LIÇÃO 10: A LIBERDADE QUE CRISTO NOS DEU
LIÇÕES BÍBLICAS CPAD
JOVENS
3º Trimestre de 2025
Título: A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas
Autor: Alexandre Coelho
Comentário: Palavra Forte de Deus
Data: 07 de setembro de 2025
TEXTO PRINCIPAL
“Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará.” (Gl 5.2).
RESUMO DA LIÇÃO
O abandono da liberdade que Cristo nos deu tem causas desastrosas.
Comentário da Palavra Forte de Deus
Paulo, ao advertir os gálatas sobre a inutilidade de se circuncidarem, ressalta que a salvação não é alcançada por meio de obras da Lei, mas unicamente pela fé em Cristo [Gl 5.2]. A circuncisão, outrora um sinal da aliança entre Deus e Abraão, perde seu valor salvífico na Nova Aliança, em que a justificação é concedida gratuitamente a todos os que creem em Jesus. A insistência na circuncisão, portanto, desvirtua o Evangelho da graça e impede os crentes de experimentarem a verdadeira liberdade em Cristo.
Ademais, a advertência de Paulo revela a natureza excludente do legalismo, que estabelece barreiras artificiais entre os crentes e os afasta da comunhão uns com os outros. A fé em Cristo, por outro lado, promove a unidade e a igualdade entre todos os que creem, independentemente de sua origem étnica ou de suas práticas religiosas. A liberdade em Cristo, portanto, não é apenas uma libertação da escravidão da Lei, mas também uma reconciliação com Deus e com o próximo.
LEITURA DA SEMANA
SEGUNDA — At 15.10 A Lei era difícil de ser guardada
TERÇA — Gl 5.9 O “fermento” judaizante
QUARTA — Hb 12.1 Temos uma carreira proposta
QUINTA — Gl 5.4 Quem se justifica pela Lei está separado de Cristo
SEXTA — Gl 5.13 Livres, mas não para ser carnais
SÁBADO — Gl 5.15 A carne faz com que nos esqueçamos de ser amoroso
OBJETIVOS
EXPLICAR o valor da nossa liberdade em Jesus Cristo;
COMPREENDER que devemos estar ligados a Jesus para sermos livres;
MOSTRAR que a prática da liberdade cristã nos impulsiona a cuidar uns dos outros.
INTERAÇÃO
Professor(a), na lição deste domingo estudaremos a respeito de uma situação em que os gálatas teriam que fazer uma escolha: ou eles criam em Cristo e viviam pela fé, ou se firmavam na circuncisão. Veremos que a liberdade que ganhamos em Cristo pode ser removida quando decidimos substituir o Evangelho de Jesus, que recebemos pela fé, pela guarda da Lei ou de preceitos que não nos foram ordenados. Enfatize aos alunos que todo falso ensino tem suas consequências.
Os gálatas estavam caindo da graça, o legalismo os atraiu. Praticar as obras da Lei era pegar um desvio que os levaria para fora do caminho pretendido por Deus. Mostre aos alunos que somos livres para andar no Espírito, ser guiados por Deus e usufruir das bênçãos da salvação e da adoção de filhos que recebemos, e não podemos trocar essas graças por práticas que vão exaltar a nossa humanidade e diminuir o poder do sacrifício feito pelo Senhor em nosso lugar.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), converse com os alunos a respeito da graça de Deus. Explique que no “Antigo Testamento, Deus se revelou como um Deus de graça e misericórdia, que demonstrava amor pelo seu povo, não porque ele merecesse esse amor, mas por causa do seu próprio desejo de ter um relacionamento pessoal com o povo e ser fiel às promessas que havia feito a Abraão, Isaque e Jacó (veja Êx 6.9).
A justiça poderia ser descrita como obter exatamente o que merecemos. A misericórdia poderia ser descrita como Deus nos poupando das consequências e do juízo que merecemos. A graça poderia ser descrita como Deus nos concedendo favor e benefícios que não merecemos. O Novo Testamento enfatiza o tema da graça de Deus, por nos ter dado o seu Filho, Jesus, que de bom grado e voluntariamente deu a sua vida por pecadores que não mereciam esse seu ato.
