LIÇÃO 8: FILHOS E HERDEIROS


LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS


3º Trimestre de 2025

Título: A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas


Autor: Alexandre Coelho

Comentário: Palavra Forte de Deus

Data: 24 de agosto de 2025


TEXTO PRINCIPAL

“Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.” (Gl 4.7).


RESUMO DA LIÇÃO

A maturidade exige de nós um comportamento diferenciado, pois por ela recebemos a herança em Cristo.


Comentário da Palavra Forte de Deus:

Paulo, ao afirmar a filiação e herança em Cristo, redefine a identidade dos crentes, mostrando que a salvação transcende a mera libertação da escravidão da Lei. A filiação, conferida por meio da fé em Jesus, outorga aos crentes o direito à herança divina, uma promessa de vida eterna e comunhão plena com Deus. Essa nova identidade capacita os crentes a viverem de maneira condizente com sua posição, abandonando os comportamentos infantis e abraçando a maturidade espiritual.

Além disso, a herança em Cristo não se limita a uma recompensa futura, mas também se manifesta no presente, por meio do Espírito Santo que habita nos corações dos crentes, capacitando-os a experimentar o amor, a alegria e a paz de Deus. Essa presença divina transforma a maneira como os crentes se relacionam com Deus e com o mundo, impulsionando-os a buscar a santidade e a servir ao próximo com amor e compaixão.


LEITURA DA SEMANA

SEGUNDA — 1Co 13.11 Quando era menino
TERÇA — Gl 4.3 Meninos estão sujeitos à servidão
QUARTA — Gl 4.5 Em Jesus recebemos a adoção
QUINTA — Gl 4.8 Desconhecer a Deus leva à idolatria
SEXTA — Gl 4.14 Paulo foi recebido como um anjo de Deus
SÁBADO — Gl 4.17 Nosso zelo por Deus



INTERAÇÃO

Prezado(a) professor(a), na lição anterior vimos que Paulo tratou a respeito da descendência de Abraão: todos os que creem em Jesus pela fé, quer sejam judeus, quer sejam gentios. Nesta lição, veremos a comparação que Paulo faz entre o herdeiro criança e o que já atingiu a maioridade. Vamos aprender com ele a respeito da importância de se ter o zelo correto para com as coisas de Deus e com as pessoas que são dEle. Paulo vai nos revelar o zelo espiritual que caracterizava o seu ministério e a sua maturidade cristã, juntamente com suas responsabilidades. Veremos que um crente maduro não pode agir como uma criança.


ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Professor(a), depois de orar com os alunos e fazer a leitura do texto bíblico, faça a seguinte pergunta: “Você acredita que Deus é soberano e age no momento sempre certo?”. Incentive a participação dos alunos e ouça as respostas com atenção. Depois diga que na “plenitude dos tempos”, período específico e certo, Deus enviou Jesus ao mundo. Ele tem o controle do tempo e tudo acontece na hora certa.

Jesus veio para remover todas as barreiras étnicas, raciais e de gênero. Paulo revela tal verdade aos gálatas. Explique que “Paulo mostrou que todas as barreiras étnicas, raciais, nacionais, socioeconômicas e de gênero com respeito ao relacionamento espiritual de uma pessoa com Jesus Cristo foram removidas. Todos os que estão ‘em Cristo’ são herdeiros iguais ‘da graça da vida’ (1Pe 3.7), do Espírito prometido (v.14; 4.6) e da renovação espiritual, na imagem de Deus (Cl 3.10,11).

Por outro lado, no contexto da igualdade espiritual, os homens continuam sendo homens, e as mulheres continuam sendo mulheres (Gn 1.27). As suas funções dadas por Deus para o casamento e as suas distinções singulares em outros aspectos da vida e da sociedade permanecem inalteradas (1Pe 3.14)”. (Adaptado de Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1630).


TEXTO BÍBLICO

Gálatas 4.1-7
1 Digo, pois, que, todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo.
>2 Mas está debaixo de tutores e curadores até ao tempo determinado pelo pai.
>3 Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo;
4 mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,
5 para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.
6 E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.
7 Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.


COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO

Vimos na lição anterior que Paulo tratou a respeito da descendência de Abraão: todos os que creem em Jesus pela fé, quer sejam judeus, quer sejam gentios. Nesta lição, trataremos a respeito da maturidade. É ela que faz o herdeiro menino se tornar um herdeiro completo e apto para receber a herança. Ao se colocarem debaixo da Lei, os gálatas estavam não somente se colocando num caminho de retrocesso para com o Evangelho, mas estavam igualmente renunciando à sua maturidade e sua herança em Cristo.


