhe causou muitos dissabores. Embora fosse um costume socialmente aceitável para os reis da época, Deus advertiu especificamente para que Israel não adotasse essa prática (Dt 2; Sm 17.14-17).
Infelizmente, os filhos nascidos das várias esposas de Davi lhe trouxeram inúmeros problemas: estupro (2Sm 13.14), homicídio (2Sm 13.28), rebelião (2Sm 15.13) e ganância (1Rs 1.5,6), tudo resultado de rivalidades invejosas entre meios-irmãos. Salomão, um dos filhos de Davi e seu sucessor ao trono, também teve muitas esposas e, com o tempo, elas o afastaram de Deus (1Rs 11.3,4).
Embora a poligamia não seja prática comum hoje, pessoas que se divorciam ou que se casam novamente também devem prestar atenção à rivalidade entre seus filhos (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, pp.389,390).
Comentário: Explique que a poligamia de Davi, embora culturalmente aceita em certas épocas e regiões do Antigo Testamento, não era o plano original de Deus para o casamento. Destaque que Deus sempre planejou o casamento como uma união monogâmica entre um homem e uma mulher, conforme estabelecido desde a criação (Gênesis 2:24).
A rivalidade entre os filhos de Davi, fruto de seus múltiplos casamentos, gerou muitos problemas e sofrimentos, demonstrando as consequências negativas de desviar-se dos princípios bíblicos. Incentive a turma a refletir sobre a importância de seguir os princípios bíblicos em nossos relacionamentos, buscando a direção de Deus em todas as áreas de nossa vida, inclusive na escolha de um cônjuge e na condução de nossos lares.
TEXTO BÍBLICO
2 Samuel 13.2.5,10-15
2 E angustiou-se Amnom. até adoecer, por Tamar. sua irmã, porque era virgem; e parecia, aos olhos de Amnom. dificultoso fazer-lhe coisa alguma.
5 E Jonadabe lhe disse Deita-te na tua cama, e finge-te doente; e. quando teu pai te vier visitar, dize-lhe: Peço-te que minha irmã Tamar venha, e me dê de comer pão. e prepare a comida diante dos meus olhos, para que eu a veja e coma da sua mão.
10 Então, disse Amnom a Tamar Traze a comida à câmara e comerei da tua mão E tomou Tamar os bolos que fizera e os trouxe a Amnom. seu irmão, à câmara.
11 E, chegando-lhes, para que comesse, pegou dela e disse-lhe: Vem, deita-te comigo, irmã minha.
12 Porém ela lhe disse: Não. irmão meu. não me forces, porque não se faz assim em Israel não faças tal loucura.
13 Porque, aonde iria eu com a minha vergonha? E tu serias como um dos loucos de Israel. Agora, pois, peço-te que fales ao rei, porque não me negará a ti.
14 Porém ele não quis dar ouvidos à sua voz; antes, sendo mais forte do que ela, a forçou e se deitou com ela.
15 Depois, Amnom a aborreceu com grandíssimo aborrecimento, porque maior era o aborrecimento com que a aborrecia do que 0 amor com que a amara E disse-lhe Amnom: Levanta-te e vai-te.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Ao falarmos de Davi, relembramos alegremente momentos de sua vida que o levaram a ser conhecido entre os povos: de pastor de ovelhas à posição de rei mais admirado da história de Israel; de matador de gigante a salmista e instrumentista com destacada sensibilidade espiritual; de ungido do Senhor à menção de “um homem segundo o coração de Deus” (At 13.22).
Porém, quase não se fala sobre a forma como Davi conduziu a sua família. Por qual motivo? Possivelmente pelo fato de, ao nos debruçarmos sobre os episódios familiares, pouco encontrarmos como exemplo positivo. Mas esse pensamento é insuficiente, pois mesmo diante dos tropeços do esposo e pai, podemos destacar valiosas lições sobre como conduzir nossas famílias olhando para os insucessos de Davi.
