LIÇÃO 01: O CHAMADO DE JEREMIAS


LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS


4º Trimestre de 2025

Tema: Exortação, Arrependimento e Esperança – O Ministério Profético de Jeremias


Autor: Elias Torralbo

Comentário: Palavra Forte de Deus


TEXTO PRINCIPAL


“Assim veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta.” (Jr 1.4,5)


Comentário da Palavra Forte de Deus


Esta passagem bíblica, em sua concisão, revela um princípio teológico de imensa profundidade: a soberania divina que precede a existência humana. A afirmação de que Deus conheceu e separou Jeremias antes mesmo de sua formação no útero de sua mãe denota um plano eterno e meticuloso. Isso nos ensina que a vocação profética, e por extensão toda vocação verdadeira, não é uma descoberta casual, mas o desdobramento de um desígnio divino que ultrapassa o tempo e o espaço.

Nesse sentido, a expressão “eu te santifiquei” aponta para um ato de consagração. Jeremias não se tornou um profeta por mérito próprio, mas por um decreto divino. Assim, Ele foi posto à parte para um propósito sublime, evidenciando que a autenticidade de seu ministério residia na escolha do Eterno, e não em suas próprias qualificações ou ambições. Isso o capacitaria para enfrentar os desafios de sua missão, pois sua autoridade provinha do próprio Deus.

Dessa maneira, a designação de Jeremias como “profeta às nações” expande a sua missão para além das fronteiras de Judá. O seu chamado era para um ministério de alcance global, demonstrando a universalidade da Palavra de Deus e a sua relevância para todos os povos. O Senhor estava, desde o princípio, a guiar a história para cumprir os seus propósitos redentores, e Jeremias seria um instrumento fundamental nesse processo.


RESUMO DA LIÇÃO


Jeremias foi escolhido e separado para exercer o ministério profético desde o ventre de sua mãe.


Comentário da Palavra Forte de Deus


O resumo da lição captura a essência da mensagem divina a Jeremias, reforçando a ideia de que a sua escolha foi um ato deliberado e pré-ordenado. A predeterminação divina, neste caso, não anula a responsabilidade humana, mas a fundamenta em um propósito eterno e inabalável.

A frase “escolhido e separado” ressoa como um eco das palavras de Deus no versículo 5. A separação, ou santificação, de Jeremias desde o ventre nos lembra que a vida é um dom sagrado, e que cada indivíduo tem um desígnio único a ser cumprido na história da redenção.

Em suma, a vida de Jeremias é um testemunho da fidelidade de Deus e da importância de nos submetermos à Sua vontade. O profeta nos ensina que o nosso valor e o nosso propósito não estão em nossas próprias realizações, mas no fato de termos sido separados por Deus para a Sua glória, muito antes de nossa chegada ao mundo.


OBJETIVOS


APRESENTAR a natureza do chamado de Jeremias;

EXPLICAR o teor da mensagem de Jeremias;

DESTACAR a mensagem de Jeremias e os seus efeitos.

 


INTERAÇÃO


Prezado(a) professor(a), com a graça de Deus chegamos ao último trimestre do ano. Estudaremos treze lições a respeito do livro de Jeremias. Veremos o chamado e o teor da mensagem deste profeta que foi escolhido por Deus desde o ventre de sua mãe, para a missão de profetizar às nações. O comentarista das lições é o pastor Elias Torralbo.

Ele é Mestre em Teologia Sistemática e especialista em Gestão Escolar. Diretor Executivo da FAESP – Faculdade Evangélica de São Paulo e atua como pastor na Assembleia de Deus Ministério do Belém, cidade de Mogi das Cruzes – SP. Que o estudo de cada lição possa nos encorajar a sermos como o profeta Jeremias, pregando a Palavra de Deus mesmo em meio às adversidades.


ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA


Professor(a), para esta primeira aula sugerimos que seja feito um resumo da biografia de Jeremias, enfatizando as suas dores e sofrimentos. Reproduza o esquema abaixo no quadro de escrever. Explique à classe que Jeremias não era nada popular, pois ele exortava Judá a se submeter à dominação do inimigo.


JEREMIAS, O PROFETA DAS LÁGRIMAS


Cidade natal: Anatote.

