LIÇÕES BÍBLICAS CPAD
JOVENS
3º Trimestre de 2025
Título: A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas
Autor: Alexandre Coelho
Comentário: Palavra Forte de Deus
Data: 14 de setembro de 2025
TEXTO PRINCIPAL
“Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.” (Gl 5.16).
Comentário da Palavra Forte de Deus
O apóstolo Paulo, neste versículo conciso e poderoso, encapsula a essência da vida cristã como uma jornada guiada pelo Espírito Santo, contrastando-a diretamente com a satisfação dos desejos carnais [Gl 5.16]. Assim sendo, ao imperativo “Andai em Espírito”, Paulo não apenas exorta os gálatas, mas convida todos os crentes a uma prática contínua de submissão e obediência à direção divina, reconhecendo que a verdadeira liberdade em Cristo reside na renúncia ao domínio da carne.
A promessa implícita, “não cumprireis a concupiscência da carne”, revela a dinâmica transformadora da vida no Espírito, onde os desejos egoístas e as inclinações pecaminosas perdem sua força e atratividade. Ademais, Paulo não está propondo uma erradicação completa da natureza carnal, mas sim uma mudança de prioridade e poder, na qual o Espírito Santo capacita os crentes a resistirem às tentações e a viverem de acordo com a vontade de Deus.
Em suma, Gálatas 5:16 oferece um caminho para a vitória sobre a concupiscência da carne, não através do esforço humano ou da observância legalista, mas pela constante comunhão com o Espírito Santo. Este andar no Espírito implica uma rendição diária, uma busca contínua pela vontade de Deus e uma confiança inabalável no poder transformador que reside em Cristo, permitindo aos crentes experimentar a verdadeira liberdade e alegria em sua jornada de fé.
RESUMO DA LIÇÃO
A quem nos submetemos mostrará se andamos na carne ou no Espírito.
Comentário da Palavra Forte de Deus
Esta afirmação concisa resume, de fato, de forma eficaz um princípio fundamental da vida cristã, conforme ensinado por Paulo em Gálatas e em outras epístolas. A submissão, neste contexto, não se refere a uma mera obediência externa, mas a uma orientação fundamental do coração e da mente, revelando a fonte de nossa motivação e o poder que nos impulsiona.
Quando nos submetemos aos desejos da carne, inevitavelmente, priorizamos nossos próprios interesses, prazeres e ambições, muitas vezes em detrimento dos outros e da vontade de Deus. Essa submissão se manifesta em atitudes egoístas, comportamentos pecaminosos e uma busca incessante por satisfação pessoal, resultando em frustração, vazio e separação de Deus.
Por outro lado, em contrapartida, quando nos submetemos ao Espírito Santo, permitimos que Ele guie nossos pensamentos, palavras e ações, moldando-nos à imagem de Cristo. Essa submissão se traduz em amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gálatas 5:22-23), evidenciando uma vida transformada e uma comunhão íntima com Deus.
LEITURA DA SEMANA
SEGUNDA — Gl 5.17 Nossa luta interior
TERÇA — Gl 5.23 Não há Lei contra o Fruto do Espírito
QUARTA — Gl 5.24 Quem é de Cristo crucifica a carne
QUINTA — Gl 5.25 Viva e ande no Espírito
SEXTA — Gl 5.26 Cuidado com o orgulho
SÁBADO — Rm 8.14 Se somos filhos de Deus
OBJETIVOS
EXPLICAR o que significa andar em Espírito;
COMPREENDER o perigo das ações da carne;
SABER o que é o Fruto do Espírito.
INTERAÇÃO
Professor(a), nesta lição veremos que existe uma luta dentro de nós para fazer o que é certo ou o que é errado, e que aqueles que são conduzidos pelo Espírito manifestam o Fruto, ao passo que os que são convencidos, em suas ações, a resistir ao Espírito e seguir a natureza humana, manifestam as obras da carne.
Paulo mostra que aqueles que praticam as obras da carne não herdarão o reino de Deus. Enquanto estivermos neste mundo teremos uma luta diária dentro de nós, que nos obrigará a inclinar nosso pensamento e ações que agradarão a Deus ou à natureza humana. Essa responsabilidade de escolha é nossa, como também as recompensas relativas a cada direção que tomarmos.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), depois de fazer a leitura do texto bíblico e orar, peça que os alunos formem dois grupos (moças x rapazes). Depois distribua folhas de papel ofício e caneta. Solicite que, em grupo, os alunos relacionem o Fruto do Espírito citados em Gálatas 6, mas sem olhar na Bíblia. Ganha o grupo que tiver mais acertos. Conclua a atividade explicando que a quem nos submetemos mostrará se andamos na carne ou no Espírito.