Comentário: A introdução busca estabelecer um contraste intencional entre a imagem heroica e idealizada de Davi e a realidade complexa de sua vida familiar. Reconhecemos Davi como uma figura multifacetada, com qualidades admiráveis que o elevaram a grandes alturas, mas também com falhas e fraquezas que o tornaram vulnerável a erros e pecados.
Este contraste cria um espaço fértil para uma reflexão profunda sobre a complexidade da natureza humana, a importância da graça divina e a necessidade de buscar a Deus em todas as áreas de nossa vida, reconhecendo que até mesmo os líderes mais bem-sucedidos estão sujeitos a desafios e dificuldades.
I – FAMÍLIA, UM PROJETO DE DEUS
1. A família de Davi. Quando olhamos para a família de Davi, nos deparamos com algo diferente do que estamos acostumados. O herói da fé, homem integro, humilde e fiel a Deus dá lugar a uma postura surpreendente: marido de muitas esposas (2Sm 5.13), pai de filhos com quem não tinha comunhão (1Cr 3.1-9), avesso ao diálogo em família (2Sm 6.20-23), adúltero (2Sm 11.4) e omisso na educação dos filhos que, diante do exemplo do pai, tiveram posturas reprováveis (2Sm 13.14; 2Sm 15.10; 1Rs 1.11-31). Sem dúvidas, uma configuração familiar complexa marcada por tragédias e traições.
Comentário: Este parágrafo apresenta um retrato franco e honesto da família de Davi, sem idealizações ou romantizações. Enumeramos os desafios e os problemas enfrentados por Davi em sua vida familiar, como a poligamia, a falta de comunicação, o adultério, a omissão na educação dos filhos e as tragédias que marcaram sua descendência. A honestidade neste retrato inicial nos prepara para uma análise realista dos desafios que enfrentamos em nossos próprios lares, reconhecendo que a perfeição não é uma condição para a bênção de Deus, mas sim a busca constante por Sua vontade e a disposição de aprender com nossos erros.
Vale destacar que diversas fases da vida de Davi foram marcadas por grande arrependimento, busca por restauração e desejo de uma forte comunhão divina (como vemos nos Salmos), o que nos permite crer que, embora com muitas falhas, a postura do rei era de profundo arrependimento, temor e busca por uma intimidade com o Senhor.
Comentário: É fundamental reconhecer que, apesar de suas falhas e fraquezas, Davi demonstrou um coração contrito e arrependido diante de Deus. Seus Salmos revelam uma profunda consciência de seus pecados e um sincero desejo de restaurar sua comunhão com o Senhor.
A atitude de Davi nos ensina que o arrependimento é fundamental para a restauração e que podemos sempre buscar a Deus, mesmo após cometermos erros graves, confiando em Sua graça e em Seu perdão. A vida de Davi é um testemunho de que a misericórdia de Deus é capaz de transformar até mesmo os pecadores mais endurecidos.
A partir da família de Davi podemos aprender valiosas lições: não adianta termos êxito em tudo, se a nossa família é uma prova do nosso fracasso; mesmo um homem escolhido pelo Senhor é sujeito ao pecado; a falta do diálogo na família provoca desentendimentos; a ausência de disciplina por parte dos pais contribui para conflitos familiares e a criação de filhos frágeis e imaturos; entre outras.
Mesmo diante de tantas dificuldades, convém destacar que a família de Davi é participante da linhagem do Messias (Mt 1.6). A promessa feita sobre um reino que não teria fim (2Sm 7.16) conecta as gerações da genealogia de Jesus (Mt 1.1-17) e se concretiza em uma dinâmica que envolve todos nós enquanto filhos de Deus (Rm 8.16) e bons despenseiros da sua multiforme graça (1Pe 4.10).
Comentário: Explicamos as lições práticas que podemos extrair da análise da família de Davi, destacando a importância de priorizar os relacionamentos familiares, de cultivar o diálogo e a comunicação, de exercer a disciplina com amor e sabedoria e de buscar a Deus em todas as áreas de nossa vida.
