
LIÇÕES BÍBLICAS CPAD
JOVENS
4º Trimestre de 2025
Título: Exortação, arrependimento e esperança — O ministério profético de Jeremias
Autor: Elias Torralbo
Comentário: Palavra Forte de Deus
Lição 13: Uma palavra profética às nações
Data: 28 de dezembro de 2025
TEXTO PRINCIPAL
“Olha, ponho-te neste dia sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares, e para derribares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares.” (Jr 1.10).
Comentário da Palavra Forte de Deus
A citação do versículo 10, que sintetiza o chamado e a autoridade de Jeremias, estabelece a dimensão global da mensagem profética. A declaração divina “ponho-te neste dia” usa o termo hebraico natatti (נָתַתִּי), que significa “Eu te coloquei” ou “Eu te dou”. Essa ação ativa e perfeita de Deus outorga a Jeremias uma autoridade soberana que supera a dos reis e dos impérios (sobre as nações e sobre os reinos). Portanto, o profeta fala em nome do Comandante Supremo da história.
Ademais, o texto apresenta o programa ministerial profético por meio de seis verbos de ação ativa, divididos em duas categorias complementares: quatro verbos para o juízo e dois para a restauração. Os quatro primeiros verbos (arrancar, derribar, destruir, arruinar) descrevem a atividade divina de desmantelar o pecado e a rebeldia. Deus ativamente arranca o que foi plantado erradamente, derriba o que foi construído injustamente e destrói o que é inerentemente mau. Você deve entender que o juízo é uma ação preliminar e necessária que prepara o terreno para a graça.
Neste sentido, os dois últimos verbos (edificar e plantar) demonstram a finalidade maior do ministério: a restauração. Deus utiliza a Palavra profética para edificar uma nova comunidade e plantar um novo futuro de esperança. A sua mensagem não pode apenas condenar, mas precisa ativamente apontar para a obra de Cristo que edifica e planta a Nova Aliança. Dessa forma, o Texto Principal assegura a você que a sua missão não é mera opinião, mas a ferramenta ativa de Deus para transformar o mundo.
RESUMO DA LIÇÃO
Assim como o profeta Jeremias, temos a missão de anunciar a Palavra de Deus até os confins da Terra.
Comentário da Palavra Forte de Deus
O Resumo da Lição estabelece uma conexão direta entre a autoridade profética de Jeremias (Jr 1.10) e a missão da Igreja na atualidade. Você recebe o mesmo mandato universal que o profeta recebeu: anunciar a Palavra de Deus. Esta é uma ação ativa que demanda movimento e proclamação, e não apenas contemplação. A missão não se limita à sua comunidade local, mas se estende “até os confins da Terra”, ecoando o alcance “sobre as nações e sobre os reinos” da profecia original.
Ademais, a prioridade da missão é claramente definida: anunciar “a Palavra de Deus”, e não opiniões humanas ou ideologias temporárias. Você deve entender que a autoridade para arrancar, derribar, destruir, arruinar, edificar e plantar reside na natureza intrínseca desta Palavra. Ela possui poder ativo para cumprir em qualquer lugar do planeta o seu propósito divino.
Portanto, o resumo desafia a você a exercer a sua vocação com a fidelidade de Jeremias. A sua vida se torna uma extensão ativa do chamado profético, e você deve se posicionar como alguém que leva a mensagem de juízo e de esperança a todas as culturas. Você não pode permitir que as barreiras geográficas ou culturais limitem a sua obediência ao mandato de Deus.
OBJETIVOS
COMPREENDER que Deus fala às nações;
REFLETIR a respeito do chamado de Jeremias para as nações;
SABER que Israel, como povo escolhido de Deus, falhou para com as nações.
INTERAÇÃO
Professor(a), estamos encerrando o estudo do livro do profeta Jeremias. Quantas lições preciosas pudemos aprender com Jeremias! No entanto, creio que o mais importante seja que ele bem poderia haver escapado de todas aquelas angústias. Porém, ele optou por sofrer com o povo de Deus.