Filiação: Filho de Hilquias, sacerdote em Anatote.

Reis contemporâneos: Josias, Jeoaquim e Zedequias.

Destinatários de suas mensagens: Judá (o Reino do Sul) e sua capital, Jerusalém.

Lugares-chaves em sua vida: Anatote, Jerusalém, Ramá e Egito.

Dores e sofrimentos: Lançado na prisão (Jr 37). Lançado em uma cisterna (Jr 38). Levado para o Egito contra sua vontade (Jr 43). Rejeitado por seus vizinhos (Jr 11.19-21). Rejeitado por sua família (Jr 12.6). Rejeitado pelos sacerdotes (Jr 20.1,2). Rejeitado por seu público (Jr 26.8). Rejeitado pelos reis (Jr 36.23.26).

Adaptado da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD, p. 956.


TEXTO BÍBLICO


Jeremias 1.1-10

1 Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, um dos sacerdotes que estavam em Anatote, na terra de Benjamim;

2 Ao qual veio a palavra do Senhor, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá, no décimo terceiro ano do seu reinado.

3 E lhe veio também nos dias de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá, até ao fim do ano undécimo de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, até que Jerusalém foi levada em cativeiro no quinto mês.

4 Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

5 Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta.

6 Então disse eu: Ah, Senhor DEUS! Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino.

7 Mas o Senhor me disse: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás.

8 Não temas diante deles; porque estou contigo para te livrar, diz o Senhor.

9 E estendeu o Senhor a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca;

10 Olha, ponho-te neste dia sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares, e para derrubares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares.


INTRODUÇÃO


Neste trimestre, estudaremos a respeito da pessoa e do ministério do profeta Jeremias. Na lição deste domingo, veremos como se deu o chamado dele, a natureza do seu ministério e da sua mensagem, o conteúdo, os efeitos e desdobramentos da mensagem daquele que foi denominado de “profeta chorão”. Esta lição reafirma a importância do chamado divino e a fidelidade do Senhor em cumprir a sua Palavra e em guardar os seus escolhidos.


Comentário da Palavra Forte de Deus


Este parágrafo de abertura ressoa como um chamado profético, estabelecendo o palco para o conflito central da vida cristã: a batalha incessante entre a obediência e a rebeldia. De fato, não se trata de uma mera disputa teórica, mas de uma luta existencial que molda o destino de nossa jornada espiritual, definindo a quem servimos. A menção do profeta Jeremias, conhecido por sua tristeza e por seu sofrimento, já nos antecipa que a obediência a Deus não é sinônimo de ausência de dor, mas sim de uma fidelidade que transcende as circunstâncias.

A promessa implícita da fidelidade de Deus em cumprir a sua Palavra lança uma luz penetrante sobre as consequências de nossas decisões, revelando a importância de discernir o caminho estreito da justiça. Assim, cada passo que damos, cada pensamento que cultivamos, nos aproxima ou nos afasta da presença divina, selando nosso destino eterno.

Dessa forma, esta introdução serve como um farol, iluminando o caminho para a compreensão da dualidade essencial que define nossa experiência como seguidores de Cristo. Que possamos abraçar a verdade com humildade e coragem, permitindo que o Espírito Santo nos guie em cada passo de nossa jornada.


I – A NATUREZA DO CHAMADO DE JEREMIAS


1- A pessoa de Jeremias.


A vida e o ministério de Jeremias são partes de uma mesma história (Jr 1.5). Ele nasceu em uma família de sacerdotes, na cidade de Anatote, nordeste de Jerusalém. A maioria dos estudiosos defende que o seu nascimento se deu entre 650 e 645 a.C., dentro do contexto da reforma espiritual dos dias do rei Josias (Jr 1.2).

Jeremias é o profeta que mais expõe a sua humanidade e, consequentemente, a sua personalidade. Seu sofrimento expôs a sua sensibilidade e a sua personalidade introspectiva, mas não anulou a sua força, franqueza e sinceridade na entrega das mensagens (Jr 11.18-23; 26.16-18). O exercício ministerial exigiu de Jeremias uma atitude de renúncia.