Comentário da Palavra Forte de Deus:

Paulo, ao contrastar a condição do herdeiro menor com a do servo, destaca que a imaturidade espiritual impede o pleno desfrute da herança em Cristo. A analogia ressalta a importância do crescimento na fé e do desenvolvimento de um caráter cristão sólido para que os crentes possam experimentar a plenitude da vida em Deus. A busca pela maturidade, portanto, é um imperativo para todos os que desejam herdar as promessas divinas.

Nesse contexto, a Lei, ao invés de conduzir à maturidade, aprisiona os crentes em um sistema de regras e obrigações que os impede de experimentar a verdadeira liberdade em Cristo. A maturidade, por sua vez, é alcançada por meio da fé em Jesus e da capacitação do Espírito Santo, que transforma os corações e renova as mentes, conduzindo os crentes a uma vida de obediência e amor a Deus.


1. HERDEIRO, MAS COMO SE NÃO FOSSE AINDA

1. Herdeiro, mas como escravo. Paulo começa dizendo que “todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo” (Gl 4.1). Nesse texto, podemos ver a importância da maioridade. Ainda que uma criança fosse considerada herdeira, não é diferente de um escravo enquanto não atingir a maioridade. À medida que a criança vai crescendo e se desenvolvendo, ela vai se tornando menos dependente do aio (daquele que a conduz e que exerce sobre ela uma tutela, uma guarda). A criança não é uma escrava, mas é “considerada” como se fosse, em relação a herança, até que atinja a maturidade.

Paulo comenta que o herdeiro, enquanto menino, por mais que seja dono de tudo, não tem acesso à herança e não possui diferença de um escravo. Falta a ele a maturidade que só o tempo poderá trazer. Um comentarista diz que aquela criança era chamada de “jovem senhor”, sendo “senhor” porque um dia, na maioridade, poderia usufruir dos bens e direitos que lhe seriam entregues, e “jovem” para não se esquecer que sua hora não havia chegado e se colocar no seu lugar. Mas a hora da sua maioridade chegaria, e ele poderia usufruir dos seus bens e títulos.

A função da Lei era conduzir as pessoas a Cristo, da mesma forma que o aio conduzia a criança até a escola e se responsabilizava pela sua educação (Gl 4.3).


Comentário da Palavra Forte de Deus:

A analogia do herdeiro menor é rica em implicações teológicas. Ela revela que a salvação em Cristo não é apenas uma questão de status legal, mas também de desenvolvimento espiritual. Ser herdeiro do Reino de Deus implica mais do que simplesmente ser declarado justo por meio da fé. Implica, também, um processo contínuo de crescimento em graça e conhecimento, impulsionado pelo Espírito Santo, que nos capacita a viver de acordo com a nossa filiação divina.

A imaturidade espiritual, portanto, impede o pleno desfrute da herança em Cristo. Assim como o herdeiro menor não pode usufruir de seus bens até atingir a maioridade, o crente imaturo não experimenta a plenitude da vida em Deus. Isso não significa que ele perde a salvação, mas que sua experiência da fé é limitada e restrita.

A libertação da Lei, por outro lado, não implica em libertinagem ou ausência de normas. Significa, sim, uma transformação interior que nos capacita a obedecer a Deus não por obrigação externa, mas por amor e gratidão. A maturidade cristã, portanto, é um processo contínuo de conformação à imagem de Cristo, que nos permite viver em liberdade e desfrutar plenamente da nossa herança como filhos de Deus. A busca por essa maturidade, alimentada pela Palavra e pelo Espírito, é um imperativo para todos os que almejam experimentar a riqueza da vida em Cristo e manifestar o Reino de Deus em sua plenitude.


2. Na plenitude dos tempos. O momento da história humana em que Deus interveio para transformar uma promessa em um fato consumado é chamado de “plenitude dos tempos”. Nesse período específico, Deus enviou a Jesus, e o apóstolo ainda reforça: “nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4). Essas duas colocações têm importância pois, mostram não somente a humanidade de Jesus, mas igualmente o fato de que por ter nascido sob a Lei e tê-la cumprido até a morte, seu sacrifício foi único e perfeito, colocando a salvação disponível a todos que creem, independentemente da sua cultura de origem.

