Lição 4: O encontro em Jerusalém e os falsos irmãos


LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS


3º Trimestre de 2025

Título: A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas


Autor: Alexandre Coelho

Data: 27 de julho de 2025

Lição 4: O encontro em Jerusalém e os falsos irmãos


TEXTO PRINCIPAL

“Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios.” (Gl 2.8).


Comentário Palavra Forte de Deus: O texto principal de Gálatas 2.8 revela a essência da chamada divina e a diversidade de dons no Corpo de Cristo. Paulo, ao afirmar que o mesmo poder que capacitou Pedro para o apostolado entre os judeus também o capacitou para o ministério aos gentios, não apenas defende sua própria autoridade apostólica, mas, sobretudo, exalta a soberania de Deus. Afinal, a perícope demonstra que o Senhor distribui dons e atribuições conforme sua vontade. Observamos aqui uma clara distinção de ministérios, mas uma unidade de propósito e poder. A palavra “operou eficazmente” denota uma ação divina poderosa e transformadora, que concede habilidades e oportunidades.


RESUMO DA LIÇÃO

O encontro dos apóstolos em Jerusalém não fez com que Paulo mudasse a sua pregação.


Comentário Palavra Forte de Deus: O resumo da lição ressalta a firmeza doutrinária de Paulo. Em outras palavras, a reunião em Jerusalém não o comprometeu a alterar a mensagem da graça que ele pregava aos gentios. Isto demonstra, portanto, a centralidade da revelação divina na vida de Paulo. O que também enfatiza a sua recusa em ceder às pressões legalistas. Este fato tem consequências profundas para a teologia da liberdade cristã. Paulo, por conseguinte, nos ensina que a fé em Cristo é suficiente para a salvação e que as obras da lei não podem adicionar mérito algum. Desta maneira, esta postura intransigente em relação à verdade do Evangelho é um exemplo para todos os cristãos.

OBJETIVOS

APRESENTAR a defesa de Paulo em seu ministério;

REFLETIR a respeito dos ensinos de Paulo em relação aos falsos irmãos;

APRESENTAR o evangelho da incircuncisão.


TEXTO BÍBLICO
Gálatas 2.1-10.

¹ Depois, passados catorze anos, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também comigo Tito.
² E subi por uma revelação, e lhes expus o evangelho, que prego entre os gentios, e particularmente aos que estavam em estima; para que de maneira alguma não corresse ou não tivesse corrido em vão.
³ Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se;
⁴ E isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão;
⁵ Aos quais nem ainda por uma hora cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós.
⁶ E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me comunicaram;
⁷ Antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão
⁸ (Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios),
⁹ E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão;
¹⁰ Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também.


COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos a continuidade da resposta de Paulo às críticas que fizeram sobre a veracidade e autenticidade do seu apostolado. Os judaizantes que estavam trazendo outro evangelho aos crentes da Galácia questionaram se Paulo era realmente um apóstolo. Desta vez, ele fala sobre um encontro que teve com os líderes da igreja de Jerusalém, mostrando que, mesmo não tendo andado com os doze apóstolos de Jesus, era um apóstolo comissionado pelo Senhor Jesus tanto quanto os demais, e que o seu ministério e a sua mensagem haviam sido reconhecidos em Jerusalém.


Comentário Palavra Forte de Deus: Paulo, ao relatar seu encontro com os líderes da igreja em Jerusalém, está defendendo a legitimidade de seu apostolado e a autenticidade de sua mensagem. Em outras palavras, Paulo demonstra que sua autoridade não dependia do reconhecimento dos Doze. Em vez disso, ele havia sido comissionado diretamente pelo Senhor Jesus. Além disso, o fato de seu ministério e mensagem terem sido reconhecidos em Jerusalém reforça sua posição e refuta as acusações dos judaizantes. Portanto, é crucial observarmos a importância da unidade e do reconhecimento mútuo entre os líderes da igreja primitiva.