Comentário da Palavra Forte de Deus


O parágrafo descreve a persona de Jeremias, destacando a sua humanidade e a sua personalidade reservada. A sua história nos ensina que o chamado divino não anula a nossa individualidade, mas a utiliza para cumprir os seus propósitos. O sofrimento do profeta não foi um obstáculo para a sua missão, mas um instrumento que moldou seu caráter e aprofundou sua dependência de Deus.

A renúncia, neste contexto, não se trata de uma mera abstenção, mas de uma entrega total. Jeremias abriu mão de suas próprias vontades e de sua segurança para servir a Deus, revelando a essência de uma vida que não busca a própria glória, mas a glória do Criador.

Em suma, a vida de Jeremias nos ensina que a autenticidade e a vulnerabilidade são ferramentas poderosas nas mãos de Deus. O profeta chorão nos demonstra que a força não reside na ausência de emoções, mas na coragem de ser quem somos em Cristo, mesmo diante da adversidade.


2- A vida de Jeremias.


A relação de Deus com Jeremias não começou a partir de seu chamado, mas remonta a um período no qual o profeta não tinha consciência de sua própria existência (Jr 1.5). Deus conhecia Jeremias antes que o formasse. A consciência da soberania do Eterno inibiria o profeta de apresentar quaisquer possíveis obstáculos para atender o seu chamado, afinal, Ele conhecia todas as suas limitações.

A consagração de Jeremias ocorreu antes de seu nascimento. Antes que os seus pais tomassem alguma decisão sobre o futuro dele, Deus já o havia separado para profeta. A vida de Jeremias pertencia a Deus, por isso ele foi enviado “às nações por profeta”.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A afirmação de que Deus conhecia Jeremias antes de sua formação no ventre materno é uma declaração profunda sobre a soberania e a onisciência de Deus. Essa verdade, que transcende a nossa compreensão, revela que o nosso destino não é uma questão de sorte, mas sim de um plano divino, que se manifesta em cada detalhe de nossa existência.

A consciência da soberania de Deus inibe a nossa arrogância e nos convida a uma entrega total. Se o Criador nos conhece antes de nossa concepção, podemos confiar que Ele também conhece as nossas limitações e nos capacitará para cumprir o seu propósito.

A consagração de Jeremias antes de seu nascimento nos ensina que a nossa vida não nos pertence, mas é um dom precioso que deve ser usado para a glória de Deus. Assim como Jeremias, somos enviados por Deus para impactar as nações, cumprindo a nossa missão no mundo.


3- O ministério de Jeremias.


Ele nasceu com o propósito de honrar a Deus, representando-o diante do povo (Jr 1.5.7,10,17,18). Os profetas eram levantados pelo Senhor e tinham o dever de transmitir a sua mensagem ao povo com fidelidade. Essa era a sua principal missão, distinguindo assim o verdadeiro profeta do falso (Jr 14.14; 23.16,26,30).

No caso de Jeremias, vemos que as expressões “Disse-me o Senhor” e “Ouvi a palavra do Senhor” são recorrentes ao longo de todo o livro e, juntas, refletem a dinâmica do seu ministério. Jeremias recebia a mensagem do próprio Deus e a entregava ao povo que, quase sempre, a rejeitava. Com a rejeição da mensagem veio também as perseguições e a tristeza, causando-lhe grande sofrimento.

No entanto, quanto mais sofria, mais se aproximava de Deus, conhecendo-o melhor e aprimorando ainda mais o exercício de seu ministério (15.10-21; 17.5-10). A vida e o ministério de Jeremias evidenciam a soberania de Deus em suas escolhas e na execução de seu propósito na vida de alguém, conforme Ele mesmo disse: “E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar” (1.19).


Comentário da Palavra Forte de Deus


O ministério de Jeremias é um reflexo da dinâmica da revelação divina e da sua rejeição por parte da humanidade. A sua vida é um testemunho de que a fidelidade à Palavra de Deus nem sempre é recompensada com popularidade, mas com perseguição.

O sofrimento, neste contexto, não é um sinal de que Deus o abandonou, mas um instrumento para aprofundar a sua comunhão com o Criador. A dor do profeta o aproximava de Deus, fazendo com que ele o conhecesse de maneira mais íntima e real.

A promessa de que Deus estaria com ele para livrá-lo é a garantia de que a fidelidade à missão profética não é uma jornada solitária. A soberania de Deus não se manifesta apenas na escolha, mas também no sustento daqueles que ele chama para a sua obra, assegurando a vitória mesmo em face da oposição.


