LIÇÃO 12 O QUE VOCÊ SEMEAR CEIFARÁ


LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS


3º Trimestre de 2025

Título: A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas


Autor: Alexandre Coelho

Comentário: Palavra Forte de Deus

Data: 21 de setembro de 2025


TEXTO PRINCIPAL

“Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo.” (Gl 6.2).


Comentário da Palavra Forte de Deus


Neste versículo, Paulo resume a essência da comunidade cristã: um espaço de auxílio mútuo e cumprimento da lei de Cristo [Gl 6.2]. Ao exortar “Levai as cargas uns dos outros”, ele convida os crentes a uma prática contínua de solidariedade e compaixão, revelando que o Evangelho se manifesta no cuidado fraternal. O mandamento transcende uma mera instrução, sendo um convite à ação.

A promessa implícita, “assim cumprireis a lei de Cristo”, revela a dinâmica transformadora da vida em comunidade, onde o fardo de cada um é aliviado pelo apoio dos demais. Paulo não propõe anular a responsabilidade individual, mas uma partilha de sofrimentos e alegrias, onde o amor fraterno se torna a força motriz da igreja. A mutualidade fortalece os laços comunitários.

Em suma, Gálatas 6:2 oferece um caminho para viver o Evangelho de forma autêntica, não no isolamento, mas na união e cooperação. Levar as cargas uns dos outros implica sensibilidade às necessidades do próximo, disposição para o sacrifício e compromisso com uma comunidade de amor e serviço. A união e o serviço refletem a verdadeira essência do Evangelho.


RESUMO DA LIÇÃO

A espiritualidade também frutifica daquilo que se planta, seja na carne, seja no Espírito.


Comentário da Palavra Forte de Deus

Esta afirmação resume um princípio fundamental da vida cristã ensinado por Paulo. A semeadura, neste contexto, não é uma ação isolada, mas uma orientação do coração e da mente, revelando a fonte de nossa motivação e o poder que nos impulsiona. A vida espiritual é reflexo das escolhas que fazemos.

Quando nos entregamos aos desejos da carne, priorizamos nossos próprios interesses e prazeres, muitas vezes em detrimento dos outros e da vontade de Deus. Essa semeadura resulta em frustração, vazio e separação do Criador. A busca incessante pela satisfação pessoal afasta-nos de Deus.

Por outro lado, quando nos submetemos à direção do Espírito Santo, Ele guia nossos pensamentos, palavras e ações, moldando-nos à imagem de Cristo. Essa semeadura se traduz em amor, alegria, paz e outras virtudes, evidenciando uma vida transformada e uma íntima conexão com o Pai. A vida no Espírito Santo gera transformação e conexão com Deus.


LEITURA DA SEMANA


SEGUNDA — Rm 2.25 A circuncisão só tem valor se guardar a Lei
TERÇA — Gl 6.10 Façamos o bem a todos
QUARTA — Gl 6.13 Os judaizantes ensinavam a Lei, mas não a guardavam
QUINTA — Gl 6.9 A colheita para os que não se cansam de fazer o bem
SEXTA — Hb 4.16 Graça em tempo oportuno
SÁBADO — Gl 6.17 Um soldado com várias cicatrizes


OBJETIVOS


SABER que o bem deve continuar sendo feito;
COMPREENDER que os gálatas que desejavam se circuncidar queriam demonstrar uma aparência de que andavam no Espírito;
CONSCIENTIZAR de que ser ou não circuncidado não faz diferença em Cristo, mas sim, ser uma nova criatura.


INTERAÇÃO


Professor(a), na lição deste domingo veremos a respeito do modo como devemos tratar um irmão que pecou. Veremos também a respeito do cuidado que devemos ter com o que semeamos, pois colheremos depois.

Cuidar uns dos outros com misericórdia, restaurar o irmão que pecou e vigiar no que semeamos são orientações de Deus para os nossos dias. Veremos que há leis no mundo natural que não podem ser quebradas, e no mundo espiritual vale o mesmo. Se desejamos ser tratados com misericórdia caso pequemos, ajamos da mesma forma com aqueles que pecaram, conduzindo-os ao arrependimento.


ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA


Professor(a), escreva no quadro a palavra “semeador”. Em seguida, pergunte aos alunos o que vem à mente deles quando ouvem essa palavra. Vá anotando as respostas no quadro. Depois de ouvir os alunos e fazer suas considerações, explique que “semeador é um agricultor ou o que planta sementes espalhando-as.

Profissão muito comum nos tempos bíblicos, era usada metaforicamente para referir-se às recompensas naturais de viver uma vida de santidade ou pecado, ou de colher o que se planta (Pv 11.18; 2Co 9.6; Gl 6.7). Jesus comparou o “semeador” com o “ceifeiro” para ilustrar as diferentes responsabilidades que os indivíduos têm em participar da “colheita” de Deus (Jo 4.36).

Ele também usou esse exemplo em uma das suas parábolas mais famosas para ilustrar várias respostas das pessoas à Palavra de Deus (Mt 13.1-9)”. Conclua, mostrando que a espiritualidade também é fruto daquilo que se planta, seja na carne, seja no Espírito. (Adaptado de Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.457).


TEXTO BÍBLICO


Gálatas 6.9-15.
9 — E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.
10 — Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé.
11 — Vede com que grandes letras vos escrevi por minha mão.
12 — Todos os que querem mostrar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo.
13 — Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a Lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne.
14 — Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu, para o mundo.
15 — Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura.


COMENTÁRIO DA LIÇÃO


INTRODUÇÃO


O apóstolo Paulo se detém no início do último capítulo a tratar da forma como a verdadeira liberdade cristã pode ser vivenciada na comunhão dos santos. Para isso, ele destaca os seguintes pontos: como tratar um irmão que pecou? Como pensar o que é o correto sobre nós mesmos para não nos enganarmos? Como ter cuidado com o que plantamos, pois colheremos depois? São três pontos importantes que mostram, na prática, a espiritualidade que Deus espera que tenhamos.


Comentário da Palavra Forte de Deus


Paulo, ao iniciar o último capítulo, concentra-se em como a verdadeira liberdade cristã pode ser experimentada na comunhão dos santos. Para isso, ele realça alguns pontos essenciais: como tratar um irmão que foi surpreendido em pecado, como avaliar a nós mesmos de forma correta para não nos enganarmos, e como ter cuidado com aquilo que plantamos, pois, inevitavelmente, colheremos os frutos depois. Esses pontos demonstram, na prática, a espiritualidade que Deus espera de nós em nosso dia a dia.

Com efeito, essa discussão não se resume a uma mera disputa teórica, mas a uma luta existencial que molda o destino de nossa jornada espiritual, definindo a quem realmente servimos. A menção do aviso anterior sobre o uso da liberdade amplifica a importância de nossas escolhas, revelando que a liberdade em Cristo não é uma licença para a libertinagem, mas, sim, um convite à responsabilidade e ao compromisso com o próximo.

Dessa forma, esta introdução serve como um farol, iluminando o caminho para a compreensão da dualidade essencial que define nossa experiência como seguidores de Cristo. Que possamos abraçar a verdade com humildade e com coragem, permitindo que o Espírito Santo nos guie em cada passo de nossa jornada, para que possamos viver de forma plena a liberdade que Cristo nos oferece.


I. COMO TRATAR DOS PECADOS DOS IRMÃOS


1. A possibilidade de se cometer um pecado.


Paulo nos diz que é possível que um irmão na fé seja surpreendido praticando algo que desagrada a Deus. A descrição feita não se refere a uma pessoa que vive pecando, ou que deliberadamente desobedece à Palavra de forma costumeira. Aqui é tratado a respeito de um servo ou serva de Deus que cometeu um erro, um pecado, mas que não era intencional.

A palavra “restaurar”, no grego, é katartizo, que trazia a ideia de colocar no lugar um osso que havia saído do lugar. É certo que fazer isso não é simples, e no mundo antigo poderia causar bastante dor, mas era necessário para a restauração do corpo. Mesmo como cristãos, nascidos de novo, precisamos da ajuda do nosso próximo em alguns momentos difíceis. A restauração de um irmão que pecou e se arrependeu começa na Casa de Deus, na comunhão dos santos.

É certo que há casos em que a disciplina na igreja deve existir, e ela é necessária, mas deve ter um caráter terapêutico. Se uma parte do nosso corpo sofre um ferimento, tratamos dele, mas há casos em que um membro do corpo está tão infeccionado que precisa ser amputado, pois não está respondendo aos tratamentos que lhe estão sendo administrados.