Paulo destaca que foi Deus que enviou seu Filho do Céu para este mundo. Essa vinda fazia parte da promessa dada a Abraão, de que nele, todas as famílias seriam benditas. A bênção de Deus não estaria restrita aos descendentes de Abraão que guardavam a Lei. Essa bênção seria dada, pela fé, aos que cressem no sacrifício de Jesus.


Comentário da Palavra Forte de Deus:

Paulo, ao introduzir o conceito da “plenitude dos tempos”, revela que a vinda de Cristo não foi um evento aleatório, mas o cumprimento preciso do plano redentor de Deus. A expressão “nascido de mulher” reafirma a humanidade de Jesus, enquanto “nascido sob a lei” destaca sua submissão à ordem divina estabelecida, a fim de redimir aqueles que estavam debaixo do jugo da Lei. O sacrifício de Cristo, portanto, transcende as barreiras culturais e étnicas, oferecendo a salvação a todos os que creem.

Nesse sentido, a promessa feita a Abraão de que “nele todas as famílias seriam benditas” encontra sua plena realização em Jesus Cristo. A bênção de Deus não se restringe aos descendentes físicos de Abraão, mas se estende a todos os que, pela fé, se unem a Cristo, tornando-se herdeiros das promessas divinas. A vinda de Jesus, portanto, marca um novo tempo na história da salvação, em que a graça de Deus é oferecida a todos os povos.


3. Remir os que estavam debaixo da Lei. A vinda de Jesus foi para remir os que estavam debaixo da Lei. Remir é comprar novamente. Paulo aqui nos mostra que as ações de Deus sempre têm um propósito. Nessa remissão Jesus pagou a nossa dívida, e com seu sangue, nos comprou para Deus (Ap 5.9).

Certo estudioso comentou que os judeus dos tempos de Jesus, de forma geral consideravam a Lei como “um capataz cujas ordens precisavam ser obedecidas por temor à penalidade decorrente da infração”. Ela é o paidagogos, responsável por preparar e levar as crianças de uma família para a escola, onde seriam entregues ao “mestre-escola”. Uma vez entregue as crianças ao mestre-escola, a responsabilidade do pedagogo estava concluída. Nada mais há de ser feito por ele.


Comentário da Palavra Forte de Deus:

Paulo, ao declarar que Jesus veio para “remir os que estavam debaixo da Lei”, revela a centralidade da redenção no plano de Deus. A palavra “remir” implica um resgate, uma libertação mediante o pagamento de um preço. Jesus, ao se oferecer como sacrifício perfeito, pagou a dívida que tínhamos para com Deus, libertando-nos da escravidão do pecado e da Lei [Ap 5.9]. A redenção, portanto, é um ato de amor e graça divina, que nos reconcilia com Deus e nos outorga a vida eterna.

Assim sendo, a Lei, embora tenha sido dada por Deus, não tinha o poder de justificar ou salvar. Ela servia como um paidagogos, um tutor que conduzia o povo a Cristo. A Lei revelava a pecaminosidade humana e a necessidade de um Salvador, preparando o caminho para a vinda de Jesus. Uma vez que Cristo cumpriu a Lei e nos libertou de sua condenação, a função do pedagogo se encerra, e somos chamados a viver pela fé, guiados pelo Espírito Santo.


SUBSÍDIO I

Professor(a), explique que a “expressão ‘servir de aio’ traduz a palavra grega paidagogos, da qual deriva a palavra pedagogo (isto é, professor, educador, guardião). Nos tempos do Novo Testamento, isto era uma referência ao servo pessoal que acompanhava o filho de um senhor, onde quer que o filho fosse — inclusive à escola — agindo como guardião e exercendo disciplina sobre a criança. Este papel era mais o de uma babá, do que o de um professor.

O propósito da lei de Deus, durante algum tempo, foi guiar o povo nos caminhos de Deus, proteger o seu comportamento e dar disciplina. Mas o propósito supremo da lei de Deus é revelar o pecado, expor a nossa própria incapacidade de viver em conformidade com o padrão perfeito de Deus e nos mostrar a nossa necessidade de Cristo e da sua obra de salvação espiritual.