TEXTO BÍBLICO
Gálatas 5.16-23.
16 — Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.
17 — Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis.
18 — Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.
19 — Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia,
20 — idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,
21 — invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.
22 — Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
23 — Contra essas coisas não há lei.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
No capítulo 5, Paulo mostra que somos guiados ou pela carne ou pelo Espírito. Ele falou anteriormente a respeito do cuidado de não se valer da liberdade para que fosse dada ocasião à carne. Desta feita, o apóstolo menciona que existe uma luta dentro de nós para fazer o que é certo ou o que é errado, e que aqueles que são conduzidos pelo Espírito manifestam o Fruto, ao passo que os que são convencidos, em suas ações, a resistir ao Espírito e seguir a natureza humana, manifestam as obras da carne.
Comentário da Palavra Forte de Deus
Este parágrafo de abertura ressoa como um chamado profético, estabelecendo o palco para o conflito central da vida cristã: a batalha incessante entre a carne e o Espírito, em Gálatas [Gl 5]. Com efeito, não se trata de uma mera disputa teórica, mas de uma luta existencial que molda o destino de nossa jornada espiritual, definindo a quem servimos. A menção do aviso anterior sobre o uso da liberdade amplifica a importância da escolha, revelando que a liberdade em Cristo não é uma licença para a libertinagem, mas sim um convite à responsabilidade.
A promessa do Fruto do Espírito e das obras da carne como resultados distintos dessa escolha lança uma luz penetrante sobre as consequências de nossas decisões, revelando a importância de discernir o caminho estreito da justiça. Assim, cada passo que damos, cada pensamento que cultivamos, nos aproxima ou nos afasta da presença divina, selando nosso destino eterno.
Dessa forma, esta introdução serve como um farol, iluminando o caminho para a compreensão da dualidade essencial que define nossa experiência como seguidores de Cristo. Que possamos abraçar a verdade com humildade e coragem, permitindo que o Espírito Santo nos guie em cada passo de nossa jornada.
I. ANDANDO NO ESPÍRITO
1. Andai em Espírito.
Paulo já tratou sobre a importância da liberdade, e agora passa a mostrar aos gálatas o distanciamento que há entre viver na carne e ser guiado pelo Espírito (Gl 5.16). Observe que o verbo está no imperativo; aqui não é uma recomendação, mas uma ordem. O cristão deve entender que a única opção para que não cumpra os desejos da natureza humana é andar no Espírito. A íntima comunhão e a dependência constante das orientações do Espírito são a única chave para uma vida de santidade e integridade no Senhor. Não bastava que os gálatas valorizassem a liberdade que receberam de Cristo. Com essa liberdade, eles deveriam andar no Espírito. De nada adianta a liberdade se a pessoa permanece presa às práticas que ainda a identificam como prisioneira.
Comentário da Palavra Forte de Deus
Este mandamento, como uma voz trovejante do céu, ecoa com a autoridade do próprio Deus, exigindo nossa obediência incondicional ao chamado para andar no Espírito, conforme Gálatas [Gl 5.16]. Não é uma sugestão piedosa, mas uma ordem divina que transforma a essência de nossa existência, moldando-nos à imagem de Cristo. A ênfase na comunhão íntima e na dependência constante do Espírito revela que a santidade e a integridade não são conquistas humanas, mas dons divinos concedidos àqueles que se entregam totalmente a Deus.
A imagem da prisão desmoronando simboliza a libertação das correntes do pecado, à medida que nos rendemos ao poder transformador do Espírito Santo, quebrando as amarras do legalismo. A liberdade que encontramos em Cristo não é uma mera ausência de restrições, mas uma capacidade renovada de amar, servir e obedecer a Deus de todo o coração.
Assim sendo, andar no Espírito não é apenas um caminho, mas o único caminho para experimentar a plenitude da vida em Cristo, permitindo que Ele viva através de nós. Que possamos responder a este chamado com fervor e dedicação, buscando a presença de Deus em cada momento de nossa jornada.