A história de Davi nos lembra que o sucesso em outras áreas da vida não compensa o fracasso na família e que o pecado pode afetar até mesmo aqueles que foram escolhidos por Deus para grandes propósitos. Ao mesmo tempo, a participação da família de Davi na linhagem do Messias nos mostra que a graça de Deus é capaz de superar as nossas falhas e de cumprir Seus propósitos, mesmo em meio às nossas imperfeições.
2. Família, nossa base. A família é um projeto de Deus para abençoar a todos nós. Ela é a nossa base e nos permite vivenciar e experimentar sentimentos, respostas e apoios que não teríamos de forma tão espontânea em outros lugares. Na família somos constituídos, protegidos, ensinados e preparados para os mais diversos desafios da vida. Cada um de nós é diferente (Sl 139.14). porém algo merece o destaque: todos somos frutos de histórias e valores que se formam no seio familiar (Dt 6.6,7; Pv 1.8).
Comentário: Ao afirmar que a “família é nossa base,” a lição nos convida a refletir sobre a centralidade do lar em nossa formação e desenvolvimento. Mais do que um simples agrupamento social, a família é um projeto divino, um espaço de bênção e crescimento mútuo.
É no ambiente familiar que experimentamos os primeiros e mais profundos laços de afeto, aprendemos a lidar com as diferenças (Sl 139.14), internalizamos valores que guiam nossas vidas (Dt 6.6-7; Pv 1.8) e recebemos o apoio necessário para enfrentar os desafios do mundo. A família nos oferece um porto seguro, um refúgio onde podemos ser autênticos e encontrar o amor incondicional que nos fortalece e nos impulsiona a sermos melhores.
Ao reconhecermos a importância da família como um projeto divino e nossa base fundamental, somos desafiados a investir intencionalmente em nossos relacionamentos familiares, buscando fortalecer os vínculos de amor, respeito e confiança que nos unem.
Em nossas jornadas diárias, somos acompanhados por toda uma herança familiar que é refletida em pensamentos, capacidades e forma de ver o mundo e interagir com ele.
Daí a necessidade de fortalecermos os nossos vínculos familiares e vivermos uma postura de edificação para com os nossos entes queridos. Conduzidos pelo Espírito Santo, devemos ter em mente que somos abençoados em família, mas também usados por Deus para abençoarmos os que fazem parte desse núcleo tão precioso.
Comentário: A afirmação de que somos “acompanhados por toda uma herança familiar” revela a profunda influência que nossos lares exercem sobre nós. Nossos valores, crenças, hábitos e até mesmo a forma como interpretamos o mundo são, em grande medida, moldados pelas experiências que vivenciamos em família.
Essa herança, que pode ser tanto positiva quanto negativa, nos acompanha em todas as nossas jornadas, influenciando nossas decisões e relacionamentos. Diante dessa realidade, torna-se imperativo fortalecer os vínculos familiares e cultivar uma postura de edificação em nossos lares, buscando transformar padrões negativos e potencializar os aspectos positivos de nossa herança familiar.
Conduzidos pelo Espírito Santo, somos chamados a sermos agentes de transformação em nossas famílias, amando, perdoando, encorajando e edificando uns aos outros, reconhecendo que, ao abençoarmos nossos familiares, estamos também honrando a Deus e cumprindo o Seu propósito para nós. Afinal, a família é um dos principais instrumentos que Deus utiliza para manifestar o Seu amor e a Sua graça no mundo.
3. Uma família para a glória de Deus. A família foi criada por Deus para a honra do seu nome e aquela que segue as diretrizes divinas é alvo das promessas e bênção do Senhor. No entanto, muitas são as ideologias que tentam enfraquecer a estrutura familiar e levar as pessoas a terem suas bases constituídas com outros valores, em um esquecimento intencional de Deus, como crenças antropocêntricas, projetos políticos, busca pela autossatisfação, entre outras, ou seja, uma total inversão de valores. Essas estratégias não terão êxito, pois todas as coisas foram criadas pelo Senhor e nEle encontram o real e pleno sentido de existir (Ef 4.1-5).
