Lição 10: A Prisão de Jeremias

 


LIÇÕES BÍBLICAS CPAD JOVENS

4º Trimestre de 2025


Título: Exortação, arrependimento e esperança — O ministério profético de Jeremias

Autor: Elias Torralbo


Comentário: Palavra Forte de Deus

Lição 10: A Prisão de Jeremias

Data: 7 de dezembro de 2025


TEXTO PRINCIPAL


“ … nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor!” (Rm 8.39).


Comentário da Palavra Forte de Deus


A escolha deste versículo de Romanos para iniciar a lição sobre a prisão de Jeremias é exegética e profundamente espiritual. O profeta, mergulhado na “profundidade” do calabouço e cercado pelas “criaturas” que o perseguiam, é o testemunho vivo de que o amor de Deus transcende qualquer circunstância. A frase “não nos poderá separar” não é uma declaração otimista, mas uma garantia teológica ancorada na obra consumada de Cristo. Em outras palavras, o sofrimento humano não tem o poder de anular o pacto de amor divino.

Ademais, o amor de Deus não se manifesta apenas na ausência de sofrimento, mas, paradoxalmente, em Sua fidelidade que nos sustenta durante ele. A experiência de Jeremias, que recebe a Palavra de Deus mesmo preso, prova que o ambiente de cativeiro não pode silenciar a voz do Senhor nem interromper o Seu propósito. O profeta manteve sua fé e sua mensagem precisamente porque estava seguro desse amor eterno — um amor que se revela em fidelidade.

Dessa forma, o Texto Principal oferece a você, crente do século XXI, a âncora necessária para navegar nos tempos de adversidade. O “calabouço” da vida (uma crise, uma doença, uma perseguição) não é um sinal de rejeição, mas um ambiente onde a fidelidade de Deus se torna mais visível. Por isso, você deve se firmar na certeza de que o amor de Deus em Cristo Jesus é a força invencível que garante sua perseverança.


RESUMO DA LIÇÃO


Jeremias permaneceu fiel a Deus a despeito das oposições e das perseguições.


Comentário da Palavra Forte de Deus


O Resumo da Lição exprimi a essência do capítulo 37 de Jeremias: a fidelidade do profeta contrasta tragicamente com a infidelidade de seu povo e de seu rei. A experiência de Jeremias nos ensina que a verdadeira lealdade a Deus só pode ser medida quando confrontada por “oposições e perseguições”. O profeta, que chorava o destino de Judá, não negociou a Palavra, permanecendo firme em sua mensagem de juízo e arrependimento, mesmo que isso significasse a prisão e a ameaça de morte.

Consequentemente, a fidelidade de Jeremias não foi um traço de personalidade heroico, mas o fruto de sua obediência radical à vocação divina. Ele demonstrou que a obediência à Palavra de Deus deve ser mantida a despeito do custo pessoal e da opinião pública. Sua integridade em não alterar a mensagem, mesmo sob a pressão do rei indeciso Zedequias, reflete a integridade do próprio Deus, que não muda Sua Palavra por causa de conveniências humanas.

Sendo assim, a fidelidade de Jeremias é o espelho que desafia a sua própria devoção. Você deve refletir: sua lealdade a Cristo é inabalável quando a oposição se manifesta (seja ela social, profissional ou familiar)? O exemplo do profeta mostra que a permanência na Palavra é o único caminho para a honra divina e para a efetividade do ministério, lembrando-nos que ser fiel é mais importante do que ser popular.


OBJETIVOS


MOSTRAR como se deu a prisão de Jeremias;

SABER a respeito da ação de Deus, apesar da oposição;

REFLETIR a respeito da fidelidade de Deus, o povo e o profeta.


INTERAÇÃO


Na lição deste domingo, veremos que mesmo em meio ao sofrimento causado pela sua prisão, o profeta Jeremias desfrutou do cuidado de Deus, ouviu Sua voz e sua fé foi renovada. Ele experimentou da fidelidade do Senhor, o que lhe deu condições para suportar as muitas adversidades. Como servos(as) do Senhor enfrentamos tempos difíceis e devemos nos firmar na fidelidade de Deus, em sua bondade, cumprindo a sua Palavra e não esmorecer até que Cristo venha.


ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA


Professor(a), dê início à lição explicando que os alunos vão estudar parte do capítulo 37 do livro de Jeremias. Em seguida, pergunte quem leu ou está lendo todo o livro de Jeremias. Depois pergunte: “Do que esse capítulo trata?”. Incentive a participação dos alunos e ouça as respostas com atenção. Em seguida, diga que esse capítulo começa falando de Zedequias. Peça que os alunos falem o que sabem a respeito desse rei. Depois, explique que “ele foi o segundo dos filhos do rei Josias a reinar sobre Judá (609—598 a.C.). A sua mãe se chamava Zebida. Jeoaquim ‘fez o que era mal aos olhos do Senhor’ (2Rs 23.37), e o seu reinado de onze anos está registrado em 2 Reis 23.34 — 24.6 e 2 Crônicas 36.4-8”. (Adaptado de Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.270).


TEXTO BÍBLICO


 Jeremias 37.1-15.


1 E Zedequias, filho de Josias, a quem Nabucodonosor, rei de babilônia, constituiu rei na terra de Judá, reinou em lugar de Conias, filho de Jeoiaquim. 2 Mas nem ele, nem os seus servos, nem o povo da terra deram ouvidos às palavras do Senhor que falou pelo ministério de Jeremias, o profeta. 3 Contudo mandou o rei Zedequias a Jucal, filho de Selemias, e a Sofonias, filho de Maaséias, o sacerdote, ao profeta Jeremias, para lhe dizer: Roga agora por nós ao Senhor nosso Deus. 4 E entrava e saía Jeremias entre o povo, porque não o tinham posto na prisão. 5 E o exército de Faraó saíra do Egito; e quando os caldeus, que tinham sitiado Jerusalém, ouviram esta notícia, retiraram-se de Jerusalém. 6 Então veio a Jeremias, o profeta, a palavra do Senhor, dizendo: 7 Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Assim direis ao rei de Judá, que vos enviou a mim para me consultar: Eis que o exército de Faraó, que saiu em vosso socorro, voltará para a sua terra no Egito. 8 E voltarão os caldeus, e pelejarão contra esta cidade, e a tomarão, e a queimarão a fogo. 9 Assim diz o Senhor: Não enganeis as vossas almas, dizendo: Sem dúvida se retirarão os caldeus de nós, pois não se retirarão. 10 Porque ainda que ferísseis a todo o exército dos caldeus, que peleja contra vós, e só ficassem deles homens feridos, cada um levantar-se-ia na sua tenda, e queimaria a fogo esta cidade. 11 E sucedeu que, subindo de Jerusalém o exército dos caldeus, por causa do exército de Faraó, 12 Saiu Jeremias de Jerusalém, a fim de ir à terra de Benjamim, para dali se separar no meio do povo. 13 Mas, estando ele à porta de Benjamim, achava-se ali um capitão da guarda, cujo nome era Jerias, filho de Selemias, filho de Hananias, o qual prendeu a Jeremias, o profeta, dizendo: Tu foges para os caldeus.14 E Jeremias disse: Isso é falso, não fujo para os caldeus. Mas ele não lhe deu ouvidos; e assim Jerias prendeu a Jeremias, e o levou aos príncipes. 15 E os príncipes se iraram muito contra Jeremias, e o feriram; e puseram-no na prisão, na casa de Jônatas, o escrivão; porque a tinham transformado em cárcere.


COMENTÁRIO DA LIÇÃO


INTRODUÇÃO


Nesta lição, vamos refletir a respeito do compromisso de Deus com a sua Palavra e com aqueles que lhe são fiéis. Veremos sobre o sofrimento de Jeremias em sua prisão, e a providência de Deus em manter a vida do profeta, mesmo ele passando por momentos terríveis.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A Introdução estabelece a relação causal entre o compromisso de Deus e a fidelidade do crente. O sofrimento de Jeremias (sua prisão) não é visto como uma tragédia aleatória, mas como o palco de providência divina. Em outras palavras, Deus permitiu os “momentos terríveis” para manifestar Sua fidelidade e sustentar o profeta de forma sobrenatural. O sofrimento de Jeremias torna-se, assim, uma provação de fogo que confirma a validade da Palavra.

Neste sentido, a teologia da providência é acentuada: Deus não apenas promete livramento, mas “mantém a vida” do fiel em meio à perseguição. O fato de Jeremias ter sido movido de um calabouço para o “átrio da guarda” (v. 21) e, posteriormente, resgatado da cisterna de lama (Jr 38), demonstra que a intervenção divina usa meios improváveis (como a intercessão de um etíope) para proteger Seus servos. O compromisso de Deus é prático e ativo.