Comentário da Palavra Forte de Deus


Paulo reconhece a realidade de que um crente pode ser surpreendido em pecado, não se referindo a um padrão de vida pecaminoso, mas a um deslize não intencional. Isso nos lembra que, apesar da nossa nova natureza em Cristo, ainda somos suscetíveis a falhas, e a humildade deve nos guiar ao lidar com tais situações. A graça de Deus se estende àqueles que, mesmo buscando a santidade, tropeçam no caminho.

Contudo, a palavra “restaurar” (katartizo) ilustra o processo de colocar um osso deslocado de volta ao lugar, um procedimento que, embora doloroso, é essencial para a cura. Da mesma forma, a restauração de um irmão em pecado exige cuidado, paciência e, às vezes, pode envolver confrontação amorosa. O objetivo é sempre a cura e o retorno à plena comunhão, e não a condenação ou o isolamento.

Portanto, a restauração começa na Casa de Deus, na comunhão dos santos, onde o amor e o perdão devem prevalecer. Assim, a disciplina, quando necessária, deve ter um caráter terapêutico, visando a correção e o crescimento do indivíduo. No entanto, em casos extremos, medidas mais severas podem ser necessárias para proteger a saúde espiritual do corpo de Cristo. O amor e a disciplina devem sempre andar juntos na igreja.


2. O que define uma pessoa espiritual?


A vida espiritual do cristão é um tema muito discutido na atualidade, no entanto, não é algo exclusivo do nosso tempo, ele também era conhecido nos dias de Paulo. As pessoas buscam algo que lhes conecte com Deus, ou com alguma outra divindade. Buscam reverenciar algo ou alguém que lhes oriente, que lhes dê um senso de direção e um propósito de vida.

Um espírito de mansidão é apresentado por Paulo nesta Carta como um sinal de espiritualidade. É provável que esse conselho tenha mais importância em nossos dias, onde os meios de comunicação e as redes sociais se tornaram um campo fértil para brigas, contendas e disputas. Há crentes que amam a Jesus, mas se veem envolvidos em um pecado e precisam passar por um processo de restauração.

Observe que o Senhor não ordena, através do apóstolo, para que o mundo ajude um crente que pecou. Ele ordena que aqueles que são espirituais, a igreja, ajudem esses irmãos que caíram. Pessoas livres em Cristo valorizam tanto a liberdade que cuidam para que seus irmãos não só recebam os cuidados necessários se pecarem, como também buscam restaurar à comunhão aquele que se arrependeu, confessou e abandonou o pecado.

A nossa vida espiritual, aos olhos de Deus, não é medida somente pelos nossos momentos com o Senhor, mas também pelos nossos momentos com nossos irmãos. Gritarias, grosserias e maus-tratos vão na contramão do que Deus planejou para a comunhão do seu povo.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A busca pela espiritualidade permeia a história humana, refletindo um anseio inato por transcender a materialidade e encontrar um propósito maior. Contudo, a definição bíblica de “pessoa espiritual” difere das concepções populares, que frequentemente a associam a experiências místicas ou práticas religiosas exteriores. Paulo, ao apresentar o “espírito de mansidão” como um sinal distintivo, aponta para uma transformação interior que se manifesta em relacionamentos saudáveis e em um coração humilde [Gl 6.1].

Em um contexto contemporâneo marcado pela polarização e pela agressividade nas mídias sociais, a mansidão se torna um contraponto essencial à cultura do confronto. Assim como Cristo demonstrou mansidão diante de seus acusadores, o crente espiritual é chamado a controlar suas paixões e a responder com brandura, buscando a reconciliação e a edificação do próximo. A mansidão, portanto, não é sinal de fraqueza, mas de força controlada pelo Espírito Santo.

A responsabilidade da igreja em restaurar um irmão que pecou reflete a importância da mutualidade e do amor fraternal na vida cristã. Assim como o Bom Samaritano cuidou do homem ferido à beira da estrada, os espirituais devem estender a mão aos que tropeçam, oferecendo apoio, encorajamento e disciplina amorosa. A verdadeira espiritualidade se manifesta, portanto, na compaixão e na disposição de carregar os fardos uns dos outros, cumprindo, assim, a lei de Cristo.