I. PAULO DEFENDE SEU MINISTÉRIO

1. Voltando a Jerusalém. Na busca por esclarecer ainda mais a sua história apostólica, Paulo dá continuidade na Carta aos eventos que se seguiram em seu ministério. Por certo, os seus acusadores não tinham uma história como a dele, que fora perseguidor dos seguidores de Jesus, mas foi alcançado pelo Senhor de uma forma tão especial que foi transformado em um novo homem. Essa defesa era necessária, pois os judaizantes divulgaram questionamentos a respeito da sua autoridade apostólica.

Nada melhor do que fazer uma defesa em ordem cronológica, pois argumentos desconexos se perdem na fala. Os 14 anos mencionados por Paulo podem ser uma referência ao seu encontro com Pedro e Tiago, mencionado em Gálatas 1.18,19. O apóstolo fez questão de mostrar esses dados para que as acusações contra ele não prosperassem. Paulo não tinha nada a esconder.


Comentário Palavra Forte de Deus: Paulo, ao narrar seu retorno a Jerusalém quatorze anos após sua conversão, busca, de fato, estabelecer a validade de seu apostolado. Afinal, o apóstolo demonstra que sua autoridade não derivava de um apoio humano, mas de um encontro pessoal com o Senhor Jesus na estrada de Damasco. O passado de Paulo como perseguidor da igreja é, paradoxalmente, utilizado como prova do poder transformador da graça divina. Os judaizantes, ao questionarem sua autoridade, revelam sua própria falta de compreensão da natureza da salvação pela fé. A cronologia detalhada dos eventos, ademais, reforça a veracidade do relato paulino.

2. Barnabé e Paulo. Paulo menciona a presença de Barnabé consigo indo a Jerusalém. O “filho da consolação” teria uma participação muito ativa no ministério aos gentios, pois foi ele que acreditou no potencial de Paulo, quando este havia se convertido e não foi aceito imediatamente pela igreja de Jerusalém por força do seu histórico de perseguidor (At 9.26,27). A fama de Paulo assustava muitos dos irmãos hebreus, e até que ele pudesse mostrar o que Jesus havia feito em sua vida, um certo tempo se passou.

Basta dizer que quando se converteu, Paulo ficou tão motivado pelo seu encontro com Jesus e com a cura que recebeu do Senhor, que foi pregar a respeito dEle nas sinagogas em Damasco e depois em Jerusalém, até que os gregos procuraram matá-lo. A igreja precisou mandá-lo com passagem só de ida a Tarso.

Tempos depois, quando o Evangelho chegou à Antioquia, e Barnabé foi comissionado a ver como Deus estava operando naquela localidade, e vendo a graça de Deus naquele lugar (At 11.23), convidou Paulo depois para auxiliá-lo (At 11.25). Barnabé foi o precursor que abriu as portas para que Paulo pudesse ter o reconhecimento ministerial necessário. Ele sabia que era uma honra poder apoiar novos obreiros e despertar talentos na obra do Senhor.


Comentário Palavra Forte de Deus: A presença de Barnabé ao lado de Paulo é significativa. Em primeiro lugar, Barnabé, conhecido como “filho da consolação” (At 4.36), desempenhou um papel fundamental ao acreditar em Paulo quando outros o rejeitavam devido ao seu passado como perseguidor. Em segundo lugar, a parceria entre Paulo e Barnabé demonstra a importância do discipulado e do apoio mútuo no ministério cristão. O exemplo de Barnabé, além disso, nos ensina a valorizar e investir em novos talentos na obra do Senhor. A história de Paulo, por conseguinte, nos lembra que Deus pode usar pessoas improváveis para realizar grandes feitos.

3. Agindo por meio de uma revelação. A descrição paulina sobre a sua ida a Jerusalém começa com a ação do Espírito. Ele subiu para Jerusalém por força de uma revelação. Deus é soberano não somente para nos oferecer a sua graça para a salvação, mas também para operar entre nós obras pelo Espírito Santo. Ele decidiu enviar Paulo a Jerusalém, e essa decisão foi comunicada por meio de uma revelação, não por um desejo pessoal do apóstolo ou por um convite da igreja de Jerusalém.