O seu amor pelo Senhor e por Judá, fez com que ele acompanhasse seu povo até as últimas consequências. Que sigamos o exemplo de Jeremias. Ele foi e é um exemplo de amor, resiliência, fidelidade e compromisso com o Eterno.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), escreva no quadro: “O Livro de Jeremias”. Pergunte aos alunos os pontos que eles mais gostaram de estudar e o porquê. Ouça-os com atenção e incentive a participação de todos, pois a participação deles irá auxiliá-lo na avaliação do trimestre. Depois, explique que “o livro é, basicamente, uma coletânea das profecias de Jeremias, dirigidas principalmente a Judá (caps.2—29), mas também a nove nações estrangeiras (caps.46—51).
Estas profecias se concentram particularmente no juízo, embora haja algumas que tratam de esperança futura e restauração (em especial, os caps.30—33). Estas profecias não estão rigidamente organizadas em ordem cronológica (segundo a sequência dos eventos), nem tematicamente (por tema ou assunto). Parte do livro está escrita em poesia, ao passo que outras partes estão em forma narrativa (isto é, como relato, história ou descrição de eventos).
As suas mensagens proféticas estão mescladas com vislumbres históricos (1) da vida pessoal e do ministério do profeta (p.ex. caps.1; 34—38; 40—5), (2) da história de Judá, principalmente durante o período do rei Josias (caps.1—6), Jeoaquim (caps.7—20) e Zedequias (caps.21—25; 34), incluindo a conquista de Jerusalém (cap.39), e (3) de eventos internacionais que envolveram a Babilônia e outras nações (caps.25—29; 46—52)”. (Adaptado de Bíblia de Estudo Pentecostal Para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.974).
TEXTO BÍBLICO
Jeremias 46.1-5
1 — Palavra do Senhor que veio a Jeremias, o profeta, contra as nações.
2 — Acerca do Egito, que estava junto de Faraó Neco, rei do Egito, que estava junto ao rio Eufrates, em Carquemis, ao qual feriu Nabucodonosor, rei da Babilônia, no ano quarto de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá:
3 — Preparai o escudo e o pavês e chegai-vos para a peleja.
4 — Selai os cavalos, e montai, cavaleiros, e apresentai-vos com elmos; alimpai as lanças e vesti-vos de couraças.
5 — Por que razão vejo os medrosos voltando as costas? Os seus heróis estão abatidos e vão fugindo, sem olharem para trás; terror há ao redor, diz o Senhor.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Jeremias, como profeta, anunciou a mensagem de Deus às pessoas de seus dias. Também confirmou o compromisso de Deus com toda a raça humana, indistintamente, conforme prometido a Abraão (Gn 12.1-3).
Comentário da Palavra Forte de Deus
A Introdução estabelece a dimensão universal da profecia de Jeremias, ancorando o ministério do profeta na promessa abraâmica original (Gn 12.1-3). Você identifica aqui o ponto teológico central: Deus não é apenas o Deus de Israel, mas o Criador e Soberano de toda a raça humana. Assim, o profeta age como o agente desta revelação universal, ativando o plano de redenção global desde o início do seu chamado.
Ademais, o compromisso de Deus com toda a raça humana, indistintamente, é a garantia de que a justiça e a misericórdia do Senhor não se limitam às fronteiras geográficas ou étnicas. O termo hebraico para “benditas” (nibrĕkû) em Gênesis 12.3 implica uma bênção reflexiva que se espalha do pacto com Abraão para todos os povos. Isso significa que Deus não apenas mantém Sua Palavra a um povo, mas se mantém em total e constante atividade para assegurar Sua plena realização missionária em toda a Terra. Esta é a doutrina da Missão Soberana.
Dessa forma, a Introdução oferece a você uma base inabalável para a sua fé e ministério. Mesmo diante da queda de Judá, a mesma Palavra que condena garante a continuidade do plano universal. O Deus que firmou a aliança com Abraão é o mesmo que vela hoje para cumprir as promessas de graça e salvação para todas as nações em Cristo. A sua esperança e o seu ministério estão ancorados não na força de Israel, mas na fidelidade ativa e eterna de Deus sobre a Sua Palavra.
I – UM DEUS PARA AS NAÇÕES
1. Deus fala às nações.
Assim como os demais profetas, Jeremias foi enviado inicialmente ao seu povo, o que não significa que não teve de advertir às demais nações a respeito da responsabilidade que todos, indistintamente têm, diante de Deus. Ao contrário disso, Jeremias profetizou contra várias nações, reafirmando assim a universalidade do plano de Deus, e a verdade de que todos os povos devem resposta e reverência ao Criador (46—64).