Comentário: A afirmação de que a família deve ser “para a glória de Deus” eleva nossa compreensão sobre o propósito do lar. Não se trata apenas de um espaço de convívio e afeto, mas de um ambiente onde a presença e os princípios de Deus são honrados e manifestos. Uma família que busca a glória de Deus é aquela que se esforça para seguir as diretrizes divinas em todas as áreas: no relacionamento entre marido e mulher, na educação dos filhos, no uso dos recursos e no testemunho perante a sociedade.
No entanto, o texto também nos alerta para as “ideologias que tentam enfraquecer a estrutura familiar”, como o antropocentrismo, que coloca o homem no centro de todas as coisas, e a busca desenfreada pela autossatisfação, que ignora os valores do Reino de Deus.
Diante desses desafios, somos chamados a resistir às influências negativas do mundo e a construir famílias que sejam verdadeiros faróis da graça de Deus, testemunhando o Seu amor, a Sua verdade e a Sua justiça para as futuras gerações. Afinal, como nos lembra Efésios 4:1-6, a unidade da família terrena é um reflexo da unidade da família celestial, e ambas encontram o seu sentido em Cristo.
Ao criar o homem e a mulher (Gn 2.24), Deus já havia projetado a família com o propósito de ser um núcleo de comunhão, bênçãos e ações em busca de fazer o bem e, assim, honrar e glorificar o seu nome (Gn 1.28). Para que possamos usufruir da bênção do Senhor sobre as nossas famílias, devemos nos sujeitar à sua palavra e seguir atentamente os seus desígnios.
Comentário: A narrativa da criação em Gênesis revela que a família não surgiu por acaso, mas foi cuidadosamente planejada por Deus como um “núcleo de comunhão” (Gn 2.24), onde o amor, o respeito e a mutualidade deveriam florescer. Mais do que um simples agrupamento de pessoas, a família é um espaço de bênçãos, tanto materiais quanto espirituais, onde cada membro é chamado a contribuir para o bem-estar e o crescimento dos demais.
Além disso, a família é um centro de “ações em busca de fazer o bem,” um lugar onde se aprende a servir, a compartilhar e a amar o próximo (Gn 1.28). No entanto, para que a família possa cumprir plenamente o seu propósito, é essencial que todos os seus membros se “sujeitem à Sua palavra e sigam atentamente os Seus desígnios,” buscando conhecer a vontade de Deus por meio da oração, do estudo da Bíblia e da comunhão com outros cristãos.
SUBSÍDIO I
“A série de narrativas dos capítulos 13 — 22 são, principalmente, relatos do juízo de Deus cumprido na vida de Davi. O capítulo 13 registra o primeiro resultado dos pecados de luxúria, adultério, e assassinato de Davi, o qual veio para assombrá-lo através das ações de membros da sua própria família (cf. Gl 6.7). O incesto e o assassinato entre os filhos de Davi foram consequências da sua luxúria reproduzida primeiramente por seu filho, Amnom. Como Davi destruiu a felicidade da casa de Urias, Deus destruiu a harmonia na casa de Davi. Muitas vezes, Deus permite que os pecadores sofram tristezas e aflições para que eles e outras pessoas que veem os seus exemplos possam temer a Deus (isto é, ter reverência pela pureza de Deus, pelo seu poder e juízo), afastar-se de seus pecados e converter-se a Deus (cf. Nm 14.20-36).
Davi ficou furioso com a violação de sua filha, cometida pelo seu filho mais velho (1Cr 3.1). No entanto, ele não conseguiu repreender e punir Amnom como deveria (veja Lv 20.17): A imoralidade sexual do próprio Davi com Bate-Seba enfraqueceu e minou a sua capacidade de disciplinar os filhos e controlar a sua casa. Por causa do seu próprio erro (veja Pv 6.32,33), Davi não teve a autoridade moral e a coragem para confrontar seu filho. Seu mau exemplo destruiu grande parte da sua influência moral sobre os que estavam sob seus cuidados. Os líderes da igreja hoje devem ser exemplos de santidade (isto é, integridade espiritual, separação do mal e dedicação a Deus) e pureza moral. Assim, serão capazes de confrontar o pecado sem se sentirem hipócritas ou culpados, e sem temerem um escrutínio que possa revelar transgressões aos padrões de Deus em sua vida (1Tm 3.1-13).” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, pp.389,390).
