3 JOÃO 10: UM ALERTA URGENTE

3 JOÃO 10: UM ALERTA URGENTE CONTRA A LIDERANÇA TÓXICA E SUAS CONSEQUÊNCIAS DEVASTADORAS

COMENTÁRIO BÍBLICO

1. INTRODUÇÃO

João, na continuidade de sua reprimenda a Diótrefes, detalha as ações prejudiciais que este indivíduo perpetra contra a igreja e os irmãos em Cristo. O versículo 10 não se limita a uma crítica superficial; ele expõe a natureza de um líder que abusa de sua posição para disseminar falsidades, rejeitar a comunhão e suprimir a hospitalidade cristã. Assim, longe de ser um simples relato de desavenças, este versículo revela graves desvios teológicos relacionados à liderança, à prática da comunhão e à importância da verdade.

Para compreender a gravidade das ações de Diótrefes, vamos analisar cada parte do versículo: “Por isso, se eu for”, “trarei à memória as obras que ele faz”, “proferindo contra nós palavras maliciosas”, “não contente com isto, não recebe os irmãos”, “impede os que querem recebê-los”, e “os lança fora da igreja”.

Dessa forma, esta análise exegética visa expor a natureza destrutiva da maledicência, da exclusão e da autoridade abusiva no contexto da igreja, desafiando-nos a defender a verdade, a praticar a hospitalidade e a promover uma liderança servidora, centrada em Cristo.

2. “POR ISSO, SE EU FOR”: A PRESENÇA APOSTÓLICA COMO CORRETIVO

A expressão “Por isso, se eu for” indica a intenção de João de visitar a igreja e confrontar pessoalmente as ações de Diótrefes. A forma condicional “se eu for” sugere que a visita de João não era certa, mas que ele considerava a possibilidade de ir para lidar com a situação. Essa intenção demonstra o compromisso de João em zelar pela saúde da igreja e em corrigir os erros que estavam sendo cometidos.

Portanto, a igreja deve reconhecer a importância da presença e da supervisão apostólica para a sua saúde e crescimento. A visita de líderes espirituais maduros e experientes pode trazer correção, encorajamento e direção, ajudando a igreja a permanecer no caminho da verdade e da justiça.

Assim, líderes e membros da igreja devem estar abertos para receber visitas e ensinamentos de outros líderes, reconhecendo que a comunhão e a troca de experiências são fundamentais para o crescimento espiritual e a edificação da igreja. Significa que os líderes devem convidar outros líderes para ministrar em sua igreja, enquanto os membros devem estar dispostos a ouvir e aprender com esses visitantes.

A Escritura enfatiza a importância da supervisão e da correção. Paulo exortou Timóteo a “pregar a palavra, estar preparado em tempo oportuno e intempestivo, repreender, corrigir e exortar com toda a paciência e doutrina(2 Timóteo 4:2). A supervisão e a correção são atos de amor que visam o bem-estar da igreja.

A presença apostólica, portanto, não é apenas uma questão de autoridade, mas também de cuidado e responsabilidade. Ao visitar e supervisionar as igrejas, os líderes espirituais demonstram seu amor pelo rebanho e seu compromisso em protegê-lo dos perigos espirituais.

3. “TRAREI À MEMÓRIA AS OBRAS QUE ELE FAZ”: A RESPONSABILIZAÇÃO PELAS AÇÕES

A frase “trarei à memória as obras que ele faz” revela a intenção de João de expor publicamente as ações de Diótrefes. O verbo “trarei à memória” (hypomnēsō) indica que João não ignorava as ações de Diótrefes, mas que ele as observava e as registrava em sua mente. Essa intenção demonstra a responsabilidade de João em responsabilizar Diótrefes por suas ações.

Portanto, cada crente deve reconhecer que suas ações têm consequências e que serão responsabilizados por elas. A igreja deve ser um lugar onde a verdade é valorizada e onde as pessoas são responsabilizadas por seus atos, a fim de promover a justiça e a santidade.

Assim, líderes e membros da igreja devem estar dispostos a confrontar o pecado e a corrigir os erros, reconhecendo que a disciplina é um ato de amor que visa a restauração e o crescimento espiritual. Significa que os líderes devem estar dispostos a confrontar os membros que estão em pecado, enquanto os membros devem estar dispostos a receber a correção e a se arrepender de seus erros.

A Escritura enfatiza a importância da disciplina e da correção. Jesus disse: “Se o seu irmão pecar contra você, vá e repreenda-o em particular(Mateus 18:15). A disciplina e a correção são essenciais para a saúde e o bem-estar da igreja.

A responsabilização, portanto, não é apenas uma questão de justiça, mas também de amor e misericórdia. Ao responsabilizar as pessoas por suas ações, estamos dando a elas a oportunidade de se arrepender, de se reconciliar e de crescer em santidade.

4. “PROFERINDO CONTRA NÓS PALAVRAS MALICIOSAS”: A GUERRA DAS PALAVRAS

A expressão “proferindo contra nós palavras maliciosas” descreve a prática de Diótrefes de difamar João e seus colaboradores com palavras maldosas e falsas. O verbo “proferindo” (phlyarōn) indica uma fala vã, ociosa e sem fundamento. O adjetivo “maliciosas” (ponērois) qualifica as palavras de Diótrefes como más, perversas e destrutivas. Essa prática demonstra a falta de amor e respeito de Diótrefes pela verdade e pela reputação dos outros.