SUBSÍDIO


1 Professor(a), explique que “Jeremias foi chamado (isto é, nomeado, encarregado, investido, conscientizado do seu propósito) por Deus para ser um profeta, um porta-voz a respeito dos planos e propósitos futuros de Deus para o seu povo. A mensagem de Jeremias e o seu ministério estavam voltados ao reino do sul, Judá (separada do reino do norte, de Israel, por volta de 930 a.C.; veja 2 Rs 12-14; 2 Cr 10,11).

O ministério de Jeremias abrangeu os últimos 40 anos da história de Judá, incluindo o período imediatamente anterior e posterior à destruição de Jerusalém, e a deportação do seu povo à Babilônia (627-586 a.C). Ele serviu durante os reinados de Josias, Joacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias. Durante a maior parte desse período, a nação estava se rebelando contra Deus e confiando em alianças políticas com outras nações, visando a sua segurança e proteção de seus inimigos.

Jeremias incentivou o povo a se arrepender – a se afastar de seus próprios caminhos desafiadores e a renovar a sua devoção a Deus -, advertindo-os de que certamente sofrem punição por rejeitar a Deus e sua lei. Devido à sua mensagem e à sua devoção ao Senhor, Jeremias sofreu grande oposição e muito sofrimento pelas mãos de seus concidadãos e da liderança da nação.” (Extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023. p. 909.)


II – A MENSAGEM DE JEREMIAS


1- Os dias de Jeremias.


O profeta desempenhou o seu ministério durante um dos períodos mais sombrios da história de Judá. Jerusalém foi destruída pelo exército babilônico como juízo de Deus, fruto da má escolha do povo em trocar o Senhor, “manancial de águas vivas” por “cisternas rotas, que não retêm águas” (Jr 2.13).

Historicamente, os profetas surgiam em épocas de apostasia em que o povo se afasta de Deus. Eles eram usados pelo Senhor para advertência, renovação da esperança e de chamado ao arrependimento, a fim de evitar o juízo divino. Nos dias de Jeremias, Judá buscava pelos seus ídolos e a mancha do pecado era tão grande e profunda que não tinham como removê-la (2.20-35).

Ninguém poderia salvá-los ou livrá-los da situação em que se encontravam. O povo estava em profunda rebeldia contra Deus e foi chamado a um concerto. O contexto da sociedade em que viveu o profeta Jeremias era difícil.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A destruição de Jerusalém é descrita como um juízo de Deus, um resultado inevitável da má escolha do povo. A metáfora do “manancial de águas vivas” e das “cisternas rotas” ilustra a tolice do povo em buscar a satisfação em fontes que não podem saciar a sua sede, em vez de dependerem do Deus que é a fonte de toda a vida.

A profundidade da mancha do pecado de Judá, que não podia ser removida, revela a natureza da rebeldia humana: ela nos aprisiona em um ciclo de desobediência e nos cega para a possibilidade de salvação. A mensagem de Jeremias, nesse cenário, era um último apelo para que o povo se arrependesse e voltasse para Deus.

A dificuldade do contexto social em que Jeremias viveu serve como um lembrete para nós, de que a pregação da Palavra de Deus muitas vezes ocorre em tempos de escuridão e apostasia. A nossa missão, como a de Jeremias, é de ser a voz de Deus, chamando as pessoas para o arrependimento, mesmo que a mensagem seja impopular.


2- As duas visões de Jeremias.


No momento de seu chamado, Jeremias recebeu duas visões e cada uma com um significado segundo a missão para a qual fora designado pelo Senhor (Jr 1.11.13). A primeira visão foi a de uma vara de amendoeira (1.11). Amendoeira vem das expressões hebraicas shaqed (acordado) e shoqed (velar).

Essa visão mostrou o compromisso de Deus com a sua palavra e consolidou a certeza de que o ministério de Jeremias sinalizaria que o Senhor estava acordado e atento às más obras do povo (1.15-18). A segunda visão foi a de uma panela a ferver inclinada para o norte, indicando a mensagem de juízo que Deus derramaria sobre o seu povo por meio da invasão dos babilônios (1.13; 21.8-10).