II – NO CASAMENTO, UMA SÓ CARNE
1. Como não conduzir o casamento. Davi era considerado “um homem segundo o coração de Deus” (1Sm 13.14). Por outro lado, teve sua vida pessoal marcada por diversas atitudes questionáveis, como múltiplos casamentos e um adultério. O que pode explicar os muitos casamentos paralelos de Davi? Primeiro, era comum os monarcas nos tempos antigos terem muitas esposas para garantir a sucessão no trono: segundo, para estabelecer alianças políticas e econômicas e a ampliação da influência da família real; terceiro, a manutenção de um costume da época em que os reis deveriam ter muitas esposas como símbolo de poder e riqueza.
Comentário: Ao analisarmos a vida de Davi, somos confrontados com uma aparente contradição: como um homem que era considerado “segundo o coração de Deus” pôde ter uma vida conjugal marcada por tantas atitudes questionáveis? Para compreendermos essa complexidade, precisamos considerar o contexto histórico e cultural em que Davi viveu, reconhecendo que a poligamia era uma prática comum entre os reis da antiguidade, utilizada para garantir a sucessão no trono, estabelecer alianças políticas e demonstrar poder e riqueza.
No entanto, a Palavra de Deus nos ensina que o casamento monogâmico entre um homem e uma mulher é o plano original de Deus para a família, conforme estabelecido desde a criação (Gênesis 2:24). Ao desviar-se desse plano, Davi colheu consequências amargas em sua vida pessoal e familiar.
Os múltiplos casamentos de Davi trouxeram consequências negativas, entre elas destacamos: disputas internas e rivalidades entre as esposas e seus filhos; sofrimento emocional das esposas ao se sentirem negligenciadas e desvalorizadas em função das outras; a naturalização da infidelidade conjugal como aconteceu no caso de Bate-Seba, além de suas tristes consequências; intolerância frente às diferenças, como no caso de Mical.
Embora fosse um costume da época, muitos séculos antes Deus já havia alertado que não era bom o rei ter muitas esposas (Dt 17.16,17), tal orientação alcançava a todos, porém no Antigo Testamento havia certa tolerância na sociedade a esse tipo de união. Já no Novo Testamento a monogamia foi estabelecida como padrão ideal para o casamento (Mt 19.4-6).
Comentário: As consequências dos múltiplos casamentos de Davi são evidentes nas Escrituras, revelando um lar marcado por disputas, rivalidades, ciúmes, sofrimento emocional e tragédias. A poligamia gerou um ambiente de instabilidade e insegurança, afetando profundamente os relacionamentos familiares. Além disso, o adultério de Davi com Bate-Seba e o assassinato de Urias demonstram a gravidade de desviar-se dos princípios morais estabelecidos por Deus.
Embora a poligamia fosse tolerada em certas épocas do Antigo Testamento, a Palavra de Deus sempre apontou para o casamento monogâmico como o ideal, conforme confirmado por Jesus no Novo Testamento (Mateus 19:4-6). Ao reconhecermos as consequências negativas das escolhas de Davi, somos desafiados a buscar a direção de Deus em nossos relacionamentos e a valorizar o casamento monogâmico como um presente divino.
2. Um casamento à luz da Bíblia. O casamento é fruto da vontade do Senhor para com as nossas vidas. Ao criar o homem, encontramos pela primeira vez a expressão “não é bom” (Gn 2.18) referindo-se ao fato de o homem estar só. A solidão não combina com o ser humano, somos sociais e em nossos relacionamentos celebramos os propósitos de Deus para com nossas vidas.