Desse modo, o crente deve vigiar suas palavras e evitar a fofoca, a maledicência e a difamação. A igreja deve ser um lugar onde as palavras são usadas para edificar, encorajar e abençoar, e onde a verdade é sempre valorizada.

Assim, líderes e membros da igreja devem cultivar o hábito de falar a verdade em amor, evitando palavras que possam ferir, dividir ou destruir. Significa que os líderes devem ser exemplos de integridade e honestidade em sua fala, enquanto os membros devem se esforçar para falar palavras de encorajamento e edificação uns aos outros.

A Escritura adverte contra o poder destrutivo das palavras. Tiago disse: “A língua também é um fogo; é um mundo de iniquidade. A língua está situada entre os membros do nosso corpo e contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno(Tiago 3:6). As palavras têm o poder de construir ou destruir.

O falar com verdade, portanto, é um sinal de maturidade espiritual. Ao vigiarmos nossas palavras e usarmos para edificar, encorajar e abençoar, estamos demonstrando nosso amor por Deus e pelo próximo.

5. “NÃO CONTENTE COM ISTO, NÃO RECEBE OS IRMÃOS”: A NEGAÇÃO DA HOSPITALIDADE

A frase “não contente com isto, não recebe os irmãos” revela a falta de hospitalidade de Diótrefes para com os irmãos em Cristo. O verbo “recebe” (epidechetai) indica a recusa de Diótrefes em acolher, hospedar e dar apoio aos irmãos que visitavam a igreja. Essa atitude demonstra a falta de amor e comunhão de Diótrefes com os outros crentes.

Portanto, a igreja deve praticar a hospitalidade, acolhendo e cuidando dos irmãos em Cristo, especialmente daqueles que estão em necessidade. A hospitalidade é um sinal de amor e comunhão que demonstra a unidade do corpo de Cristo.

Assim, líderes e membros da igreja devem estar dispostos a abrir suas casas e seus corações para receber os irmãos, oferecendo-lhes alimento, abrigo e companhia. Significa que os líderes devem ser exemplos de hospitalidade, enquanto os membros devem se esforçar para acolher e cuidar uns dos outros.

A Escritura exorta à prática da hospitalidade. Paulo disse: “Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades, pratiquem a hospitalidade(Romanos 12:13). A hospitalidade é uma virtude essencial para a vida cristã.

A hospitalidade, portanto, é uma demonstração do amor de Cristo. Ao acolhermos e cuidarmos dos irmãos em Cristo, estamos seguindo o exemplo de Jesus, que nos amou e se entregou por nós.

6. “IMPEDE OS QUE QUEREM RECEBÊ-LOS, E OS LANÇA FORA DA IGREJA”: A SUPRESSÃO DA COMUNHÃO

A frase “impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja” descreve a ação autoritária de Diótrefes de impedir que outros membros da igreja recebam os irmãos e de expulsar aqueles que se opõem a ele. Os verbos “impede” (kōlyei) e “lança fora” (ekballei) indicam a ação violenta e opressiva de Diótrefes para suprimir a comunhão e a unidade da igreja. Essa atitude demonstra a ambição desmedida e a falta de amor de Diótrefes para com os outros crentes.

Portanto, a igreja deve defender a liberdade de comunhão e a unidade do corpo de Cristo. A igreja não deve permitir que nenhum líder autoritário suprima a comunhão e expulse os irmãos, mas deve promover um ambiente de amor, aceitação e respeito mútuo.

Assim, líderes e membros da igreja devem estar dispostos a defender a liberdade de comunhão e a unidade do corpo de Cristo, opondo-se a qualquer forma de autoritarismo e opressão. Significa que os líderes devem ser exemplos de humildade e serviço, enquanto os membros devem se esforçar para promover a paz e a harmonia na igreja.

A Escritura exorta à unidade e à comunhão. Paulo disse: “Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito, ligados pelo vínculo da paz(Efésios 4:3). A unidade e a comunhão são marcas distintivas da igreja de Cristo.

A defesa da comunhão, portanto, é um ato de obediência a Deus. Ao defendermos a liberdade de comunhão e a unidade do corpo de Cristo, estamos demonstrando nosso amor por Deus e pelo próximo.

7. CONCLUSÃO

Em resumo, a análise teológica e exegética de 3 João 10 revela a gravidade das ações de Diótrefes e seus desvios teológicos. João, ao se dispor a ir e trazer à memória as obras de Diótrefes, demonstra sua responsabilidade apostólica. Diótrefes, ao proferir palavras maliciosas, revela a falta de amor e respeito pela verdade. Ao não receber os irmãos, ele nega a hospitalidade e a comunhão. Ao impedir outros de recebê-los e lançá-los fora, ele suprime a liberdade e a unidade da igreja.

Portanto, que esta análise nos motive a examinar nossas próprias vidas e a corrigir nossos próprios desvios. Que a história de Diótrefes nos sirva de advertência e que a graça de Deus nos capacite a cultivar a humildade, o serviço, a hospitalidade e a liberdade de comunhão, a fim de promover a unidade e o crescimento da igreja.

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