A Preferência pela Comunhão Face a Face

Análise Teológica e Exegética de 2 João 12: A Preferência pela Comunhão Face a Face

Comentário Bíblico

“12 Tendo muito que escrever-vos, não quis fazê-lo com papel e tinta; mas espero ir ter convosco e falar face a face, para que o nosso gozo seja cumprido.” (2 João 12)


1. INTRODUÇÃO

O versículo 12 da segunda epístola de João, quando considerado o contexto do cuidado pastoral e da comunicação na igreja primitiva, revela de maneira sensível a importância da presença pessoal e da interação direta para a edificação da fé e a alegria da comunidade. Este versículo não é apenas uma nota de cortesia ao final da carta, mas nos ensina sobre o valor da comunhão, a limitação da comunicação escrita e a busca pela plenitude da alegria em Cristo.

Para uma compreensão aprofundada, faz-se necessário decompor a estrutura desta declaração pessoal. Primeiramente, analisaremos a expressão “Tendo muito que escrever-vos“, investigando o conteúdo potencial dessas informações não transmitidas por escrito. Em seguida, exploraremos a razão para a omissão, “não quis fazê-lo com papel e tinta“, buscando desvendar as limitações da comunicação escrita naquele contexto. Ademais, investigaremos a esperança expressa, “mas espero ir ter convosco e falar face a face“, examinando o valor da presença pessoal e da interação direta. Finalmente, perscrutaremos o propósito final, “para que o nosso gozo seja cumprido“, compreendendo a relação entre a comunhão e a plenitude da alegria.

O objetivo principal desta análise cuidadosa é demonstrar a complexidade da comunicação cristã, que exige tanto a utilização dos meios disponíveis quanto a busca pela interação pessoal e a priorização da alegria da comunidade. Essa análise nos desafia a examinar nossas próprias práticas de comunicação, a avaliar o impacto de nossas palavras e a buscar com fervor a presença de Deus e a comunhão com os irmãos, para que nossa alegria seja completa e nosso testemunho seja eficaz.


2. “TENDO MUITO QUE ESCREVER-VOS”: A ABUNDÂNCIA DE CONTEÚDO

A expressão ” Tendo muito que escrever-vos ” revela que João tinha uma abundância de informações, ensinamentos ou exortações que gostaria de compartilhar com os destinatários da carta. A palavra “muito” sugere que a carta escrita era apenas um resumo ou uma introdução a assuntos mais complexos ou delicados. É possível que João estivesse se referindo a questões doutrinárias, problemas de conduta ou necessidades específicas da comunidade que exigiam uma atenção mais detalhada e pessoal. A abundância de conteúdo a ser comunicado demonstra o cuidado pastoral de João e seu desejo de edificar e fortalecer a fé dos irmãos.

A Bíblia nos ensina que devemos estar sempre prontos a compartilhar o conhecimento da verdade com outros. 2 Timóteo 4:2 nos exorta a pregar a palavra, a insistir em tempo e fora de tempo, a repreender, a corrigir e a exortar com toda a paciência e doutrina. Colossenses 4:6 nos ensina a falar sempre com graça, temperando nossas palavras com sal, para sabermos como responder a cada um. Portanto, o desejo de compartilhar “muito” reflete um coração cheio da verdade de Deus e ansioso por comunicá-la a outros.

Todo cristão deve, portanto, buscar crescer no conhecimento da Palavra de Deus e estar disposto a compartilhar o que aprende com outros, seja por meio da pregação, do ensino, da conversa ou do exemplo. É importante cultivar um coração sensível às necessidades dos irmãos e buscar oportunidades para edificar e fortalecer a sua fé, visando, acima de tudo, a glória de Deus e o crescimento do corpo de Cristo.


3. “NÃO QUIS FAZÊ-LO COM PAPEL E TINTA”: AS LIMITAÇÕES DA COMUNICAÇÃO ESCRITA

frase “não quis fazê-lo com papel e tinta” indica que João reconhecia as limitações da comunicação escrita e preferia um meio mais pessoal e interativo para transmitir informações importantes. O “papel e tinta” representam os meios de comunicação escrita disponíveis na época, que eram menos eficientes e mais formais do que a comunicação oral. João pode ter considerado que alguns assuntos eram mais bem tratados em um ambiente de diálogo e de interação pessoal, onde seria possível responder a dúvidas, esclarecer nuances e demonstrar afeto e cuidado.