Comentário: O casamento é um presente de Deus para a humanidade, uma instituição divina que visa promover a felicidade, a realização e o crescimento mútuo entre um homem e uma mulher. Ao criar o homem, Deus reconheceu que “não era bom que o homem estivesse só” (Gênesis 2:18), revelando a importância do relacionamento e da companhia para o bem-estar humano.
A solidão não faz parte do plano de Deus para nós, pois fomos criados para viver em comunidade, para amar e sermos amados, para compartilhar nossas vidas e celebrar os propósitos de Deus juntos. Ao valorizarmos o casamento como um projeto divino, somos desafiados a buscar a direção de Deus em nossos relacionamentos e a construir lares que reflitam o Seu amor, a Sua graça e a Sua verdade.
Diante dessa constatação, o Senhor fez para o homem uma auxiliadora idônea para o completar e ser com ele uma só carne (Gn 2.24). Note bem: uma só carne! Nem inferior, nem superior, mas sim, semelhante em uma união perfeita ao ponto de tornarem-se um (Mt 19.6). Jesus ensinou que o casamento é uma instituição divina onde homem e mulher não seriam mais dois, mas sim, uma só carne em uma união indissolúvel (Mc 10.6-9). O casamento é algo tão significativo chegando ao ponto de ser o padrão escolhido por Deus para ilustrar a relação entre Jesus Cristo e a Igreja (Ef 5.25-32; Ap 19.6-8).
Comentário: Ao criar a mulher, Deus providenciou para o homem uma “auxiliadora idônea” (Gênesis 2:18), alguém que seria sua companheira, sua amiga, sua parceira e sua ajudadora em todas as áreas da vida. A união entre o homem e a mulher no casamento é tão profunda e significativa que a Palavra de Deus a descreve como “uma só carne” (Gênesis 2:24), revelando a intimidade, a unidade e a interdependência que devem caracterizar o relacionamento conjugal.
Jesus Cristo reafirmou a importância do casamento como uma instituição divina, ensinando que o homem e a mulher não são mais dois, mas uma só carne, em uma união indissolúvel (Mateus 19:6). O casamento é um reflexo do amor de Deus pela Sua Igreja, um padrão que nos desafia a amar, a servir e a honrar nossos cônjuges como Cristo amou, serviu e honrou a Sua Igreja (Efésios 5:25-32).
3. Quem quer um bom casamento? Todos desejam um casamento feliz, não é mesmo? E essa é a vontade do Senhor para todos nós, no entanto precisamos entender os princípios bíblicos para um casamento, e permitir que Deus possa estar sempre presente em nossas famílias, afinal, o cordão de três dobras não se quebra facilmente (Ec 4.12).
Para que o casamento alcance sucesso, é necessário seguir alguns princípios básicos: uma aliança e uma união indissolúvel; uma fidelidade recíproca na saúde, na doença, na felicidade e na adversidade; uma busca de um amor incondicional promovendo o respeito mútuo, a comunicação, a compreensão, o companheirismo, o compromisso e o perdão; uma crescente intimidade física, emocional, espiritual e intelectual; uma espiritualidade sadia vivida a dois.
Vale destacar que, no casamento, o homem e a mulher “deixam” de ser filhos para se tornarem marido e esposa, os pais/ sogros continuam conectados, mas em uma relação ressignificada como conselheiros e apoiadores mantendo um distanciamento saudável.
Comentário: Um casamento à luz da Bíblia é fundamentado em uma aliança incondicional, em uma fidelidade recíproca, em um amor que busca o bem-estar do outro, em um respeito mútuo, em uma comunicação aberta e honesta, em uma compreensão que vai além das palavras, em um companheirismo que fortalece os laços da união, em um compromisso que persevera nas dificuldades e em um perdão que restaura os relacionamentos.
Além disso, um bom casamento é marcado por uma crescente intimidade física, emocional, espiritual e intelectual, e por uma espiritualidade sadia vivida em conjunto, buscando a Deus em oração, no estudo da Bíblia e na comunhão com outros cristãos. É importante lembrar que, ao nos casarmos, deixamos de ser filhos para nos tornarmos marido e esposa, estabelecendo um novo núcleo familiar que deve ser priorizado, honrando nossos pais e sogros, mas mantendo um distanciamento saudável para preservar a intimidade e a autonomia do casamento.