Um ponto importante a ser considerado é de que, ao tratar com as nações por meio de profetas que levantou, de forma direta, Deus estava conclamando o seu povo a comunicar a estas nações acerca de seu caráter justo, santo e amoroso, em seu chamado para que estas nações o reconhecessem, o temessem e se arrependessem de seus maus caminhos. Jeremias foi chamado às nações para anunciar arrependimento e lembrar ao povo de que o Senhor é Deus de todos os povos.
Comentário da Palavra Forte de Deus
O ministério profético de Jeremias contra as nações (capítulos 46—51) é um ato de afirmação da Soberania divina, e não um apêndice secundário. Você percebe que a advertência às demais nações sobre a responsabilidade que têm diante de Deus é o pilar da universalidade do plano de redenção. Ao profetizar contra os poderes pagãos, Jeremias “reafirma a verdade” de que todos os povos devem reverência e prestam contas ao Criador (46—51). Isto atesta a autoridade inconteste de Deus sobre toda a Terra.
Ademais, o fato de Deus tratar com as nações por meio de profetas também é a garantia de que o Seu povo era conclamado a comunicar Seu “caráter justo, santo e amoroso”. O termo “conclamando” implica uma missão ativa: Israel deveria ser o porta-voz da justiça e do arrependimento aos povos ao redor. Isso significa que o ministério de Jeremias tem uma função dupla: ele anuncia arrependimento externamente e, internamente, lembra a Israel de que o Senhor é Deus de todos os povos, combatendo o etnocentrismo religioso e a arrogância.
Dessa forma, o chamado de Jeremias oferece a você uma base inabalável para o seu engajamento missionário. Mesmo que o seu ministério seja primariamente local, a sua mensagem deve ter um alcance universal e confrontador. O Deus que advertiu as nações por meio de Jeremias é o mesmo que envia você hoje para anunciar arrependimento e reverência ao Criador em todas as esferas. A sua missão é combater o pecado e proclamar o caráter de Deus a todos os que O rejeitam.
2. Um plano para as nações.
Quando chamou a Abraão e anunciou que de sua semente um povo seria levantado, Deus comunicou que o seu plano não estaria limitado a este povo, mas que se trata, desde o início, de um plano universal, isto é, que envolve todas as nações, conforme se observa: “[…] e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). Está claro que, desde o início, o alvo de Deus não foi somente Abraão e nem tampouco Israel, mas sim, abençoar todos os povos, de todas as nações.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A citação direta da promessa abraâmica em Gênesis 12.3 é profundamente teológica, pois ela estabelece a origem da missão de Jeremias no pacto fundacional de Deus. Você reconhece que a eleição de Abraão e de Israel nunca foi um fim em si mesmo, mas o ponto de partida de um “plano universal”. A frase “em ti serão benditas todas as famílias da terra” é o pilar da vocação de Israel como um canal de bênção para o mundo, e não como um agente de privilégio exclusivo.
Ademais, a comunicação de que o plano de Deus “não estaria limitado a este povo” é a garantia de que a fidelidade de Deus se estende a toda a humanidade. O termo “benditas” sugere que as nações serão ativamente abençoadas por meio da semente de Abraão (que culmina em Cristo). Isso significa que Deus não apenas desejou abençoar Israel, mas se manteve em total e constante atividade para assegurar a plena realização do Seu propósito de graça em todas as nações desde o Gênesis. Esta é a doutrina da Redenção Universal.
Dessa forma, o plano para as nações oferece a você uma base inabalável para a sua teologia de missões. Mesmo depois de ver a destruição do juízo em Judá, a mesma Palavra de Gênesis garante a restauração futura e o engajamento de todos os povos no Reino. O Deus que chamou Abraão é o mesmo que chama você hoje para ser o agente dessa bênção e vida eterna em Cristo. O seu objetivo e o seu esforço missionário estão ancorados no propósito eterno de Deus de abençoar “todas as famílias da terra”.