3. Todos podemos ser tentados.


Ninguém está imune à tentação. “Olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado” (v.1). Não basta perceber quando um irmão falha, ou corrigi-lo com espírito de mansidão: é preciso que estejamos atentos, vigilantes para não cairmos no mesmo pecado. Se mesmo o Senhor Jesus, cheio do Espírito, foi tentado por Satanás após ter jejuado, nós também podemos ser tentados em diversas áreas.

Não se pode negar que o pecado tem uma força destruidora, e que não estamos livres de, em algum momento, nos deixar levar pela antiga natureza e pecar contra Deus. O pecado domina a vida dos não salvos, e tenta demover dos santos a comunhão com o Senhor. Irmãos podem corrigir uns aos outros. E a igreja espiritual incentiva que os espirituais possam corrigir os seus irmãos que falham.

Da mesma forma que um medicamento busca tratar uma pessoa doente, somos chamados a tratar dos nossos irmãos que pecaram e demonstram arrependimento e vontade de trilhar novamente o caminho da comunhão com Deus e a igreja.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A tentação é uma realidade universal que atinge a todos, sem exceção. A autovigilância constante e a humildade são essenciais para evitar a queda, pois o orgulho pode nos cegar para os perigos que nos rodeiam. A consciência de nossa fragilidade e dependência de Deus nos mantém alertas. A Palavra de Deus, como um farol, ilumina nosso caminho e nos guia em meio às trevas da tentação.

No entanto, o exemplo de Jesus, mesmo cheio do Espírito Santo, demonstra que a tentação não é sinal de fraqueza, mas uma prova de fidelidade e um convite à confiança em Deus. Desse modo, devemos nos revestir da armadura de Deus para resistir às investidas do maligno em todas as áreas de nossa vida, buscando forças na Palavra, na oração e na comunhão com os irmãos. A fé em Cristo nos capacita a vencer as tentações.

Portanto, a correção mútua entre irmãos é um instrumento de graça na vida da igreja, permitindo que os espirituais ajudem aqueles que tropeçam a se reerguer e a retomar o caminho da santidade. Ademais, essa correção deve ser feita com amor, mansidão e sabedoria, visando a restauração e o crescimento do irmão, e a preservação da unidade e da comunhão. O amor e o cuidado fraterno são pilares da vida em comunidade e nos fortalecem contra as ciladas do inimigo.


SUBSÍDIO I


“A palavra ‘encaminhar’ — ou ‘restaurar’ (gr. katartizō) é usada no Novo Testamento no sentido de remendar redes de pescar (Mt 4.21) ou de desenvolver e aperfeiçoar o caráter humano (2Co 13.11). Tendo isto em mente, os cristãos devem ajudar os crentes rebeldes a se modificar e a se curar espiritualmente, levando-os a deixar os seus caminhos de desafio a Deus e se entregar ao controle de Cristo, e renovar a sua plena devoção a Jesus Cristo. Isto pode envolver atos de disciplina (veja Mt 13.30), o que deve ser feito com humildade e firmeza, mas ‘gentilmente’, isto é, com espírito de mansidão.

(1) Paulo não está pensando aqui nos pecados graves e nas flagrantes violações morais que trazem desgraça pública a Cristo e à congregação (cf. 1Co 5.5). Esses pecados podem exigir a temporária exclusão da igreja antes que aconteça a restauração (1Co 5.11).

(2) A restauração que Paulo menciona não se refere à restauração ou recolocação de pessoas em posições de liderança ou em funções de ensino na igreja. As qualificações e normas para os que desejam servir em posições de liderança ministerial envolvem algo mais que a condição espiritual da pessoa. É preciso haver um histórico de fidelidade aos princípios de Deus, incluindo perseverança espiritual e caráter comprovado, para que os líderes possam ser exemplos dignos para todos na igreja (1Tm 4.12).” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1633).


II. LEVAI AS CARGAS UNS DOS OUTROS


1. Levai as cargas uns dos outros.


A palavra “carga” é a tradução da palavra grega baros, que traz a ideia de um fardo. Não é a representação de um pecado, mas de uma pressão, uma provação. Nem todos temos os mesmos desafios ou lutas. Há irmãos, em nossas igrejas, que passam por situações difíceis, que se tornam verdadeiras cargas, acrescentando peso na caminhada. Essas lutas podem ser uma doença na família, um desemprego, um divórcio, um luto etc.