Portanto, a reflexão que se impõe é sobre o seu grau de confiança na providência de Deus. Você deve entender que a sua fidelidade não é um fim em si mesma, mas a condição para que o cuidado de Deus se manifeste em sua vida. Não tema o sofrimento, mas encare-o como a oportunidade de testemunhar a fidelidade e o compromisso de Deus com Sua Palavra e com aqueles que se mantêm leais a Ele.


I – A PRISÃO DE JEREMIAS


1. Informações iniciais.


A prisão de Jeremias é um tema que chama a atenção, tanto pela sua importância histórica como pela comoção diante do sofrimento de um profeta fiel. A sua prisão se deu quando os babilônios se afastaram de Jerusalém, por um tempo, para pelejar contra um exército egípcio (v.5). Este foi um momento angustiante, tanto para Jerusalém que estava prestes a ser invadida pelos babilônios, como para Jeremias que, além de correr risco de perder a vida, tinha de lidar com o cumprimento de suas predições a respeito da destruição de seu povo.

Judá não ouviu a voz de Deus e descansou na falsa sensação de que os babilônios não voltariam para atacá-la, ao que Jeremias enviou um alerta ao rei de que eles não só voltariam, mas a destruiria (vv.8-10). Nem mesmo depois de preso o profeta alterou a mensagem, mas permaneceu fiel (vv.17,18), sendo então colocado “no átrio da guarda” (vv.20,21).


Comentário da Palavra Forte de Deus


A prisão de Jeremias (Jeremias 37) ocorre em um momento de falsa esperança em Judá. A retirada temporária dos babilônios para enfrentar o Egito criou uma “falsa sensação de paz” (v. 5), o que demonstra a cegueira espiritual do povo. O profeta, porém, não se deixou enganar pelo alívio momentâneo e, com coragem, reiterou a inevitabilidade do juízo (vv. 8-10). A sua integridade inegociável foi a sua sentença de prisão, pois o fiel mensageiro tornou-se odiado por anunciar o que o povo não queria ouvir.

Consequentemente, é crucial notar a fidelidade ininterrupta de Jeremias: ele não “alterou a mensagem” (vv. 17, 18) mesmo depois de preso. A coerência entre a vida e a Palavra do profeta é o que lhe confere autoridade moral, mas, ironicamente, é também o que lhe custa a liberdade. A mudança para o “átrio da guarda” (vv. 20, 21), embora mais brando, ainda era uma prisão. O cuidado de Deus se manifesta, primeiramente, em sustentar o profeta na integridade de sua vocação.

Sendo assim, a lição nos desafia a perguntar: o preço da fidelidade está alterando a sua mensagem? Você deve aprender com Jeremias que o verdadeiro profeta não negocia a Palavra em troca de liberdade ou conforto. A sua missão é permanecer fiel ao que Deus disse, mesmo quando o mundo à sua volta deseja ouvir apenas palavras de engano e falsa esperança.


2. A primeira fase da prisão de Jeremias.


Zedequias foi um rei indeciso, e isso contribuiu diretamente para a prisão de Jeremias. Diante da decisão do povo em confiar na própria força e não em Deus, o profeta Jeremias advertiu a nação a fugir do engano (v.9), como clara demonstração de que eles não conheciam a Deus e nem o seu juízo.

Enquanto viajava para Anatote, sua cidade natal, Jeremias foi impedido de seguir viagem e foi preso, sob a acusação de que estava indo para se aliar aos babilônios (v.13). O profeta contava com a simpatia de alguns (Jr 36.11-19) e com a maldade de outros que conseguiram a autorização do rei para punirem Jeremias (Jr 37.15).

Jeremias ficou preso “por muitos dias” (v.16) num calabouço, que quer dizer “casa da cova”, onde tinhas as “suas celas”, lugar onde sua vida corria perigo (v.20). Sob a pressão do cerco babilônio, o rei Zedequias consultou, secretamente, Jeremias que, mesmo diante do quadro no qual se encontrava, não negociou a mensagem, mas a entregou com fidelidade (v.17) e, por causa de sua intercessão ao rei (v.20) foi colocado no átrio da guarda (v.21).