SUBSÍDIO II
Professor(a), evidencie o fato de que para um bom casamento, a presença divina é algo imprescindível. Incentive seus alunos(as) a convidarem o Senhor para participar de todos os momentos de suas vidas.
III. EIS QUE OS FILHOS SÃO HERANÇA DO SENHOR
1. Como pai, um bom rei.A chegada dos filhos é, sem dúvidas, o acontecimento mais aguardado e precioso na vida de um casal. E Davi, foi privilegiado com uma casa cheia de filhos. Era uma bela oportunidade de se dedicar a uma paternidade plena, em que seus filhos pudessem aprender aos pés de um dos homens mais célebres da história.
Comentário: A chegada dos filhos é um dos momentos mais especiais e transformadores na vida de um casal. Os filhos são um presente de Deus, uma herança preciosa que nos é confiada para cuidarmos, amarmos e educarmos no temor do Senhor.
Davi foi abençoado com uma numerosa prole, tendo a oportunidade de exercer uma paternidade plena, transmitindo seus valores, seus conhecimentos e sua fé para as futuras gerações. No entanto, a história de Davi nos mostra que nem sempre aproveitamos as oportunidades que Deus nos dá, e que a paternidade exige mais do que apenas a procriação, mas sim um compromisso diário de amor, cuidado e dedicação.
Porém, Davi escolheu ter outras prioridades e passou por dificuldades em lidar com a correta educação de seus filhos. Diante deles, foi ausente (2Sm 13.21,22), pouco dialogou (2Sm 14.33), não impôs limites (1Rs 1.6; 2Sm 18.33), não supria as necessidades naturais (2Sm 13.37,38) e os mimou com muitos privilégios (2Sm 13.28; 2Sm 15.8,9).
Comentário: Apesar de ter sido um grande rei, um guerreiro valente e um salmista inspirado, Davi enfrentou dificuldades em exercer sua paternidade de forma eficaz. A Palavra de Deus nos revela que Davi foi um pai ausente, negligente e permissivo, que não dedicou tempo suficiente para seus filhos, não dialogou com eles, não impôs limites adequados, não supriu suas necessidades emocionais e espirituais e os mimou com excesso de privilégios. A ausência de um pai presente e atuante pode ter consequências negativas para a vida dos filhos, gerando insegurança, rebeldia, falta de limites e dificuldades em estabelecer relacionamentos saudáveis.
2. Consequências de uma paternidade disfuncional. A partir dessa postura, tristes eventos se sucederam trazendo muita tristeza e frustrações: o incesto e a violência de Amnom com Tamar (2Sm 13.14); a vingança de Absalão matando Amnom (2Sm 13.28,29); o golpe de estado realizado por Absalão (2Sm 15.2-6,10,12-14); a tentativa de golpe de Adonias (1Rs 1.5) e ainda a condenação de morte a Adonias ordenada por Salomão, seu irmão (1Rs 2.23,24).
Mas Davi também teve acertos como pai: mesmo ausente, amava muito a seus filhos e sofria diante dos infortúnios e tragédias que se abatiam sobre eles; deixou um grande exemplo a ser seguindo enquanto servo de Deus e os ensinamentos que não passou pessoalmente, compilou em seus salmos e músicas; foi uma referência sendo considerado o maior rei da história de Israel. As falhas do pai Davi foram grandes, porém com o passar dos anos, seus filhos já podiam fazer suas escolhas e assim seguir bons caminhos.
Comentário: As consequências da paternidade disfuncional de Davi foram trágicas e dolorosas, marcando sua família com eventos como o incesto, a violência, a vingança, o golpe de estado e a luta pelo poder. A falta de um pai presente, amoroso e disciplinador contribuiu para a instabilidade emocional e espiritual de seus filhos, que se envolveram em conflitos e pecados que trouxeram tristeza e sofrimento para toda a família.