2. A luta que existe em nós.
Há uma luta interior constante para que sigamos a vontade da nossa carne e não sejamos guiados pelo Espírito. A carne luta contra o Espírito, e esse, contra a carne (Gl 5.17). Não é uma luta visível, pois acontece no nosso íntimo, mas as consequências são. Essa luta nos mostra uma verdade: o Novo Nascimento não elimina a velha natureza pecaminosa. Se assim fosse, não veríamos nas Escrituras tantas advertências a que buscássemos a santificação e a mortificação constante do pecado em nós.
Não é possível trazer satisfação às duas naturezas, então quem conhece a Cristo terá de escolher que natureza vai agradar e fortalecer. A carne representa a nossa natureza que busca satisfação naquilo que desagrada a Deus. Ela não desaparece nem morre quando uma pessoa recebe a Jesus pela fé e é perdoada de seus pecados. Esse texto também nos mostra que o Espírito pode e deseja nos guiar para uma vida mais plena em que manifestemos o Fruto do Espírito, que Paulo descreverá a seguir.
Mas observe que Paulo mostra antes as obras da carne e a sua consequência (Gl 5.16-21). O Evangelho primeiro mostra que o homem é pecador. Depois da má notícia, vem a boa: existe salvação em Jesus. Da mesma forma, Paulo fala primeiro das obras da carne, para depois falar do Fruto do Espírito.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A batalha interior descrita em Gálatas 5:17, onde a carne luta contra o Espírito e o Espírito contra a carne, revela a essência da tensão que reside no coração do crente, após o Novo Nascimento [Gl 5.17]. Essa luta constante não é meramente uma alegoria, mas uma realidade palpável que se manifesta em nossos pensamentos, emoções e ações, influenciando cada decisão que tomamos.
A insistência nas Escrituras sobre a necessidade de buscar a santificação e a mortificação constante do pecado em nós ressalta a importância de reconhecermos a persistência da carne e de nos esforçarmos para submetê-la ao domínio do Espírito Santo. Não podemos iludir-nos, crendo que a vida cristã é um mar de rosas, isenta de tentações e provações.
A impossibilidade de satisfazer simultaneamente a carne e o Espírito exige uma escolha consciente e diária a quem serviremos. Como seguidores de Cristo, somos chamados a crucificar a carne com suas paixões e desejos, a fim de que o Espírito Santo possa nos guiar em toda a verdade [Gl 5.24; Jo 16.13].
SUBSÍDIO I
Professor(a), explique aos alunos que “não há passagem na Bíblia que mostre um contraste mais claro entre o modo de vida dos crentes cheios do Espírito de Cristo (isto é, aqueles que tem o Espírito de Deus vivendo neles, Jo 3.5) e o das pessoas ainda controladas pela sua natureza humana, do que Gálatas 5.16-26. Paulo comenta as diferenças gerais nos modos de vida, enfatizando que o Espírito de Deus está em guerra contra a natureza humana pecadora. Paulo também inclui uma lista específica tanto dos atos da natureza pecaminosa (isto é, rebelde e desafiadora a Deus) como os frutos (isto é, os traços de caráter, os efeitos) do Espírito”. (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1633).
II. AÇÕES DA CARNE
1. Prostituição, impureza, lascívia.
As três primeiras obras da carne estão relacionadas ao comportamento sexual (Gl 5.19). Deus nos fez seres sexuais, mas o pecado faz com que o ser humano ultrapasse os limites impostos por Ele.
A prostituição abarca todas as relações sexuais ilícitas, e não somente a prática sexual por dinheiro. A prostituição torna o corpo impuro aos olhos de Deus, e a lascívia é a sensualidade exagerada, um comportamento que não se preocupa com a moralidade, onde a pessoa peca sem se preocupar com qualquer vergonha.
Comentário da Palavra Forte de Deus
Ao expor as obras da carne, inicia com “prostituição, impureza, lascívia”, o apóstolo Paulo revela a distorção da sexualidade humana pelo pecado [Gl 5.19]. Deus, em sua criação, dotou-nos de sexualidade, uma bênção que, fora dos limites divinos, se torna fonte de pecado. Nesse cenário, é crucial reconhecermos a sutileza com que a carne nos atrai para a transgressão, obscurecendo a beleza e a pureza do plano original de Deus para a sexualidade.