4.2 TUTORES E CURADORES ATÉ AO TEMPO DETERMINADO PELO PAI.

A declaração que Paulo faz aqui é usada, principalmente, para mostrar a situação de um crente sob o concerto do Antigo Testamento (isto é, a maneira de manter um relacionamento com Deus com base nas leis e sacrifícios do Antigo Testamento, antes que Cristo fizesse o sacrifício perfeito pelo pecado com a sua própria vida).

No entanto, o princípio desta passagem também indica que os pais piedosos normalmente supervisionavam a instrução de seus filhos (veja Dt 6.7). Esta supervisão seria feita por meio da educação na própria casa ou colocando as crianças sob os cuidados e a instrução de professores piedosos.

As Escrituras ensinam claramente que os pais devem fazer tudo o que puderem para assegurar que seus filhos recebam uma educação centrada em Deus e que honre a Cristo, em todos os aspectos da vida, começando no lar”. (Adaptado de Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1630).

2. A NOSSA POSIÇÃO EM DEUS

1. Somos filhos e herdeiros. Antes os gálatas serviam aos ídolos, pois não conheciam a Deus. Mas agora, eles haviam sido salvos, e não foram deixados à própria sorte. Eles foram recebidos como filhos (Gl 4.6). Paulo prossegue dizendo que somos filhos e herdeiros, coisa que um escravo não é. Pelo Espírito Santo, os gentios poderiam chamar Deus de “paizinho”, não uma expressão que remonte a ideia de um diminutivo, mas sim de intimidade. Os gentios agora, em Cristo, obedecem a Deus para agradá-lo, e não porque podem ser punidos, como os ídolos faziam com aqueles que os adoravam.

Mas essa nova posição para os gálatas estava sendo abalada: “como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos” (Gl 4.9,10).

Comentário da Palavra Forte de Deus:

Paulo, ao contrastar o passado idólatra dos gálatas com sua nova condição de filhos e herdeiros de Deus, enfatiza a radical transformação operada pela fé em Cristo. A filiação divina, selada pelo Espírito Santo que clama “Aba, Pai” em nossos corações, outorga-nos um relacionamento íntimo e pessoal com Deus, rompendo com a escravidão do pecado e da religião legalista. A obediência, então, não é motivada pelo medo da punição, mas pelo amor e gratidão a Deus, que nos amou primeiro.

Dessa forma, a perplexidade de Paulo diante do retorno dos gálatas aos “rudimentos fracos e pobres” revela a insensatez de abandonar a liberdade em Cristo para se submeter novamente a um sistema de regras e rituais. A observância de “dias, meses, tempos e anos” representa uma regressão à mentalidade escravista, negando a suficiência da graça de Deus e a plenitude da filiação divina. Paulo, portanto, exorta os gálatas a permanecerem firmes na fé e a não se deixarem enganar por falsos mestres que buscam aprisioná-los novamente.

2. Guardando preceitos e regras. Eles eram filhos e herdeiros de Deus pela fé, mas observando a Lei de Moisés, estavam como que voltando à época em que serviam a ídolos. Mais que isso, eles passaram a se preocupar com a guarda das festas hebraicas e os dias santos, uma regra para que a cultura judaica fosse prolongada entre os gentios.

Eles aprenderam com os judaizantes a guardar rituais que se iniciavam com datas importantes do judaísmo. O que comer, o que não comer, não deixar de celebrar tal data. Na prática, pouca diferença tinha o legalismo do paganismo, dos ídolos que antes os gálatas adoravam.

Não há nenhum impedimento em se guardar um dia para a adoração a Deus. Os hebreus tinham seu próprio calendário, e dele se valiam para não descumprir os mandamentos. Guardamos o domingo pois foi nele que Jesus ressuscitou, vencendo a morte e nos garantindo que seremos vitoriosos com Ele nesse mesmo aspecto. Mas a guarda de datas e dias como um misticismo não é o que Deus tem para nós.


Comentário da Palavra Forte de Deus:

Paulo, ao repreender os gálatas por observarem a Lei de Moisés, demonstra que a busca por justificação por meio de obras é incompatível com a fé em Cristo. A adesão a preceitos e regras, como a guarda de festas e dias santos, desvia o foco da graça de Deus e da suficiência do sacrifício de Jesus. O legalismo, portanto, assume uma forma semelhante à idolatria, na medida em que substitui a confiança em Deus pela confiança em rituais e práticas humanas.