As mensagens de arrependimento e juízo são características das mensagens de Jeremias. Podem ser encontradas em toda a sua jornada profética (1.13-16; 4.5-8,13-22,27-31). As suas últimas palavras foram de condenação em vista à apostasia daquele povo (43.8-13; 44). Enquanto a primeira visão indicou o caráter do ministério de Jeremias, a segunda apontou para o conteúdo da mensagem a ser entregue.


Comentário da Palavra Forte de Deus


As duas visões de Jeremias são uma síntese do seu ministério. A visão da amendoeira, que floresce primeiro, simboliza a urgência da Palavra de Deus e a certeza de seu cumprimento. A mensagem de Deus não é um mero discurso, mas uma promessa que será realizada de forma rápida e precisa.

A visão da panela fervente aponta para a inevitabilidade do juízo. Assim como o conteúdo de uma panela fervente transborda, o juízo de Deus sobre o povo seria derramado de forma incontrolável. A invasão dos babilônios foi um instrumento na mão de Deus para executar a sua justiça.

Em suma, as visões de Jeremias revelam a natureza do caráter de Deus: Ele é fiel para cumprir o que promete, tanto na bênção quanto no juízo. O profeta nos ensina que a Palavra de Deus é a única fonte de verdade e que ela é sempre cumprida, para a glória de Deus.


3- Destinatário e conteúdo da mensagem de Jeremias.


Jeremias foi enviado ao povo de Judá, Reino do Sul, cuja capital era Jerusalém, embora, há momentos em que ele é visto se dirigindo ao Reino do Norte, Israel, com a capital em Samaria (3.12; 31.2-6,15-22). A mensagem de Jeremias foi entregue com ênfase e grande amor (9.1).

Seu conteúdo foi de oposição à apostasia e de denúncia contra a ingratidão do povo diante de Deus (2.14.13: 5.20-25:18.13-17). Ela também lembrou o povo a respeito do amor, da bondade e do cuidado de Deus ao longo da história, na intenção de despertar o arrependimento.

A sua mensagem foi um apelo para que o povo se arrependesse e voltasse para Deus (3.12,13, 19-22; 4.1-9). A mensagem de Jeremias revelava o interesse de Deus em perdoar o seu povo, renovar a sua aliança e cumprir as suas promessas feitas desde Abraão.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A mensagem de Jeremias, embora focada na denúncia, era entregue com amor. Isso nos ensina que o amor cristão não se resume a elogios e gentilezas, mas inclui a coragem de confrontar o pecado com a verdade. O amor de Jeremias por seu povo o levou a chorar por sua condição espiritual e a denunciar sua rebeldia.

Sendo assim, o conteúdo da mensagem de Jeremias é um apelo para o arrependimento, que revela o interesse de Deus em perdoar e restaurar o seu povo. Mesmo em meio ao juízo iminente, a porta da graça e do perdão ainda estava aberta.

Dessa maneira, a mensagem do profeta, portanto, é um lembrete da fidelidade de Deus. Assim, Ele não desistiu de seu povo, mas buscou, por meio de seu profeta, cumprir as promessas de redenção feitas desde Abraão. Por conseguinte, o arrependimento é o caminho para que a aliança de Deus seja restaurada e as suas promessas cumpridas.


SUBSÍDIO 2


“Antes que Jeremias nascesse, Deus já havia determinado que ele seria um profeta. Da mesma maneira como Deus tinha um plano para a vida de Jeremias, também tinha um plano específico para cada pessoa. O seu objetivo é que nós vivamos em conformidade com tais planos, permitindo que Ele cumpra os seus propósitos em nós e por nosso intermédio. Como aconteceu com Jeremias, a vida em conformidade com o plano de Deus pode envolver dificuldades e sofrimentos.

Independentemente do que encontramos quando seguimos a Deus, Ele sempre opera para o nosso maior bem (Rm 8.28). Jeremias era um jovem, na época em que Deus revelou o seu plano, deixando o rapaz ciente da missão de sua vida: transmitir uma difícil mensagem de Deus. A princípio, Jeremias sentiu intensa ansiedade e temor, diante da impressionante ideia e responsabilidade de transmitir a palavra de Deus aos líderes de Judá (v. 7). Deus respondeu às preocupações de Jeremias, prometendo estar com ele e capacitá-lo para o seu propósito, que fora ordenado pelo próprio Deus.

O Senhor assegura a Jeremias que a sua mensagem profética seria inspirada por Deus. A mensagem viria diretamente do Senhor, e o que Jeremias falasse seria exatamente o que Deus desejava que ele falasse. Literalmente, as palavras de Jeremias seriam as palavras de Deus (cf. Rm 10.8). Plenamente convencido disto, Jeremias nunca fez concessões, nunca recuou nem tentou modificar o significado da mensagem de Deus para o povo.” (Extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p. 909.)


III- A MENSAGEM DE JEREMIAS E OS SEUS EFEITOS


1- A resposta do povo.


Toda mensagem divina é um chamado e requer uma resposta dos que a ouvem. Diante da mensagem de Jeremias, o povo foi indiferente e maldoso, vindo, inclusive, a persegui-lo. Ao convidar o povo a andar nos caminhos do Senhor e a ouvir as suas palavras, a resposta foi: Não andaremos e não escutaremos (6.16,17).

O povo ainda maquinou o mal contra o mensageiro, conforme Jeremias 18.18: “[…] vinde, e maquinemos projetos contra Jeremias […]; vinde, e firamo-lo com a língua e não escutemos nenhuma das suas palavras. Esta é uma pequena amostra do tratamento que deram a Jeremias e à sua mensagem. Esse comportamento do povo levou o profeta a um profundo sofrimento (20.7).


Comentário da Palavra Forte de Deus


A resposta do povo à mensagem de Jeremias revela a natureza do coração humano endurecido. A indiferença e a maldade não são apenas uma negação da mensagem, mas uma oposição direta ao mensageiro. O povo de Judá, em sua cegueira espiritual, não apenas rejeitou a palavra de Deus, mas também buscou destruir o instrumento que a proclamava.

Contudo, a recusa do povo em “andar nos caminhos do Senhor” e em “escutar as suas palavras” é um retrato da rebeldia humana em sua essência. Além disso, eles se recusaram a se submeter à autoridade de Deus e a seguir os seus princípios, escolhendo a sua própria vontade em detrimento da vontade divina.

Dessa maneira, o sofrimento de Jeremias, que foi uma consequência direta da rejeição do povo, nos ensina que o nosso serviço a Deus pode vir com um preço. Portanto, a sua dor, no entanto, não o afastou do Senhor, mas o aproximou ainda mais dele, revelando que a nossa fidelidade é forjada em meio às adversidades.


2- O sofrimento de Jeremias.


A humanidade e as limitações de Jeremias podem ser observadas em seu sofrimento ao longo de sua trajetória. O sofrimento do profeta se manifestou, externamente, na perseguição de seus inimigos (Jr 20.1-3) e nas dúvidas provocadas pela injustiça e a maldade humana. Jeremias teve de lidar com a solidão, a dor permanente e com dúvidas profundas.

Contudo, ele sempre clamou por amparo e contou com a direção e o cuidado constantes de Deus (15.15-21). O sofrimento é parte inevitável da vida de um crente fiel e tem um papel pedagógico, contribuindo com uma vida cristã mais madura (Rm 5.3), repleta da esperança eterna (2 Co 4.16-18).

Timóteo foi convidado a sofrer com o apóstolo Paulo na condição de bom soldado de Cristo (2 Tm 2.3). A adversidade permite o amadurecimento da fé em Deus e consolida as bases do ministério cristão.


Comentário da Palavra Forte de Deus


O sofrimento de Jeremias é um testemunho de que a fé não anula a dor, mas nos capacita a lidar com ela. A sua humanidade e as suas limitações são uma prova de que a força de Deus se aperfeiçoa em nossa fraqueza. Ele clamou por amparo, e Deus o ouviu, o que nos ensina que, em meio às nossas dúvidas e solidão, podemos nos refugiar em nosso Criador.

Nesse sentido, o sofrimento, neste contexto, tem um papel pedagógico. Assim, Ele nos leva a uma vida cristã mais madura, forjando a nossa fé e consolidando as bases do nosso ministério. Dessa forma, a nossa dor, quando vivida com a presença de Deus, se torna um instrumento para o nosso crescimento espiritual.