Paulo, em contrapartida, ao listar as obras da carne, inclui a “impureza”, denunciando a contaminação da mente e do coração por pensamentos e desejos que desonram a Deus [Gl 5.19]. A impureza se manifesta em diversas formas, desde a pornografia e a lascívia até a cobiça e a malícia, corrompendo a alma e obscurecendo a visão espiritual. É fundamental reconhecermos a sutileza com que a impureza se infiltra em nossos pensamentos, alimentando fantasias e desejos que nos afastam da santidade.
A lascívia, por sua vez, representa a ausência de pudor e a busca desenfreada pelo prazer carnal, desconsiderando os princípios morais e espirituais. O indivíduo dominado pela lascívia perde a vergonha e a sensibilidade, entregando-se aos desejos mais obscuros de sua natureza, afastando-se da luz e da verdade. Que possamos resistir às investidas da carne, buscando a pureza e a santidade em Cristo Jesus.
2. Idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações.
A idolatria, de acordo com os Dez Mandamentos, é pecado. Esse erro coloca o que foi criado no lugar do Criador. A palavra grega pharmakeia, era originalmente utilizada para se referir a uma bebida que, se usada na medida certa, poderia salvar a vida de uma pessoa, um remédio. Com o passar do tempo, foi sendo usada para se referir a entorpecentes que conduziam pessoas a ter visões dos seus deuses, e no Novo Testamento passou a ser como a feitiçaria, bruxaria. Já as inimizades abrem a lista de pecados que afetam as relações interpessoais.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A lista das obras da carne prossegue com “idolatria, feitiçarias, inimizades”, revelando a abrangência do pecado em suas diversas manifestações [Gl 5.20]. A idolatria, condenada desde os Dez Mandamentos, consiste em colocar qualquer coisa acima de Deus, seja um objeto, uma pessoa ou uma ideia, invertendo a ordem divina.
A menção da “feitiçaria” remete às práticas ocultas e à busca por poder através de meios espirituais ilícitos, alertando para o engano das forças das trevas. Originalmente ligada a remédios, a palavra evoluiu para designar o uso de substâncias para alterar a consciência e invocar entidades espirituais, prática condenada nas Escrituras.
As “inimizades”, por fim, inauguram uma série de pecados que afetam as relações humanas, revelando a desarmonia causada pelo pecado no convívio social. A falta de amor e a busca por contenda geram conflitos e divisões, impedindo a unidade do Corpo de Cristo. Que possamos buscar a reconciliação e o perdão, cultivando a paz e a harmonia em nossos relacionamentos.
3. Iras, pelejas, dissensões e heresias.
A ira é uma manifestação de fúria, que pode tirar o controle do ser humano. As pelejas ou discórdias buscam um poder pessoal. Dissensões são desentendimentos causados por divisões. As heresias ou facções são originalmente divisões feitas para separar pessoas. No Novo Testamento, essa palavra representava grupos, como os fariseus e saduceus. A sua tônica é a categorização para a exclusão.
Comentário da Palavra Forte de Deus
Dando continuidade à exposição das obras da carne, o apóstolo Paulo lista “iras, pelejas, dissensões e heresias”, expondo a devastação que o pecado causa na alma e nos relacionamentos [Gl 5.20]. A ira, essa explosão de fúria descontrolada, tolda a razão e abre portas para atitudes impensadas, ferindo a si mesmo e aos outros. Nesse panorama, é preciso dominar o espírito e refrear a ira, buscando a mansidão e a longanimidade.
As pelejas, ou discórdias, revelam a busca egoísta por poder e reconhecimento, gerando conflitos e divisões no corpo de Cristo. A ambição desmedida e a sede por vantagens pessoais corrompem os relacionamentos e impedem a unidade da igreja. Desse modo, é preciso buscar a humildade e o serviço, colocando os interesses dos outros acima dos nossos.
As dissensões, desentendimentos causados por divisões, e as heresias, facções que promovem a exclusão, destroem a comunhão e o testemunho da igreja. O sectarismo e a intolerância corroem a unidade do Corpo de Cristo, afastando-nos do amor e da verdade. Assim, que busquemos a unidade na diversidade, acolhendo a todos em amor e buscando a verdade em humildade.