É notório que em muitos ambientes cristãos, os meios pelos quais Deus revela a sua vontade são negligenciados, tidos por ultrapassados ou negados. Em nenhum texto das Escrituras há uma indicação de que Deus deixou de revelar coisas importantes aos seus servos por meio do seu Santo Espírito.

Cremos que uma vez que já temos as Escrituras como nossa regra de fé e prática, quaisquer orientações divinas precisam estar sujeitas ao que já está escrito na Palavra de Deus. Entretanto, o Senhor é capaz de nos trazer orientações conforme a sua soberania e pelos meios que estiverem descritos nas Escrituras.


Comentário Palavra Forte de Deus: A ida de Paulo a Jerusalém por meio de uma revelação divina destaca a importância da orientação do Espírito Santo na vida do apóstolo. Paulo, portanto, demonstra que sua ação não foi motivada por ambição pessoal ou por um desejo de agradar aos líderes da igreja em Jerusalém. Em vez disso, ele agiu em obediência à vontade de Deus revelada pelo Espírito Santo. A negligência dos dons espirituais em muitos ambientes cristãos é, infelizmente, uma realidade. A Bíblia, ademais, nos ensina que Deus continua a revelar sua vontade aos seus servos por meio do Espírito Santo. Devemos buscar a direção divina em todas as áreas de nossa vida.

SUBSÍDIO I

“Os falsos apóstolos estavam pondo-se em evidência como ‘superapóstolos’ (‘os mais excelentes apóstolos’), humilhando Paulo. Mas Paulo não aceitava as afirmações que eles faziam. Pode ser que fossem oradores bem treinados, aptos a impressionar as pessoas com o vocabulário e o estilo. É possível que Paulo os tivesse em mente quando escreveu aos romanos que os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos símplices (Rm 16.18).

Embora Paulo fosse treinado como rabino sob as orientações de Gamaliel (At 22.3), ele não fora treinado no estilo grego de oratória artificial e extravagante. Paulo tinha algo mais importante. Tinha ciência ou conhecimento de Deus que eles não tinham. Paulo havia demonstrado isto em tudo, ou seja, dando-lhes ensinamentos poderosos e ungidos em linguagem clara — não na ‘lógica’ enganosa e na retórica superficial dos falsos apóstolos.

A verdade é mais importante que o estilo ou ‘carisma’ do orador. Paulo recusa aceitar pagamento. Ele pregou o Evangelho em Corinto de ‘graça’ (veja 1Co 9). Naqueles dias, até nas universidades os estudantes remuneravam diretamente o professor. É provável que os oponentes de Paulo disseram que o fato de ele não receber contribuições era evidência de que o ensino era de pouco valor e que ele não era verdadeiro apóstolo.” (Adaptado de HORTON, Stanley M. I & II Coríntios. Os Problemas da Igreja e suas Soluções. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.240,241).

II. OS FALSOS IRMÃOS

1. Tito, um obreiro grego. A equipe de Paulo era multicultural. Barnabé e Paulo eram judeus, mas Tito e Lucas eram gentios. É certo que essa formação missionária dava um respaldo mais acentuado à pregação aos gentios, pois havia gentios no grupo missionário de Paulo e Barnabé. Nesta Carta, o apóstolo faz menção do nome de Tito por força da situação que vai descrever. Ao chegarem em Jerusalém, Tito foi recebido junto com Paulo e Barnabé. Aquela equipe evangelística despertou, sem dúvida, a curiosidade dos judaizantes. Até o momento, não há registro de um obreiro grego indo a Jerusalém como participante de uma equipe missionária liderada por judeus. Tito era uma novidade. E os judaizantes ficaram de olho nele.


Comentário Palavra Forte de Deus: A presença de Tito, um obreiro grego, na equipe de Paulo, é significativa. Ela demonstra, em primeiro lugar, a inclusão de gentios no ministério apostólico de Paulo. Em segundo lugar, a multiculturalidade da equipe missionária de Paulo reflete a universalidade do Evangelho. Tito, ademais, tornou-se um símbolo da liberdade cristã e da rejeição do legalismo judaizante.

2. Os falsos irmãos. Paulo cita que em Jerusalém eles foram observados por pessoas consideradas “falsos irmãos” que eles estavam entre os crentes em Jerusalém. Pessoas que tinham acesso aos apóstolos, conheciam a Lei de Moisés, mas não colaboravam com o Evangelho. Os falsos irmãos estavam ali para impor aos visitantes a obrigatoriedade de todos seguirem a Lei como um requisito para a salvação.

Aparentemente não falaram nada, mas Paulo percebeu e registrou aos gálatas aquela tentativa de intromissão. Aqui aprendemos duas lições: a) Nem todos os que estão entre nós são verdadeiros irmãos. Há joio sendo colocado junto com o trigo, e precisamos estar atentos aos que tem aparência de crente, mas se portam como se não o fossem; b) Ele resistiu a essas pessoas, não se sujeitando, em nenhum momento, às investidas.

Paulo poderia fazer a política da boa vizinhança para que Tito fosse aprovado, mas isso seria um retrocesso. Os falsos irmãos não queriam fazer a obra de Deus, mas sim colocar a equipe missionária em servidão (Gl 2.4). É provável que aqueles falsos irmãos tivessem tentado ver se Tito havia sido circuncidado, para depois ser aceito como um membro da comissão de apóstolos enviados aos gentios. O que os falsos irmãos desejavam era constranger Paulo, sua equipe e sua mensagem aos ditames judaicos.


Comentário Palavra Forte de Deus:  A presença dos “falsos irmãos” na igreja em Jerusalém é um alerta para nós. Em primeiro lugar, nem todos os que se dizem cristãos são verdadeiros discípulos de Cristo. Em segundo lugar, os falsos irmãos buscavam impor um legalismo opressor e minar a liberdade cristã. A resistência de Paulo aos falsos irmãos nos ensina a defender a verdade do Evangelho e a não ceder à pressão de falsos ensinamentos. A parábola do joio e do trigo, por conseguinte, ilustra a realidade de que o mal sempre tentará se infiltrar no meio do povo de Deus.

3. Não cedemos. Paulo mostra aos gálatas que, mesmo estando em Jerusalém, diante do colégio apostólico, ele permaneceu firme na perspectiva que distanciava a prática dos gentios e dos judeus. Isso não se deu por rebeldia, ou por considerar que os apóstolos em Jerusalém estavam aquém da mensagem que ele havia recebido da parte do Senhor Jesus. Paulo não era um obreiro rebelde ou desejoso de arrumar debates e confusão. Ele se posicionou dessa forma “para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós” (Gl 2.5).

Tito, o obreiro grego, não precisou ser circuncidado. Ele fazia parte da equipe de Paulo pela graça de Deus, e se a circuncisão fosse necessária para que Tito fosse salvo, por que ele não havia sido circuncidado? Paulo chama os gálatas para pensarem a esse respeito. Se eles precisassem ser circuncidados e seguirem a Lei para serem salvos, como diziam os judaizantes, então Tito era uma contradição, pois ele ocupava um lugar de importância e não seguia nem cumpria a Lei de Moisés.

Mas Paulo mostra que o fato de Tito não ter passado por aquela cirurgia destinada aos bebês judeus era uma prova de que a mensagem confiada ao apóstolo era válida para todos os gentios: a circuncisão não era necessária aos não judeus. Se Tito passasse pela circuncisão, a mensagem dos judaizantes teria prevalecido. Mas o plano dos falsos irmãos fracassou.


Comentário Palavra Forte de Deus: A firmeza de Paulo em não ceder à pressão dos judaizantes demonstra seu compromisso com a verdade do Evangelho. Paulo, em primeiro lugar, não estava agindo por rebeldia ou desrespeito à liderança da igreja em Jerusalém. Ao contrário, ele estava defendendo a liberdade cristã e a universalidade da salvação pela fé. Tito, por conseguinte, tornou-se um argumento vivo contra o legalismo e a favor da inclusão dos gentios na aliança da graça.

SUBSÍDIO II

Professor(a), inicie o tópico com a seguinte pergunta: “Quem eram os falsos irmãos?”. Ouça os alunos com atenção e em seguida explique que “essas pessoas eram judaizantes, ou seja, adeptos rígidos ao judaísmo (os costumes da religião e da cultura judaica) que afirmavam que os não judeus precisavam obedecer à lei de Moisés do Antigo Testamento (cf. At 15.5; 2Co 11.26), e em particular a regra da circuncisão (v.12), para que pudessem ser salvos e viver em um relacionamento correto com Deus (cf. Rm 2.29).

Esta filosofia também é chamada de legalismo, o que envolve a confiança de que regras e rotinas religiosas e obras pessoais trarão a salvação espiritual ou obterão o favor de Deus. Isso significa obedecer aos detalhes da lei, sem um verdadeiro comprometimento com o espírito e os propósitos por trás da lei (veja At 25.8). Embora a lei de Deus seja boa e espiritual (Rm 7.12-14) e os seus princípios e padrões morais ainda se apliquem à vida cristã, a simples obediência à lei não pode nos salvar.

O propósito da lei de Deus é revelar a nossa própria incapacidade de viver segundo os padrões perfeitos de Deus e nos mostrar a nossa necessidade de Cristo (3.24). Quando uma pessoa recebe — pela fé — o perdão de Deus e confia sua vida à liderança de Cristo, o Espírito Santo capacita essa pessoa a viver segundo os padrões de Deus (cf. Rm 8.4).

No entanto, a pessoa faz isto por amor e gratidão a Deus, e não como um meio de obter o seu favor. Muitos judaizantes não eram sequer sinceros em sua própria devoção à lei, mas simplesmente desejavam exercer a sua influência sobre outras pessoas na igreja e afastá-las da verdadeira fé em Cristo (4.17)”. (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1625).

PROFESSOR(A), “Paulo era gentil, tolerante e paciente com relação a muitas coisas (cf. 1Co 13.4-7), mas era firme e inflexível com respeito à “verdade do evangelho”. A revelação que ele recebera diretamente de Cristo (1.12) é a única mensagem que possui o poder de salvar todos os que creem nela, recebem-na e reagem positivamente a ela (Rm 1.16). Paulo entendia que nunca se devem fazer concessões a este evangelho em nome da paz, unidade ou da opinião da moda.” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023. p.1626).

III. O EVANGELHO DA INCIRCUNCISÃO

1. Reconhecido entre os apóstolos. Paulo descreve que teve o seu trabalho e chamada reconhecidos entre os apóstolos de Jerusalém. Diferente do que os seus acusadores andaram falando, de que ele não era apóstolo ou que ninguém o conhecia em Jerusalém, Paulo diz que “deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios e eles, à circuncisão” (Gl 2.9). Os apóstolos tiveram Barnabé e Paulo em alta conta, e foram além do reconhecimento, eles chancelaram a missão aos gentios. Paulo fala que os hebreus “nada me comunicaram”, uma observação do apóstolo acerca da sua mensagem, ou seja, não acrescentaram nada ou nenhuma regra a mais à mensagem de Paulo aos gentios.


Comentário Palavra Forte de Deus: O reconhecimento mútuo entre Paulo e os pilares da igreja em Jerusalém ressalta a unidade essencial do Corpo de Cristo. Tal aceitação não foi meramente protocolar; mas, sim, um aval divino sobre o chamado singular de Paulo ao ministério gentílico. Mais do que apoiar sua missão, os apóstolos confirmaram a autenticidade do Evangelho paulino, atestando que sua mensagem repercutia a mesma verdade proclamada em Jerusalém.

Desse modo, a cena simboliza que, apesar das peculiaridades de cada ministério, a Igreja é um organismo coeso, onde a diversidade de dons converge para a glória de Deus. É importante notar que a unidade não exige uniformidade, mas sim respeito e aceitação das diferentes formas como o Espírito Santo opera em cada um.

2. A recomendação dos apóstolos. Para cada comissionamento há uma ou mais responsabilidades. Os apóstolos de Jerusalém pediram que a missão aos gentios não se esquecesse dos pobres. Em uma sociedade onde a pobreza era bastante comum, e a sobrevivência de certos grupos, como viúvas e órfãos, dependia muito da família ou da caridade alheia, os cristãos se tornaram conhecidos pelo altruísmo e pela generosidade. Em Gálatas 6.10, seguindo a orientação dos irmãos de Jerusalém, ele escreve que “enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6.10).


Comentário Palavra Forte de Deus: A solicitação dos apóstolos para que Paulo e Barnabé se lembrassem dos necessitados transcende a mera filantropia; ela revela o coração compassivo de Deus e a intrínseca ligação entre fé e ação social. Nesse sentido, o cuidado com os vulneráveis não é um apêndice opcional do Evangelho, mas sim uma expressão tangível do amor de Cristo.

A recomendação ressalta que o discipulado autêntico se manifesta não apenas na proclamação da Palavra, mas também no serviço sacrificial aos mais carentes. Assim, o altruísmo e a generosidade devem ser marcas distintivas dos seguidores de Jesus, refletindo a justiça e a misericórdia do Reino de Deus. A preocupação com os “domésticos da fé” não exclui a compaixão por todos, mas enfatiza a prioridade de atender às necessidades dos membros da comunidade cristã.

2. Dois públicos e uma mesma mensagem. Nem todas as pessoas que são alcançadas pelo Evangelho são da mesma cultura. A Palavra de Deus classifica as pessoas como judeus, gentios e a igreja de Deus (1Co 10.32). O Evangelho é o mesmo, mas é possível que uma mensagem seja mais facilmente aplicada a um grupo cultural do que a outro, e cabe a quem está apresentando as Boas-Novas ter essa sensibilidade para a comunicação do Evangelho. Paulo agiu assim, entendendo que nem todos os preceitos do judaísmo eram adequados aos gentios, como veremos na próxima lição.


Comentário Palavra Forte de Deus: A constatação de que o Evangelho alcança pessoas de diferentes culturas demanda uma abordagem comunicacional adaptada, sem, contudo, comprometer a essência da mensagem. É preciso reconhecer que cada grupo cultural possui suas próprias nuances, valores e formas de expressão, e que a apresentação do Evangelho deve levar em consideração essas particularidades.

A sensibilidade cultural, portanto, é uma ferramenta indispensável para o missionário, permitindo que a Palavra de Deus seja compreendida e internalizado de forma relevante e transformadora. Paulo, em sua sabedoria, soube discernir quais preceitos do judaísmo não eram essenciais para os gentios, priorizando a mensagem central da salvação pela graça mediante a fé em Cristo.

CONCLUSÃO

Ao longo destas duas últimas lições, tratamos da biografia do apóstolo Paulo, conforme ele a demonstra aos gálatas. Na lição passada, estudamos a respeito dele como recém-convertido, e nesta lição, como um representante de uma equipe missionária, tendo a sua mensagem chancelada pelos obreiros de Jerusalém. A sua pregação não era estranha ao conhecimento dos judeus, e mesmo eles receberam a equipe de obreiros aos gentios com apreço e sem preconceito, ainda que houvessem ali na igreja, “falsos irmãos”.


Comentário Palavra Forte de Deus: Concluímos, assim, esta jornada através da vida de Paulo, focando em sua defesa do apostolado e na autenticidade de sua mensagem. Vimos que o chamado divino o impulsionou a pregar o Evangelho aos gentios, e que tal missão foi legitimada pelos líderes da igreja em Jerusalém. A lição que emerge é que a ousadia de Paulo em defender a verdade do Evangelho e a rejeitar o jugo do legalismo permanece relevante para nós hoje. Que possamos, à semelhança de Paulo, manter a firmeza na fé, proclamando a mensagem da graça com intrepidez e amor.

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