É preciso que sejamos sensíveis com nossos irmãos, na mesma medida em que desejamos ser compreendidos. Quem leva as cargas uns dos outros cumpre a lei de Cristo. Os judaizantes inseriram nas igrejas da Galácia a ideia da circuncisão como o início da prática da Lei para os gentios, mas se esses irmãos queriam mesmo cumprir a lei de Cristo (Gl 6.2), e não a de Moisés, deveriam ajudar uns aos outros.


Comentário da Palavra Forte de Deus


Paulo, ao utilizar a palavra “carga” (baros), evoca a imagem de um fardo pesado, representando as pressões e provações que enfrentamos na vida. Essas cargas não se referem necessariamente a pecados, mas sim a situações difíceis que sobrecarregam nossos irmãos, como doenças, desemprego, divórcios ou lutos. A sensibilidade para com o sofrimento alheio é um reflexo do amor de Cristo em nós.

Assim como Jesus carregou a cruz por nós, somos chamados a aliviar o fardo dos nossos irmãos, cumprindo a lei de Cristo. Essa prática se opõe ao legalismo dos judaizantes, que impunham fardos pesados sobre os ombros dos convertidos, obscurecendo a essência da graça e da misericórdia. O amor prático e a compaixão são o verdadeiro cumprimento da lei.

A disposição para levar as cargas uns dos outros revela um coração compassivo e uma fé genuína, que se manifesta em ações concretas de ajuda e apoio. Essa atitude fortalece os laços da comunidade e promove um ambiente de amor e cuidado mútuo, onde todos se sentem amparados e valorizados. A união e o apoio mútuo são marcas de uma igreja saudável.


2. O que você acha de si mesmo?


É notório que temos, todos nós, uma imagem do que somos. É possível que vejamos a nós mesmos de uma forma e Deus nos veja de outra. Um dos elementos facilitadores da tentação é a arrogância (Gl 6.3). É um cuidado que todos devemos ter, pois não raro, acreditamos que somos mais do que realmente somos. É da natureza humana pecaminosa a arrogância, e por isso devemos cultivar um espírito humilde.

Observe que Paulo apresenta esse pensamento através de uma hipótese: “Se alguém cuida ser alguma coisa” (Gl 6.3). Ele se vale dessa premissa não para apontar pessoas, e sim para que seus leitores olhassem para si mesmos e não fossem descuidados. O orgulho pode nos fazer pensar que somos superiores aos outros, que merecemos muito mais do que nos é dado, ou que estamos sendo preteridos no trabalho, nos estudos e até mesmo na igreja.


Comentário da Palavra Forte de Deus


O autoconhecimento é fundamental para o crescimento espiritual, mas a arrogância pode nos cegar para a realidade de quem somos. Paulo nos adverte sobre o perigo de pensarmos que somos mais importantes ou capazes do que realmente somos, pois essa ilusão nos torna vulneráveis à tentação e nos afasta da humildade que agrada a Deus [Gl 6.3]. A humildade é a base para um relacionamento saudável com Deus e com o próximo.

Assim, o orgulho pode nos levar a comparar-nos com os outros, gerando sentimentos de superioridade ou inferioridade, e nos impedindo de reconhecer nossos próprios limites e necessidades. A humildade, por outro lado, nos permite aceitar quem somos, com nossas virtudes e fraquezas, e buscar o crescimento contínuo em Cristo. A aceitação e a busca pelo crescimento são atitudes de humildade.

Dessa forma, a consciência de que somos todos membros do Corpo de Cristo nos leva a valorizar as qualidades e os dons de cada um, reconhecendo que precisamos uns dos outros para crescer e cumprir o propósito de Deus em nossas vidas. A humildade nos capacita a servir uns aos outros com amor e gratidão, reconhecendo que somos todos interdependentes. O serviço mútuo edifica a comunidade cristã.