3. Um reino de nações.
O profeta Isaías anunciou: “O teu Deus reina” (52.7). Jeremias chamou o povo a temer a Deus sob o argumento de que Ele é o “Rei das nações” (Jr 10.7). Deus é Soberano e o seu Reino é formado por “povos, nações e línguas” e “o seu domínio é um domínio eterno” e “não será destruído” (Dn 7.14). Definitivamente, o Reino de Deus é um Reino de nações.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A combinação das proclamações proféticas de Isaías, Jeremias e Daniel é profundamente teológica, pois ela estabelece a Soberania absoluta de Deus sobre a política e a história mundial. Você observa que o título “Rei das nações” (Jr 10.7) não é apenas um epíteto, mas a justificativa final para o juízo e a restauração dos povos. O argumento para o povo “temer a Deus” é direto: Ele é o monarca supremo sobre todos os reis e impérios terrestres, e exige reverência universal.
Ademais, a visão de Daniel 7.14 é a garantia de que o Reino de Deus não é apenas soberano, mas também “eterno” e “não será destruído”. O texto revela que o domínio do Senhor será composto por “povos, nações e línguas”, desmistificando qualquer ideia de exclusividade étnica na escatologia. Isso significa que Deus não apenas domina os eventos, mas se mantém em total e constante atividade para assegurar a plena realização do Seu Reino inabalável, onde o Seu povo se reúne de todas as culturas.
Dessa forma, a doutrina do Reino de nações oferece a você uma base inabalável para a sua cosmovisão cristã. Mesmo diante da destruição e da impiedade mundial, a mesma Palavra garante a vitória final e o domínio universal de Deus. O Deus que exerceu o Seu Reino na história por meio de Jeremias é o mesmo que o estabelece hoje por meio da Igreja. A sua missão e o seu trabalho fazem parte do projeto de um Reino eterno e global, e você deve viver como um agente desta Soberania inegociável.
SUBSÍDIO I
“46.1—51.64 CONTRA AS NAÇÕES. Estes capítulos contêm profecias a respeito do juízo de Deus contra as nações estrangeiras. Deus tinha indicado Jeremias não só como um profeta para Judá, mas também como ‘um profeta para as nações’ (1.5).
46.2 EGITO […] CARQUEMIS. Localizada no norte da Síria cerca de 480 quilômetros ao norte de Jerusalém, Carquemis foi o lugar onde os babilônios derrotaram os egípcios em 605 a.C. Naquela época, a Babilônia se tornou o poder mundial dominante.
46.10 ESTE DIA É O DIA DO SENHOR. A derrota do Egito foi um resultado da ação de Deus, foi ‘um dia de vingança’ devido a maneira pela qual o Egito tinha angustiado e oprimido Judá (p.ex. 2Rs 23.29,33-35). No final, Deus castigará todas as nações e as pessoas que rejeitaram a sua mensagem e maltrataram o seu povo.” (Bíblia de Estudo Pentecostal Para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.963).
II – UM PROFETA PARA AS NAÇÕES
1. Um profeta para as nações.
A expressão “nações” tem sentido amplo nas Escrituras, mas no contexto de Jeremias, tem relação com outros povos além de Israel, ou ainda, povos e nações pagãos e gentios (Êx 9.24; 34.10; Ez 5.6-8). Ao falar com Jeremias sobre o seu chamado, Deus usou este termo: “e às nações te dei por profeta” (1.5). Uma referência de que ele seria enviado, não somente aos da casa de Israel, mas também aos gentios.
Assim como Deus determinou o início e o fim do ministério de Jeremias, Ele também decidiu que as nações seriam o seu público-alvo. Começando pelo “povo da aliança”, Jeremias se dirigiu também a outras nações, não negligenciando a sua responsabilidade com outros povos, falando-lhes amplamente, conforme o registro bíblico (46.1—51.64).
Iniciando pelo Egito (46.2-28), o profeta Jeremias transmitiu a mensagem divina à Filístia (47.1-7), a Moabe (48.1-47), a Amom (49.1-6), a Edom (49.7-22), à Síria (49.23-33), a Elão (49.34-39) e à Babilônia (50.1-51.64). Está evidente, portanto, que, em obediência à vontade de Deus e aos seus propósitos, Jeremias foi um profeta para as nações.