Comentário da Palavra Forte de Deus


A prisão de Jeremias é deflagrada pela indecisão do Rei Zedequias e pela fúria dos príncipes (v. 15), que não suportavam a verdade. A acusação de traição (aliança com os caldeus, v. 13) era uma manobra política para silenciar a voz da consciência que Jeremias representava. O fato de o profeta ter sido atirado em um calabouço (“casa da cova”, v. 16), um local de perigo e escuridão, demonstra a crueldade com que o poder humano persegue a mensagem de Deus.

Consequentemente, a figura do rei Zedequias é teologicamente importante. Ele representa a fraqueza do líder religioso/político que teme o povo mais do que a Deus. Sua consulta secreta a Jeremias (v. 17) revela que, no íntimo, ele reconhecia a verdade do profeta, mas sua covardia o impedia de obedecer. Contudo, a fidelidade de Jeremias em não negociar a mensagem, mesmo em troca de liberdade, garantiu que a Palavra de Deus continuasse a ecoar, levando à mitigação de sua pena para o “átrio da guarda” (v. 21).

Sendo assim, você deve extrair desta passagem a importância da fidelidade como moeda de troca no reino espiritual. A sua lealdade à verdade, mesmo quando lhe custa conforto ou segurança, é o que garante a intervenção de Deus em seu favor. Não ceda à pressão de alterar sua convicção para agradar a “Zedequias” ou aos “príncipes” de seu tempo. Mantenha a Palavra com firmeza, e Deus garantirá sua provisão e proteção.


3. A segunda fase da prisão de Jeremias.


A primeira fase da prisão de Jeremias foi em um calabouço, que se trata de uma prisão subterrânea, fria e escura (vv.15,16). Em seguida, o rei permitiu que o profeta ficasse no átrio da guarda, uma parte do palácio, uma prisão mais “branda” e sob a vigilância de soldados (v.21). Finalmente, Jeremias foi lançado em um calabouço e ao que indica que se tratava de uma espécie de cisterna, ou um reservatório de águas, mas que só tinha lama, o que tornou essa prisão bem mais terrível para o profeta (Jr 38.6,7).

A segunda fase da prisão de Jeremias se deu nesse calabouço sem água ou comida. Ele foi acusado de trabalhar contra Judá e ter desanimado o povo com a sua mensagem de arrependimento e de alerta sobre a invasão de Nabucodonosor. Enquanto os que trabalharam contra Jeremias eram príncipes de Judá, Ebede-Meleque que intercedeu e atuou na libertação do profeta, era um etíope e não um judeu, reafirmando que Deus usa meios improváveis para realizar grandes obras (Jr 39.15-18).


Comentário da Palavra Forte de Deus


A experiência de Jeremias em sua segunda prisão, na cisterna de lama (Jr 38.6,7), é o ápice de seu sofrimento e a antítese do cuidado divino. O profeta, que havia alertado sobre a impureza de Judá, foi lançado na lama, simbolizando a sujeira moral de seus perseguidores. A acusação de “desanimar o povo” era, na verdade, a rejeição à mensagem de arrependimento, pois o pecado sempre confunde o alerta profético com o derrotismo.

Contudo, é nesse ponto de total desespero que a providência de Deus brilha através de um instrumento improvável: Ebede-Meleque, o etíope (Jr 38.7). O fato de um estrangeiro eunuco agir com mais humanidade e fé do que os príncipes de Judá é uma crítica severa à apostasia da nação. Deus usou o desprezado para salvar o profeta desprezado, reafirmando que a salvação e a fidelidade não dependem da linhagem ou do status, mas do coração que obedece.

Portanto, a libertação de Jeremias (Jr 39.15-18) é a prova final do compromisso de Deus com os fiéis. Você deve aprender que, mesmo quando for lançado na “cisterna de lama” de sua vida, Deus mobilizará “meios improváveis” para resgatá-lo. A fidelidade do profeta foi recompensada com a promessa de que sua vida seria livrada. A sua tarefa é imitar Jeremias: permaneça firme na verdade, e o Senhor se responsabilizará por sua libertação.


SUBSÍDIO I


“Nabucodonosor pôs Zedequias na posição de ‘rei’ em Jerusalém, de modo que Zedequias realmente estava subordinado à autoridade da Babilônia. Anteriormente, o rei Joaquim tinha reinado por apenas três meses antes de ser deportado para a Babilônia (veja 36.30, nota).