Hoje, os cristãos continuam a receber essa graça, pela presença e orientação do Espírito Santo. O Espírito transmite a misericórdia, o perdão e a aceitação de Deus, e dá aos cristãos o desejo e a capacidade de fazer a vontade de Deus (Jo 3.16). Todo o processo e progresso da vida cristã, do princípio ao fim, dependem dessa graça” (Adaptado de Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, p.1527).
TEXTO BÍBLICO
Gálatas 5.1-9.
1 — Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão.
2 — Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará.
3 — E, de novo, protesto a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei.
4 — Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.
5 — Porque nós, pelo espírito da fé, aguardamos a esperança da justiça.
6 — Porque, em Jesus Cristo, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas, sim, a fé que opera por amor.
7 — Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?
8 — Esta persuasão não vem daquele que vos chamou.
9 — Um pouco de fermento leveda toda a massa.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Nesta lição, Paulo trata de uma situação em que é preciso fazer uma escolha: ou os gálatas criam em Cristo e viviam pela fé, ou se firmavam na circuncisão. Ele mostra que a liberdade que conseguiram em Cristo pode ser retirada quando eles decidem substituir o Evangelho de Jesus, que receberam pela fé, pela guarda da Lei, de preceitos que não lhes foi ordenado guardar. Os falsos ensinos tinham suas consequências. Os gálatas estavam caindo da graça, brigando uns com os outros e dando ocasião à carne.
Comentário da Palavra Forte de Deus
Ao confrontar os gálatas com a necessidade de escolher entre a fé em Cristo e a circuncisão, Paulo explicita que a adesão à Lei implica a rejeição da graça [Gl 5.2, 4]. A circuncisão, como símbolo da Lei, representa um sistema de obras e méritos humanos, enquanto a fé em Cristo representa a confiança na obra redentora de Deus. A tentativa de conciliar ambos os sistemas resultam na anulação da graça e na perda da liberdade em Cristo.
Além disso, Paulo adverte que os falsos ensinos têm consequências desastrosas, levando os crentes a se desviarem do caminho da verdade e a se entregarem aos desejos da carne [Gl 5.7-9, 13, 15]. A liberdade em Cristo, portanto, não é uma licença para pecar, mas um convite a viver em conformidade com a vontade de Deus, guiados pelo Espírito Santo. A escolha entre a fé e a Lei, portanto, define o destino eterno dos crentes.
I. A CIRCUNCISÃO TEM ALGUM VALOR?
1. Estejam firmes na liberdade.
Paulo orienta que os gálatas sejam firmes, não vacilantes, na liberdade que receberam do Evangelho (Gl 5.13). Era como se eles devessem assumir uma posição fortificada, e por ela lutassem. Essa posição era a liberdade ofertada por Cristo, que corria o risco de ser perdida caso aderissem de vez à Lei de Moisés e desprezassem o ensino do apóstolo. Toda a pregação de Paulo estaria em risco por conta do desvio doutrinário trazido por legalistas.
A perseverança era mais do que ter uma atitude diante de outras pessoas. Era também uma convicção que deveriam ter, de forma pessoal, pois haviam sido libertos por Cristo e tinham, pelo Evangelho, a liberdade de serem considerados filhos de Deus.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A exortação aos gálatas a permanecerem firmes na liberdade, enfatiza a importância da perseverança na fé e da resistência contra os falsos ensinos [Gl 5.1]. A liberdade em Cristo, conquistada por meio do sacrifício de Jesus, é um tesouro precioso que deve ser guardado com diligência. A vacilação na fé, por outro lado, abre espaço para a influência de doutrinas enganosas que desviam os crentes do caminho da verdade.
Nesse sentido, a firmeza na liberdade implica uma convicção pessoal e inabalável na suficiência da graça de Deus e na autoridade das Escrituras. Os crentes, portanto, devem se dedicar ao estudo da Palavra, à oração e à comunhão com outros irmãos, a fim de fortalecerem sua fé e discernirem entre a verdade e o erro. A liberdade em Cristo, portanto, é uma conquista que exige vigilância e perseverança.
2. Não se coloquem debaixo de servidão.
Ganhar a liberdade é difícil, mas perdê-la é fácil. Deus pôs em liberdade os filhos de Abraão retirando-os da escravidão egípcia, mas quando chegaram à Terra Prometida, por se esquecerem de Deus, acabaram sendo subjugados pelos povos que não expulsaram daquela terra. Nos dias de Paulo, os romanos subjugavam não apenas Israel, mas também outros povos conhecidos. Os gálatas mesmo tinham os romanos como senhores, e sabiam que a “liberdade” que tinham não era completa.
Ao ensinarem sobre a Lei de Moisés como um adicional à graça de Deus, os judaizantes acrescentavam culpa à vida dos gálatas, pois se esses não cumprissem os 613 mandamentos que a Lei possuía, então, por causa de uma única transgressão a um único mandamento, esses gálatas seriam condenados pela Lei toda.
Esse é o resultado de trocar o Evangelho pelas obras e pelo esforço próprio. Eles estavam entrando em uma dívida impagável, que por sinal, Cristo já havia quitado. Outra observação é a de que Paulo os responsabiliza pelo abandono da liberdade para se colocarem sob servidão.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A advertência contra sujeitar-se novamente ao jugo da servidão recorda aos gálatas que a liberdade em Cristo os livrou da escravidão do pecado e da Lei [Gl 5.1]. A Lei, embora tenha sido dada por Deus, não tinha o poder de justificar ou santificar, mas apenas de revelar a pecaminosidade humana e a necessidade de um Salvador. A tentativa de cumprir a Lei para alcançar a salvação, portanto, resulta em uma servidão ainda maior, pois impõe um fardo impossível de ser carregado.
Dessa forma, a liberdade em Cristo não é apenas uma libertação de obrigações externas, mas uma transformação interior que capacita os crentes a viverem em conformidade com a vontade de Deus, não por medo da punição, mas por amor e gratidão. A liberdade em Cristo, portanto, é uma libertação para servir a Deus e ao próximo com alegria e espontaneidade.
3. Guardar a Lei obriga o crente a guardá-la toda.
O padrão da Lei é altíssimo, e quando uma pessoa não consegue guardá-la por completo, ela se coloca debaixo de uma maldição. Isso estava acontecendo com os gálatas: por acrescentarem ao Evangelho a guarda da Lei, eles estavam se colocando debaixo de uma servidão não somente desnecessária, mas não planejada por Deus.
É possível que os gálatas pensassem que, por viver uma vida antes desregrada, poderia ser interessante se submeterem a um conjunto de regras que lhes desse uma identidade, um direcionamento. Entretanto, a guarda da Lei era um peso até mesmo para os próprios judeus. Pedro, em uma reunião com outros líderes, reconheceu isso quando fariseus crentes exigiram a circuncisão dos gentios que aceitaram a Jesus: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós podemos suportar?” (At 15.10).
O problema era o pecado que a Lei revelava naqueles que a guardavam. O que Paulo nos mostra é que os judaizantes ensinavam a circuncisão como algo obrigatório, mas que os gálatas tinham a opção de não a fazer: “se vos deixardes circuncidar” (Gl 5.2). Cabia aos crentes não caírem naquele problema. Se guardassem os mandamentos do Senhor, não precisariam passar por uma cirurgia dolorosa e desnecessária. Mais que isso, Deus tinha como objetivo tratar com corações de carne, e não com uma marca na pele dos homens. Quantos problemas podemos evitar se simplesmente observarmos a Palavra de Deus e decidirmos atender ao que estamos aprendendo? Os gálatas é que decidiriam por essa situação.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A afirmação de que quem se deixa circuncidar está obrigado a guardar toda a Lei, expõe a natureza totalizante e exigente do legalismo [Gl 5.3]. A Lei, em sua totalidade, estabelece um padrão de justiça impossível de ser alcançado pela natureza humana pecaminosa. A tentativa de cumprir a Lei, portanto, resulta em frustração e condenação, pois um único pecado é suficiente para invalidar todos os esforços de obediência.
Diante disso, a graça de Deus se manifesta como um dom imerecido, que nos liberta da condenação da Lei e nos outorga a justiça de Cristo [Rm 3.22, 24]. A fé em Cristo, portanto, é o único caminho para a salvação, pois nos une a Ele e nos capacita a viver em conformidade com a vontade de Deus, não por obrigação externa, mas por amor e gratidão. A liberdade em Cristo, portanto, é uma libertação da escravidão da Lei e uma capacitação para viver uma vida de obediência e serviço a Deus.
SUBSÍDIO I
Professor(a), explique aos alunos que “a circuncisão era o costume de cortar o prepúcio da genitália masculina como rito religioso. Os egípcios praticavam a circuncisão, assim como os amonitas, os edomitas, os moabitas e os árabes nômades (Jr 9.25,26). Os filisteus, assírios e gentios em geral eram incircuncisos (Jz 14.3; Ez 32.17-32; Ef 2.11). A circuncisão é mencionada pela primeira vez na Bíblia como sinal da aliança entre Deus e Abraão (Gn 17.10).
O Senhor ordenou que todo homem fosse circuncidado aos oito dias de idade (Gn 17.12; cf. 21.4; Lv 12.3; Lc 1.59; 2.21). A circuncisão era exigida para um homem participar da Páscoa (Êx 12.48) ou adoração no Templo (Ez 44.9: cf. At 21.28,29). Metaforicamente, a circuncisão vai além do sinal físico (Rm 2.28). Em última análise, os inimigos de Deus, circuncidados ou não, serão mortos e colocados na sepultura com os incircuncisos (Ez 32.32). A circuncisão física é inútil se o coração permanece ‘incircunciso’ (Jr 9.25,26; cf. Rm 2.25).
A circuncisão do coração é realizada quando a pessoa ama ao Senhor por completo (Dt 10.16; 30.6; Jr 4.4; Rm 2.29), mas os ouvidos incircuncisos são desobedientes (At 7.51). A circuncisão realizada por Cristo ocorre quando a natureza pecaminosa é rejeitada (Cl 2.11). NEle, nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor; o que conta ‘é a fé que opera por amor’ (Gl 5.6).
Na igreja do Novo Testamento, a controvérsia começou no que tange a se os crentes gentios deveriam ser circuncidados (At 15.1-12). Evidentemente, existia um grupo que exigia a circuncisão (At 15.1; Tt 1.10). Paulo argumentou que a circuncisão não era essencial para a fé e comunhão cristã (Gl 6.15; Cl 3.11)”. (Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, pp.111,112).
II. O FERMENTO LEVEDA TODA A MASSA
1. Separados de Cristo.
Guardar a Lei implicava uma matemática estranha: crer em Jesus e fazer a circuncisão. O resultado dessa conta era invalidar o sacrifício de Jesus e se colocar debaixo de uma escravidão.
Como membros do Corpo, os gálatas, que deveriam estar ligados a Jesus, mas estavam se separando dEle, e um membro separado do corpo morre. Aceitando a Lei, os gálatas renunciavam a graça. Não dava para ter os dois. Esse não era o plano de Deus.
Comentário da Palavra Forte de Deus
Paulo, ao admoestar que aqueles que se justificam pela Lei estão separados de Cristo, evidencia a incompatibilidade entre a busca pela justiça por meio de obras e a fé na obra redentora de Jesus [Gl 5.4]. A justificação pela Lei implica a negação da graça de Deus e a rejeição do sacrifício de Cristo. A tentativa de alcançar a salvação por meio de esforços humanos, portanto, resulta em separação de Deus e em condenação eterna.
Em vista disso, a graça de Deus se manifesta como um dom imerecido, que nos outorga a justiça de Cristo e nos reconcilia com Deus [Rm 5.1]. A fé em Cristo, portanto, é o único caminho para a salvação, pois nos une a Ele e nos capacita a viver em comunhão com Deus e com o próximo. A liberdade em Cristo, portanto, é uma libertação da escravidão do pecado e uma capacitação para viver uma vida de amor e serviço a Deus.
2. Corriam bem.
No mundo grego, a corrida era um esporte bastante praticado por atletas e soldados. Não tinha um custo financeiro alto, mas exigia do atleta força e resistência. Não bastava ter musculatura, era preciso saber respirar e manter a respiração condicionada ao movimento de projetar o corpo para a frente, continuamente e por um longo tempo, até chegar no destino proposto. Os gálatas corriam bem, diz Paulo. Mas eles pararam. Alguém lhes tirou o fôlego, acrescentando um peso desnecessário.
O que eles não perceberam era que, ao aceitar um pequeno “corte de pele”, no próprio corpo, estavam depositando, sem perceber, a sua confiança em ações humanas. Isso implicava parar de confiar em Jesus. Um acontecimento olímpico público pode nos fazer entender o que Paulo diz. O atleta brasileiro Vanderlei Lima corria em 2004 nos jogos olímpicos de Atenas, quando, faltando 7 km, e estando em primeiro lugar na disputa, foi empurrado e segurado por um homem que assistia à corrida, e fazendo com que ele perdesse a vantagem diante dos seus competidores.
Ele concluiu a corrida em terceiro lugar, e posteriormente foi homenageado com a medalha Pierre de Coubertin, uma honraria concedida aos que demonstram resistência e ética nas atividades esportivas. Esse exemplo nos mostra que fatores externos podem influenciar negativamente a nossa corrida para a eternidade. Pior do que ser parado, os gálatas estavam desobedecendo à verdade do Evangelho (Gl 5.7).
Comentário da Palavra Forte de Deus
Paulo, ao recordar aos gálatas que eles corriam bem, expressa sua tristeza e perplexidade diante do fato de terem se desviado do caminho da verdade [Gl 5.7]. A imagem da corrida ilustra a jornada cristã, que exige esforço, perseverança e foco no alvo. A interferência dos judaizantes, ao imporem a circuncisão e a observância da Lei, desviou os gálatas do caminho da graça e os impediu de prosseguirem em sua jornada de fé.
Em virtude disso, a liberdade em Cristo é essencial para que os crentes possam correr com perseverança a carreira que lhes está proposta [Hb 12.1]. A escravidão do legalismo, por outro lado, impõe um fardo pesado e impede o crescimento espiritual. A liberdade em Cristo, portanto, é uma capacitação para viver uma vida de obediência e serviço a Deus, impulsionados pelo amor e pela gratidão.
3. O fermento.
O fermento biológico é um agente levedante que possui micro-organismos vivos, e que uma vez inserido numa massa, faz com que ela cresça. Ele transforma a condição da massa, aumentando seu volume por meio da fermentação. Na culinária é um excelente recurso para a fabricação de pães e bolos, mas é igualmente uma referência a um elemento que distorce descontroladamente o ambiente em que foi inserido.
O fermento dos judaizantes havia sido colocado entre os gálatas e estava crescendo. Uma pitada de uma doutrina errada tem a capacidade de distorcer não só o entendimento dos santos sobre as coisas de Deus, mas pode distorcer também a prática cristã.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A comparação da influência dos judaizantes a um pouco de fermento que leveda toda a massa, orienta sobre o poder destrutivo das falsas doutrinas [Gl 5.9]. Assim como o fermento se espalha rapidamente e transforma toda a massa, as falsas doutrinas se infiltram sorrateiramente na igreja e corrompem a fé dos crentes. A aceitação de um pequeno erro doutrinário pode levar a um desvio completo da verdade e a um afastamento de Deus.
Por essa razão, a vigilância e o discernimento são essenciais para proteger a igreja da influência de falsos mestres e doutrinas enganosas. Os crentes devem se dedicar ao estudo da Palavra de Deus, à oração e à comunhão com outros irmãos, a fim de fortalecerem sua fé e discernirem entre a verdade e o erro. A liberdade em Cristo, portanto, é uma responsabilidade que exige diligência e compromisso com a verdade.
SUBSÍDIO II
“Fermento. No Israel bíblico, o fermento usado para fazer pão era um pouco de massa fermentada salva de um lote anterior. Como fermento natural, era adicionado a um novo lote de pão, que crescia devido ao processo de fermentação. Embora a palavra ‘fermento’ seja encontrada em algumas traduções da Bíblia, não há evidências claras de que era conhecido pelo antigo Israel. O ensino bíblico muitas vezes vê o fermento como algo a ser evitado. É assim porque a fermentação estava ligada a corrupção, que implicava impureza para Israel.
O fermento era proibido durante a Páscoa e a Festa dos Pães Asmos para lembrar ao povo de Israel que ele deixou o Egito às pressas, sem tempo para o pão crescer (Êx 12.15-20,39). O pão fermentado era proibido nos holocaustos (Lv 2.11), mas permitido quando trazido como primícias, oferta de ações de graças, oferta pacífica ou oferta de movimento durante a Festa das Semanas (Lv 2.12; 7.13; 23.17). Assim era, porque possivelmente seria comido pelos adoradores e sacerdotes, e não queimado no altar.
No Novo Testamento, o fermento geralmente mantém as suas conotações negativas. Jesus instruiu os discípulos a tomar cuidado com o fermento — o ensino — dos fariseus e saduceus (Mt 16.6-12). Paulo ensinou que o pecado de um, como o fermento, pode corromper a muitos (1Co 5.6-8). Ele também escreveu que o legalismo perverte o evangelho da mesma forma como o fermento trabalha na massa (Gl 5.9). Positivamente, Jesus comparou o crescimento do Reino de Deus ao fermento, que se espalha invisivelmente por uma grande quantidade de massa (Mt 13.33).” (Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.196).
III. LIBERDADE X CARNALIDADE
1. A condenação dos falsos ensinadores. “Eu quereria que fossem cortados aqueles que vos andam inquietando (v.12)”. Há um ditado popular que ilustra essa sentença: “o mal se corta pela raiz”. Paulo mostra que os perturbadores dos gálatas seriam condenados. Eles não ficariam impunes, pois estavam atrapalhando o Evangelho com uma mensagem legalista.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A expressão do desejo de que aqueles que perturbam os gálatas fossem até mesmo mutilados demonstra a seriedade com que se encarava a disseminação de falsas doutrinas [Gl 5.12]. A linguagem forte reflete a gravidade da situação e o perigo que os gálatas corriam ao se desviarem do Evangelho da graça. A intenção não era incitar a violência física, mas expressar o desejo de que os falsos mestres fossem removidos do meio da igreja, a fim de proteger a fé dos crentes.
Em decorrência disso, a igreja tem a responsabilidade de zelar pela pureza da doutrina e de se proteger contra a influência de falsos mestres. A liberdade em Cristo, portanto, não é uma licença para tolerar o erro, mas um chamado à vigilância e ao discernimento. A igreja deve se esforçar para identificar e expor as falsas doutrinas, a fim de proteger os crentes da escravidão do legalismo e da perdição eterna.
2. Dando ocasião à carne.
Outro perigo pelo qual aquelas igrejas passavam era dar ocasião à natureza humana por observarem a Lei. Paulo fala que a liberdade que receberam não poderia ser utilizada para que a carne prevalecesse. Os gálatas deveriam se valer da liberdade que ganharam em Cristo para servirem melhor a Deus e uns aos outros: “Não useis, então, da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor (v.13)”. O serviço cristão é um ponto forte da vida de fé, pois é necessário que tenhamos comunhão uns com os outros. Escravos brigam entre si. Filhos ajudam-se uns aos outros.
Comentário da Palavra Forte de Deus
Paulo, ao exortar os gálatas a não usarem a liberdade como desculpa para a prática do pecado, adverte sobre o perigo de transformar a graça de Deus em libertinagem [Gl 5.13]. A liberdade em Cristo não é uma licença para satisfazer os desejos da carne, mas uma capacitação para viver em conformidade com a vontade de Deus, guiados pelo Espírito Santo. A verdadeira liberdade se manifesta no amor, no serviço e na obediência a Deus.
Sendo assim, a vida cristã é uma luta constante contra a carne, que busca nos desviar do caminho da santidade. Os crentes devem se esforçar para mortificar os desejos da carne e para se revestirem do fruto do Espírito, que é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio [Gl 5.22-23]. A liberdade em Cristo, portanto, é uma capacitação para viver uma vida de santidade e para glorificar a Deus em tudo o que fazemos.
3. O cuidado de uns para com os outros.
A prática da liberdade cristã nos impulsiona a cuidar uns dos outros. Se os gálatas desejavam guardar a Lei, que se lembrassem do mandamento “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Parece que na Galácia os judaizantes conseguiram não somente atrapalhar o entendimento da salvação pela graça, mas também gerar conflitos entre os irmãos, pois Paulo escreve: “Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros (v.15)”. Como crianças que estão em um momento de descontração e poderiam fazer muitas coisas juntas, decidem brigar umas com as outras porque não querem esperar a sua vez ou por discordarem de uma atividade em conjunto. A liberdade mal direcionada e mal vivida pode trazer a destruição.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A exortação aos gálatas a amarem uns aos outros e a não se morderem e devorarem uns aos outros, destaca a importância da unidade e da harmonia na igreja [Gl 5.13-15]. O amor fraternal é um sinal distintivo dos discípulos de Cristo e uma demonstração do poder transformador do Evangelho. A discórdia, a inveja e a contenda, por outro lado, são obras da carne que destroem a comunhão e impedem o crescimento espiritual.
Nesse sentido, a liberdade em Cristo nos impulsiona a cuidar uns dos outros, a perdoar as ofensas e a buscar a reconciliação. A vida cristã é uma vida de comunidade, em que somos chamados a amar, a servir e a edificar uns aos outros. A liberdade em Cristo, portanto, é uma capacitação para viver em harmonia com nossos irmãos e para testemunhar do amor de Deus ao mundo.
SUBSÍDIO III
“O conflito espiritual no interior dos crentes envolve a pessoa como um todo — mente, corpo e espírito. A luta é entre ceder às suas próprias tendências pecaminosas e novamente submeter-se ao controle do pecado, e se entregar às exigências do Espírito e permanecer sob a autoridade e o controle de Deus (v.16; Rm 8.4-14).
A batalha é travada no interior dos próprios cristãos e o conflito continuará durante todas as suas vidas terrenas, para que eles finalmente reinem com Cristo (Rm 7.7-25; 2Tm 2.12; Ap 12.11). No entanto, confiando no poder do Espírito Santo e obedecendo à sua orientação, um cristão derrotará os seus desejos ímpios e vencerá a batalha contra a natureza pecaminosa (v.16).” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1632).
CONCLUSÃO
É possível que o legalismo tenha atraído pessoas e feito com que pensassem que eram mais santas e serviam melhor a Deus, mas Paulo nos mostra que se o Espírito Santo não agir em nossas vidas, de nada servirá guardar regras. Praticar as obras da Lei era pegar um desvio que os levaria para fora do caminho pretendido por Deus. Somos livres para andar no Espírito, ser guiados por Deus e usufruir das bênçãos da salvação e da adoção de filhos que recebemos, e não podemos trocar essas graças por práticas que vão exaltar a nossa humanidade e diminuir o poder do sacrifício feito pelo Senhor em nosso lugar.
Comentário da Palavra Forte de Deus
Em suma, Paulo adverte os gálatas sobre o perigo de se desviarem do Evangelho da graça e de se sujeitarem novamente ao jugo do legalismo. A liberdade em Cristo é um dom precioso, conquistado por meio do sacrifício de Jesus, que nos liberta da escravidão do pecado e da Lei. Assim, a aceitação da graça de Deus nos capacita a viver em conformidade com a vontade de Deus, guiados pelo Espírito Santo, e a desfrutar das bênçãos da salvação e da adoção de filhos.
Assim, a presente lição desafia os crentes a permanecerem firmes na fé, a resistirem aos falsos ensinos e a viverem em liberdade e amor. Dessa forma, a liberdade em Cristo não é uma licença para pecar, mas uma capacitação para viver uma vida de santidade e serviço a Deus. A escolha entre a fé e a Lei, portanto, define o nosso destino eterno.
- Leia também: LIÇÃO 9: FILHOS DE DEUS E A DESCENDÊNCIA DE ABRAÃO