Comentário da Palavra Forte de Deus
O chamado profético em Jeremias 1.5 — “e às nações te dei por profeta” — possui uma elevada densidade doutrinária, pois ele expande a finalidade do ministério de Jeremias além das fronteiras de Judá. Você observa que o termo hebraico para “nações” (gôyim) no contexto profético designa os povos pagãos, enfatizando que a autoridade da Palavra de Deus é universal e não se limita ao povo da Aliança. O versículo é o pilar da dimensão missionária e universal do ministério do profeta.
Ademais, a lista extensa de nações a quem Jeremias profetiza (capítulos 46—51) é a garantia de que o profeta “não negligenciou sua responsabilidade” com os gentios. O registro bíblico detalhado dessas profecias demonstra que Deus não apenas pronuncia o juízo sobre Israel, mas se mantém em total e constante atividade para assegurar que o Seu governo seja reconhecido por todos os povos da região. Isso significa que a obediência de Jeremias ao chamado estabeleceu o padrão para o engajamento profético com o mundo inteiro. Esta é a doutrina da Soberania do Rei das Nações.
Dessa forma, o exemplo de Jeremias oferece a você uma base inabalável para o seu chamado. Mesmo diante da dificuldade de pregar ao próprio povo, a mesma Palavra exige que você leve a mensagem aos “gentios”, isto é, àqueles que estão fora da sua comunidade de fé ou do seu círculo cultural desde que queiram ouvir a mensagem do Senhor. O Deus que enviou Jeremias ao Egito e à Babilônia é o mesmo que envia você hoje para cumprir a Grande Comissão de vida eterna em Cristo. A sua perseverança está ancorada na vontade de Deus de que todas as nações O conheçam.
2. Uma mensagem para as nações.
A “palavra do Senhor” foi direcionada “contra as nações” (46.1). O termo “palavra” tem vários sentidos nas Escrituras, mas aqui indica a comunicação de Deus por intermédio de um agente (2Sm 7.4; Jr 25.3; Os 1.1). Isso também se aplica aos Dez Mandamentos, pois são chamados de “as dez palavras do Senhor” (Êx 34.28; Dt 4.13). Jeremias não é o único profeta enviado a outras nações, além de Israel, já que houve profetas como Amós; Isaías e Ezequiel também o foram (Am 1.3—2.3; Is 13—23; Ez 25—32).
Este interesse pelas nações revela não só o amor de Deus para com todos, mas também a sua justiça, já que os princípios aplicados para avaliar e disciplinar o seu povo são os mesmos usados a outros povos. O alvo divino é sempre castigar o pecado. A disposição de Jeremias em profetizar às nações tem relação direta com a sua forte convicção de que Deus “é o Criador de todas as coisas” (Jr 10.16). Para ele, ao contrário dos falsos deuses e à fragilidade humana, Deus sustenta todas as suas obras, pois é Poderoso (10.12-16).
Comentário da Palavra Forte de Deus
Você já parou para pensar de onde vem o poder que fez Jeremias desafiar impérios? Não é dele! Tudo começa com aquelas quatro palavras em Jeremias 46.1: “A palavra do Senhor”. Preste atenção: essa não é uma sugestão; é uma Ordem irrevogável! O termo hebraico dābār revela que Deus está enviando uma comunicação direta e obrigatória que ultrapassa fronteiras. O detalhe mais chocante é que Deus usa a mesma lei, a mesma justiça, para julgar o Egito e a Babilônia que Ele usa para julgar Seu próprio povo. Você consegue sentir o peso disso?
O interesse de Deus pelas nações não é uma exceção; é a prova do Seu caráter perfeito! Por que Ele se importa com todos? Porque Ele é o Criador de todas as coisas (Jr 10.16) e, portanto, Sua justiça é universal. Não há favoritismos. Se você peca em Jerusalém ou na Babilônia, o padrão divino é o mesmo: o alvo é castigar o pecado!
Agora, pense no seu chamado: Se a Palavra tem essa autoridade de juízo sobre todos, ela lhe dá uma base inabalável para pregar o Evangelho. Sua missão não é negociar com o pluralismo, mas sim proclamar o juízo que se aproxima e o amor que salva em Cristo. Ouse ancorar sua mensagem na autoridade d’Aquele que sustenta todo o universo, e veja o poder da Palavra se cumprir na sua vida!