Embora Zedequias tenha se recusado a prestar atenção àquilo que o Senhor tinha dito através de Jeremias (v.2), ele ainda queria que Jeremias rogasse por Judá, esperando de alguma maneira ganhar o favor do Senhor. Zedequias era como muitos hoje, que querem a ajuda de Deus, mas que ao mesmo tempo insistem em desfrutar os prazeres pecaminosos do mundo. Tais pessoas têm uma religião superficial, mas não um relacionamento real com Deus. Porém, quando a aflição chega, elas invocam a Deus, esperando receber a sua ajuda. Como Zedequias, elas se desapontarão (vv.6-9).

Jeremias se apresentou diante do rei sem temor e não hesitou em anunciar a mensagem impopular de que a cidade seria destruída (vv.8,10). Espancamentos, prisão e ameaças de morte não fizeram com que ele abandonasse a sua missão de entregar a mensagem de Deus (vv.11-17).” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.955).


II – PRISÃO FECHADA, PORTAS ABERTAS


1. A ação de Deus, apesar da oposição.


A história de Jeremias mostra que diante de toda a perseguição e maldade de seus compatriotas, o agir de Deus não foi impedido, haja vista que o profeta continuou a receber mensagens a serem transmitidas e, sem retroceder, as entregou com fidelidade e coragem. Além disso, aquilo que o Senhor falou por meio dele se cumpriu (Jr 29.10).


Comentário da Palavra Forte de Deus


É um princípio teológico fundamental que o agir de Deus jamais é impedido pela fragilidade ou maldade humana. A história de Jeremias atesta isso: mesmo em meio à perseguição implacável de seus próprios compatriotas, o Senhor manteve o fluxo da revelação. O profeta, encarcerado, continuou a ser o porta-voz de Deus, entregando Suas mensagens com inabalável fidelidade. Em outras palavras, a prisão de Jeremias não silenciou a voz do Altíssimo; ela apenas mudou o local da pregação.

Neste sentido, a efetividade do ministério de Jeremias é sublinhada pelo fato de que “aquilo que o Senhor falou por meio dele se cumpriu” (Jr 29.10, referindo-se aos setenta anos do cativeiro). A oposicão humana e as grades da prisão não podem reverter o decreto divino. A profecia de Jeremias, mesmo quando parecia loucura aos seus contemporâneos, provou ser a verdade inquestionável quando o tempo de Deus se cumpriu. Isso demonstra que a Palavra do Senhor é autônoma e soberana.

Dessa forma, você deve entender que a sua utilidade no Reino de Deus não depende da ausência de oposição, mas da sua fidelidade em meio a ela. Se você se mantiver firme na Palavra, as perseguições não impedirão o agir de Deus em sua vida. O Senhor garante a eficácia da mensagem, mesmo quando o mensageiro está limitado. Sua única responsabilidade é a obediência e a coragem de não retroceder.


2. Uma porta aberta na prisão.


Jeremias estava preso, mas Deus se apresentou e falou-lhe a sua Palavra por duas vezes (Jr 32.1,2; 33.1). Foi por ocasião desta segunda vez que Deus convocou o profeta a clamar, com a promessa de que o responderia e anunciaria a ele “coisas grandes e firmes” (Jr 33.3).

Na condição de preso, Jeremias não podia encontrar as pessoas que desejassem, nem mesmo tinha a liberdade de ir e vir, além de ter sido privado de outros elementos básicos da vida. As limitações dele não se aplicaram a Deus, que entrou onde estava o profeta e falou com ele. As portas trancadas por homens não são capazes de impedir o agir de Deus por meio da oração. Independente do lugar e das circunstâncias, Jeremias podia clamar a Deus.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A prisão física de Jeremias (Jeremias 32.1,2; 33.1) se torna o paradoxo da liberdade espiritual. Embora o profeta estivesse cercado por “portas trancadas por homens”, as limitações humanas não se aplicam a Deus. O Senhor “entrou onde estava o profeta” para falar a Sua Palavra, provando que a comunicação divina é irrestrita e transcende grades e muros. A Palavra de Deus sempre encontra o Seu mensageiro, independentemente do confinamento.