A Bíblia reconhece a importância tanto da comunicação escrita quanto da comunicação oral. O Antigo Testamento é repleto de leis, histórias e profecias transmitidas por escrito. O Novo Testamento é composto por evangelhos, cartas e livros proféticos que registram a vida, os ensinamentos e a obra de Jesus Cristo e dos apóstolos. No entanto, a comunicação oral também desempenhou um papel fundamental na propagação do Evangelho. Jesus ensinava oralmente às multidões e aos seus discípulos. Os apóstolos pregavam e ensinavam de casa em casa, estabelecendo e fortalecendo as igrejas.

Todo cristão deve, portanto, reconhecer as limitações de cada meio de comunicação e buscar utilizar aqueles que são mais adequados para cada situação. A comunicação escrita pode ser útil para transmitir informações, registrar fatos e preservar a verdade ao longo do tempo. A comunicação oral, por sua vez, pode ser mais eficaz para estabelecer relacionamentos, transmitir emoções, responder a dúvidas e promover o diálogo.


4. “MAS ESPERO IR TER COM VOCÊS E FALAR FACE A FACE”: O VALOR DA PRESENÇA PESSOAL

A esperança expressa por João de ” ir até você e falar face a face ” revela o valor que ele atribuiu à presença pessoal e à interação direta. A expressão “face a face” indica uma comunicação íntima, transparente e pessoal, onde é possível ver as expressões faciais, ouvir o tom de voz e sentir a presença do outro. João acreditava que a comunicação face a face era mais eficaz para transmitir afeto, construir relacionamentos e promover a edificação da fé.

A presença pessoal de Jesus Cristo foi fundamental para a salvação da humanidade. Ele se encarnou, viveu entre nós, ensinou, curou, sofreu e morreu para nos redimir do pecado. A presença pessoal dos apóstolos também foi crucial para o estabelecimento e o crescimento da igreja primitiva. Eles viajaram, pregaram, ensinaram, realizaram sinais e maravilhas e estabeleceram comunidades de fé em todo o mundo.

Todo cristão deve, portanto, valorizar a presença pessoal e buscar oportunidades para se encontrar com outros crentes, para orar, estudar a Bíblia, compartilhar experiências e edificar uns aos outros. É importante reservar tempo para a comunhão com os irmãos, para fortalecer os laços de afeto e para experimentar a alegria da unidade em Cristo.


5. “PARA QUE O NOSSO GOZO SEJA CUMPRIDO”: A PLENITUDE DA ALEGRIA NA COMUNHÃO

O propósito final expresso por João, ” para que nosso gozo seja cumprido “, revela sua preocupação com a alegria da comunidade e sua crença de que a comunhão pessoal é fundamental para a plenitude da alegria. A palavra ” cumprido ” indica que a alegria dos crentes não era completa sem a presença e a interação de João.

A Bíblia nos ensina que a alegria é um fruto do Espírito Santo (Gálatas 5:22) e que ela está intimamente ligada à comunhão com Deus e com os irmãos. Salmo 16:11 declara: “Na tua presença há plenitude de alegria; à tua direita, delícias perpetuamente.” Romanos 15:13 expressa o desejo de que os crentes sejam cheios de alegria e paz pela fé, para que transbordem de esperança pelo poder do Espírito Santo.

Todo cristão deve, portanto, buscar a presença de Deus e a comunhão com os irmãos, para experimentar a plenitude da alegria que Ele oferece. É importante cultivar um coração grato e alegre, buscar oportunidades para se alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram, e celebrar a vida e a fé em comunidade, visando, acima de tudo, a glória de Deus e a edificação do corpo de Cristo.


6. CONCLUSÃO

Em resumo, a análise de 2 João 12 destaca a importância da comunicação pessoal, da presença física e da comunhão para a edificação da fé e a alegria da comunidade. Vimos que João valorizava a interação direta e acreditava que ela era fundamental para a plenitude da alegria dos crentes.

Portanto, que este versículo nos inspire a valorizar a comunhão com os irmãos, a buscar a presença de Deus e a cultivar um coração alegre e grato. Acima de tudo, que o Espírito Santo nos capacite a comunicar a verdade com amor, a edificar uns aos outros com nossas palavras e ações, e a experimentar a plenitude da alegria que só encontramos em Cristo, para a glória do Seu nome.

1 comentário em “A Preferência pela Comunhão Face a Face”

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