3. Uma mensagem para o Egito.
A seção que apresenta as nações a quem Jeremias profetizou, inicia com a mensagem dirigida ao Egito e fala sobre a derrota do Faraó Neco, por ocasião da chamada batalha de Carquemis, diante de Nabucodonosor (46.2), acontecimento que abalou o Oriente Médio da época (v.12). A mensagem de Jeremias contra o Egito é repleta de detalhes, demonstrando a precisão profética. Ele começa retratando os momentos que antecederam a batalha, com informações específicas acerca dos instrumentos de guerra e os que se envolveriam nela (vv.3-6), apresenta a batalha em si e os seus estragos (vv.7-11), elucida também as terríveis consequências (vv.13-26) e a promessa da restauração de Israel (vv.27,28).
Comentário da Palavra Forte de Deus
O início das profecias contra as nações pelo Egito (capítulo 46) é profundamente estratégico, pois o Egito representava o antigo opressor e a falsa esperança de Israel no tempo de Jeremias. Você observa que a profecia detalhada sobre a derrota do Faraó Neco em Carquemis diante de Nabucodonosor não é apenas registro histórico (Jr 46.2), mas uma demonstração inequívoca da “precisão profética”. A descrição detalhada dos instrumentos de guerra e das consequências da batalha confirma que Deus controla os eventos mundiais e os imperadores pagãos com antecedência.
Ademais, a inclusão da promessa da restauração de Israel ao final da profecia contra o Egito (Jr 46.27,28) é a garantia de que o objetivo final de Deus não é o juízo dos gentios, mas a salvação do Seu povo e a continuidade do Seu plano universal. O Deus que castiga o poderoso Egito e o seu exército com “terríveis consequências” é o mesmo que conforta Israel com a promessa do retorno e da restauração. Isso significa que a profecia contra o Egito serve como um símbolo: os inimigos do povo de Deus serão derrotados, e o povo da Aliança será preservado e restaurado.
Dessa forma, a mensagem para o Egito oferece a você uma base inabalável para a sua confiança em meio aos conflitos geopolíticos e às crises. Mesmo diante de forças aparentemente invencíveis (como o Egito ou a Babilônia na época), a mesma Palavra demonstra o controle soberano de Deus sobre todos os governos. O Deus que predisse a derrota em Carquemis é o mesmo que vela hoje para cumprir Sua promessa de vida eterna e vitória em Cristo. A sua segurança está ancorada na precisão profética e na fidelidade de Deus para com os Seus escolhidos.
SUBSÍDIO II
“Jeremias profetizou que os babilônios não apenas derrotariam o Egito em Carquemis, mas que eles também derrotariam os exércitos egípcios na própria terra dos egípcios (568-567 a.C.). O Senhor Deus deixaria bastante claro que os deuses do Egito não poderiam livrá-los da derrota (vv.25,26).
A destruição não seria permanente; o Egito seria restaurado no futuro e habitado até o tempo do reinado de Cristo na terra (cf. Is 19.23-25; Ez 29.8-14).
Israel não devia temer a destruição total. A nação deveria ser castigada pelos seus pecados, mas sobreviveria e acabaria retornando à terra prometida e a uma posição de favor na presença de Deus (cf. 30.10,11; 31.1-6).
47.1-7 FILISTEUS. Os filisteus ocuparam a região costeira de Judá. Existia uma hostilidade frequente entre eles e o povo de Deus. Outras profecias contra os filisteus são encontradas em Is 14.28-31; Ez 25.15-17; Am 1.6-8; Sf 2.4-7.
48.1 MOABE. O país de Moabe se localizava no litoral leste do Mar Morto. Os moabitas eram descendentes de Ló, sobrinho de Abraão (Gn 19.30-37), (Abraão foi um grande homem de fé e o ancestral do povo hebreu). Os moabitas estavam frequentemente em conflito com Israel. Durante a época de Jeremias, gangues de moabitas atacaram partes de Judá depois que Nabucodonosor invadiu a região (2Rs 24.2). Jeremias identificou muitas das cidades moabitas que seriam destruídas. Moabe foi conquistada pelos babilônios, e, consequentemente, desapareceu como nação. Outras profecias contra Moabe são encontradas em Is 15—16; Jr 9.25,26; 25.14-21; 27.2,3; Ez 25.8-11; Am 2.1-3; Sf 2.8-11.
A tendência de todas as nações é confiar em suas próprias tradições, tecnologia, poderio militar, conquistas e riqueza. Esta confiança enganadora, juntamente com um comportamento impiedoso do seu povo, causara a queda de qualquer nação. Assim como Deus destruiu Moabe, chegará o dia em que Ele abaterá todas as nações do mundo — este dia é referido como ‘o dia do Senhor’ (1Ts 5.2-4).” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.967).
III. UM POVO PARA AS NAÇÕES
1. Israel, o povo que falhou com as nações.
O ministério de Jeremias em relação a outras nações não foi um acontecimento à parte do plano maior de Deus que, por meio da missão de Israel de representá-lo, intenciona alcançar outros povos (Dt 28.9,10). Ao contrário disso, ele atuou no sentido de reafirmar o interesse divino em restaurar povos de todas as nações (Is 49.22,23).
Comentário da Palavra Forte de Deus
Pergunte-se: Como um povo escolhido falhou tão miseravelmente? A lição é dura: Israel, o povo da Aliança, falhou em ser luz para os gentios (Dt 28.9,10). Mas aqui está a surpresa: o ministério de Jeremias às nações não foi um “Plano B” de Deus. Foi a prova de que a Soberania Divina não depende da nossa fidelidade! Quando Israel se calou, Deus levantou Seu profeta para tomar o papel missionário. Ele reafirmou, por meio de Jeremias, que o Seu alvo é sempre alcançar e restaurar povos de todas as nações (Is 49.22,23). O fracasso do homem jamais anula o propósito de Deus!
Esta é a sua segurança! A atuação de Jeremias contra os gentios nos dá uma garantia poderosa: a nossa falha nunca anula a vontade de Deus. O termo hebraico para “restaurar” (shûb) está ligado à ideia de retorno e renovação da vida para todos. Você percebe o que isso significa? Deus não apenas anuncia o juízo; Ele trabalha ativamente, constantemente, para assegurar a plena realização do projeto de salvação global. Ele é fiel ao Seu plano, mesmo que Seu instrumento principal (Israel) tenha sido infiel. É a Doutrina da Fidelidade Soberana provando que Ele cumpre Suas promessas!
Agora, o desafio é seu: O contexto de Israel é o espelho que nos exige humildade e obediência na missão! O Deus que condenou a infidelidade histórica de Israel é o mesmo que o chama hoje para ser o novo agente (a Igreja) dessa Palavra. A destruição causada pela falha de Israel nos ensina que a missão é um privilégio que exige total fidelidade. A sua vida é a prova de que a Palavra garante: a missão continua! Sua tarefa é cumprir as promessas de graça e vida eterna em Cristo a todos os povos, aprendendo com os erros do passado.
2. Igreja, o povo de Deus para as nações.
O texto de 1 Pedro 2.9 afirma que a Igreja foi escolhida para anunciar a mensagem de Deus. Nós somos a Igreja de Cristo, por isso fomos denominados de “geração eleita, sacerdócio real, a nação santa e o povo adquirido”. A Igreja recebeu de Deus a missão de anunciar a mensagem às nações. A missão da Igreja se identifica com a de Israel no que se refere à tarefa de representar Deus diante das nações. Duas verdades precisam ser ressaltadas aqui: A primeira é que o Senhor Jesus ordenou que a Igreja pregue o Evangelho. E a segunda é que a Igreja deve anunciar, em todos os lugares, e a todos os povos que só o Senhor é Deus, e que Jesus é o Salvador.
Comentário da Palavra Forte de Deus
Preste atenção na grandeza deste versículo: 1 Pedro 2.9 não é apenas um texto bonito, é uma transferência de poder! Ele aplica os títulos mais nobres de Israel — “geração eleita, sacerdócio real, nação santa” — diretamente a você, a Igreja! O que isso significa? Que a Igreja se tornou a continuação direta do projeto de Deus: possuir um “povo adquirido” para “anunciar a mensagem de Deus” às nações. Este é o pilar da nossa responsabilidade missionária e a prova de que o plano universal de Deus está em pleno cumprimento no Corpo de Cristo.
Você está cumprindo a mesma tarefa histórica de Israel! A missão da Igreja se identifica com a de Israel na “tarefa de representar Deus diante das nações”. Mas qual é o nosso foco?
1. Proclamação: O Senhor Jesus ordenou pregar o Evangelho (a Grande Comissão).
2. Adoração: A Igreja deve anunciar, em todos os lugares, que só o Senhor é Deus e que Jesus é o único Salvador (monoteísmo).
Deus não apenas nos salvou; Ele se mantém em constante atividade para garantir a plena realização da Grande Comissão em toda a Terra!
Sua vocação é inabalável. Mesmo diante dos desafios culturais e das ideologias contrárias, a Palavra reforça que você é parte do povo adquirido. O Deus que enviou Jeremias às nações é o mesmo que o envia hoje com as promessas de graça e vida eterna em Cristo, o único Salvador. A sua tarefa é proclamar o Senhorio de Jesus em todos os lugares, com a fidelidade que, infelizmente, Israel não demonstrou. Você está pronto para assumir essa Herança Real?
SUBSÍDIO III
“51.33 AINDA UM POUCO, E O TEMPO DA SEGA LHE VIRÁ. De maneira simbólica, o profeta está se referindo à maneira como a Babilônia havia plantado más sementes de crueldade, adoração a ídolos e imoralidade. Agora a nação estava prestes a colher o juízo de Deus. Devemos nos lembrar de que os pecados são como as sementes, que crescem e acabam levando a uma grande e terrível colheita. O Novo Testamento nos adverte ‘Não erreis: Deus não se deixa escarnecer: porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará’ ( Gl 6.7 ).
Tendo escapado ao perigo da queda da Babilônia, os exilados tiveram que considerar que agora era o momento de voltar a Jerusalém e servir ao Senhor.
O último capítulo do livro de Jeremias mostra que o profeta falava verdadeiramente a Palavra de Deus, porque toda a destruição que ele havia predito se tornara realidade. Este capítulo é praticamente idêntico a 2Rs 24.18-25,30; cf. também Jr 39.1-10.” (Bíblia de Estudo Pentecostal Para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.974).
CONCLUSÃO
No Antigo Testamento, especialmente o profeta Jeremias, reafirma o caráter divino da Grande Comissão, do Novo Testamento, confiada à Igreja, tanto no que se refere à sua origem, as suas bases e o seu objetivo. Vimos a respeito do compromisso de anunciar o Evangelho às nações, sob a perspectiva do profeta Jeremias que, à semelhança de outros profetas, falou às nações, como obediência à ordem de Deus e como vocação, pois para isso ele foi enviado, do mesmo modo que a Igreja é enviada na atualidade.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A conclusão revela um segredo poderoso: a Grande Comissão (do Novo Testamento) tem seu DNA divino reafirmado em Jeremias. Você percebe que a missão da Igreja não é um evento isolado? Ela tem origem, bases e objetivo que vêm diretamente do Antigo Testamento. Jeremias não era apenas um profeta para Judá; ele foi um profeta “às nações” por ordem de Deus. Isso estabelece o princípio: a vocação missionária é uma imposição eterna de Deus, não uma invenção humana.
O que o profeta tem a ver com você? Jeremias se torna seu exemplo máximo de obediência. Assim como ele foi enviado para falar aos reinos vizinhos, a Igreja é enviada na atualidade. A analogia é direta: o compromisso de Jeremias de anunciar a mensagem de Deus aos povos pagãos, sob a perspectiva da Soberania Divina, é a mesma chama que deve arder em sua alma. O envio de Jeremias pré-datou e validou o chamado da Igreja de levar o Evangelho ao mundo.
A missão de Jeremias confirma que a missão da Igreja é urgente, universal e imutável. O mesmo Deus que ordenou Jeremias a falar contra a Babilônia, ordena a você a pregar o Evangelho. O caráter divino da Grande Comissão significa que você não pode falhar ou negligenciar essa vocação. Assuma o seu papel! Sua tarefa é dar continuidade à missão iniciada no Antigo Testamento, garantindo que o plano de Deus de alcançar todas as nações seja cumprido hoje.