Consequentemente, a convocação divina ao clamor (“Clama a mim, e responder-te-ei…”, Jr 33.3) é o ponto de virada: a oração é a porta aberta que o homem jamais poderá fechar. O Senhor não apenas prometeu responder, mas revelar “coisas grandes e firmes” – isto é, verdades profundas e inabaláveis, referindo-se à restauração futura e à Nova Aliança. A oração transforma o ambiente de cativeiro em um santuário de revelação e esperança.

Dessa forma, você deve entender que, em momentos de angústia e limitação, a sua ferramenta mais poderosa é o clamor. As circunstâncias e o lugar não definem a sua capacidade de comunhão com Deus. Que a experiência de Jeremias o inspire a clamar por “coisas grandes e firmes”, pois o Senhor está pronto a responder e a manifestar o Seu poder em seu confinamento, transformando sua “prisão fechada” em uma experiência de “portas abertas”.


3. O profeta está preso, mas a Palavra está livre.


A Palavra de Deus não depende das condições do mensageiro, e a mensagem é do Senhor, portanto, segue o seu curso independentemente de qualquer outra coisa.

Em cumprimento à promessa feita a Jeremias de que velaria sobre a sua Palavra para a cumprir, Deus trabalhou, mesmo quando o profeta estava preso, pois isso é próprio da natureza perfeita e fiel de Deus (Jr 1.12; 2Cr 36.21). Todas as portas humanas podem estar fechadas, mas a porta da Palavra e da oração sempre estarão abertas e em condições de cumprirem o seu papel, segundo a vontade do Senhor.


Comentário da Palavra Forte de Deus


Esta seção final é uma declaração de soberania da Palavra: “a Palavra de Deus não depende das condições do mensageiro”. Em termos teológicos, a eficácia da mensagem está na natureza perfeita e fiel de Deus que a emitiu, e não na liberdade ou no bem-estar do profeta. O compromisso do Senhor de “velar sobre a sua Palavra para a cumprir” (Jr 1.12) garante que o decreto divino se concretizará, usando ou não o profeta em liberdade.

Neste sentido, o fato de Deus ter trabalhado (2 Crônicas 36.21) para cumprir a profecia mesmo com Jeremias preso atesta a autonomia da Revelação. A Palavra de Deus, como uma força viva, segue o seu curso independentemente de qualquer obstrução humana. O cativeiro não era um obstáculo, mas o cumprimento da própria Palavra. As “portas da Palavra e da oração” permanecem abertas porque são divinas, enquanto as portas humanas são transitórias.

Portanto, você deve se confortar e se inspirar no princípio de que, mesmo em tempos de grande limitação ou perseguição, a sua vocação permanece viva. O mensageiro pode ser detido, mas a Palavra de Deus está livre e continua a operar. A sua fidelidade à Palavra é o que a libera para cumprir o seu propósito. A Palavra e a oração são as duas pontes inquebráveis entre o céu e a sua situação atual.


SUBSÍDIO II


“Alguns príncipes no exército de Judá eram hostis a Jeremias porque ele tinha exortado o povo a se entregar aos babilônios; por esta razão, eles o confinaram em um calabouço subterrâneo.

Sabendo que Jeremias era um verdadeiro profeta do Senhor, Zedequias esperava uma palavra mais encorajadora da parte de Deus. Mas a palavra de Jeremias permaneceu a mesma. Jerusalém iria cair e Zedequias seria entregue ao rei da Babilônia. O profeta não iria faltar com a verdade mesmo em circunstâncias desesperadoras.” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.955).


III. A FIDELIDADE DE DEUS, O POVO E O PROFETA


1. Uma mensagem que exige uma resposta.


O texto de Jeremias 37.2 nos mostra que nem o rei, nem os seus servos e nem “o povo da terra” “deram ouvidos às palavras do SENHOR”. Como se não bastasse a rejeição, os desobedientes se iraram e trabalharam contra a pessoa do profeta, conforme visto anteriormente. Tal fato nos mostra que quando a Palavra de Deus é entregue, aqueles que ouvem a mensagem, inevitavelmente terão de dar uma resposta, seja ela positiva ou negativa. Ao ouvir a Palavra de Deus, o homem se toma indesculpável, segundo o ensino de Paulo aos Romanos 1.18-20. Portanto, o povo nos dias de Jeremias rejeitou a sua mensagem e, por isso, foi punido, mas o plano de Deus e a sua Palavra permanecem eternamente.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A narrativa de Jeremias 37.2 é um retrato da rebelião generalizada: nem o rei, nem os oficiais, nem o povo “deram ouvidos às palavras do Senhor”. Essa rejeição da Palavra é o ato fundamental de infidelidade que levou ao juízo. É crucial entender que a entrega da profecia transforma a audiência em “indesculpável” (Romanos 1.18-20). Ou seja, a Palavra de Deus, uma vez comunicada, exige uma resposta moral e existencial imediata, e a neutralidade não é uma opção.