No entanto, é importante reconhecer que Davi também amava seus filhos e sofria com seus erros, deixando um legado de fé e devoção a Deus por meio de seus Salmos e de seu exemplo como rei. A história de Davi nos ensina que, apesar de nossas falhas como pais, nossos filhos podem fazer suas próprias escolhas e seguir um caminho diferente, buscando a Deus e construindo um futuro melhor.
SUBSÍDIO III
Professor(a), explique aos alunos que mais do que um presente, os filhos são uma herança de Deus aos pais (Sl 127.3). Sendo assim, é um fator que eleva a responsabilidade paterna a um patamar espiritual de compromisso com o Senhor (1Tm 5.8). A forma como os filhos são amados, conduzidos, cuidados, educados e protegidos é, também, uma ação de resposta ao legado deixado por Deus aos pais (Dt 4.9).
Atualmente, a geração de filhos é vista por muitos como algo meramente biológico, diante disso se multiplicam as consequências dessa visão simplista: pautas pró-aborto; paternidade terceirizada; transtornos depressivos e de ansiedade; judicialização de responsabilidades; ideologização das relações com as novas gerações; e muito mais ( Cl 2 .8).
Diante dessa realidade, precisamos, enquanto jovens, orar por nossas famílias em gratidão pela nossa condução até aqui, mas também em intercessão para que Deus fortaleça nossos pais ao longo da caminhada que ainda segue. Também devemos orar para que, ao formarmos nossas próprias famílias, a presença divina possa ser uma constante, tanto no casamento como na criação dos filhos que virão (At 16.31; 1Jo 3.22).
A Bíblia afirma que os filhos são como flechas na mão do valente, que excelente metáfora escrita pelo filho de Davi, Salomão (Sl 127.4). Nessa comparação, há uma indicação de legado e contribuição para o tempo futuro. Filhos educados com excelência são a alegria dos pais e a garantia de dias melhores para toda uma sociedade (Pv 17.6; Ef 6.1-4).
Assim como o valente prepara suas flechas e as cuida com dedicação, os pais também precisam conduzir e educar bem os seus filhos (Pv 22.6). Desde o preparo espiritual, a formação de valores e o cultivo das virtudes, o ensino de saberes e competências para a vida, até a imposição de limites e o cultivo da empatia e resiliência, os pais precisam despertar os seus filhos a um compromisso com o Senhor e com as futuras gerações.
CONCLUSÃO
Aprendemos muito com Davi, marido e pai. Embora muitos foram os equívocos em sua postura, vemos também virtudes importantes. Sofreu com casamentos fora da vontade divina, e filhos inconsequentes o que lhe custou lágrimas e lamentos. No entanto, sempre teve uma postura amorosa para com seus filhos, e sincera com suas esposas. Além disso, independente das falhas, teve um coração contrito e sedento por Deus, um bom exemplo a todos nós!
Comentário: A vida de Davi, com suas luzes e sombras, nos oferece valiosas lições sobre o casamento e a paternidade. Ao analisarmos seus erros e acertos, somos desafiados a refletir sobre nossas próprias escolhas e a buscar a direção de Deus em todas as áreas de nossas vidas.
Davi sofreu as consequências de seus casamentos fora da vontade divina e da criação negligente de seus filhos, colhendo lágrimas e lamentos em seu lar. No entanto, ele também demonstrou amor e sinceridade em seus relacionamentos, e, acima de tudo, revelou um coração contrito e sedento por Deus, buscando a Sua misericórdia e o Seu perdão em todas as circunstâncias.
A história de Davi nos ensina que, apesar de nossas falhas e fraquezas, podemos sempre buscar a Deus, aprender com nossos erros e construir um futuro melhor para nossas famílias, fundamentado nos princípios bíblicos do amor, do perdão, da comunicação e da fé. Que possamos seguir o exemplo de Davi em sua busca por Deus, em seu amor por seus filhos e em sua sinceridade em seus relacionamentos, para que nossas famílias sejam um reflexo do amor e da graça de Deus para o mundo.
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