Diante disso, é importante ressaltar que a guarda de um dia para a adoração a Deus não é intrinsecamente errada. No entanto, quando essa prática se torna um fim em si mesma, obscurecendo a centralidade de Cristo e da fé, ela se transforma em legalismo. A verdadeira adoração a Deus brota de um coração transformado pela graça, que se expressa em obediência e serviço a Ele, não em mera observância de regras e tradições.


3. Fraqueza de Paulo quando esteve com os gálatas. Paulo relembra seus leitores que esteve com eles em fraqueza, uma forma de dizer que estava acometido de uma enfermidade. E por que ele faz isso? Diferente de pessoas que ensinam que quem serve a Deus não pode ficar doente, ou se está, é porque cometeu algum pecado ou porque não tem fé, Paulo nos permite entender que estamos sujeitos às mazelas deste “corpo de humilhação” (Fp 3.21).

Ele acrescenta: “E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne” (Gl 4.14). Os gálatas tinham um coração aparentemente disposto à generosidade e à misericórdia, tanto que “se possível fora, arrancaríeis os olhos, e mos daríeis” (Gl 4.15) A receptividade dos gálatas foi relembrada para mostrar que Paulo não lhes era um oponente. Ele tinha gratidão pelos gálatas.

A graça de Deus, pregada pelo apóstolo, foi suficiente não só para alcançar seus ouvintes, mas igualmente poderosa para que eles recebessem a Paulo como um mensageiro de Deus, mesmo quando estava adoecido. E os judaizantes estavam se aproveitando dessa boa vontade dos gálatas para semear entre eles a desobediência.


Comentário da Palavra Forte de Deus:

Paulo, ao trazer à memória dos gálatas sua própria fraqueza física durante sua estada com eles, confronta a falsa teologia da perfeição física como evidência de favor divino. Ao contrário do que alguns ensinam, a enfermidade não é necessariamente um sinal de pecado ou falta de fé, mas uma realidade da condição humana, sujeita às “mazelas deste corpo de humilhação” (Fp 3.21). A graça de Deus, portanto, se manifesta não na ausência de fraqueza, mas no poder que nos sustenta em meio a ela.

Sendo assim, a calorosa recepção dos gálatas a Paulo, mesmo em sua fragilidade, demonstra a autenticidade do amor e da fé que os unia. A disposição dos gálatas em “arrancar os olhos” para dá-los a Paulo revela a profunda gratidão e o apreço que sentiam pelo apóstolo. No entanto, essa mesma boa vontade estava sendo explorada pelos judaizantes, que se aproveitavam da ausência de Paulo para semear a desobediência e desvirtuar o Evangelho da graça.


III. MATURIDADE E RESPONSABILIDADE

1. Inimigo fala a verdade? É possível que os judaizantes estivessem ensinando que Paulo era um inimigo dos gálatas por falar daquela forma com eles. Mas o apóstolo o fazia com o coração de um verdadeiro pastor, não como um aventureiro. Ele falava a verdade em amor. O questionamento do apóstolo sobre a sua forma de falar com os leitores deixa claro a diferença entre ser um bajulador e ser um mestre que se preocupa não com o que pode receber, mas com o que pode entregar.


Comentário da Palavra Forte de Deus:

Paulo, ao questionar se havia se tornado inimigo dos gálatas por falar a verdade, revela a importância da honestidade e da transparência no relacionamento entre líderes e discípulos. A verdade, mesmo quando confrontadora, é essencial para o crescimento espiritual e para a correção de desvios doutrinários. A busca pela verdade, portanto, deve ser um valor fundamental para todos os que desejam seguir a Cristo.


2. O zelo inconveniente do Espírito. É possível que haja na igreja pessoas que apresentam o que seria tido por um comportamento aceitável diante de Deus, mas sem o aval dEle. O zelo dos judaizantes não era espiritual, mas religioso, e esses dois zelos são diferentes. O zelo espiritual se preocupa com a vida espiritual das pessoas de uma congregação, ao passo que o zelo religioso se prende ao formato como a religião é manifesta.

Eles queriam aumentar a sua influência entre os gálatas demonstrando um zelo religioso, e isso era contrário ao Evangelho: “Eles têm zelo por vós, não como convém; mas querem excluir-vos, para que vós tenhais zelo por eles” (Gl 4.17). O zelo dos judaizantes era inconveniente. Paulo era contrário ao zelo espiritual? De forma alguma.

Ele diz: “É bom ser zeloso, mas sempre do bem e não somente quando estou presente convosco” (Gl 4.18). Ele não estava ali com os gálatas, mas demonstrava, mesmo à distância, o zelo espiritual que marcava o seu ministério.


Comentário da Palavra Forte de Deus:

Paulo, ao alertar sobre o “zelo inconveniente” dos judaizantes, revela a importância de discernir entre o zelo genuíno, que emana do Espírito Santo, e o zelo religioso, que busca promover interesses próprios. O zelo espiritual se manifesta no cuidado com a vida espiritual dos outros, buscando edificá-los na fé e conduzi-los a um relacionamento mais profundo com Deus. O zelo religioso, por outro lado, se preocupa com a aparência externa, com a observância de regras e rituais, e com a promoção de uma determinada tradição ou doutrina.

Em vista disso, o “zelo” dos judaizantes era motivado pelo desejo de “excluir” os gálatas, a fim de que estes tivessem “zelo” por eles (Gl 4.17). Essa manipulação revela a natureza egoísta e controladora do zelo religioso, que busca subjugar os outros em vez de servi-los em amor. Paulo, portanto, exorta os gálatas a discernirem a motivação por trás das ações dos judaizantes e a permanecerem firmes no Evangelho da graça, que liberta e transforma os corações.


3. A maioridade exige responsabilidades. Crescer implica ter responsabilidades. Uma pessoa que atinge a maioridade tem obrigações das quais não pode se esquivar. É possível que uma pessoa tenha direito à herança, mas não possa possuí-la devido à idade. Os gálatas já tinham conhecido Jesus, e com o Senhor, a maturidade. Agora estavam se colocando como crianças, sendo guiados pela Lei, e considerados sem acesso à herança.

A maturidade tem por preceito a diferenciação da infantilidade. Um adulto não pode agir como criança, como se precisasse passar por todo o processo de crescimento e amadurecimento. De um adulto se espera diversas características, como: inteligência, experiência, responsabilidade por seus atos, seriedade e conhecimento. Não esperamos isso de uma criança, que ainda está em desenvolvimento e não possui essas competências.


Comentário da Palavra Forte de Deus:

Paulo, ao enfatizar que a maioridade exige responsabilidades, demonstra que a fé em Cristo não é apenas uma questão de receber bênçãos e desfrutar da graça de Deus, mas também de assumir um compromisso com o Reino de Deus. A maturidade espiritual se manifesta na disposição de cumprir as obrigações que nos são confiadas, de usar nossos dons e talentos para servir aos outros e de viver de maneira condizente com o Evangelho.

Dado o exposto, a atitude dos gálatas, ao se deixarem guiar pela Lei, revela uma regressão à infantilidade espiritual, uma recusa em assumir a responsabilidade pela própria fé e em exercer o discernimento que lhes havia sido concedido. Paulo, portanto, os exorta a abandonarem a imaturidade e a abraçarem a plenitude da vida em Cristo, que se expressa na obediência, no serviço e no amor. A maturidade, então, não é um estado a ser alcançado, mas um processo contínuo de crescimento na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.


CONCLUSÃO

Paulo compara o herdeiro criança e o herdeiro que atingiu a maioridade, mostrando a importância de ter o zelo correto pelas coisas de Deus e pelas pessoas de Deus. Ele mostra o zelo espiritual que caracterizava seu ministério e que a maturidade tem suas responsabilidades, não sendo compatível a uma pessoa madura agir como uma criança para com as coisas de Deus.


Comentário da Palavra Forte de Deus:

Em síntese, Paulo exorta os gálatas a abandonarem a imaturidade espiritual e a abraçarem a maturidade em Cristo. A filiação e a herança são dons gratuitos, mas exigem uma resposta de fé e obediência. A busca pela maturidade, portanto, é um processo contínuo de crescimento na graça e no conhecimento de Cristo, que se manifesta na vivência de uma vida de amor, serviço e compromisso com o Reino de Deus.

A presente lição, portanto, desafia os crentes a avaliarem seu próprio nível de maturidade espiritual e a buscarem o crescimento em todas as áreas de suas vidas. A filiação e a herança em Cristo são um chamado para vivermos de maneira condizente com nossa identidade, abandonando os comportamentos infantis e abraçando as responsabilidades que nos foram confiadas.

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