Ademais, a reação dos desobedientes foi de ira e perseguição contra o profeta. O pecador endurecido não apenas rejeita a mensagem, mas volta sua fúria contra o mensageiro, numa tentativa fútil de calar a Palavra de Deus. Contudo, essa perseguição, embora dolorosa para Jeremias, serviu apenas para sublinhar a verdade: o povo foi punido, mas o plano de Deus e a Sua Palavra não foram alterados nem um milímetro. A Palavra é eterna, a punição é a consequência temporal da rejeição a essa Palavra.

Sendo assim, esta lição serve como uma forte advertência: a sua postura diante da Palavra de Deus definirá o seu destino. Você não pode alegar ignorância. A Palavra lhe foi entregue e, por isso, você é responsável por dar uma resposta, seja ela de submissão e arrependimento (positiva) ou de rejeição e perseguição (negativa). Que a sua resposta seja sempre de humildade, pois somente a Palavra permanece para sempre.


2. Deus e a sua Palavra.


Segundo a narrativa bíblica, é possível ver a preocupação do rei Zedequias ao perceber que as predições de Jeremias começavam a se cumprir. Isso o levou a consultar o profeta a respeito do futuro e o que ele deveria fazer (Jr 38.14-24). Embora Jeremias estivesse enfrentando prisões, a Palavra de Deus estava se cumprindo, segundo o seu propósito e o anúncio prévio pelo profeta. O crente pode e deve descansar na fidelidade de Deus, porque “fiel é o que prometeu” (Hb 10.23).

A expressão “veio a palavra do Senhor, dizendo” é muito comum ao longo de todo o livro de Jeremias e, além de outras lições, ela mostra que Deus e a sua Palavra são inseparáveis. Jesus é quem evidencia essa verdade. Ele é “o Verbo que se fez carne” (Jo 1.14).

Deus tem compromisso com a sua Palavra, afinal ela também testifica a seu respeito (Jo 5.39). Portanto, à semelhança do Senhor, a sua Palavra é infalível (Mt 5.18). Jeremias tinha essa convicção e nela ele descansava, encontrando as condições para enfrentar as oposições, as perseguições e as prisões sem desonrar a Deus e ao seu chamado.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A infalibilidade da Palavra é o alicerce onde Jeremias encontrou repouso. A preocupação de Zedequias em consultar o profeta preso (Jr 38.14-24) demonstra que, mesmo os céticos, reconhecem a autoridade inerente à profecia cumprida. O rei percebia que as predições de juízo se materializavam, confirmando que a Palavra de Deus não falha. O crente, portanto, deve descansar nessa mesma certeza, pois “fiel é o que prometeu” (Hebreus 10.23).

Neste sentido, a expressão “veio a palavra do Senhor, dizendo” não é um mero clichê literário; é uma declaração teológica da inseparabilidade entre Deus e Sua Palavra. Essa verdade encontra sua máxima expressão em Jesus Cristo, “o Verbo que se fez carne” (João 1.14). A Palavra não é apenas um comunicado, mas a própria essência de Deus manifestada. Assim como Deus é fiel, a Sua Palavra é infalível (Mateus 5.18), pois ela não apenas fala sobre Deus, mas testifica a Seu respeito (João 5.39).

Dessa forma, a convicção na Palavra é o que capacitou Jeremias a enfrentar prisões e perseguições sem desonrar a Deus ou ao Seu chamado. Você deve firmar sua vida nesse mesmo princípio: o conhecimento da infalibilidade da Palavra gera uma fé robusta que o permite descansar em meio ao caos. Não é a sua força que o sustenta, mas a fidelidade e a integridade da Palavra de Deus que governa todas as coisas.


3. A fidelidade de Deus e a postura do profeta.


Qual foi a reação de Jeremias diante das maldades, de suas prisões e da indiferença do povo à sua mensagem? Ele não desanimou, mas podemos ver três atitudes suas que nos encorajam a continuar servindo ao Senhor mesmo enfrentando lutas e perseguições: Jeremias não deixou de amar o seu povo; não maltratou ninguém e continuou a combater os falsos profetas.