4. Invejas, homicídios, bebedices e glutonarias.
A inveja é o desejo de possuir algo que outra pessoa possui. O homicídio é fruto do pouco ou nenhum apreço à vida de uma outra pessoa. Bebedices e glutonarias são abusos do direito de poderem manter o corpo alimentado, onde a bebedice é a consequência da ingestão de bebidas fortes, entorpecendo o corpo e o pensamento, ao passo que as glutonarias eram costumeiramente presenciadas em festas a outros deuses, onde a falta de domínio do apetite fazia os seus participantes exagerarem de forma consciente na alimentação. Paulo também apresenta mais uma exortação: Quem pratica essas coisas não herdará o Reino de Deus (v.21). Se cremos que Paulo foi inspirado pelo Senhor em seus escritos, devemos crer também que ele apontou o destino de quem vive na prática dessas atividades: o Inferno. O fato de tratar a respeito desse assunto mostra a gravidade e o perigo de se viver uma vida carnal.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A lista final das obras da carne adverte sobre a devastação causada pela “inveja, homicídios, bebedices e glutonarias”, expondo a profundidade da depravação humana e suas consequências eternas [Gl 5.21]. A inveja, esse veneno da alma que corrói o contentamento, nos cega para as bênçãos que já possuímos e nos lança em uma busca insaciável pelo que pertence aos outros.
O homicídio, fruto da falta de apreço pela vida humana, representa a culminação da violência e da desumanidade, manifestando o ódio e a ira descontrolada. A vida é um dom precioso de Deus, e tirar a vida de outrem é um pecado abominável. Que possamos valorizar e proteger a vida em todas as suas formas.
As bebedices e glutonarias, concluindo, revelam a falta de domínio próprio e o apego aos prazeres carnais, entorpecendo o corpo e obscurecendo a mente. A busca desenfreada por satisfação nos vícios destrói a saúde física e espiritual, afastando-nos da sobriedade e do equilíbrio. É preciso buscar a moderação e o autocontrole, glorificando a Deus em nosso corpo e espírito.
SUBSÍDIO II
Professor(a), explique aos alunos que “entre os atos da natureza pecaminosa (Gl 5.19-21), incluem-se os seguintes:
(1) ‘Prostituição’ (gr. porneia), que inclui as relações sexuais e outras formas de contato sexual fora do relacionamento do casamento. A palavra ‘pornografia’ se origina da raiz porneia, o que quer dizer que a imoralidade sexual também inclui o prazer com imagens pornográficas ou formas sexualmente sugestivas de diversão, filmes ou textos (cf. Êx 20.14; Mt 5.31,32; 19.9; At 15.20,29; 21.25; 1Co 5.1);
(2) ‘Impureza’ (gr. akatharsia), que pode incluir pecados sexuais, maus comportamentos e maus motivos, características e hábitos ímpios, além de pensamentos e desejos secretos, que é onde começa a impureza que nos afeta, tanto moralmente quanto espiritualmente (Ef 5.3; Cl 3.5);
(3) ‘Lascívia’ (gr. aselgeia), que implica o comportamento sensualmente inapropriado ou vergonhoso, e uma falta de discrição e autocontrole. Envolve a busca egoísta dos próprios desejos e paixões, ao ponto de não ter nenhuma vergonha ou decência pública (2Co 12.21);
(4) ‘Idolatria’ (gr. eidōlolatria), que quer dizer adoração a espíritos, falsos deuses, pessoas, imagens, ou qualquer outra coisa, em lugar do único Deus verdadeiro. A idolatria também é um problema sempre que alguém prioriza, ama ou confia em qualquer pessoa, objetivo, instituição ou coisa, acima de Deus. Permitir que alguma pessoa ou alguma coisa tenha influência ou autoridade igual ou superior à de Deus e a sua Palavra é a mais sutil forma de idolatria (Cl 3.5);
(5) ‘Feitiçarias’ (gr. pharmakeia), que inclui a bruxaria, o espiritismo (isto é, a tentativa de fazer contato com os mortos), a magia negra (isto é, invocação do diabo ou de espíritos malignos, tentando fazer mágica com maus propósitos), adoração de demônios e uso de drogas para produzir experiências ‘espirituais’ (Êx 7.11,22; 8.18; Ap 9.21; 18.23);
(6) ‘Inimizades’ (gr. echthra), que envolve todas as formas de pensamentos, intenções e atos intensos e hostis, incluindo a extrema animosidade ou antagonismo;
(7) ‘Porfias’ (gr. eris), que envolve discussões, causando tensão indevida e desunião, e a luta pela superioridade sobre outras pessoas (Rm 1.29);
(8) ‘Emulações’ (gr. zēlos), que sugere ressentimento ou inveja da situação ou do sucesso de outra pessoa (Rm 13.13);
(9) ‘Iras’ (gr. thymos), que são explosões de raiva que podem resultar em atos ou palavras violentas (Cl 3.8);
(10) ‘Pelejas’ (gr. eritheia), que envolve a busca de poder pessoal ou sucesso, sem consideração por Deus ou pelos outros (2Co 12.20);
(11) ‘Dissensões’ (gr. dichostasia), que indica a provocação de divisões ou a introdução de ensinamentos que causam divisão e não são respaldados pela Palavra de Deus (Rm 16.17);
(12) ‘Heresias’ (gr. hairesis), que são as divisões em uma igreja, congregação ou grupo de cristãos, que se desenvolve em grupos egoístas, destruindo a unidade da igreja (1Co 11.19);
(13) ‘Invejas’ (gr. phthonos), que são uma antipatia ciumenta, ressentida ou vingativa por uma pessoa que tem algo que se deseja. Pode simplesmente sugerir o desejo invejoso de ter algo que pertence a outra pessoa;
(14) ‘Bebedices’ (gr. methē), que envolve o controle físico ou mental enfraquecido, como resultado do consumo de bebidas alcoólicas e inebriantes;
(15) ‘Glutonarias’ (gr. kōmos), que se refere a festas profanas, tipicamente envolvendo danças sensuais, consumo de bebidas alcoólicas, uso de drogas, comida em excesso e atividade sexual.” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1634).
III. O FRUTO DO ESPÍRITO
1. Amor, gozo, paz.
Se Paulo apresenta uma lista daquilo que desagrada a Deus, ele apresenta igualmente uma lista de itens denominados de Fruto do Espírito (Gl 5.22). Ele começa com o amor, a base para os demais frutos, pois foi por amor que Deus enviou o seu Filho para morrer por nós, pecadores. O gozo é uma alegria, um estado de satisfação que não depende de circunstâncias externas. A paz é uma tranquilidade interna que é refletida na harmonia entre relacionamentos. Esses três primeiros elementos vêm do relacionamento do salvo com Deus, ao passo que os demais são cultivados na comunhão dos santos.
Comentário da Palavra Forte de Deus
Após discorrer sobre as obras da carne, surge a gloriosa manifestação do Fruto do Espírito, iniciando com o “amor, gozo, paz”, revelando a transformação operada pela presença divina na vida do crente [Gl 5.22]. O amor, fundamento de todos os demais frutos, ecoa o sacrifício redentor de Cristo, demonstrando a essência do caráter de Deus.
O gozo, essa alegria transbordante que independe das circunstâncias externas, flui da íntima comunhão com o Espírito Santo, preenchendo nosso ser com a esperança e a certeza da vitória em Cristo. Essa alegria não é passageira ou superficial, mas uma fonte constante de força e consolo, sustentando-nos nos momentos de dificuldade.
A paz, finalmente, irradia a tranquilidade interior que se manifesta na harmonia dos relacionamentos, promovendo a reconciliação e a unidade entre os irmãos. Essa paz, que excede todo o entendimento, guarda nossos corações e mentes em Cristo Jesus, protegendo-nos da ansiedade e do medo.
2. Longanimidade, benignidade, bondade.
Longanimidade é sinônimo de paciência, de tolerância para ser resistente com as pressões da vida e das pessoas. Benignidade é benevolência, uma forma de demonstrar um trato amável com todos, mesmo com desafetos. Bondade é a generosidade na prática.
Comentário da Palavra Forte de Deus
Na sequência da exposição sobre o Fruto do Espírito, somos apresentados à “longanimidade, benignidade, bondade”, virtudes que adornam o caráter do crente transformado pela graça divina, conforme nos ensina o apóstolo Paulo [Gl 5.22]. A longanimidade, sinônimo de paciência e tolerância, capacita-nos a suportar as pressões da vida e as imperfeições das pessoas com serenidade e perseverança.
A benignidade, manifestação da benevolência, expressa-se em um trato amável e compassivo com todos, inclusive com aqueles que nos são desafetos, demonstrando o amor incondicional de Cristo. Essa virtude nos leva a perdoar e a abençoar aqueles que nos perseguem, seguindo o exemplo de Jesus, que orou por seus algozes na cruz.