Portanto, o exemplo de Jeremias, e de outros homens e mulheres de fé, nos desafia a abraçar o sofrimento como uma parte inevitável da jornada cristã. A nossa adversidade, quando enfrentada com a fé em Deus, nos torna melhores soldados de Cristo, fortalecendo a nossa esperança na vida eterna.


3- O cumprimento das profecias de Jeremias.


Jeremias chorou pela condição espiritual do povo de seus dias (Jr 9.1), antecipando cerca de 600 anos o que Jesus faria em seu ministério terreno (Lc 19.41). Ele falou a respeito da tristeza de Deus pela condição espiritual de seu povo, sobre a iminente destruição de Jerusalém e chamou o povo ao arrependimento.

Pregar o arrependimento era a principal missão do ministério de Jeremias (Jr 18.7-11). Parte das profecias dele se cumpriram e parte delas ainda se cumprirão (Jr 33.14-18). O desejo do profeta, de que o povo se convertesse a Deus, será cumprido (Jr 32.38-41).


Comentário da Palavra Forte de Deus


A tristeza de Jeremias pela condição espiritual de seu povo é uma prévia do coração de Cristo. Assim como o profeta chorou por Jerusalém, Jesus também chorou por ela. Isso nos ensina que a nossa missão de pregar o arrependimento deve ser motivada por um amor genuíno, que se entristece com a distância do povo de Deus e que anseia por sua salvação.

Em vista disso, a certeza do cumprimento das profecias de Jeremias nos lembra da fidelidade de Deus. Assim sendo, a sua Palavra é a única que não retorna vazia, e o seu plano de redenção é infalível. Embora a destruição de Jerusalém tenha sido um evento trágico, ele foi também um testemunho da justiça de Deus.

Dessa maneira, a esperança do profeta na conversão de seu povo será plenamente cumprida. O desejo de Jeremias se tornará realidade, demonstrando que o plano de Deus para a redenção de sua criação é irreversível. Portanto, a sua obra, que se iniciou na tristeza, se completará na alegria.


SUBSÍDIO 3


“A mensagem de Jeremias continha elementos de advertência (sobre juízo) e esperança (para restauração). No entanto, por causa do seu lugar na história de Judá, a mensagem de Jeremias se concentrou principalmente em juízo e condenação.

A nação corrupta de Israel tinha que ser destruída antes que Deus pudesse construí-la e restaurá-la à sua glória anterior e ao seu lugar, no plano de Deus. O reino do norte, Israel, já havia caído (diante dos assírios, em 722 a.C.) como resultado de sua constante rebelião e do juízo de Deus.

Agora Judá, o reino do sul, seguia rumo a um desastre similar. Na antiga nação de Israel, a amendoeira era a primeira árvore a florescer na primavera. Esta visão indicava duas coisas: (1) A palavra de Deus, proferida por intermédio de Jeremias, seria cumprida rapidamente, e (2) o povo iria reconhecer que Deus estava vivo, ativo e conduzindo o curso da história para cumprir os seus propósitos (compare com a referência à vara de Arão, que produziu amêndoas, Nm 17.1-10).” (Extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023. p. 909.)


CONCLUSÃO


Aprendemos a respeito do chamado divino e da mensagem de Jeremias. A vida e o ministério deste profeta evidenciam a soberania de Deus quanto à origem e ao propósito da vida. Esta lição reafirma ainda o compromisso de Deus com a sua Palavra e com os que Ele chama para a sua obra.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A conclusão da lição reafirma a soberania de Deus na vida de Jeremias. O seu chamado e o seu ministério não foram um acidente, mas um ato intencional do Criador, que o formou e o capacitou para uma missão específica.

Assim, a vida de Jeremias nos ensina que a nossa vida, e o nosso ministério, devem ser um reflexo do propósito de Deus para nós. Dessa forma, a sua fidelidade à Palavra de Deus, mesmo em meio à adversidade, nos desafia a sermos fiéis em nossa própria jornada.

Portanto, o compromisso de Deus com a sua Palavra e com os que Ele chama para a sua obra é a garantia de que o nosso serviço não é em vão. Assim, o nosso Deus é um Deus que cumpre o que promete, e a sua fidelidade é a nossa esperança.

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