3. O que é instruído na Palavra.


Uma pessoa que é abençoada recebendo um ensino das Escrituras deve ter uma mente e um coração aberto à generosidade, pois aquele que o está instruindo passou tempo aprendendo, entendendo um conteúdo e se esmerando em repassá-lo para que o seu aluno possa crescer diante de Deus. A palavra instruir, no grego, é katecheo, de onde vem a palavra catecismo, que significa “instruir”, ensinar.

Uma pessoa espiritual compartilha o que possui com outras pessoas, e no caso do ensino bíblico, isso é uma ordenança: “E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui” (v.6).

Quem ensina precisa se qualificar, estudar, aprender e usar o seu conhecimento para o crescimento do Reino de Deus. Portanto, é justo que esse tipo de obreiro seja reconhecido na igreja e ajudado a cumprir o seu ministério.


Comentário da Palavra Forte de Deus


Aquele que recebe o ensino da Palavra é abençoado com um tesouro inestimável, que o capacita a crescer em conhecimento e graça. A gratidão por esse privilégio deve se manifestar em generosidade para com aquele que se dedica a transmitir o ensino, reconhecendo o valor do seu trabalho e o tempo investido em sua preparação. A gratidão é um reconhecimento do valor do ensino.

Contudo, a palavra “instruir” (katecheo) nos lembra da importância do discipulado e do ensino sistemático das Escrituras, que fundamenta a fé e capacita o crente a viver de acordo com a vontade de Deus. O discipulado é um processo contínuo de aprendizado e crescimento.

Além disso, a generosidade para com aquele que ensina a Palavra é um princípio bíblico que honra a Deus e abençoa tanto o que dá quanto o que recebe. Desse forma, ao compartilhar nossos bens com aqueles que nos alimentam espiritualmente, estamos demonstrando nosso apreço pelo seu ministério e contribuindo para o avanço do Reino de Deus. O apoio ao ministério da Palavra é um investimento no Reino de Deus.


III. COLHENDO O QUE SE PLANTA


1. Deus não se deixa escarnecer.


Pode parecer estranho Paulo dizer que Deus não se deixa escarnecer para a igreja, mas foi necessário. Em nossos dias, o Eterno tem sido apresentado erroneamente por alguns, como uma divindade boazinha, que existe para ser acionada quando algumas pessoas se veem em problemas.

Quantas pregações têm sido veiculadas com o objetivo de mostrar um deus que obedece às vontades humanas, que isenta os homens de seus pecados sem que haja arrependimento. Mas esse não é o Deus da Bíblia.

Cremos na misericórdia do Senhor, na sua presença quando invocado, e no seu poder de transformar situações, mas isso não anula a nossa responsabilidade para com nossos erros. A expressão “não erreis” deixa claro que quem pensa que plantará na carne e colherá frutos no espírito está agindo fora do conhecimento natural e espiritual.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A advertência de Paulo sobre a impossibilidade de escarnecer de Deus pode parecer estranha, mas revela uma preocupação com a deturpação da imagem divina. Em nossos dias, alguns apresentam um Deus complacente, que atende a todos os desejos humanos sem exigir arrependimento ou mudança de vida. Essa visão distorcida ignora a santidade e a justiça de Deus, transformando-o em um servo dos nossos caprichos.

Assim sendo, a crença na misericórdia, no poder e na presença de Deus não anula nossa responsabilidade diante dos nossos erros. A graça divina não é uma licença para pecar, mas um convite à transformação e à santidade. O arrependimento genuíno e a busca por uma vida de obediência são a resposta adequada ao amor de Deus.

Desse forma, a expressão “não erreis” enfatiza que a lei da semeadura e da colheita é uma realidade espiritual inescapável. Quem semeia na carne, colherá corrupção; quem semeia no Espírito, colherá vida eterna [Gl 6.8]. Não podemos esperar colher frutos espirituais se plantamos sementes de pecado e egoísmo.


2. Plantando e colhendo (v.7).


O que o homem semear, isso haverá de colher. A lei da semeadura é opcional, mas a da colheita é obrigatória. Paulo não fala aqui da simples ação da natureza levando sementes pelo vento para serem depositadas em terrenos férteis, como ocorre com certas plantas. Paulo aqui foca a ação do homem ao plantar o que vai ser colhido no futuro.

Deve se ter em mente que há uma lacuna de tempo entre a semeadura e a colheita. Nem sempre as nossas ações, sejam elas boas, sejam elas más, terão frutos imediatos, mas esses frutos, um dia nos alcançarão.


Comentário da Palavra Forte de Deus


Paulo não se refere à ação da natureza ao espalhar sementes, mas à ação consciente do ser humano ao plantar o que deseja colher no futuro. A lei da semeadura e da colheita é um princípio universal que se aplica tanto ao mundo natural quanto ao espiritual: colhemos aquilo que plantamos, seja para o bem ou para o mal.

Nesse sentido, é fundamental ter em mente que existe um intervalo de tempo entre a semeadura e a colheita. Nossas ações, sejam elas boas ou más, nem sempre produzem resultados imediatos, mas certamente trarão frutos em algum momento. A paciência e a perseverança são necessárias para aguardar a colheita, sabendo que Deus é fiel para cumprir suas promessas.

Portanto, a colheita pode ser abundante ou escassa, dependendo da qualidade da semente e do cuidado com a plantação. Se plantarmos boas sementes e cultivarmos o solo com diligência, colheremos uma safra abundante. Mas se negligenciarmos a plantação, colheremos apenas frutos ruins.


3. Carne e Espírito como campos de semeadura.


A carne e o espírito são terrenos férteis para serem semeados. Não é sem razão que no capítulo 5 o apóstolo fala acerca das obras da carne e o Fruto do Espírito: dois “terrenos” a que, se dada a devida atenção, trazem seus frutos. Ao longo da Carta, ele usa as palavras Carne e Espírito algumas vezes. Ele queria que os gálatas soubessem, e nós também, que essa luta é real, diária e precisa ser levada a sério. Não basta saber quais são as obras da carne e o Fruto do Espírito. É preciso tomar uma decisão: semear na carne e colher as obras da carne ou semear no espírito e colher o Fruto do Espírito.


Comentário da Palavra Forte de Deus


A carne e o Espírito são dois terrenos férteis onde podemos semear, e cada um produzirá frutos distintos. Paulo, no capítulo 5, contrasta as obras da carne com o Fruto do Espírito, revelando as consequências de nossas escolhas. A escolha do terreno define o destino da colheita.

Ao longo da carta, Paulo utiliza as palavras “carne” e “Espírito” para enfatizar a realidade da luta interior que todo cristão enfrenta. Não basta conhecer as obras da carne e o Fruto do Espírito, é preciso tomar uma decisão consciente de semear no Espírito e colher a vida eterna, renunciando aos desejos da carne.

A decisão de semear no Espírito implica em crucificar a carne com suas paixões e desejos [Gl 5.24], buscando a direção e o poder do Espírito Santo para viver uma vida de santidade e obediência. É uma luta diária, mas que vale a pena, pois a recompensa é a vida eterna e a alegria de agradar a Deus. A renúncia e a busca por Deus são essenciais para a vida no Espírito.


CONCLUSÃO


Cuidar uns dos outros com misericórdia, restaurar o irmão que pecou e vigiar no que semeamos são orientações de Deus para os nossos dias. Há leis no mundo natural que não podem ser quebradas, e no mundo espiritual vale o mesmo. Se desejamos ser tratados com misericórdia caso pequemos, ajamos da mesma forma com aqueles que pecaram, conduzindo-os ao arrependimento e à restauração.


Comentário da Palavra Forte de Deus


O cuidado mútuo, a restauração do irmão que pecou e a vigilância sobre o que semeamos são diretrizes divinas para a igreja em todas as épocas. Essas práticas refletem o amor e a graça de Deus, que nos chama a viver em comunidade e a edificar uns aos outros. A vida em comunidade e o cuidado mútuo refletem o amor de Deus.

Assim como existem leis invioláveis no mundo natural, também existem princípios espirituais que governam a vida cristã. A lei da semeadura e da colheita é um desses princípios, lembrando-nos que nossas ações têm consequências e que colhemos aquilo que plantamos. Os princípios espirituais são tão reais quanto as leis naturais.

Assim, se desejamos ser tratados com misericórdia quando falharmos, devemos agir da mesma forma com aqueles que pecaram, conduzindo-os ao arrependimento e à restauração. Desse modo, o perdão e a compaixão são marcas da verdadeira comunidade cristã, que imita o amor de Cristo. O perdão e a compaixão são reflexos do amor de Cristo em nós.

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