A bondade, para finalizar, traduz-se em generosidade prática, impulsionando-nos a agir em favor do próximo, suprindo suas necessidades e aliviando seu sofrimento. Essa virtude nos leva a compartilhar nossos recursos e talentos com aqueles que estão em necessidade, demonstrando o amor de Deus de forma concreta.
3. Fé, mansidão, temperança.
Fé, ou fidelidade em grego é pistis, é sinônimo de confiabilidade, que é baseado em algo verdadeiro. Ter fé é também ser fiel, confiável em todos os sentidos. A mansidão é agir com brandura, mesmo que a ocasião permita que a ira seja a opção aceitável, levando em conta que é possível se irar e não pecar. Temperança é domínio próprio, a capacidade de ser vitorioso em relação aos desejos da natureza humana, resistindo aos impulsos da tentação. Paulo deixa claro que aqueles que são de Cristo crucificaram a carne (Gl 5.24).
As obras que antes faziam não poderiam ser vistas na nova vida que receberam pela fé em Jesus. Eles eram livres em Cristo para não pecar, como faziam antes; e completa dizendo que se eles viviam no Espírito, andassem no Espírito também (Gl 5.25). É impraticável uma pessoa alegar que vive no Espírito e trilhar caminhos que são contrários à direção dEle. Os judaizantes tentavam ensinar os gálatas a que dependessem da carne, mas as consequências dessa dependência eram opostas ao pretendido por Deus. Paulo os ensina a que vivam no Espírito. Viver andando na carne conduziria os gálatas ao Inferno.
Comentário da Palavra Forte de Deus
Na culminância da descrição do Fruto do Espírito, somos presenteados com a “fé, mansidão, temperança”, virtudes que coroam o caráter transformado do crente, guiados pela sabedoria de Paulo [Gl 5.22-23]. Asssim, a fé transcende a mera crença intelectual, expressando-se em confiabilidade e lealdade inabaláveis, fundamentadas na verdade de Deus.
Nesse sentido, a mansidão, essa brandura que emana do coração humilde, nos capacita a controlar a ira e a responder com gentileza, mesmo diante da injustiça, seguindo o exemplo de Cristo. Além disso, essa virtude não é fraqueza, mas força sob controle, permitindo-nos agir com sabedoria e discernimento em todas as situações.
Contudo, a temperança, ou domínio próprio, nos capacita a resistir aos impulsos da carne e a controlar nossos desejos, vivendo em equilíbrio e moderação, conforme a exortação de Paulo. Dessa forma, essa virtude nos liberta da escravidão aos vícios e paixões, permitindo-nos viver em liberdade e sobriedade, glorificando a Deus em nosso corpo e espírito.
CONCLUSÃO
“Contra essas coisas não há lei” (v.23), é o que Paulo escreve ao concluir a descrição do Fruto do Espírito, ao passo que também mostra que aqueles que praticam as obras da carne não herdarão o reino de Deus. Enquanto estivermos neste mundo teremos uma luta diária dentro de nós, que nos obrigará a inclinar nosso pensamento e ações que agradarão a Deus ou à natureza humana. Essa responsabilidade de escolha é nossa, como também as recompensas relativas a cada direção que tomamos.
Comentário da Palavra Forte de Deus
A afirmação de Paulo, “Contra essas coisas não há lei” [Gl 5.23], ressoa como uma declaração libertadora, contrastando com a condenação reservada àqueles que praticam as obras da carne, revelando a essência da graça divina. Desse modo, o Fruto do Espírito, em sua plenitude, transcende as limitações da lei, pois emana de um coração transformado pelo amor de Deus, cumprindo a lei em sua essência.
Enquanto peregrinarmos neste mundo, a batalha interior entre a carne e o Espírito será uma constante, exigindo uma escolha diária entre agradar a Deus ou ceder aos desejos da natureza humana. Essa responsabilidade, inerente à nossa condição de seres livres, define o rumo de nossa jornada e o destino eterno de nossa alma.
Portanto, as recompensas, tanto terrenas quanto celestiais, estão intrinsecamente ligadas à direção que escolhemos seguir. Viver no Espírito resulta em paz, alegria, amor e todas as demais virtudes do caráter de Cristo, preparando-nos para a herança eterna no Reino de Deus. Assim, que possamos escolher, a cada instante, trilhar o caminho do Espírito, para a glória de Deus e a nossa plena realização em Cristo Jesus.
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