Jeremias foi um profeta que demonstrou amor genuíno pelo seu povo, mesmo que este não tenha dado ouvido às suas mensagens. Ele pediu a Deus que lhe desse lágrimas suficientes para chorar em favor deste povo (Jr 9.1), antecipando assim o sentimento de Jesus que seria demonstrado tempos mais tarde, pois, mesmo tendo sido rejeitado, o Senhor chorou e intercedeu pelo povo (Mt 23.37; Lc 19.41-44).

O amor capacitou o profeta a não retribuir o mal que lhe estavam fazendo, já que em nenhum momento Jeremias é visto amaldiçoando e nem maldizendo os seus compatriotas, mas é visto firme em suas previsões e combatendo os falsos profetas, protegendo o povo do engano (Jr 37.6-21).

O mesmo sentimento é visto no apóstolo Paulo, que afirma ser a fidelidade de Deus a fonte de sua capacidade de amar, enquanto sofre (2Tm 2.10-13). Descansar na fidelidade de Deus capacita o crente a amar em tempos difíceis e a permanecer fiel ao Eterno e à sua Palavra.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A postura do profeta Jeremias em meio à adversidade é a lição prática de toda a sua vida. Em vez de desanimar ou retaliar, ele manifestou o amor genuíno que o fazia chorar pelo seu povo (Jr 9.1). Esse amor, que antecipa o lamento e a intercessão de Jesus sobre Jerusalém (Lucas 19.41-44), é a prova de que a disciplina de Deus é motivada pelo amor, e não pelo ódio. O amor teológico nos capacita a não retribuir o mal, mas a perseverar na missão.

Ademais, a fidelidade de Jeremias se expressa em duas ações cruciais: ele não maltratou ninguém (o que demonstra integridade pessoal) e combateu os falsos profetas (o que demonstra zelo pela verdade). O amor não o tornou passivo; pelo contrário, o amor ao povo o impulsionou a proteger a nação do engano (Jr 37.6-21). O apóstolo Paulo ecoa essa mesma experiência (2 Timóteo 2.10-13), mostrando que a fidelidade de Deus é a fonte da nossa capacidade de amar e suportar o sofrimento.

Portanto, a fidelidade de Deus não é apenas uma doutrina para ser crida, mas um poder para ser vivido. Você deve descansar nessa fidelidade para cultivar as mesmas atitudes de Jeremias: amar quem te rejeita, não retaliar quem te persegue e defender a verdade com coragem. Esse amor paciente e perseverante é o maior testemunho que você pode oferecer em um mundo de lutas, confirmando sua fidelidade ao Eterno.


CONCLUSÃO


Mesmo em meio ao sofrimento causado pela sua prisão, o profeta Jeremias desfrutou do cuidado de Deus, ouviu a sua voz e a sua fé foi renovada sobre a fidelidade do Senhor, o que lhe deu as devidas condições para reagir como um verdadeiro servo de Deus em situações tão adversas. O crente da atualidade também deve se firmar na fidelidade de Deus em cumprir a sua Palavra, e não se esquecer sobre a sua responsabilidade e se submeter sempre ao que nela está escrito.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A Conclusão resume com precisão a principal lição da prisão de Jeremias: o sofrimento se torna o ambiente da renovação da fé. O profeta não apenas sobreviveu, mas “desfrutou do cuidado de Deus” e “ouviu a sua voz”, provando que o confinamento pode ser o local de maior intimidade com o Senhor. A fidelidade de Deus é a condição objetiva que capacita o crente a reagir com amor e integridade em qualquer adversidade.

Neste sentido, a lição faz uma ponte direta para o crente da atualidade, reafirmando que a fidelidade de Deus continua sendo o nosso único alicerce. O Senhor cumprirá Sua Palavra. Contudo, essa certeza é seguida pela nossa responsabilidade subjetiva: a submissão ao que está escrito. A confiança na fidelidade divina não anula o dever de obediência humana.

Portanto, o convite final é para que você se firme na imutabilidade do caráter de Deus. Que a sua fé seja continuamente renovada pela voz de Deus, mesmo nas suas “prisões”. Que você se submeta à Palavra e demonstre a fidelidade de Jeremias, para que o cuidado e a provisão do Senhor sejam visíveis em sua vida.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *