LIÇÃO 01- DAVI: ESCOLHIDO DE DEUS

A Humildade Triunfante

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LIÇÃO 01- DAVI: ESCOLHIDO DE DEUS E UNGIDO PELO SENHOR | 2° TRIMESTRE DE 2025 | EBD JOVENS

TEXTO PRINCIPAL

“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos.” (Sl 139.23)

Comentário: Este clamor do Salmista ecoa através dos séculos, convidando-nos a uma reflexão profunda sobre nossa relação com o Criador. Ao reconhecer a onisciência divina, o autor expressa um desejo ardente de transparência. Esta não é uma mera confissão de fraquezas, mas um anseio por integridade, onde o interior e o exterior se alinham à vontade de Deus. Esse convite à sondagem divina é um desafio à nossa natureza humana, frequentemente inclinada a ocultar imperfeições e construir fachadas. Em um mundo que valoriza a imagem e a aparência, o Salmo 139:23 nos convida a buscar a autenticidade e a confiar na graça transformadora de um Deus que nos ama incondicionalmente, mesmo conhecendo nossas falhas mais profundas. Como o apóstolo Paulo afirma em Hebreus 4:13, “Nada em toda a criação está oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante daqueles a quem devemos prestar contas”. Este versículo ressalta que a transparência diante de Deus não é apenas desejável, mas inevitável, e nos convida a viver em verdade, reconhecendo nossa dependência da misericórdia divina.

RESUMO DA LIÇÃO

Davi foi escolhido e ungido por Deus para uma grande missão que incluía preservar o povo escolhido e a linhagem real do Messias.

Comentário: Davi, um humilde pastor, foi  escolhido e ungido por Deus para uma missão transcendente, abrangendo a proteção do povo escolhido e a salvaguarda da linhagem messiânica. A palavra  bachar , significando “escolher com cuidado, selecionar com propósito”, ressalta que a eleição de Davi não foi um mero acaso, mas um ato deliberado da providência divina. Esse chamado divino, marcado pela unção profética, não se restringiu à ascensão ao trono, mas incluiu a responsabilidade de ser um líder justo e temente a Deus. A história de Davi demonstra que a escolha divina nem sempre se baseia em talentos visíveis ou em posições de destaque, mas sim em um coração disposto a obedecer e a servir aos propósitos de Deus. Esta passagem enfatiza que a verdadeira qualificação para o serviço divino reside na integridade interior e na disposição de seguir a vontade de Deus, mesmo diante de desafios e adversidades.

INTRODUÇÃO

Ao enumerarmos os principais estadistas da história, ou os reis mais célebres, ou ainda os personagens bíblicos mais admirados, provavelmente Davi fará parte da imensa maioria das listas. Sem dúvida, temos no jovem vindo de Belém, uma das personalidades mais conhecidas da humanidade. Nessa primeira lição, falaremos sobre o chamado de Davi, a soberania de Deus e a vocação divina para nossas vidas.

Comentário: A introdução ressalta a presença constante de Davi nas listas de figuras mais influentes, um testemunho de seu impacto duradouro na história. No entanto, é crucial refletir sobre o porquê dessa popularidade. Davi não é lembrado apenas por suas conquistas militares ou seu reinado, mas também por sua profunda humanidade, expressa em seus salmos, suas falhas e seu arrependimento. Sua vida complexa, marcada por grandeza e pecado, o torna um personagem acessível, com o qual muitos se identificam. Teologicamente, a contínua admiração por Davi lança luz sobre a graça de Deus, que opera através de indivíduos imperfeitos para cumprir seus propósitos. Davi personifica a promessa divina de redimir e usar aqueles que, mesmo em meio à fraqueza, buscam a Deus de coração. Como Paulo nos lembra em 2 Coríntios 12:9: “A minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” O legado de Davi, portanto, não é apenas histórico, mas teológico, revelando a ação da graça divina na vida de um homem imperfeito, transformado em um instrumento da vontade de Deus.

I – O CHAMADO DE DAVI
1- Tempos difíceis.

Nos dias de Davi, Israel passava por uma série de situações que despertava certa preocupação. Em uma região bastante disputada por povos vizinhos, os hebreus mantinham uma vigilância frequente contra os invasores. Essas disputas territoriais eram constantes e motivadas pela busca de água, de pastagens, de terras cultiváveis e por incompatibilidade religiosa e cultural. É necessário enfatizar que muitos desses problemas vieram em decorrência de um constante esquecimento do povo acerca do que Deus fizera por ele. O Senhor orientou os israelitas sobre como deveriam buscá-lo e como deveriam ensinar às novas gerações acerca dos livramentos recebidos e vitórias conquistadas (Dt 11.26-32; Js 1.7-8).

O povo que saiu do Egito tinha um perfil sofrido e pouco preparo para as batalhas. No deserto, Israel foi pastoreado e conduzido pelo Senhor. A partir desse cuidado, o povo que estava prestes a cruzar o Jordão era forte e reconhecido pela sua bravura e postura vitoriosa (Js 2.8-14). No entanto, nos anos seguintes, os israelitas negligenciaram as orientações divinas a ponto de se levantar uma geração que não conhecia ao Senhor (Jz 2.10). Tem início uma sequência lamentável de fatos (que pode ser acompanhada ao longo do livro de Juízes): sem Deus, o sofrimento é inevitável; a força e orientação que vinha do Senhor já não é mais constante; o povo cai nas mãos dos inimigos (os filisteus, por exemplo), o povo se arrepende e clama, Deus manda juízes, a libertação é alcançada; o povo se alegra, porém logo esquece e volta aos maus hábitos. E o ciclo se repete algumas vezes.

Comentário: O contexto do chamado de Davi é marcado por “tempos difíceis“, uma expressão que, no hebraico, evoca um período de angústia, opressão e perigo iminente. Israel, situado em uma região geopoliticamente volátil, enfrentava constantes disputas territoriais motivadas por recursos escassos e divergências culturais e religiosas. A análise exegética revela que esses conflitos eram, em grande medida, consequência de um “esquecimento” contínuo do povo em relação às maravilhas realizadas por Deus.

A negligência das instruções divinas, especialmente a transmissão da fé às novas gerações, resultou no surgimento de uma geração que não conhecia ao Senhor (Juízes 2:10), dando início a um ciclo vicioso de apostasia, opressão, arrependimento e libertação, conforme detalhado no livro de Juízes. Teologicamente, esse ciclo evidencia a fidelidade de Deus em meio à infidelidade humana, bem como as consequências inevitáveis da desobediência.

2- Samuel: um profeta em Israel.

Samuel entra em cena envolto em uma história inspiradora. Um verdadeiro presente de Deus, fruto de uma oração impressionante de Ana (1 Sm 1.9-19). Cresceu servindo ao Senhor e, ao longo de sua vida, teve uma destacada importância à frente do povo de Israel. O último líder do período dos juízes, aos poucos foi sendo visto pelo povo como insuficiente. Com o passar do tempo, os israelitas começaram a desejar um rei, nos moldes das nações ao seu redor. E Saul foi escolhido (1 Sm 8.20).

Ao contrário do que muitos pensam, Saul também foi escolhido por Deus e ungido pelo profeta para essa grande missão. Assim como foi com Davi, Deus escolhe os seus. Porém, não basta sermos escolhidos, precisamos fielmente obedecer ao Senhor e estar sempre no centro da sua vontade. Deus escolheu Saul, mas Saul aos poucos deixou de escolher e ouvir Deus. Assim como no tempo dos juízes, com o esfriamento do coração de Saul, o povo também começou a sofrer e as consequências estavam tomando grandes proporções. Enfim, chegou o dia em que o Senhor rejeitou Saul e ordenou a Samuel que fosse à casa do belemita (1 Sm 16.1).

Comentário: Samuel emerge como um profeta em Israel, sua própria existência um testemunho do poder da oração e da fidelidade divina, nascido da súplica fervorosa de Ana (1 Samuel 1:9-19). A palavra navi, traduzida como profeta, implica um porta-voz de Deus, alguém que recebe e transmite a Palavra divina. Samuel, o último juiz e profeta, personificava a liderança teocrática, mas a crescente insatisfação do povo com esse modelo culminou no desejo por um rei, semelhante às nações vizinhas (1 Samuel 8:20).

A eleição de Saul, embora aprovada por Deus, representou uma transição significativa, marcando o início da monarquia em Israel. Contudo, a análise exegética revela que a escolha divina não garante, por si só, a permanência no favor de Deus. Saul, apesar de ungido para a liderança, demonstrou desobediência e um crescente afastamento da vontade divina, resultando em sua rejeição por Deus. 1 Samuel 15:22 declara: “Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros.”

3- Deus chama Davi.

O chamado de Davi nos traz importantes oportunidades de aprendizado. Primeiramente, ele atendeu a um propósito divino duplo: preservar o povo escolhido e a linhagem real do Messias. Deus fala claramente com o profeta Samuel e ordena que ele vá até a casa de Jessé, o belemita, para ungir o novo rei (1 Sm 16.1). Como veremos mais para frente, Saul estava muito distante dos propósitos divinos. Já não ouvia mais o Senhor e estava envolto em uma sucessão de erros e fracassos.

Samuel então, mesmo receoso de que Saul descobrisse sobre sua missão em Belém, foi até à casa de Jessé. Ao chegar, revela sua intenção e começa a buscar a quem deveria ungir conforme suas próprias referências, alguém que pudesse se enquadrar nas características desejadas de um rei. Por isso, o velho profeta procurava alguém apto aos olhos humanos, mas o Senhor já havia escolhido alguém segundo o seu coração (At 13.22). Samuel esperava ungir o primeiro, mas Deus escolhera o último.

Comentário: O chamado de Davi representa um momento crucial na história de Israel e oferece “importantes oportunidades de aprendizado“, sendo l’limmud um termo que abrange a aquisição de conhecimento e a internalização de princípios divinos. Primeiramente, o chamado de Davi atendeu a um duplo propósito divino: preservar o povo escolhido e a linhagem real do Messias, demonstrando a providência divina na história da salvação. Deus comunica-se explicitamente com o profeta Samuel, ordenando-lhe que visite a casa de Jessé, o belemita, para ungir o novo rei (1 Samuel 16:1). A análise exegética revela o contraste entre a perspectiva humana e a divina. Saul, afastado dos propósitos de Deus, é preterido, enquanto Samuel, imerso em critérios humanos, busca um candidato que corresponda às suas expectativas. No entanto, Deus já havia escolhido um homem “segundo o seu coração“, uma expressão que denota alguém com um coração alinhado aos valores e à vontade divina. Atos 13:22 cita Deus dizendo: “Encontrei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração; ele fará tudo o que eu quero.”

II – A SOBERANIA DE DEUS E A VOCAÇÃO DIVINA
1- Deus é soberano.

Um dos princípios da vocação divina é a soberania de Deus. Ela consiste no total poder e domínio de Deus sobre todas as coisas. Tudo que existe, desde as forças da natureza e todos os seres vivos, estão subordinados a Deus e a Ele devem obediência. Como servos de Deus, nos conforta saber que nada acontece sem que haja a permissão divina. Confiemos no Senhor, pois nada tem força ou poder para frustrar os seus planos (Jó 42.2). Ele é soberano e todas as coisas foram criadas conforme a sua permissão (Sl 33.10-11).

É Deus que estabelece a forma como o mundo funciona e também tem o poder para aplicar a sua justiça e interferir em todas as coisas da forma que quiser. Algo que precisa ser bem compreendido é a relação entre a soberania divina e o nosso livre- arbítrio. Essa é uma condição permitida por Deus, ou seja, em acordo com a sua soberania. Porém, destacamos que as nossas ações trazem consequências sobre nossas vidas (Rm 2.6-8). Embora tenhamos o livre-arbítrio, destacamos que Deus já sabe tudo o que acontecerá, por isso devemos sempre estar debaixo de sua orientação.

Comentário: Um dos pilares da vocação divina reside na soberania de Deus. A palavra hebraica malkut, traduzida como soberania, denota mais do que o simples poder. Ela abrange o domínio absoluto, o controle total e a autoridade suprema de Deus sobre toda a criação. Não se trata apenas de uma força impessoal, mas de um reinado ativo e contínuo, que se manifesta em cada detalhe do universo. Essa soberania se estende desde as forças da natureza até os seres vivos, e até mesmo ao livre-arbítrio humano.

A compreensão da soberania divina é fundamental para a vida cristã, pois ela nos liberta do medo e da ansiedade, permitindo-nos confiar na providência de Deus em todas as circunstâncias. Como lemos em Provérbios 16:9: “Em seu coração o homem planeja o seu curso, mas o Senhor determina os seus passos.” Este versículo ressalta que, embora tenhamos a capacidade de fazer escolhas, é Deus quem dirige o nosso caminho, quando estamos submissos a sua vontade.

2- O que é vocação divina?

A busca pela vocação divina deve fazer parte das nossas vidas. É Deus que nos escolhe, nos chama e nos direciona para que possamos viver os seus propósitos no mundo criado por Ele. A nossa vocação pode não ser nos moldes de alguns personagens bíblicos como Abraão (Gn 12.1-3), Moisés (Êx 3.11-14), Davi (Sl 78.70) e Jeremias (Jr 1.4-10). Talvez não sejamos ungidos por um velho profeta, surpreendidos por uma sarça ardente, tenhamos nossos lábios tocados ou ainda ouçamos uma ordem clara nos enviando para longe. Mas, uma coisa é certa: Deus tem uma vocação para cada um de nós.

Esse chamado pode acontecer em nossos corações, de forma discreta, porém muito clara. Que as nossas ações para com a nossa vocação estejam sempre de acordo com as diretrizes divinas e para que possamos ser usados por Deus e assim, sermos canal de bênção na vida de muitos. Ao analisarmos a história de Davi, aprendemos que nem sempre Deus nos dá as informações completas acerca de uma vocação a ser desenvolvida, no entanto, a seu tempo, os frutos serão percebidos se nos permitirmos cumprir totalmente as orientações recebidas do Senhor.

Comentário: O ensinamento central deste tópico é a universalidade da vocação divina. A busca por essa vocação deve ser intrínseca à vida cristã, pois é Deus quem nos escolhe, nos chama e nos direciona para cumprir Seus propósitos no mundo. Essa vocação nem sempre se manifesta de forma espetacular, como nos exemplos de Abraão, Moisés, Davi e Jeremias, mas pode surgir de maneira discreta em nossos corações, guiando nossas ações e transformando nosso caráter.

A chave para descobrir e viver essa vocação reside na obediência e na submissão à vontade de Deus, confiando que, mesmo sem todas as informações, Ele nos guiará em cada passo. Provérbios 3:5-6 declara: “Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas.” Este versículo enfatiza a importância da fé e da dependência de Deus na busca e no cumprimento da nossa vocação.

 3- Buscando a nossa vocação.

Quando atendemos ao chamado de Deus e aceitamos a vocação divina, experimentamos uma profunda alegria e satisfação. Dessa forma, podemos perceber que as nossas vidas estão nas mãos do nosso Amado Deus. A Palavra do Senhor convida-nos a estar atentos à sua voz e prontamente dizermos “sim” ao seu chamado. Também é importante frisar que a nossa vocação divina pode não ser o “pregar para multidões”, “pastorear grandes igrejas” ou ainda “ser um famoso ministro de louvor”. Salomão edificou o templo, mas quem assentou os tijolos? Neemias reconstruiu os muros (Ne 2.17), mas quais eram as pessoas que estavam ao seu lado?

Busquemos, com sabedoria, a direção do Senhor para as nossas vidas. Nossa vocação divina pode ser nas mais diversas áreas onde, dirigidos pelo Espírito Santo, poderemos ser canais de bênção na vida de muitos. Vejamos um exemplo no Novo Testamento Tabita, também conhecida como Dorcas, dedicava-se ao cuidado dos pobres de sua cidade, inclusive costurando túnicas e vestidos para as viúvas necessitadas. Ela era uma seguidora de Jesus Cristo que se dedicava com alegria atendendo (Mt 20.27), especialmente, as mulheres desfavorecidas de sua sociedade (At 9.36-42). Ore com convicção para que o Senhor revele qual a vocação divina para a sua vida e, sem medo, diga “sim” ao seu chamado.

Comentário: Aceitar o chamado de Deus e abraçar a vocação divina resulta em alegria e satisfação profundas, uma percepção vívida de que nossas vidas estão sob o cuidado do Pai. A essência deste ponto reside na diversidade da vocação divina, transcendendo as expectativas convencionais de reconhecimento e fama. Nem todos são chamados a pregar para multidões ou liderar grandes congregações; a vocação pode se manifestar em atos simples de serviço e compaixão. Vocação, no contexto bíblico, refere-se ao chamado de Deus para um propósito específico, uma tarefa ou um ministério.

No caso de Tabita (Dorcas), sua vocação era tecer vestes para os necessitados, um ato de amor e caridade que transformou sua comunidade. Assim, cada cristão é chamado a buscar a direção do Espírito Santo para descobrir seu dom e utilizá-lo para abençoar os outros. 1 Pedro 4:10-11 declara: “Cada um exerça o dom que recebeu para servir os outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas diferentes formas. Se alguém fala, faça-o como quem transmite as palavras de Deus; se alguém serve, faça-o com a força que Deus provê, de forma que em todas as coisas Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo.”

III – O SENHOR VÊ O CORAÇÃO

1- O que o homem vê? O ser humano tem uma inclinação natural de julgar os seus semelhantes a partir daquilo que pode ser percebido externamente. A aparência física, as palavras bem colocadas, um gestual coerente com a ocasião, as roupas bem escolhidas, a eloquência na argumentação, as causas defendidas, a seleção de fotos e a edição escolhidas para as redes sociais, tudo é levado em conta na hora de atribuir o juízo de valor sobre alguém que estamos conhecendo. Se alguém se destaca nesses critérios, facilmente será admirado, desejado e seguido. O contrário também se aplica: quantos são rejeitados e alvos de preconceito por conta de sua aparência? As consequências desse comportamento são bem conhecidas.

A aparência externa não pode determinar o caráter da pessoa que a possui. Podemos, muitas vezes, olhando para uma pessoa, fazer uma leitura de como achamos que está o coração dela, mas dessa forma, provavelmente seremos induzidos ao erro. As palavras bem escolhidas, o porte físico ou os hábitos finos não conseguem atribuir a alguém o caráter, a integridade e a fidelidade de uma pessoa que serve ao Senhor. As qualidades externas são, por definição, superficiais. O que realmente determina se uma pessoa é ou não é alguém que busca estar no centro da vontade do Senhor são as qualidades espirituais que trazemos em nossos corações. Lembremos sempre: do nosso coração procedem as saídas da vida (Pv 4.23). O nosso exterior é reflexo do interior, e não o contrário.

Comentário: O olhar humano, muitas vezes limitado pela superficialidade, tende a julgar pelas aparências, ignorando a complexidade do ser interior. A sociedade nos impõe padrões de beleza, sucesso e eloquência, que nos levam a valorizar o exterior em detrimento do coração. No entanto, a Palavra de Deus nos lembra que “o Senhor não vê como o homem vê; pois o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração” (1 Samuel 16:7). Que possamos resistir à tentação de julgar os outros com base em critérios externos, buscando enxergar a beleza que reside em cada pessoa, independentemente de sua aparência. Que possamos cultivar um coração compassivo e misericordioso, capaz de amar o próximo como a nós mesmos.

2- O que Deus vê?

Deus nos conhece por completo: nosso caráter, nossas intenções, nossa visão de mundo e a forma como nos dedicamos a buscar intimidade com Ele. Tanto o profeta quanto o pai do jovem percebiam e viam as coisas com limitações (1 Sm 16.7). No entanto, Deus tinha planos surpreendentes para aquela ocasião e um jovem pastor de ovelhas seria ungido como o novo rei de Israel. Deus buscava um homem segundo o seu coração (1 Sm 13.14).

A escolha do Senhor foi a de um jovem imperfeito, mas fiel. Davi não se destacava pelo porte físico. Era bem jovem, ainda em formação e estava muito aquém da forma física dos soldados de Saul. Mas o coração de Davi agradava ao Senhor. Nós não somos capazes de ver como o Senhor vê, e assim como Samuel, somos limitados. Por isso mesmo, devemos confiar em Deus para obter o discernimento correto que vem do alto. Devemos confiar no Senhor sabendo que quando Deus olha para os nossos corações, Ele consegue ver a nossa fidelidade, os nossos valores e as nossas intenções.

Comentário: Deus, em Sua infinita sabedoria, enxerga o coração, penetrando as camadas superficiais da aparência e do comportamento. Samuel, o profeta ungido, busca entre os filhos de Jessé um rei que se destaque pela força e pela beleza. No entanto, Deus o corrige, afirmando que Seus critérios são diferentes. O Senhor não se impressiona com a estatura física ou a eloquência verbal, mas com a fidelidade, a humildade e a disposição de servir. Como expresso em Provérbios 21:2: “Todo caminho do homem é reto aos seus próprios olhos, mas o Senhor sonda os corações.” A escolha de Davi nos ensina que a verdadeira grandeza reside no coração, na busca constante pela intimidade com Deus e na obediência à Sua vontade.

3- Como somos vistos?

Somos sempre vistos por Deus. O texto sagrado diz que os olhos do Senhor estão continuamente passando sobre a terra para fortalecer aqueles que têm o coração voltado para Ele (2 Cr 16.9). Também aprendemos que o Senhor examina nossos corações e nos conhece profundamente. Aos que seguem a Deus, essas são duas verdades maravilhosas no cumprimento de sua vontade: somos cuidados, fortalecidos e conhecidos pelo nosso Senhor.

Também somos vistos pelas pessoas que encontramos no nosso dia a dia. Quando elas nos veem, conseguem ver um seguidor de Jesus? Elas sabem que quando estamos presentes, somos canal das bênçãos do Senhor? É importante termos em mente que o nosso coração deve irradiar a presença divina em nossas vidas refletindo em nossos atos, palavras e pensamentos. Que possamos, com as nossas vidas, anunciar o amor de Deus a todas as pessoas e assim cumprir o maior propósito de nossas vidas.

Comentário: A consciência de que somos constantemente amados e vistos por Deus nos convida a viver com esperança e propósito. Os olhos do Senhor percorrem a Terra, buscando aqueles cujos corações anseiam por Ele. Essa verdade nos conforta profundamente, pois sabemos que nunca estamos sozinhos em nossa jornada. Mesmo nos momentos mais sombrios, Ele está presente, oferecendo Seu amparo.

Deus nos conhece intimamente, sonda nossos pensamentos e intenções com infinita compaixão, e nos oferece Seu amor incondicional e Sua graça abundante, capazes de nos fortalecer e renovar a cada dia. Ao mesmo tempo, somos chamados a irradiar a luz de Cristo em nossas vidas, para que aqueles ao nosso redor possam vislumbrar a manifestação do Seu amor e da Sua verdade, encontrando consolo e esperança. Que nossas ações, palavras e pensamentos sejam um testemunho do poder transformador do Evangelho, um farol de fé em um mundo que tanto precisa de cura e paz. Saibam que mesmo em nossas fraquezas, Ele nos fortalece e nos usa para tocar a vida de outros com o Seu amor.

CONCLUSÃO

Chamado para uma grande missão, Davi foi escolhido por Deus e ungido rei para preservar o povo escolhido e a linhagem real do Messias. Compreendemos que a soberania de Deus e a vocação divina são conceitos que se relacionam na vida daquele que busca seguir pelo bom caminho e ser canal da bênção do Senhor na sociedade. Vamos alegremente obedecer ao Senhor e colocar em prática a vocação divina delegada a cada um de nós, buscando para nossas vidas as posturas desejadas em alguém segundo o coração de Deus.

Comentário: A história de Davi, um homem escolhido por Deus para cumprir um propósito grandioso, nos inspira a buscar a vontade divina em nossas vidas. A soberania de Deus e a vocação divina se entrelaçam, guiando-nos no caminho da obediência e do serviço. Ao meditarmos sobre a vida de Davi, somos desafiados a examinar nossos próprios corações, buscando a postura de humildade, fé e amor que o tornaram um homem segundo o coração de Deus. Que possamos responder alegremente ao chamado divino, colocando em prática os dons e talentos que Ele nos concedeu, para sermos canais de bênção na sociedade. 

Leia o Comentário de Judas.

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